Capítulo 7 - Escolhas

Finalmente havia chegado o último dia, faltavam poucas horas para irem embora, o trem passaria no final da tarde. Tudo já estava arrumado, era só esperar chegar a hora para se despedirem dos professores, do restante dos amigos... e principalmente de Hogwarts.

O resto da noite foi pequena para Harry, tudo rodava em sua cabeça, não aguentava mais guardar sozinho tudo que estava acontecendo, precisava de conselhos, quando Rony acordou, contou ao amigo o que tinha acontecido no sonho e sobre a conversa que teve com Bellatrix no dia anterior.

– Você acha que Voldemort pode estar vivo?

– Até ontem eu estava certo que não. – Passou a mão nos cabelos. – Mas eu acho que ouvi a voz dele na floresta, não dava para ver se era ele ou não, estava tampado por uma capa preta. – Contou mais alguns detalhes. – E esse pesadelo... Parecia tão real.

– Calma Harry, às vezes foi apenas uma brincadeira. – Pensava na situação. – E também, por que ele iria querer que você se afastasse da Hermione, logo agora que ela está grávida?

– Se ele realmente estiver vivo, ele sabe da nova profecia. – Pensou por alguns segundos. – Claro... Hermione é descendente de trouxas e eu tenho sangue mestiço, tudo faz sentido...

– Naquela reunião, Dumbledore falou que ele não sabia de nada...

– Então que motivo ele teria para ameaça-la? – Sentou-se na cama.

– Na última guerra ela te ajudou muito para encontrar as Horcruxs, é uma mulher determinada... Hermione é uma grande bruxa, se juntar vocês dois novamente ele não terá nenhuma chance.

– Você tem razão, se não ele teria comentado a respeito... – Suspirou. - Mas isso não significa que ele ficará sem saber da profecia por muito tempo.

– Quando ele descobrir, pode achar que será seu filho...

– Ele não sabe do bebê. – Harry refletiu, Rony o olhou confuso. - Em todos os momentos ele só mencionava a Hermione. Se ele estivesse desconfiado de algo teria ameaçado o bebê também. Não tem como ele descobrir, faz pouco tempo e a gente sabe sobre a gravidez.

– E se ele descobrir invadindo suas lembranças outra vez... –Lembrou-se que aconteceu muitas vezes com o amigo. - Através da Legilimência.

– Não. – Já tinha pensado nessa possibilidade. - Eu sou um ótimo oclumente. Pelo menos as aulas de Oclumência com Snape, vão me ajudar.

– Mas e a Hermione? Se ele procurar a gente e acabar descobrindo...

– Ele não é tão esperto. - Coçou a testa. - O máximo que ele possa fazer é me procurar, como já aconteceu. E quanto a Hermione, ela é ótima em bloquear a mente, estudou muito tempo essas técnicas.

– Certo, eu também sei me virar. – Sorriu, não tinha a mesma habilidade dos amigos, mas sabia se proteger. - E você o que pretende fazer?

– Não sei ainda. – Fechou os olhos, precisava pensar. - Só não posso deixar a Hermione em perigo. Não quero que nada aconteça a ninguém, por minha culpa. – A última parte falou mais para si, lembrou-se de quem já havia se machucado o ajudando durante todos os anos que passaram.

– Podemos pensar em algo junto. Vamos conversar com as meninas.

– Não, Rony. – Se levantou. – Esse é um assunto meu, eu vou resolver sozinho. – Elevou o tom na última palavra e saiu do quarto, Harry precisava fazer escolhas, tinha que refletir e pensar sobre tudo. Caminhou pelos grandes jardins de Hogwarts, procurou por um lugar vazio, queria ficar apenas com seus pensamentos.

–--------------------- Arte de Amar –---------------------

Depois do almoço, Harry levou Hermione para o enorme jardim do castelo, aproveitou o almoço para observá-la, como sempre ela estava espontânea, divertida, lembrou-se do primeiro ano, quando a garotinha entrou na cabine dele, no trem a caminho de Hogwarts.

– Harry? – Sua voz era doce, principalmente quando falava seu nome. - Onde esteve a manhã toda?

– Eu estava pensando. – Caminhou um pouco, colocou as mãos no bolso. - Eu me enganei quando disse que estava feliz com algo que aconteceu conosco...

– Não entendi. – Franziu a testa, olhou para o anel de noivado. -Refere-se ao casamento? Acha que está muito cedo para nos casar? – Um silêncio se formou entre eles. - Se for isso... podemos adiar, esperar o beb.. – Começou a falar rápido até ser interrompida.

– Não! – Fechou os olhos. - Na realidade é sobre a gravidez. –Respirou fundo. - Eu não estou feliz com isso!

– Não estou entendendo... – Olhou-o perplexa. - Até onte..

– Eu quero que você tire essa criança! - Doeu pronunciar aquelas palavras, mas não podia deixar nada acontecer com a mulher que amava.

– Como?! – Não acreditava no que tinha acabado de escutar. -Repete.

– Eu não quero essa criança. – Suas mãos estavam suando. - Eu não vou perder minha vida por causa de uma noite com você. – Suas palavras ecoaram no ar, aquilo a matou por dentro.

– Agora o fruto no nosso amor é perda de tempo? – Sua voz saiu com dificuldade, seus lábios tremiam sentiu um nó se fechar em sua garganta.

– Você vai ter que escolher. – Parou próximo a ela, falou com um pouco de dificuldade. - Ele ou eu?

– Não me faça essa pergunta Harry James Potter! – Olhou-o com raiva. - Sempre será ELE. – Passou a mão no ventre. - Me responde, por que isso agora? – Lágrimas já molhavam seus olhos, Hermione estava arrasada.

– Eu não posso ser pai, poxa eu tenho 17 anos, não posso ter essa responsabilidade, não vou perder oportunidades por causa...

– Você acha que eu também não tenho 17 anos, que não vou ter responsabilidades? – Apontou o dedo na cara dele se alterando. - Você acha que pode simplesmente se virar e dizer para eu tirar MEU FILHO? –Gritou com raiva. - Acha que eu não irei perder oportunidades também? -As lágrimas grossas escorriam por seu rosto. - Pode ter certeza, desde o momento que eu descobri que estava grávida... Ele veio e sempre vira à frente de tudo, de qualquer escolha minha.

– Está certo! – Se alterou também. - Não quero que nada de ruim aconteça com vocês. É melhor vocês não ficarem perto de mim...

– Oh, claro o grande Harry Potter, o menino-que-sobreviveu, não pode ser visto com um filho, VOCÊ É UM COVARDE. – Cuspiu aquelas palavras com fúria.

– SERÁ QUE VOCÊ NÃO PERCEBEU QUE EU NÃO QUERO POR VOCÊS EM RISCO? – Gritou perdendo a calma. - Eu me importo com você.

– MENTIRA!!! VOCÊ SÓ SE IMPORTA COM SI MESMO, NÃO LIGA PARA NINGUÉM ALÉM DE VOCÊ! – Gritou, seu rosto estava vermelho. Sentiu uma dor no ventre, ajoelhou-se e percebeu que escorria um pouco de sangue em sua perna. - Não.

– Hermione? – Se aproximou dela, notou a mancha vermelha na perna dela.

– Se acontecer qualquer coisa com meu filho, por causa de você, eu te mato. – Foram as últimas palavras dela antes de desmaiar. Harry a pegou no colo, lágrimas escorriam por seu rosto, levou-a até a enfermaria, a colocou na cama, por um leve momento ela voltou em si, estava completamente desesperada, a primeira coisa que viu foi ele diante de si, uma dor tomou-lhe o peito. - SAI DAQUI. – Gritou, à medida que o tempo passava a dor aumentava, viu madame Pomfrey vindo com uma injeção na mão. - Não deixe que eu perca meu filho... – Passou as mãos pelo ventre, seus olhos ficaram pesados, não sentiu mais nada, apenas um sono profundo.

–Sr. Potter é melhor que você vá, ela não quer o senhor aqui. –Examinava a morena. - O estado dela é delicado. – Apalpou levemente a barriga dela. - Aproveite e chame à senhorita Weasley.

– Ela vai ficar bem? – A aflição o dominava. - E o bebê?

– Eu estou tentando cuidar disso, agora me dê licença. – Empurrou-o para fora da enfermaria, precisava cuidar rápido dela e do bebê.

Harry estava inconformado, teve que fazer escolhas, a mais difícil certamente foi aquela, sabia que somente assim Hermione poderia levar sua vida em segurança, não se perdoaria se algo acontecesse com ela ou com o bebê.

–--------------------- Arte de Amar –---------------------

Assim que ele avistou Gina, contou sobre o ocorrido com Hermione, rapidamente ela foi para a enfermaria, Luna iria mais tarde não queria atrapalhar. A ruiva entrou na enfermaria seguida por Harry e Rony.

– Como eles estão? – Perguntou Gina ao ver madame Pomfrey.

– O bebê está bem. – Falou calmamente, fazendo todos respirarem aliviados. - Já a mãe... é bom ela ficar mais algum tempo de observação.

– O que aconteceu? – Perguntou Rony, Harry permanecia calado.

– Houve um sangramento. Isso ocorre muitas vezes com a implantação do embrião na parede do útero, esse movimento pode causar o rompimento de vasos sanguíneos. – Explicou. - O começo da gravidez é um momento delicado, a mãe não pode passar por estresse emocional. – Recaiu o olhar ao moreno que abaixou a cabeça.

– Mas ela vai ficar bem não é? – Gina estava preocupada.

– Ela vai ficar bem. – Aplicou um remédio no soro que Hermione estava tomando. - Agora eu quero apenas a Srta. Weasley aqui.

– Eu vou esperar ela acordar. – Harry não saiu do lugar.

– Senhor Potter você escutou ela não quer o senhor aqui, por favor, se retire antes que ela acorde.

– Vamos Harry é melhor esperar lá fora. – Rony o puxou para fora da enfermaria. - O que aconteceu com vocês? – Se sentaram em um banco próximo.

– A gente discutiu, eu estava com a cabeça quente acabei falando demais... – Passou a mão direita nos cabelos.

– O que você disse para ela? – Harry pronunciou baixo. - Não entendi, fala mais alto.

– Eu falei para ela tirar a criança. – Colocou a mão na testa, fechou os olhos.

– Cara... Não acredito! – Ficou inconformado. - Como você teve coragem de falar isso para a Hermione... Sem falar que o bebê também é seu filho.

– Eu sei, fui um estupido, mas... – Olhou para os lados. - Ninguém pode saber que ele é meu...

– Chega Harry! – Interrompeu já ficando nervoso. - Quando você disse que ia pensar em algo eu não pensei que você seria tão, tão... Idiota. – Bufou.

– Para! – Resmungou. - Eu não preciso de lição de moral, se você for para você ficar me criticando eu vou sair daqui.

– Eu vou te criticar. – Disse irritado. - Eu não concordo com isso e você sabe muito bem... – Respirou fundo. - Mas isso não significa que eu não vou ficar do seu lado, você é meu amigo! – Apertou-lhe o ombro em sinal de conforto.

– Está sendo difícil para mim, Rony. – Fechou os olhos e abraçou o amigo.

– Você deveria pensar em outra coisa, essa não é a melhor solução! –Se afastaram.

– Até eu pensar em algo, essa é a unica opção. – Suspirou. - É melhor que as coisas continuem assim. - Respirou profundamente, o jeito era esperar Hermione acordar.

Ambos ficaram ali sentados, faltavam poucas horas para o trem passar, eles esperariam o tempo que fosse preciso. Harry pensava em todos os momentos que viveu com Hermione, aquela poderia ser a última vez que a veria, sabia que suas atitudes irão fazer ela nunca mais querer olhar em sua cara, por mais difícil que fosse preferia que ela e o bebê ficassem em segurança sem que ele causasse nenhum risco para eles, se algo acontecesse, ele nunca iria se perdoar.