Os disparos de disruptores explodiam contra as paredes do prédio, arrancado pedaços do reboco. Uma das janelas já havia sido completamente destruída.
Will Riker e Aysha estavam mantendo os atacantes à distância com muito sacrifício. A única vantagem que tinham era estar em uma posição mais elevada, o que proporcionava a eles uma visão mais clara de onde estavam seus inimigos. Mas as armas deles eram muito mais potentes e estavam em maior número.
— Riker – disse Aysha, sem parar de atirar – não vamos aguentar este ritmo por muito tempo. As células de energia das armas já estão se esgotando. Espero que seus amigos cheguem a tempo.
— Eles nunca me deixaram na mão – falou ele calmamente – e não será desta vez que isso vai acontecer. Tenha fé.
Ela não respondeu. Apenas resmungou e continuou disparando.
— Você é um homem morto, humano! – gritou o delegado Kibohr, deitado no chão, já completamente coberto de reboco e fuligem.
— Eu tenho pena de você Kibohr – respondeu Riker, sem se virar – seus empregadores não vão ficar nada satisfeitos quando formos embora. E ouvi dizer que eles não são muito de perdoar e esquecer.
Repentinamente o disruptor de Will parou de atirar. Ele ainda tentou mexer nos ajustes, mas foi inútil.
— Está vazio, comandante – disse Aysha – agora só temos seu mini-phaser e o meu rifle. E a cápsula de energia dele já está no vermelho.
Riker olhou para a bela e valente mulher, que apesar de suas dúvidas continuava atirando. Tinha certeza de que ela nunca desistiria de lutar, mas sabia que a situação estava ficando insustentável. Ele temia que suas decisões estratégicas os houvessem levado para a morte.
Neste momento o broche-comunicador em seu peito apitou suavemente. Ele o tocou, abrindo o canal.
— Enterprise para o comandante Riker— disse a voz do capitão Picard – qual a sua situação, Will?
— Desesperadora, senhor – respondeu ele sorrindo – precisamos de transporte de emergência para dois imediatamente.
— Entendido— foi a resposta – preparem-se.
Will Riker se aproximou rapidamente de Aysha e colocou os braços em volta dos ombros dela. Segundos depois os dois desapareciam num turbilhão de luz.
* * *
“Diário de Bordo, data Estelar 45077.6.”
“Conseguimos resgatar o comandante Riker de uma situação crítica no planeta Valakis. O que era para ser uma missão rotineira transformou-se em uma corrida para fugir do Sindicato de Órion e que colocou a vida do meu primeiro-oficial sob sério risco. Felizmente chegamos a tempo de evitar o pior.
“Junto com ele recebemos a bordo uma mulher corajosa e fascinante chamada Aysha Syndulla, que alega também estar a serviço da Frota Estelar e da Federação, apenas de uma maneira diferente da nossa. Mais uma vez a misteriosa Seção 31 cruza os nossos caminhos. Mas estou feliz por ela ter se encontrado com Will Riker. Este encontro provavelmente salvou a vida dele.”
O comandante Riker havia acabado de levantar-se de uma das macas da enfermaria da Enterprise, depois que a doutora Beverly Crusher localizara e removera o nano-chip da corrente sanguínea do primeiro-oficial, colocando-o em um recipiente hermético.
Estavam presentes, além de Riker e da doutora, o capitão Picard e Aysha.
Beverly entregou o estojo com o nano-chip para a agente da Sessão 31, que o guardou em um dos bolsos do seu macacão.
— Espero que a informação contida aí realmente valha a pena – disse o capitão - porque ela custou a vida de um homem e quase também levou vocês dois para a morte.
Aysha olhou para Picard e suspirou.
— Também espero capitão – disse ela – mas no nosso trabalho aprendemos que devemos apenas obedecer e torcer para estarmos fazendo a coisa certa.
O capitão sorriu, concordando.
— Bem, tenho que voltar para a ponte – disse Picard – bem-vinda a bordo.
— Obrigada capitão – Respondeu Aysha.
Logo que o capitão saiu, Riker aproximou-se dela.
— Você ficará conosco por quanto tempo? – perguntou o comandante.
— Três dias no máximo – respondeu ela – desembarco quando passarmos por Coridan.
— Então faço questão de acompanhá-la à sua cabine - disse ele, fazendo um gesto gracioso em direção à porta.
Quando estavam no corredor, a caminho do alojamento de Aysha, Riker perguntou de repente:
— Posso lhe fazer uma pergunta pessoal?
— Se eu puder responder – ela disse sorrindo.
— É sobre o seu nome, Aysha Syndulla – disse ele – tenho a impressão de que já o ouvi em algum lugar.
Ela deu uma risada divertida.
— Provavelmente foi em algum antigo relatório histórico nos arquivos da Frota Estelar – disse ela – eu tenho o mesmo nome da minha avó, que participou de uma missão junto com o capitão James T. Kirk (1), da primeira U.S.S. Enterprise (2) em Alpha Centauri há quase oitenta anos. Ela também trabalhava para a Sessão 31 e era filha de uma órion e um oficial Centauriano da Frota Estelar. Meu avô também era centauriano e meu pai é humano. Por isso meus genes órion estão quase diluídos.
Ao chegarem à porta da cabine, Will Riker a olhou, fascinado com aquela mulher de olhos verdes.
— Pena que vai ficar tão pouco tempo na nave – disse ele, sorrindo sedutor – eu adoraria conhecer você um pouco melhor.
Ela sorriu também e pegou a mão dele.
— Nós temos três dias para isso – ela respondeu - e podemos começar agora mesmo.
Assim que a porta se abriu, ela o puxou para dentro, já o envolvendo em seus braços.
E pouco antes da porta se fechar às suas costas, o comandante Will Riker sorriu e pensou: “É, a conselheira Deanna Troi realmente tem razão sobre mim”.
Referências do Capítulo:
(1) Conforme contado na fan-fic “O Incidente Delthara”, também de minha autoria.
(2) A nave do Capitão Jonathan Archer é a S.S. Enterprise (NX-01)
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