O posto científico em Exo III estava completamente destruído. Todos os seus computadores e painéis haviam sido atingidos por disparos de phaser ou esmagados por alguma coisa que parecia ter uma força descomunal. Os oficiais de Frota encontraram os corpos dos dois seguranças e do piloto da nave próximos da área de pouso. Dois dos cientistas responsáveis pela estação de monitoramento também estavam mortos, jogados sobre suas estações de trabalho. Eles encontraram a Dra. Mayers, que chefiava a equipe, ainda com vida, mas muito ferida.

O Dr. McCoy cuidou dela da melhor maneira possível, usando o equipamento médico que havia trazido, mas percebeu que ela estava além de qualquer ajuda. Ele pôde apenas aplicar uma dose forte de anestésico para aliviar suas dores.

— Ele... apareceu de repente – disse a cientista de modo vacilante, parecendo estar tendo muitas dificuldades para respirar – Nós ouvimos... alguns disparos lá fora e quando... nos preparávamos para ver o que estava acontecendo... ele... ele entrou e imediatamente atirou em Daniels e Machida.... pensei que iria me matar também, mas ele me agarrou e... a força dele! o olhar! ele definitivamente não era humano!... me perguntou onde estava a Enterprise e quando disse... que não sabia... me obrigou a localizar a nave, através dos nossos computadores e... assim que descobriu, começou a destruir tudo... eu tentei correr mas ele me... atingiu com força pelas costas e eu fui... lançada contra a parede... acho que minhas costelas foram esmagadas, estou com... hemorragia interna e minhas pernas... não funcionam... provavelmente ele achou que eu não valia mais sua atenção... saiu com a nossa nave. Como parece que ele voltou, talvez tenha conseguido... trazer o que foi buscar.

Spock olhou para a mulher deitada no chão, a beira da morte. Ele estava usando toda a sua concentração para reprimir o turbilhão de emoções que ameaçavam eclodir em seu peito, apesar de todo o seu treinamento nas disciplinas do Kolinahr (1). Temia deixar que a sua herança emocional humana o dominasse e comprometesse seriamente a sua missão.

O médico suspirou e levantou-se, dirigindo-se a ele em voz baixa.

— Comandante, infelizmente não posso fazer mais nada por ela, a não ser deixá-la mais confortável. Provavelmente tem apenas mais alguns minutos de vida. Se necessário aplicarei uma nova dose de anestésico.

Spock assentiu e então se dirigiu a Checov.

— Tenente, você vai ficar aqui para dar apoio ao Dr. McCoy enquanto ele monitor a situação da Dra. Mayares. Fique atento para qualquer movimentação estranha e deixe o rifle phaser à mão. Mantenha um canal de comunicação constantemente aberto para o caso de precisarmos de vocês. Eu e Srs. Matheis e Laurentis vamos localizar a Srta Chapel e resgatá-la. Levaremos algumas cargas explosivas para abrir caminho se for necessário.

— Mas Sr. Spock... – começou a protestar o jovem oficial.

— Estas são as suas ordens tenente – disse secamente o vulcano – qualquer discussão é irrelevante.

— Sim senhor – respondeu Checov, contrariado.

Spock sinalizou com a mão para os dois seguranças que o aguardavam e eles saíram em direção aos laboratórios que ficavam no interior das cavernas.

Referência do Capítulo:

(1) O Kolinahr (ko-li-naar), é um treinamento ritual pelo qual os vulcanos tentavam purgar todas as emoções ancestrais remanescentes que ainda possuíam e a disciplina mental pela qual esse estado era posteriormente mantido. Nem todos os vulcanos eram obrigados a fazer essa jornada final para a lógica pura. A duração do treinamento de Kolinahr era de natureza quase monástica e podia variar de dois a seis (ou mais) anos.