Arlequina

Acabo de me especializar em Psiquiatria, e felizmente já consegui um emprego no Asilo Arkham em Gotham City. Não tenho família, meu pai eu nem conheço e fui criada somente por minha mãe, que veio a falecer 1 ano atrás. Está mais que na hora de recomeçar a minha vida. Eu não tenho amigos aqui na cidade ainda, tinha um namorado que me traia, me batia, e me escondia para que ninguém percebesse minha presença... Eu realmente não tinha o que fazer naquela cidade antiga.

Fui ao meu destino: Gotham City, vou direto para um apartamento que aluguei, afinal, não pretendo sair dessa cidade. Vou me preparar para o meu primeiro dia de trabalho, que será amanhã no Asilo Arkham. Mergulho a cara nos livros, afinal não tenho experiência e preciso mostrar minha capacidade teórica, e adormeço em cima deles.

Meu celular desperta, é hora de me preparar e partir. Coloco uma roupa bonita, uma maquiagem leve, mas bem feita, saltos não muito altos e sigo direto para o asilo Arkham. Percebo homens me flertando na rua, interessados, mas sinceramente eu não quero ninguém, não estou preparada e meu foco no momento realmente não é esse. Chegou no asilo e de cara já consigo avistar o Diretor Heiss:

— Dra. Quinzel - disse me dando um aperto de mão, sorrindo - Seu primeiro paciente será o Sr. Joker, deixei exclusivo para a senhora somente este paciente, porque sei que é o suficiente. Seja bastante cautelosa, é válido avisar que é um homem bastante envolvente. Assassino frio, calculista, e completamente mal.

— Tudo bem Dr Heiss, serei cuidadosa. Obrigada!

Vou para meu consultório, Joker já estava por lá. Me olhou e à princípio ficou paralizado, olhando cada detalhe meu por um tempo. Fiz o mesmo, analisei sua pele pálida, cabelos verdes e seus olhos claros. Ele era lindo, de um jeito único e diferente. Mas precisava de ajuda. Quebrei o silencio:

— Bom dia Sr. Joker.

— Bom dia Dra. Quinzel. - Respondeu.

— O senhor já sabia meu nome, já sabia que eu viria hoje? - Perguntei curiosa.

— Sim, mas não sabia que era tão encantadora e linda. - respondeu sorrindo. Que voz, que educação, que cavalheirismo. Sinceramente, não tinha absolutamente nenhuma semelhança em relação ao que já havia ouvido sobre ele.

— Obrigada. O senhor gostaria de me contar por que está aqui sr. Joker?

— Por favor me chame de Coringa. - respondeu, para fugir do assunto.

— Ok Coringa. Seu relatório diz que o senhor é um assassino, que não se importa com sentimentos e... - insisti, mas fui interrompida.

— HAHAHAHAHAHA -me interrompeu com uma risada exótica - Dra. Quinzel, eu não conheço nada sobre sentimentos. Acho que somos incapazes de sentir algo que nunca recebemos. - Como algo que nunca recebemos? Será que ele nunca teve o prazer de se sentir amado? Tão rico, tão poderoso, tão lindo e nunca recebeu amor? Affs! Impossível!

— Como assim, o senhor nunca recebeu carinho ou afeto de ninguém? - Perguntei curiosa.

— Não. - Respondeu revirando os olhos. Talvez ele não se interessava muito por relacionamento a dois já que tem outras prioridades. Mas amor fraternal é claro que sim ne!?

— Nem mesmo pela sua família? - Perguntei aflita.

— Minha mãe quase não teve participação em minha vida, sempre foi muito submissa ao meu pai. Eu acho isso incrível. O meu pai me fez matar o primeiro homem quando eu tinha apenas 7 anos. Se eu não matasse ele me mataria. Preferi viver. E essa escolha se repetiu dezenas de vezes. E eu aprendi a gostar cada vez mais de fazer isso. HAHAHAHAHA - respondeu secamente, dando essa risada característica no final.

— O senhor não sente falta de carinho? - Perguntei curiosa, e percebi que profissionalmente era esse ponto que eu deveria explorar.

— Não! Não posso sentir falta de algo que nem ao menos sei o que é! - disse dando de ombros.

— Você ainda não sabe, mas isso faz falta. Você vai ver o quanto é bom! - respondi.

— Por que eu vou ver? - perguntou curioso.

— O senhor vai receber carinho Coringa, e você vai gostar. - Respondi de forma impulsiva.

— A senhora vai me dar carinho Dra. Quinzel?- perguntou curioso

— Sim, Coringa.- confirmei.

Ele sorriu, agradeceu com o olhar e um sorriso de canto. Conversamos mais sobre o passado dele e falamos sobre mim também... Algumas coisas tínhamos em comum em nossas histórias: como a ausência de mãe dele e do meu pai. A independência forçada desde cedo e rancor fraternal.

— Você é a médica mais linda que já colocou os pés aqui nesse asilo! - disse espontaneamente.

— Obrigada! - respondi tímida.

— A sessão com você ficou muito melhor, o tempo passa tão rápido com você aqui. Me desculpe, mas você é incrível! - disse me fitando.

— Você é impressionante, único e incrível. - respondi sinceramente.

Nossa sessão estava ao fim, então avisei à ele e pedi para que se comportasse. Ele confirmou com a cabeça e foi saindo de cabeça baixa quando eu o abracei.

Eu abracei ele porque ele simplesmente não merecia sofrer tanto, é claro que ele seria daquele jeito. Ele foi criado assim é a origem dele. Como alguém nunca recebeu amor ou carinho? Me lembrei do meu pai, ele nunca me deu nada disso, a minha sorte é que tive minha mãe. O sr. Joker, quer dizer, o Coringa. Nunca teve ninguém. Alem disso abracei também porque ele era incrível, apesar de tudo, muito incrível: lindo, cavalheiro, único, diferente. Era um desafio para mim poder conquista-lo, pois ele não é de se prender a nada, muito menos a alguém. Mas com tudo isso confesso: Ele está me conquistando com isso. Não paro de pensar nele.