Aquela Flor

Cap 16 Indiscrições, ciúmes e reconciliação.


Indiscrições, ciúmes e reconciliação.

Uma semana depois.
No Hospital duas enfermeiras conversam sobre o Leilão sem perceber que estão sendo observadas por Cristina que se esconde atrás de uma coluna.
– A Dra. Meirelles foi a sensação do Leilão. Ao ouvir o nome de Marina, Cristina fica imediatamente atenta à espera de alguma coisa que as duas iriam falar.
– Ninguém imaginou que ela seria a mais cobiçada e iria arrecadar tanto dinheiro.
– Sim, todos ficaram surpresos ninguém esperava que ela alcançasse números tão elevados, nem mesmo o Dr. Almeida conseguiu e olhe que dei vários lances por ele, mas não chegou nem perto da oferta dela. Uma das enfermeiras pergunta a outra pra quem ela fez oferta e ela responde timidamente e com o rosto corado, pra Dra. Meirelles...
– Como assim pra Dra. Meirelles?
– Ah! Eu sempre a considerei muito sexy, tem um olhar que pega fogo! Fico em chamas quando eu tenho que trabalhar com ela ...
– Como! Não sabia que você gostava de mulheres.
– Um momento! Não são todas as mulheres, só a Meirelles.
– Sim! E eu estava prestes a ganhar, mas...(a menina é interrompida pela outra).
– Eu duvido que você conseguisse...
– Teria conseguido se não fosse a Dra. Cristina e aquela desconhecida que apareceu de repente e conseguiu arrematá-la diante dos nossos olhos e debaixo dos nossos narizes (soltam uma gargalhada). Todos no Hospital continuam comentando e perguntando sobre a mulher misteriosa.
– Eu não sei porque tanto mistério e curiosidade, pois não é nenhum segredo que Meirelles gosta de mulheres, já ficou com algumas enfermeiras tudo com muita discrição. Ela dá a unhada e esconde as unhas (mais risos).
– Se você sabe de algo me diga! Agora Cristina fica mais atenta, elas estão falando de Clara! Esta informação ela definitivamente precisa ouvir,pra ela qualquer coisa que diga respeito a morena é muito valiosa.
– Você sabe quem é ela (afirma a enfermeira).
– Não sei (responde a outra).
– Você sempre esquece dos pacientes, é aquela que entrou aqui há alguns meses (sentindo a frustração pela amiga ainda não lembrar de quem se trata), a que a Meirelles não se afastou dela até ela acordar.
– Grande! A Meirelles faz isso com todos os seus pacientes!
– Ah! Você não lembra daquela mulher que foi encontrada bastante machucada, em estado grave no meio de um matagal? Que acordou e não sabia de nada,quem era, porque teve amnésia?
– Ohhh merda! Agora eu me lembro! Isso, oh meu Deus! As duas enfermeiras trocaram um sorriso cúmplice.
– Quem diria que a Dra. Meirelles era a galã das lésbicas do Hospital (as duas agora caem na gargalhada).
– Agora sabendo disso diz a outra em tom desanimado, perdi todas as minhas esperanças.
– Deus! Mulher calma nem tudo está perdido.
– Gostaria de pegá-la pelo menos uma vez.
– Pervertida! As duas retornam ao trabalho.
A poucos passos dali Cristina sorri triunfante, em sua mente processa aquela informação valiosa e como irá tirar proveito dela. Olha para o seu relógio está na hora de cirurgia do pequeno.

Na Casa de Leilões.
Clara, Juliana e Thais estão fazendo uma pausa e compartilham um café. As meninas falam sobre o leilão.
– Então você foi lá e tirou a Marina da cadela? Pergunta uma incrédula July.
– Isso mesmo!
– Parabéns amiga! July está maravilhada com tudo o que clara está contando.
– O melhor de tudo é que o prêmio era meu e em seguida pude levá-lo (tom extremamente possessivo), a mulher com quem fiz amor como nunca havia feito antes. Meninas de Deus!
Eu nunca tinha sentido Marina tão minha! Diz num tom agitado e com o rosto vermelho. As outras duas abrem um sorriso, é evidente que a médica tem seus truques.
– Clara...eu posso perguntar uma coisa?
– Sim Thaís pode perguntar, Clara diz enquanto toma um gole do seu café.
– É verdade que Marina é tão boa na cama como dizem? Clara ao ouvir a sua colega se engasga com o café.
– Quem... quem te disse isso ? É evidente em seu tom o ciúme que sente. July olha pra Thais que tem uma reputação de língua solta.
– Fala! Quem te disse isso? Clara está realmente irritada, agora Thais percebe o erro que cometeu.
– Um amiga que eu tenho no Hospital...ela é enfermeira e...
– E o que ela tem a ver com Marina? Clara não consegue lidar com esse sentimento desconhecido e não pode evitar o ciúme que lhe toma completamente.
– Clara ... desculpe-me, agora Thais está preocupada com a indiscrição que cometeu.
– Está tudo bem ... se você me der licença eu vou trabalhar. Clara sai deixando July e Thais.
– OhThais! Eu acho que você passou dos limites!
– Eu só queria saber, você acha que ela ficou com raiva?
– Você ainda pergunta (ironicamente diz Juliana) francamente Thais! Você deve segurar mais essa sua língua. July se retira para seu escritório.

Horas mais tarde no Hospital.
Marina deixa a sala de cirurgia na companhia de Cristina, as duas mulheres vão para a sala de espera, os pais da criança quando as vê corre ao encontro delas.
– Doutora, diga-nos como foi a cirurgia? Perguntar o pai ansioso.
– Felizmente tudo correu bem,nós removemos todo o tumor, agora só nos resta esperar a recuperação, isso vai levar todo o dia, uma vez que ele recupere a consciência vou deixá-los ir vê-lo.
– Graças a Deus, Doutora!
Os pais abraçam Marina emocionados, que sorri da espontaneidade deles, como poderia sair daquele abraço caloroso. Ela se despede deixando os dois pais felizes na companhia de Cristina que também recebe os abraços. Cristina tranquiliza os pais do garoto e com seus olhos segue a médica que parece um pouco cansada.
Marina chega ao consultório olhando para o telefone e disca o número de Clara, a chamada vai direto para a caixa de mensagem. Marina olha para o aparelho e suspira, com certeza sua morena está atendendo um cliente na Casa de Leilões.
Na Casa de Leilões Clara olha o celular, uma chamada da médica decide não responder. Não deveria se sentir afetada pelo o que disse Thais! Não poderia se deixar levar pelos ciúmes! Só em imaginar Marina com outra mulher Clara se sente sem forças e a raiva toma conta de todo o seu corpo! MARINA É MINHA! SOMENTE MINHA! Esse sentimento de possessividade a deixa perplexa.

No Hospital.
–Oi! Aqui estamos com a artista famosa! Um autógrafo, por favor!
– Flávia! Você vai continuar com isso mulher! Marina suspira um pouco irritada, já que o leilão passou!
Depois desse evento a sua vida no Hospital está um pouco ... intensa! Enfermeiras que nunca mostraram qualquer interesse nela agora estão a assediá-la,tudo tomou uma dimensão exagerada. É como se todas as mulheres do Hospital tivessem agora decidido serem lésbicas! É o inferno!

Flashback
Dois dias após o leilão.
Hospital – Sala de Emergência .
– Daniela ... por favor me passe uma gaze, eu preciso limpar a ferida. Marina diz completamente focada na assepsia de uma ferida cheia de vidros, um senhor foi vítima de uma briga, quebraram uma garrafa na sua cabeça causando um ferimento considerável e ao mesmo tempo ficou cheio de cacos de vidro. A enfermeira estende uma mão e entrega a gaze à Médica e com a outra pega na bunda da “médica sexy” o apelido que as enfermeiras colocaram nela. Quando Marina olha pra menina censurando pela liberdade ela olha atrevida pra Médica e pisca o olho.
Então, depois uma outra situação ocorre na Sala das Enfermeiras...
– Doutora, com voz sexy.
– Sim?
Marina fica surpresa com a atitude de uma delas.
– Aqui está o meu telefone, estou disponível 24 horas, olha pra médica com um olhar que a deixa nua, especialmente pra você, lambendo os lábios sensualmente e com um sorriso sexy, coloca um pedaço de papel no jaleco da médica.
Agora todas inventam uma desculpa para se sentar com ela no refeitório ou trazer o café no consultório e os Plantões tornaram-se um pesadelo.
Outro dia eu estava andando pelo corredor com Giselle quando ia passando por um grupo de enfermeiras todas me olharam como se fosse um pedaço de carne, pareciam feras enjauladas prestes a comer. Uma delas toca o meu ombro e quando me viro pra ver quem era a menina faz menção de que iria beijar-me, depois joga um beijo no ar e dá uma piscadela

Fim do flashback


– Quem manda você ser tão gostosa! Diz provocando a sua melhor amiga!
– Flávia! Em um tom de aviso.
– Está bem eu vou parar. Marina pega o seu telefone e tenta novamente entrar em contato com Clara, mas o resultado é o mesmo diretamente na caixa de mensagem.
– Droga! Murmura.
– O que há de errado Meirelles, porque você está tão ansiosa?
– Já tentei ligar pra Clara várias vezes e não consigo falar com ela.
– Ah, não se preocupe sua mulher deve está trabalhando muito lá com sua mãe, você sabe melhor do que ninguém como a Chica é intensa no trabalho.
– Você acha que ... sim a minha mãe não descansa mesmo.
– É verdade ... diz Marina, depois de pensar por alguns segundos. As meninas terminam seu almoço e cada uma volta às suas atividades.

Na Casa de Leilões.
– Clara...
Thais está ao lado da mulher, mas vai com cautela depois do que aconteceu não quer incomodar a morena.
– Desculpe se eu te deixei chateada com a estupidez que falei antes, diz arrependida.
– Eu realmente não achava que isso iria te incomodar. Clara pode ver que sua amiga estava realmente triste com o que aconteceu.
– Desculpe-me, mas a verdade é que no que se refere a Marina, não consigo pensar com clareza, pra mim ela ... ela é tudo e embora não seja certo, não consigo deixar de sentir um ciúme incontrolável. Só em pensar em outra mulher em seus braços isso me deixa louca.
– Sim, eu quero que você saiba que eu sei que você é completamente apaixonada por Marina e imagino o quanto ela significa pra você. As duas mulheres trocam um sorriso.

Poucas horas depois, à noite, Clara chega no apartamento e sabe que não vai dormir com a médica hoje. Marina passará a noite cuidando do garoto sobre o qual ela falara. Procura o seu telefone e encontra várias chamadas perdidas, todas da médica. Então, rapidamente começa a discar. Marina está na UTI, sente seu celular vibrando e ignora, agora não pode atender, a criança está em fibrilação, teve uma parada respiratória devido aos efeitos da anestesia.

No apartamento Clara suspira, tem certeza que Marina está em um procedimento médico, mas sua voz interior lhe diz, talvez seja porque você Clarinha ficou chateada,foi infantil e deliberadamente ignorou todas as chamadas sem nenhuma justificativa, olha o celular e rapidamente repete a ligação.

No Hospital Marina está com o pequeno, eles conseguiram estabilizá-lo, ela está ao lado da cama como sempre faz com cada paciente,o garoto já deveria ter acordado, mas devido à crise recente é provável que só recupere a consciência no dia seguinte, esta situação deixa a médica tensa. Marina está tão distraída com a situação que não se dá conta de que o celular está com bateria descarregada desde a última chamada de Clara.

No apartamento.
Clara começa a sentir-se ansiosa porque a chamada vai direto para a caixa de mensagem ela acessa a sua própria caixa de mensagem e começa a ouvir as mensagens de Marina.
Mensagem 1... "Amor, só liguei para dizer que eu te amo. Eu estou indo para a sala de cirurgia, me deseje sorte! Tchau"
Mensagem 2 ... "Clara te amo, tentei entrar em contato com você. Eu não vou voltar para casa hoje,você sabe que eu sempre fico com os meus pacientes na UTI "Eu te amo”
Mensagem 3 ... "Nossa Clara! Eu me sinto abandonada! Mas ainda assim eu te amo "
Mensagem 4 ... "Clarinha ... está tudo certo? Marina tem um tom muito preocupado.
Mensagem 5 ... "Olá amor ... por favor me liga?"
Não há mensagens ..... diz a voz da caixa de mensagem

Clara desliga e olha para o aparelho como se fosse dizer alguma coisa, ela se sente arrependida pela atitude infantil que tomou durante o dia então decide que antes de ir ao trabalho passará no Hospital. Com essa ideia vai para o quarto e começa o ritual habitual como se a médica estivesse lá, liga a TV no canal preferido da médica que trata de assuntos médicos e perfuma o travesseiro.

No Hospital.
A porta do consultório se abre Cristina entra com um sorriso predador este é o momento que ela estava esperando, se aproxima da médica que está meio adormecida, se senta em seu colo e vira seu rosto para roubar-lhe um beijo.
Marina imediatamente sente o peso sobre as pernas abre os olhos e tudo o que ela consegue fazer é empurrar os braços de Cristina e evitar ser beijada por aquela boca. Mas a sorte não está do seu lado, Cristina consegue levar seus lábios até os de Marina, naquele momento a porta do consultório se abre e ...
– Marina!
– Clara!
Marina grita, no seu no rosto a surpresa está evidente.
– Não é o que você está pensando ...Marina pula do sofá empurrando Cristina que cai no chão.

Clara não espera nenhuma explicação sai em disparada do consultório, enquanto lágrimas de dor escorregam de seus olhos, sua mente é uma mistura de emoções! Como ela pôde fazer isso! O coração de Clara parece que vai sair de seu peito, sentindo-o partir-se em pedaços, como lidar com isso! Porque? Ele se pergunta sem encontrar nenhuma resposta pra este pesadelo.
– Não! não! não! Porra! Droga! Grita Marina!
– Marina! Diz Cristina que está com um sorriso satisfeito no rosto vendo o desespero da médica.
– Cala a sua boca! Não se atreva a me dizer alguma coisa! Não se atreva. Ela diz que enquanto dispara atrás de Clara.
Cristina dá um passo atrás com medo vendo a intensidade da raiva nos olhos de Marina.
A médica fecha os olhos tentando controlar-se neste momento seria capaz de bater nesta cadela.
Flávia está debatendo com um colega sobre uns resultados médicos quando vê Clara correndo pelos corredores indo até a saída do Hospital o que é muito estranho,assim decide cortar a conversa e correr atrás da amiga e a encontra no estacionamento.

No estacionamento Clara se encosta no carro,parece estar sem chão. Como ela pôde fazer isso! Como? É o único pensamento que se repete em sua cabeça.
– Clara o que houve?
– Marina! Ela ... (voz de Clara sai em um soluço) ela estava com aquela mulher, aquela piranha!
Ela ... ela ... soluça desesperada ... ela fez isso!
Flávia olha para Clara sem entender o que ela está falando de Marina. Com Cristina? Mas que porra é essa? Clara tenta abrir a porta do carro mas está tão nervosa que não consegue pressionar o botão do controle, Flávia ainda não consegue entender o que está acontecendo, mas uma coisa é certa, Clara não pode dirigir naquelas condições.
– Clara ... Acalme-se ... respire por favor ... (pega as chaves) vamos conversar... vem.
– Não ... não! Eu não quero conversar! Deixe-me sozinha Flávia.
– Claro que não mulher! Olhe como você está! Está muito descontrolada, Marina me mata se eu te deixar dirigir assim.
– Não me diga! Nem me fale dela! A voz de Clara está cheia de raiva.
– Me dê as chaves, eu tenho que ir.
– Pra onde você vai? Flávia pergunta ...elas ficam em silêncio, Clara naquele momento percebe que não tem pra onde ir . Flávia procura consolar a morena e decide ir com ela. Clara não pode ficar sozinha no estado em que está. Assim abre a porta do carro e entra, Clara olha inexpressivamente pra médica.
– Entra! Você disse que queria sair, sem palavras Clara senta no banco do passageiro

Marina consegue chegar ao estacionamento no momento exato em que vê seu carro sair, passa as mãos pelo cabelo enquanto fecha os olhos.
– Meu Deus! Isso é um pesadelo ...um pesadelo. Pega o celular no bolso e disca pra Clara. Sem resposta a respiração fica pesada, sente um enorme fardo sobre os ombros.

No carro Clara sente vibrar o telefone,olha e o nome de Marina aparece, ela não se preocupa em responder,as lágrimas começam novamente a descer, são o reflexo da dor em seu coração que está partido em milhares de pedaços, é indescritível a sensação de abandono, de traição,todos esses sentimentos dominam o seu ser. Flávia olha para a mulher sentada ao seu lado,não sabe o que aconteceu entre ela e sua amiga, mas sabe que tudo deva ser um mal entendido
– Você não vai atender? Flávia pergunta sabendo que Marina deve estar desesperada.
– Não ... Flávia ... Eu sei o que eu vi. Flávia suspira e prefere ficar em silêncio.
No Hospital, Marina está no estacionamento, o telefone começa a vibrar o pensamento volta-se pra Clara,mas é um SMS enviado a ela da UTI, o paciente acordou. Este é um dos poucos momentos em que se ressente de ser médica. Daria tudo pra ir atrás de Clara, mas primeiro o seu compromisso como médica, lentamente começa a entrar no Hospital, como se fosse um preso caminhando para o pelotão de fuzilamento.
Agora na UTI, Marina se reúne com a equipe de enfermagem e começa a examinar o menino verificando seus sinais vitais.
– Já podem tirar o aparelho, uma das enfermeiras que acompanham Marina começa a retirar o ventilador e os cabos que fazem o coração bater. A criança, após alguns segundos começa a respirar normalmente para alívio e tranquilidade de todos. Marina deixa a UTI para se reunir com os pais da criança. Eles estão ansiosos pra encontrarem a médica. Ela percebe que eles estão vindo pelo corredor seguidos por Cristina.
– Como está o nosso filho? Pergunta a mãe ansiosa.
– Depois de uma pequena complicação que aconteceu com Manuel,nós o estabilizamos,ele passou a noite em observação e, felizmente acordou e está consciente, acho que vocês vão querer vê-lo. Olha para os pais ansiosos pausando e fazendo uma advertência
– Vocês podem ir vê-lo ... mas só por alguns minutos, amanhã vocês podem ficar todo o tempo que quiserem com ele, porque nós vamos levá-lo para o quarto.
– Oh doutora! Obrigada! Obrigada!.A mãe abraça Marina.
– Marina vê o casal caminhando em direção à UTI sentindo a satisfação do dever cumprido, um sorriso triste no rosto, este seria um momento de alegria, se não fosse por... sente uma mão em seu ombro que a tira de seus pensamentos, vira-se e está olhando diretamente para a causa de sua infelicidade.
– Não me toque! Diz violentamente, tentando controlar a raiva que permeia todo o seu corpo.
– Marina ...
– Não me toque! Diz apontando o dedo.
– Não se atreva a dizer uma palavra! Eu não quero você perto de mim! ... Foda-se Cristina! Porque você insiste! Porque? Marina não entende o por quê desta mulher não deixá-la em paz. Entenda de uma vez por todas que nós nunca vamos ficar juntas! Nunca! Marina fica de frente pra mulher que permanece a centímetros de seu rosto. E diz num sussurro furioso...
– E você sabe porque ... porque você não chega aos pés da Clara!
Sem dizer mais nenhuma palavra Marina se dirige ao seu consultório. Cristina olha pra ela que desaparece no corredor de frente pra Sala das Enfermeiras e seu rosto fica vermelho ao se dar conta que todas ouviram a conversa, elas imediatamente procuram algo pra fazer.
Cristina lhes dirige um olhar fulminante e desaparece no corredor retornando ao seu consultório, precisa respirar fundo, Marina Meirelles não perde por esperar, só um pensamento ocupa espaço em sua cabeça, Vingança!
Isso não vai ficar assim, ela vai me pagar! Ninguém me humilha assim, como ousa me comparar com aquelazinha (andando de um lado pra outro feito louca).
De repente, um pensamento ruim começa a se formar em sua cabeça, um sorriso maligno aparece enquanto seus olhos brilham com malícia.
– Se eu não posso ter você Marina Meirelles ninguém vai ter!
Marina entra em seu consultório e se encosta na porta, sente seu corpo enfraquecer, o seu cérebro funciona de forma rápida ao tentar pensar em como vai sair dessa. Maldita a hora em que Clara apareceu lá, ela nunca vai acreditar em sua inocência! Um suspiro escapa de seus lábios.
– Meu Deus, o que eu vou fazer sente seus olhos se encherem de lágrimas.

Flávia para o carro na frente de um café, ela realmente gosta deste lugar, é discreto e tranquilo, o ambiente é muito aconchegante, ocupam uma das mesas ao ar livre. Um garçom se aproxima e Flávia pede duas bebidas. Uma vez sozinhas ela se recosta na cadeira, tomando postura de psicanalista, entrelaça os dedos olhando pra Clara, que está sentada em frente a ela, passando a imagem de um animal encurralado, olhando assustada para todos os lugares.
– Relaxa Clara! Agora me conta essa história com mais calma diz-lhe em voz baixa tentando deixá-la confiante.
– Eu fui ao consultório da Marina e... as lágrimas já escorrendo de seus olhos, Flávia estende uma mão tocando as de Clara passando-lhe conforto.
– E lá estavam elas, aquela mulher no colo de Marina! Elas estavam se beijando! Flávia realmente não consegue acreditar no que Clara está dizendo mas por outro lado essa mulher não é uma louca! Ela sabe o que viu mas Flávia pensa que alguma coisa nessa história não se encaixa.
– Clara ... eu não duvido do que você viu, eu não posso argumentar, a única coisa que posso afirmar é que a Marina te ama muito, a tal ponto que ela arriscou tudo por você. Clara sorri incrédula, claro que Flávia iria ficar do lado dela.
– Não me olhe assim, eu sei o que você está pensando, mas sei que Marina é louca por você e que arriscou tudo para estar com você e é capaz de tudo por você.
– Por que você está tão certa?
– Basta ver os olhos dela que brilham quando está ao seu lado.
– Minha amiga realmente mudou desde que conheceu você Clara, o que eu sei é que nunca vi Marina Meirelles tão comprometida em uma relação e já vi muitas passarem na vida dela, acredite em mim quando eu digo que ela arriscou tudo,o que você acha que aconteceria se descobrissem que o Dra. Meirelles vive com uma de suas pacientes, violando assim a relação médico-paciente, o código de ética. Clara fica atenta às palavras de Flávia.
– Eu tenho que ir ao banheiro, minha cabeça está uma bagunça diz Clara em tom fraco.
Flávia sorri e diz.
– Como sempre, o banheiro é no fundo, lado direito.
Clara vai ao banheiro e Flávia rapidamente liga pra Giselle.
– Amor não me pergunte nada agora só preciso que você cuide da Marina, você sabe né briga de namoradas. Conversamos depois tchau, por favor me ajude nessa.
Giselle vai ao encontro de Marina que está olhando pela janela, um olhar perdido.
– Oi irmã tudo bem?Pergunta em tom casual
– Oi... Gi ... diz desanimada.
– Nossa! Que mau humor é esse? Tá em lua de fel?
Marina sorri triste ... só Giselle pra fazê-la sorrir num momento desses.
– Problemas minha irmã ... problemas.
Giselle olha pra sua irmã, não sabe o que diabos está acontecendo mas deve ser sério, parece que passou um caminhão sobre Marina
–. E aí! Que tal uma bebida ... sugere e Marina pensa por um momento.
– Vamos ... acaba aceitando o convite.

Meia-noite
Depois de deixar o Hospital Marina e Giselle pegam um táxi e em seguida pedem ao motorista pra levá-las a um bar . Uma vez lá as duas médicas pedem cervejas e após a terceira Marina começa a desabafar,diz pra Giselle o que aconteceu. Tomam mais e mais cervejas.
– Sabe o que me magoa é que Clara não acredita em mim! A voz de Marina sai embolada por causa do álcool
– Calma! Ela vai entender ...
– Gi ... minha ... morena ...não ...ela não acredita em mim! Ela acha que me viu beijando a boca daquela cobra!
Giselle vai ao banheiro deixando apenas a médica no bar, imediatamente um homem se aproxima, a aborda e começa a flertar com ela.
– O que faz uma mulher tão bonita bebendo sozinha em um bar? Como se chama?
Marina olha para ele ...
– Você quer saber, meu nome é Infiel e o homem começa a rir, quero que todos saibam! Ma..ri..na a In..fi..el. Se você falar com Clara ... diga ... diga a ela que eu a amo. O homem fica atordoado. Ela e gay!
Giselle sai do banheiro e vai rapidamente em direção à sua irmã .
– Marina é hora de ir!
– Não, não, não resmungando...
–Giselle ... Meu amigo vai chamar a Clara,ele vai me ajudar.
– Marina vamos embora.
– Mas Gi ...
Giselle e Marina conseguem deixar o local, já fora a brisa da noite fria bate em seus rostos. Marina sente-se tonta e meia hora depois um táxi para pra elas.
– Como você se sente ... quer que eu vá com você?
– Não ... Eu posso ir sozinha.
Marina chega ao apartamento e mal consegue ficar em pé, está completamente bêbada, tropeça enquanto caminha, tenta deixar as chaves sobre a mesa que está na entrada mas deixa cair no chão, ela se inclina pra pegá-las e acaba quebrando o ornamento de vidro que está sobre a mesa.
– Shh! (coloca o dedo indicador nos lábios) Não faça barulho! Sussurra para os pedaços do vaso espalhados pelo chão.
No quarto Clara escuta o barulho que vem da sala e abre os olhos assustada, imediatamente lembra de Marina. Ela sai da cama rapidamente vai ver o que está acontecendo e se depara com a médica tentando juntar os estilhaços do adorno quebrado.
– Marina!
– Shh! Cale-se ... você vai acordar a Clarinha
– Diabos! Tenho que parar de beber. você están falando comigo


No apartamento de Flávia.
– Giselle! Demônios! Eu não te pedi pra cuidar da Marina.
– E eu fiz cuidei da Marina... da minha irmã, qual é o problema?
Flávia revira os olhos voltando para o quarto.
– Flávia ... amor ... amor...Giselle fala em vão.

No apartamento de Marina.
– Marina!
Clara agora está num dilema não sabe se ri da cena engraçada da médica tentando falar com pedaços de vidro e juntar esses pedaços

– Onde diabos você estava! Você andou bebendo!
– Nããão eram apenas um ...dois ...três ... está contando com dedos no terceiro dedo perde a conta.
– Passei a tarde inteira te ligando e você aparece uma hora dessa! Clara se aproxima da médica que se afasta quase caindo, se não fosse a porta ela teria caído.
– Não! Não me toque! Você não acredita em mim Clara! Em seguida apontando para si mesma com o dedo indicador...
– E eu ...a única coisa que eu tenho feito é te amar! Mas você não acredita em mim! Não acredita em mim ... murmura desanimada e triste. Clara sente seu coração apertar, é um misto de emoções de um lado sente uma tremenda culpa por não ter dado a Marina o benefício da dúvida, mas Nossa! Quem não reagiria como ela ao ver a cena que aconteceu na sua frente no consultório! Por outro lado uma imensa ternura invade seu coração ao perceber que Marina está realmente sofrendo com esta situação.
– Marina... amor ...
– Shh! Eu ... eu ... eu não ... eu ... te amo! Eu sou ... eu nem sei mais quem eu sou. Termina resmungando para si mesma.
– Marina por favor me escuta...Clara faz mais uma tentativa de se aproximar da médica que se afasta! Marina caminha até o sofá e desaba.
– Marina precisamos conversar...diz ternamente.
– Vá ... vá dormir ... diz cansada, deixe-me aqui, por favor ...amanhã conversaremos.
– Marina!
– Clara ... a gente conversa amanhã.
Clara olha para Marina, não iria mais insistir nessa conversa, no estado em que se encontra a médica é melhor deixar pra amanhã. Triste ela vai para o quarto ...