Apolonyx

Os primeiros minutos


"Estão todos apostos?" perguntou Quíron no walk-talk. Todos responderam. Eu também, claro.

– Quíron. Estou na Lexington Avenue. Qualquer coisa, mandarei um sinal.

"Ok, Pandora. Mas só se for extremamente necessário. Caso contrário, elimine qualquer monstro extraviado da nossa rota."

– Sim, senhor. - desliguei o walk-talk e me virei para a minha tropa, filhos de Dionísio, Persefone e alguns ciclopes. - Qualquer sinal de monstros ao redor, me avisem.

– É isso ai, comandante. Vamos por eles no chinelo! - disse uma filha de Perséfone.

– σαν τα μάτια της Μέδουσας!! - (Como os olhos de Medusa!) gritei e a tropa também o grita uníssono.

Marchamos por um bom tempo na Lexington com a 59TH. Os prédios estavam mais cinzentos do que o normal, embora o sol brilhasse sobre nossas cabeças - Hemera tinha cumprido sua promessa. De vez em quando percebia-se pequenas sombras correndo no asfalto e, ao olhar para o céu, via-se pequenos pontos brigando entre si. Pelo visto a guerra já havia começado lá em cima.

Em segredo rezei uma oração em grego, que Tânatos me ensinara. Pedi força, coragem, sucesso, vitória... e, com mais fervor, que não houvesse muitas perdas. Não suportaria ver Ino, Yudy ou qualquer um mortos aos meus pés.

De repente algo repeliu meus desvaneios.

Um dos ciclopes me cutuca com a espada - um tanto perigoso fazer isso, digo.

O que?

– Sete horas.

Movi meu olhar a alguns graus para a esquerda, procurando sorrateira por algum monstro. O walk-talk chia.

– Alguém na escuta? - perguntei, clicando em um botão do aparelho.

"Sou eu." diz no aparelho.

– Ápate, o que há?

– Um dos nossos irmãos está indo em sua direção.

– Está do nosso lado?

– Ele? Vai saber! - pude até imaginá-lo dando os ombros.

– Umpf. Você está sendo de grande utilidade, ιρμão*. - (irmão*)

Ápate não me responde.

– Formação em circulo! - exigi e todos fizeram o que devia. - Atentos, atentos. - murmurei, tirando Zulfiqar do cinturão e armando o Wolverine.

Seja quem fosse, se movia muito rápido. Parecia estar em todos os lugares, no cercando, diminuindo a proximidade entre nós. Não só no solo, como também nas paredes dos prédios. A criatura quebrava vidros e batia em carros.

Os ciclopes começaram a ficar incomodados com a falta de ação.

– Trudy, Kelan, Marcos, Vinícios, congele o chão num raio de dez metros a nossa volta. - digo a um dos filhos de Persefone.

Eles congelaram com facilidade, mas nada do que eu planejara aconteceu.

Algo fez um rastro até a minha frente, tipo pegadas de um animal quadrúpede. Logo, em um piscar de olhos, vi íris multicoloridas encarando os meus.

O tempo parou a minha volta.

A criatura parecia um cachorro sem pelos, extremamente magro, mal cuidado e a pele tinha um tom bege doentio. Seu focinho pontudo fungava incessantemente e suas pupilas dilatavam mais a cada segundo.

A esse fato, uma estranha consequência me acometeu.

Fome.

– Limos.

Quando pronunciei seu nome, o tempo voltou a correr e os outros a minha volta se afastaram ao ver Limos. A terrível forma do meu irmão assustara até os ciclopes.

A tensão do ambiente para quando Limos vira de lado e se agacha, como se oferecesse uma montaria (autora: está certo essa frase? É possível oferecer uma "montaria"?).

Suspirando, aliviada, levei o walk-talk a boca e aperto o botão.

– Ápate. Limos está do nosso lado. - eu disse e logo guardei o aparelho, sem ouvir a resposta.

Eu montei em Limos - algo meio degradante para um deus, tenho de dizer - e conduzi a tropa pela 59TH.



Vimos o nosso primeiro extraviado sete minutos depois.

Armei-me do Zulfiqar e separei minha tropa em dois, para vir pelos flancos e atacar o oponente. Mas infelizmente ele não estava sozinho.











Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.