Apolonyx

O Destino no Anfiteatro


Acordei numa cama de lençóis, travesseiros e mosqueteiro branco. Tânatos estava lindo, como sempre.

Dei um beijo leve em seu rosto e levantei.

Fui até o banheiro, admirando minha nova aparência. Se eu pudesse descrever, até descreveria, mas era impossível. Lavei o rosto, pus uma túnica grega verde carmim para cobrir meu corpo, sai encaminhando-me para a sala.

O piso vermelho estava lindo aquela manhã. Passei sobre o tapete persa e sentei na espreguiçadeira, onde havia uma bandeja completa de café da manhã.

Alguém bateu na porta.

Alarmada, assumi minha antiga forma mortal e pedi para que a pessoa entrasse.

– Oi, Dafni. Tudo bem? - perguntou Beccs, entrando.

Ela estava exatamente igual desde a última vez que a vi, com a túnica grega e louros sobre a cabeça.

– Maravilhosamente. E você? - perguntei.

– Bem, mas você parece diferente. Realmente está tudo bem?

– Ótimo, nunca estive melhor. - baguncei meu cabelo. - E como foi com minha mãe, Nyx?

– Foi... razoável. Ela resolveu entregar o segredo e vai lutar ao nosso lado também.

– Isso é muito bom... ai! Droga! - peguei o guardanapo sobre a bandeja e sequei meu sangue, após me cortar acidentalmente com a faca para fatiar o salame

Beccs parecia estupefata.

– Mas o que você fez?! - perguntou, com seus olhos claros arregalados.

Olhei para meu dedo.

Meu sangue estava dourado. Ele se encaminhava de volta para meu corte, que também logo sumiu.

Sorri, dando ombros.

– Você... você.... eu não... como... mas...

– Isso mesmo, Beccs. - disse alguém, me abraçando por trás. - Só não conte para ninguém. É segredo. - sussurrou Tânatos, pegando uma torrada da bandeja. - Aliás, daqui há alguns minutos nenhuma arma mortal poderá te ferir. Demora para completar a transformação.

– Mas que deusa eu seria? - perguntei.

– Quando tudo isso acabar nós iremos saber. Deusa da Neve, da Morte, Do Casamento, tudo isso é só condecoração. Seus feitos e sua personalidade é que irá te definir. Vamos ver no que vai dar, amor.

Eu ri, feliz com o termo que usou.

– Bem... - arfou Beccs, respirando fundo. - Agora eu sei porque Nyx disse para te dar os parabéns.

Ouvimos alguém chamando-nos num megafone.

– Semideuses, semideusas e criaturas mitológicas no Anfiteatro agora! - era a voz do Polemos.

Nos entreolhamos.

– Está na hora. - disse Beccs. - Eu vou indo e os encontro lá. Preciso... m armar.



Tudo bem. Tânatos me ajudou a me preparar.

Minha armadura era de bronze celestial, com uma mistura de preto com amarelo (Apolo deve ter pedido). Tinha um elmo romano, com as penas listradas de preto e amarelo, sem viseira. No meu peitoral de ferro negro (junto com o gorjal, proteção para o pescoço) havia em alto relevo a cara raivosa de um Mocho – estranho, mas dava um certo arrepio. Não tinha proteção do braço ou das mãos, para que fosse mais leve e fácil de movimentar a espada. Mesmo assim eu ia usar mesmo o (manopla, finalmente eu soube o nome) Wolverine mesmo. Sobre meu jeans lycra, proteção para as coxas, um pouco mais a baixo o coxote (que servia para quase a mesma coisa), joelheira articulada, greva e armadura para os pés.

Nyx, de uma mãe presente, era uma ótima escolhedora de armas. Eu tinha três opções de armamento e uma delas eu poderia por no cinturão, o Mangual. Nome estranho né? Mas todo mundo conhece. É uma bola dourada de aço com saliências pontudas, pendurada por uma corrente que era soldada no fim de um cabo curto de ferro ou madeira. Percebemos então que a bola de aço se metamorfoseava. Ela virava qualquer coisa, até em um pastel – uhum, conferimos.

O segundo era um machado medieval de duas lâminas negras opostas, com alguns cortes dourados fundos no final. Um suporte de couro na minha coxa, onde eu podia colocá-la, parecido com a bainha de uma espada, que vedava as lâminas.

Já o terceiro era um incrível Zulfiqar. Uma cimitarra oriental/asiática, com duas lâminas paralelas, de corte em forma de V. Linda, tenho de dizer. Eu estava ansiosa para vê-la em ação. A bainha ficava a cima do suporte do machado.

E, para minha melhor segurança (mamãe deusa não polpou precauçõ-ões~), um pequeno Arco Cruz (tipo arco e flecha, só que de uma mão só) com flechas de pontas feita de aço divino. Preso no lado esquerdo do cinturão.

Ah, esqueci! Também tinha um punhal aves Sheathed, longo, 31 cm. A lâmina com o punho fazia um “S” quase perfeito. Tudo bem, eu não vou precisar usar meu poderes! (risos) Acabarei me matando enquanto tentar atacar os outros, mas Tânatos disse que eu saberei usar bem quando estiver em batalha.

Ah, é... bem, já ele estava lindo.

Sua armadura era completa, muito parecida com o de Pierce quando ele foi lutar da Arena de Combate. A única diferença é que – além de ele ser um deus – tinha um capuz preto retaliado enorme, a armadura era toda negra e usava só uma foice longa de lâmina letalmente grande e afiada para se defender.

Perguntei a ele se ficaria bem e Tânatos respondeu:

– Já ceifei várias almas com essa aqui. - disse, abrandando-a. - Nikza nunca me falhou... ah, desculpe.

Tentei abaixar meus pelos arrepiados, passando a mão sobre meus braços.

– Tudo bem. - e puxei-o para fora antes que ele começasse elogiar a tal Nikza de novo.

Quando passamos pelo jardim, minhas papoulas murcharam. As que estavam em volta de Tânatos pareciam terem virado até carvão.

– Hei!

– Desculpe. Sinto muito, mas amo uma boa guerra.

Suspirei.

– Você não é o único, pelo jeito. - resmunguei, me lembrando de Ênio.

Estávamos caminhando perto do Paredão de Escalada quando ouvimos som de... de beijos.

– Por favor, entenda! Você não... eu posso me cuidar. Fique tranquilo, e nada de pedir para Quíron te mudar de posição. Quero você aqui, cuidando do lar de todos nós. Pelo amor dos deuses, Pooh!

Era Beccs e Polemos escondidos atrás do Paredão, tendo um DR. Ele era tão alto quando ela.

– Promete que vai fazer de tudo para me avisar que está bem? Quando estiver perto da Terceira Trombeta. - pediu Paul.

– Tudo bem. - murmurou Beccs, suspirando. - Boa sorte.

– Idem.

Beccs ia beijá-lo, mas acabou se afastando.

– Espera. - pegou uma pedra grande, pôs na frente de Paul e subiu. - Agora sim. - e o beijou.

Nada contra, mas é bem estranho uma humana beijando um centauro. Pelo amor, o apelido de Paul era Pooh? Tipo, ursinho Pooh? Deus..!

Ela, diferente do Paul, já estava armada como nós. Seu peitoral branco se destacava, tinha uma Hidra em alto relevo gravado no peito. Nas mãos, luvas de couro perolado. Túnica grega por baixo do peitoral (a única parte da armadura que usava), jeans e bota cinza de cano alto, uma combinação estranha.

Zeus, sua espada de lâmina dupla, elétrica, estava na bainha do lado esquerdo do cinturão. Sua lâmina branca era espantosa, de que seria o material?

Assim que ela parou de beijar Paul, puxei Tânatos para longe.

– Isso foi... constrangedor. - murmuro.

– Por quê? Eles...

– Um centauro, Tânatos! É estranho.

– Se você visse minha verdadeira forma...

– Já vi parte dela, ontem. - digo, despreocupada. - Tenho de te dizer: realmente foi a coisa mais estranha e horrível que já passei, mas eu vi o rosto de Humbaba. O que poderia ser pior?

– Nossa, obrigado. - sussurra, acelerando o passo.

Suspiro, sorrindo.

– Ah, Die! O que você queria que eu dissesse? Que é lindo e etc? Desculpe, mas não sou falsa. - explico, pegando sua mão.

– Sua frieza é derivado da nossa mãe mesmo, só pode.

– Die, eu só estou sendo... sincera. - quase não termino a frase ao ver uma multidão de semideuses armados entrando no Anfiteatro.

Perco a fala. Quase nem me encaminho ao palco quando Quíron nos chama. Tânatos solta minha mão e segue sozinho. Magoado, claro.

Ao lado de Quíron vejo um homem muito alto, de cabelos castanhos enrolados até os ombros, um pouco magro, pele bem morena, túnica longa que cobria só a parte de baixo - semi nu, tecnicamente.

E um detalhe pequenino: seus olhos são brancos, totalmente cegos.