Descrição rápida do cenário:

Grama verde.

Céu cinzento.

Árvores...

… árvores...

… e mais árvores enormes.

– Sim. Floresta dos Cedros. - murmurou Die como se lesse meus pensamentos... embora isso não fosse impossível.

Beccs levantou.

– Com certeza odiei essa viagem. - parecia pálida. - Preciso de água, comida e descanso. Onde é essa droga de entrada mágica?

– Bem... aqui. - ele passou a mão branca como papel sobre o tronco grosso de uma árvore, fazendo com que a primeira camada do tronco queimasse e então revelasse sua escrita secreta.


ahu ummudu akaluto ayya (k) ku


– Sumeriano. - murmurou Beccs. - Lembro dessa escrita como se Nýchta tivesse acabado decifrar agora pouco. Tinha algo a ver com árvore mágica... sagrada... e portal.

– Minha irmã... tocou aqui? - eu não a idolatrava, longe disso, só a achava um exemplo de pessoa por aguentar toda essa maluquice de deuses com apenas 12 anos.

Passei a mão sobre as inscrições e sorri.

– Vamos? - sem esperar, Die sussurrou umas palavras estranhas e elas cravaram no tronco até sumir. Como se a árvore se abrisse, ela nos engoliu sem dó nem piedade.

Quando abrimos os olhos, havia um altar de mármore a nossa frente. Uma vila com casas todas feitas de madeira velha, um pouco de grama, uma trilha estreita de paralelepípedos até um tipo de casa antiga chinesa ou japonesa. Era só isso, em volta só tinha cedros.

Amarrado no altar, havia uma mulher morta.

– Meus deuses! - corri até o corpo e tentei acordá-la. - Diego, me ajuda!

Ele a carregou no colo.

– Está morta já faz um tempo.

– Foi o seu...

– Não. Só levo olimpianos, semideuses e monstros. Mas ultimamente ajudo Caronte com as almas ou coisas relativo ao mundo inferior até aos interesses de Hades, que assumiu meu lugar com a queda dos titãs. Umpf.

Beccs parecia preocupada.

– Vamos procurar por ajuda.

Só andamos uns dez passos para aparecer uma figura grande ao longe. Diego congelou – embora quase não desse para perceber, Beccs estava elétrica e eu... bem, eu já não sabia o que fazer ou sentir.

O céu ficou cheio de nuvens de tempestade, Beccs. O chão a nossa volta ficou morto, escuro, podre – vinha de Diego. Já eu... nada.

– Beccs, Dafni, entre em uma das casas. !

Ela me pegou pelo pulso e então corremos para a casinha de madeira mais próxima. Num piscar de olhos, Diego sumiu.

Estava tudo escuro lá dentro.

Alguém acendeu uma vela.

Estávamos cercado de gente armada.


– Rebecca Grandis?

– Quem pergunta... ahf, não. Não! Não!!! - Beccs correu em direção a um menino de 11 anos de idade e se curvou. - Mestre Enki! Deus das águas doces, do conhecimento e sabedoria. Olá novamente.

– Srta. Grandis. - ele não tinha a voz de uma criança. - E você – olhou em minha direção – Dafhy, Bem-vinda a Floresta dos cedros, entrada do portal para o reino dos deuses sumerianos.

– Dafhy? Nem te conheço! Te dei intimidade? - sei que era burrice falar assim com um deus (criança) e principalmente de mitologia diferente, mas não vou me deixar intimidar.

– Você não me conhece, mas eu te conheço. Sei tudo sobre você. Sou o deus do conhecimento e sabedoria, nada me escapa. Mas – sorriu maliciosamente (esquisito para uma criança). - não vou dizer que não mandei lacaios sumerianos da água para te espionar.

– Você não tem esse direito.

Dafni Pandora, você estava vindo para cá e por isso acabo ganhando o direito de saber tudo sobre você, embora o que eu vou dizer seja só o resumo do que sei. Me corrija se eu estiver errado, como por exemplo: uma garota rápida e adaptável. Desconfiada, curiosa, reservada, confusa, intuitiva, observadora, olhar que penetra na alma, agilidade mental e ótima coordenação física. Flexível, alerta, sempre odiou rotina. Você se alimenta de conhecimento, uma boa qualidade, particularmente. Sua intuição, embora não o use muito, é poderosa. Você pode ver e sentir o que irá acontecer em relação ao mundo e as pessoas. Com muita energia, poderia voar se pudesse ou então correr mais rápido que qualquer um. Pode ser acusada de superficial, fria ou insensível, embora não seja. Seu ponto negativo é ser inquieta, nervosa e instável. Muitas vezes não consegue dormir, sua mente trabalha a mil anoite, mais por causa da sua mãe. Personificação da Noite, Nýchta em outro idioma. Sua cor favorita é violeta. Sua pedra é mercúrio e seu planeta favorito é Plutão ou Netuno, perfume mirra, animal cavalo, instrumento violino e piano, elemento ar, prefere viver meio isolada embora goste da cidade. Sua irmã morreu muito cedo, diz que não a idolatra, não tem inveja, mas vive se perguntado se tudo seria diferente se você tivesse sabido primeiro sobre sua descendência... Particularmente, burrice, em pensar em como teria sido se não tivesse feito certas coisas no passado porque...

– Com que direito acha que pode me chamar de burra?! - metade de mim estava irritada com aquela criança e a outra estava preocupada demais com Diego lá fora, o que dava uma bomba atômica reunindo tudo. - Não vou ficar ouvindo essas coisas sobre mim! Um deus que eu mal conheço, criança, expondo tudo que sou e faço!

– Se não fosse por mim, mestiça, você nem estaria aqui! Logo pisado em solo sumeriano, estaria morta.

– Mestiça? - esquece. - Não tenho tempo pra isso. Dane-se você, criança! Dane-se se é um deus! Com certeza o que eu mais odeio!

– Como ousa...

Sem deixá-lo terminar a frase, sai.

Estava tudo taciturno lá fora, mas só de sentir o vento dava para perceber que havia algo muito errado ou perigoso por ali. Perto da mulher, ensanguentada no altar, estava uma figura com cor de sangue, juba de entranhas, um pouco maior do que um elefante, peludo, parecido com um leão, garras de marfins no lugar dos dedos das mãos e dos pés. Parecia uma figura horrenda, mas a curiosidade impregnara de tal modo em mim que quase sentia necessidade de ver sua face.

Não dei nem três passos e alguém me puxou para longe, com a mão sobre minha boca, atrás de um depósito um pouco mais longe da criatura.

Colocou o dedo indicador sobre os lábios, “Shiiii...”.

Diego! Ele estava bem!

– Mas Diego... - “Cala a boca!” e colocou os dedos sobre os meus lábios agora.

Acho que ele até se empolgou porque ficou por bastantes segundos olhando para eles, mas depois olhou envolta e fixou-se para algo acima de minha cabeça – atrás de mim. Ouvi grunhidos e engasgos misturado com palavras, nisso Diego me puxou para trás de suas costas, tampando minha visão.

A criatura engasgou de novo.

– Saudações, Humbaba.

Num grunhido seguido de um engasgo tossido, disse:

– Tánatos – a criatura tinha uma voz sobrenatural, uma mistura de sussurro com rosnado. - A mortal não entende arcádia?

– Faz pouco tempo que soube quem era.

– Hum... interessante...

Diego nunca pareceu tão cauteloso.

– Querida mortal... - chamou-me com o bafo em minha orelha esquerda. -... não está curiosa? Não quer ver meu rosto?

Senti uma sensação terrível de curiosidade.

– Precisamos ir. Enki está nos esperando, então...

– Espere mais um pouco. Acho que a mortal quer perguntar alguma coisa para mim.

– Criatura guardiã, por favor, precisamos ir. - isso foi um rosnado, mas.... “Por favor?!”. Um deus pedindo “Por favor?” a uma criatura a baixo dele?

– Cale a boca! - gritou Humbaba.

Diego me empurrou mais para trás, mas eu mesmo me afastei. Ele queimava, cheirava agora a... enxofre.

– Olhe, criatura mais impertinente e inconveniente que já pisou na terra criado pelo Chaos, estou sendo paciente. Não quero briga mas, ao se meter com ela, arruma guerra comigo e pode ter certeza que vou ganhar. - senti os músculos dele tenso, com certeza estava apontado algum tipo de arma para Humbaba enquanto ameaçava.

– Você está no meu território! Posso expulsá-lo daqui agora mesmo com a ajuda do deus da tempestade, Wer, e você cairia junto com essa mortal e com a outra que está junto com Enki. - agora mais parecia arcádia do que inglês.

Eu queria falar “Não preciso que me defendam!”, mas com era Diego que estava me defendendo e eu meio gostei.

– Nyx me mandou aqui, estou protegendo minha irmã, e tenho certeza que Wer iria ficar do meu lado. Você anda muito irritadinho e para castrá-lo, como Cronos fez com Urano, não falta muito. Falo por mim e por ele.

– Seu...

Não aguentei mais.

– Chega! - essa foi a atitude mais idiota da minha vida.

Ele era horrendo, terrível, a coisa mais aterrorizante que vi na minha vida. A cara dele nem chegava ser alguma coisa, parecia entranhas e rostos desfigurados se contorcendo fora de controle. Os olhos, boca, eram brancos e focinho. Em vez de pele, era veias, pelos e carne viva misturados.

Desmaiei.