Prólogo

Terra

– Bem, são quatorze horas e dezessete minutos. As treze e cinquenta e dois perdemos completamente o contato via rádio. Não podemos voltar para tentar contato visual... É arriscado... A perda é grande... Não posso perder mais ninguém... Câmbio, e... Desligo...

Com uma voz trêmula, algumas vezes interrompida por um leve soluçar, o Capitão da Nave encerra sua tentativa de comunicação em vão. Não havia ninguém fora da nave para escutá-lo, mas ele precisava disso. Precisava desabafar. Os outros três as suas costas, logo atrás do assento do Capitão, abaixaram a cabeça. Um urro e um soco do maior dentre eles sacudiu a nave, enquanto deixavam a órbita da Terra.

Horas antes, eles foram convocados. Não sabiam o quão grave era a situação. Quando chegaram, não reconheceram a Terra. Estava sombria. Estava quieta. Estava morrendo. O silêncio foi rompido quando os propulsores da nave assoviaram ao se aproximar do asfalto imundo de corpos. Quando a porta traseira destinada a desembarque se abriu, munidos de todo armamento que poderiam trazer, pisaram firme em solo agora hostil. O pequenino Rocket Raccoon foi à frente. Ele fareja. Agitando os bigodes que se alongam de seu focinho, se sente desconfortável e grunhe expondo suas presas. O grandalhão Groot, sempre calado, o seguia como uma sombra. O sinal do Senhor das Estrelas indica as direções a seguir, qual formação tomar, sempre esperando o pior desta nova Terra. Gamora e Drax ficam na cobertura. Ao cruzarem uma esquina, um aglomerado de seres repugnantes, agarrados a pouca vida que tinham, devoravam aquele que outrora fora seu inimigo. Eles não fazem isso por vingança. Fazem pela dor. Pela fome que os assola. Sentem-se culpados por isso. Mas não conseguem se controlar.

O Primeiro Vingador, que estava em meio aos decrépitos, é o primeiro a ver os recém-chegados. Os Guardiões reconhecem a casca azul, vermelha e branca que um dia foi o traje de Steve Rogers. Mas não havia mais a humanidade do bom e velho Capitão América ali dentro. Apenas um zumbi, movido pela fome.

Por Deus, eles sabem que isso é errado. Ambas as partes sabem.

De um lado, Capitão América se levanta e fixa os olhos na nova oportunidade de saciar sua fome. Do outro, os Vingadores do Espaço, aqueles que guardam a galáxia, apontam sua armas contra aquele que é a lenda dos Super Heróis.

Deus, ambos os lados estão errados...

– Capitão? Steve Rogers? Por favor, não me force a fazer isso... Abaixe o escudo... E pare de ranger os dentes...

– Você não entende, Senhor das Estrelas... Não pode sentir a dor... A fome...

De um lado, a sinfonia da horda desesperada e faminta dos Zumbis Marvel. Do outro, os tiros da formação defensiva dos Guardiões da Galáxia.

Estão todos errados...