Sarah contemplava as imagens do quadrinho deitada no chão da sala. Sua mente não conseguia focar na história, mas amava perceber os detalhes do desenhista e seu traçado. Seus pais haviam saído a deixado apenas com seus pensamentos, seus medos. Ela ouviu uma batida, respirou fundo, levantou lentamente e atendeu a porta. Bastian estava com um uniforme da frota estelar amarelo, cabelos um pouco penteados para o lado, definitivamente ele tentava ser o capitão James Kirk. Ele sorriu e entregou um envelope enquanto entrava. Ela rapidamente abriu e encontrou suas novas fotos reveladas na melhor qualidade. Ela sorriu observando suas obras.

—Mereço um preço por ter pegado isso para você. –Seus olhos azuis tinham um brilho triste para conseguir algo dela, um exímio manipulador. Ela riu.

—Tem um bolo de chocolate na geladeira, fique à vontade. –Ela o seguiu para a cozinha. Ele abriu a geladeira, pegou um pedaço e comeu assim mesmo, na mão. Ele sentia como se estivesse em sua casa também. –Projeto de capitão Kirk vê se não vai sair com o rosto com melado chocolate. –Ela riu enquanto ele pegava um guardanapo forçadamente.

—E falando em capitão, como estou na minha fantasia? -Ele limpava suas mão de forma elegante.

—Você sabe que sua fantasia é praticamente uma camiseta e um cabelinho arrumado. –Ele tacou o guardanapo nela, ela desviou e, rindo, mostrou a língua. Ele sorriu vendo sua amiga feliz.

—O que irei fazer sem meu Spock? –Ela fez careta de pensativa.

—Se divertir, eu acho. E eu nunca iria de Spock, gosto mais de um estilo Furiosa.

—Viverei sem ver isso que trágico. – Ele pousou no peito e sua expressão era de pêsames, o brilho travesso dos seus olhos destruía com sua atuação horrível.

—Falso! –Ele riu.

—Só passei para te deixar um pouco feliz. Agora, adeus! O baile me espera! –Ele bagunçou seus cabelos e correu para a saída.

—Se divirta! –Ela gritou antes da porta se fechar.

O silêncio voltou para o lugar. Ela respirou fundo e caminhou para seu quarto. Ela tirou foto por foto do envelope, ela não tinha pressa. Algumas fotos do baile, algumas fotos aleatórias, as fotos dos vagalumes e sua foto. Ela tinha se esquecido da existência dela. A foto não era como as suas, o flash havia perdido a beleza da luz natural que a foto teria e ela nunca teria feito isso. Ela concentrada e feliz desenhando no fundo de todas suas fotos com uma claridade em excesso parecia tudo tão calmo. Seu quinto item de sua lista estava em suas mãos e era ela parte da foto. Lorie. A garota deixava mais uma marca em sua vida. Aquela garota estava transformando seu mundo e ela tinha medo de onde iria leva-la.

Um pequeno som veio do seu notebook de chamada de vídeo. Ela deixou as fotos em cima da sua cama e atendeu a chamada. Naty estava com um olho roxo e um sorriso brilhante enquanto comia um pote de sorvete. Sarah riu um pouco com essa cena. –Me diz que a pessoa ainda está viva.

—Engraçadinha. Eu lutei a dois dias e o roxo é só reflexo da minha vitória maravilhosa.

—Sua mãe vai surtar quando descobrir isso.

—Vai nada. Isso mantém meu temperamento contido e isso é bom segundo meu psicólogo. EU definitivamente não iria tomar remédios para controlar minhas explosões, eu não tomo nem para minha cólica e olha que ela é do mal. –Ela falava de boca cheia enquanto se deliciava com o sorvete. Se ela pudesse viveria a base de flocos e creme.

—E você me chamou para falar de sua vitória?

—Grossa! Estou sozinha e você de castigo então eu pensei dois peixes fazem um sushi maravilhoso. –Ela levou a embalagem fria no olho rosto e suspirou com sensação prazerosa enquanto Sarah ria do comentário.

—Você tinha que ser da minha família mesmo. –Ela observou no dedo da sua prima um anel semelhante a uma aliança de namoro. –Isso é uma aliança?

—Sim e customizada. De todo meu ex relacionamento o que mais amei foi esse anel e ele me dá sorte. Sabe quantos caras babacas nas festa espantei com essa coisinha? Muitos.

—E quando ela não funciona?

—Joelhada no saco. –Sua prima falou calmamente e angelicalmente. –Se não respeitam meu não então não respeito as bolas deles. –Fez uma pausa para focar apenas no sabor majestoso de seu sorvete. –Eu espero que tenha mais sorte com namorados que eu. Eu realmente nasci para ser solteira.

—Acho que no meu caso seria mais como namoradas. –Ele apenas saiu. Era Naty.

—Verdade. –Verdade? –Humm então né talvez eu tenha invadido sua privacidade e visto quem te enviou a mensagem que deixou aquele sorriso apaixonado em seu rosto. Assim como sei que a raiz de 974,169 é 987, eu sabia que gostava de meninas. Desculpa? –O rosto com sorvete em alguns lugares e expressão de culpada não deixaria nunca Sarah ficar com raiva.

—Sim e você tornou-se obsessiva com esse número.

—Essa merda desse número me fez ficar de recuperação! –Falou exaltada, lembrando daquele princípio de verão terrível presa na sala de aula. –Mas, como está com sua milady?

—Eu fiz merda sem querer.

—Sarah, somos livre docentes em fazer merda sem querer. –O comentário levou Sarah rir e concorda. Essa família tinha umas habilidades atípicas. –Mostre a ela a importância dela para você e, com o tempo, ela irá te perdoar, deixar isso no passado e seguir em frente.

Sarah pensou nas fotos e teve uma ideia. Ela não sabia como fazer algo não ligado a fotografia e ela esperava ser o suficiente. Ela sorriu para a imagem de sua prima no notebook e agradeceu por não estar sozinha ali hoje.

:Baile:

Lorie estava sentada em uma mesa enquanto observava as pessoas dançando na pista de dança. Ela havia escolhido a fantasia similar Alex Delarge, não desejando algo fofo e feminino como sua mãe havia tentado persuadir. Era um filme clássico e um livro sensacional, ela iria vestida com um dos personagens. Ela, definitivamente, não estava no clima para tudo aquilo. Se sentia traída e perdida. Ela nunca teve medo de se jogar no que amou ou desejava, mas agora ela sentia. Agora era uma pessoa. Ela desejava fugir da futura conversa com Sarah, mas não podia. Ela precisava enfrentar, ela nunca fugia. Saiu dos seus pensamentos quando Bastian sentou ao seu lado.

—Festa legal né? –Dois deslocados naquela festa.

—Preferia estar em casa. –Um silencio entre os dois cresceu apenas a música alta ao fundo. Ele levantou e ela pensou que estaria livre porém ele estendeu a mão para ela.

—Estamos aqui, vamos nos divertir um pouco. –Ela aceitou receosamente e foi levada para a pista de dança.

A música era agitada e eles dançaram livremente. Rindo de seus movimentos descoordenado, sem nenhuma vontade de seguir o ritmo ditado. Perderam o folego logo e iniciaram uma dança lenta ao som de eletrônica. Eles sorriam, ela sentia livre de todos os problemas por um momento.

—Viu, diversão! –Ela riu enquanto dançavam harmoniosamente.

—Claro, capitão. Lindo uniforme!

—Alguém descente de verdade! Sarah não tinha a mesma opinião. –O nome de sua amiga trouxe seus pensamentos de volta a um ponto indesejado e ela não queria. Ela queria viver o momento.

—Sarah tem muitas opiniões, não vamos falar sobre elas. –Ele ficou sério enquanto tentava a decifrar.

—O que aconteceu com vocês duas?

—Nada grande...Eu não quero pensar nisso agora. Diversão, não foi o que disse? –Ela sorriu e não demorou muito para ele lhe retribuir.

Ele ficaram dançando lentamente e olhando um para o outro. Os olhos azuis eram lindos e ela se pegou pensando em beija-lo. Seria tão mais fácil. Sem questionamentos, brigas, olhares de ódio ou critica. Seus pais não tornariam sua vida um inferno. Era tão mais fácil e estaria distante desse medo. Ela foi lavada pelos seus pensamentos sem se importar com um futuro arrependimento. Sua mão mergulhou nos fios sedosos dele e o trouxe para próximo dela. Os olhos azuis tentava encontrar alguma resposta em seus olhos então ela os fechou. Ela não podia deixar as respostas saírem dela, machucaria mais uma pessoa. Isso era seu egoísmo transbordando. Ela o beijou e ele imediatamente retribuiu.

:Casa Azul:

Sarah andava lentamente. Ela quase não havia dormido. Ela sentia um pouco mais feliz, falar com Naty foi a melhor coisa do dia. Sua prima conseguia transformar assuntos em reflexões e nunca perdendo seu humor próprio. Só no meio do caminho ligou o celular e percebeu as duas ligações de Bastian. Ela preferia saber das notícias ao vivo, eram muito mais interessante do que por mensagens ou ligação. O vento gelado passou por ela e se deliciou com a sensação. Ela tinha uns prazeres incomuns. Sorriu o azul forte tão adorado por ela. A casa azul era uma das poucas casas diferentes da rua e ela gostava de passar por essa rua para vê-la. Lembrava da primeira casa onde viveu, em outro estado. Os resquícios de memória dessa época sempre remetiam aquela construção, seu eu criança deveria amar muito. Ela nunca encontrou os donos e até hoje não sabia quem morava ali. Não desejava solucionar esse mistério.

Chegou na colégio em cima da hora, ela perdeu a noção do tempo. Correu para seu armário pegou a suas coisas e resolveu ficar com a máquina por puro costume. Não haveria nada para tirar foto lá. Ela correu para sua aula. O tédio seria culpado por seu assassinato. Ela ficou desenhando em seu caderno. Ela era péssima em desenho em geral menos retrato facial. Sempre desenhava subconscientemente uma garota de cabelos quase cacheados, nunca sentiu a necessidade de colocar cor nela, era sua dama preto e branco. Quando a aula com Lorie iniciou e não viu a menina, estranhou. Sua amiga nunca faltava. E depois de alguns minutos, desejou ter feito o mesmo e nunca ter entrado naquela sala.

Quando o sinal tocou, sua mente e seu corpo agradeceu. Sarah caminhou em direção ao refeitório. Ela parou na entrada e tentou encontrar seus amigos. Lorie estava lá em algum tipo de discussão amigável com Bastian. Ela resolveu ir até eles, mas parou. Bastian puxou Lorie para um beijo quente e a garota retribuiu imediatamente. Ela preferia ter levado um soco. A câmera desprotegida em sua mão apenas deslizou pela lentamente. O som do relógio em seu subconsciente a um tempo desaparecido deu seu último toque. Um toque muito semelhante a algo se quebrando dentro dela, algo se quebrando no chão. Respirou fundo e saiu da sala imediatamente. Ela não notou Rick andando rapidamente em direção a ela. Ela não pode ver quando ele abaixou e pegou a câmera de seu avô do chão. Ela não presenciou o olhar do seu amigo de sofrimento por ela enquanto olhava para Lorie, essa com o olhar buscando complacência dele.

Sarah chegou a um corredor movimentado. Ela tentava encontra constância em sua respiração. Ela queria chorar, ela queria gritar, ela queria correr, ela queria socar algo. Tamara observou as expressões de Sarah de longe. A garota sabia da nova notícia e ela sabia ser aquilo o ponto fraco da outra garota. Ela chegou mais próximo, ela precisava cutucar. Ela sabia ser uma ideia idiota.

—Dói mais que um soco, não é? –A voz da garota saiu quase um sussurro. Sarah sentiu seu sangue ferver e a cada milésimo perdia a noção do certo ou errado.

Sarah podia ouvir a voz da sua tia. Uma voz tranquila. Ela mostrava como deveria bater para ter maior eficiência e ela ouvia. –Quando tentarem te machucar ou te atacar, apenas faça isso. Não permita ninguém te machucar. –Ela sabia o contexto dito pela sua tia, mas sua mente apenas havia recuperado essas palavras. Um impulso. Samy nunca teria ensinado algo assim para isso, ela não ligou. Ela girou enquanto colocava sua mão em uma melhor posição, usou o peso do corpo junto com a sua força e guiou sua mão em direção ao queixo. Seus deus gritaram de dor com o encontro com o rosto da garota enquanto Tamara cai inconscientemente no chão.

Ela deveria se sentir melhor depois disso, mas não se sentiu. O que ela havia feito?

Sarah olhou em volta e encontrou o olhar de Dany. Sua amiga parecia ter corrido quilômetros e estava com um olhar de desespero em direção a ela. –Ajuda! –Suplicou e a outra garota sumiu a procura de alguém. Tamara começou a tremer. Convulsão. O que era mesmo para fazer nesse momentos? Ela virou a menina de lado e mandou os alunos observadores se afastarem. Tirou a blusa e colou em baixo da cabeça da menina para a proteção. O queixo da garota estava vermelho vivo e Sarah pediu a todas as santidades que podiam ouvi-la para não tê-lo quebrado. A convulsão começou a diminuir gradativamente e, no seu final, conseguiu ouvir um fraco gemido da menina.

Mais e mais pessoas começaram a chegar e alguns professores ficaram do seu lado e outros saíram para buscar algum responsável. Parecia horas quando Dany reapareceu com alguém e foi apenas poucos minutos. O diretor e uma coordenadora falavam exasperados e olhavam para ela. Os alunos foram dispersados e obrigados a voltar as suas salas de suas respectivas aulas. Ela apenas olhou para a menina com medo de enfrentar mais olhares. Os paramédicos chegaram quatro minutos depois, colocaram a Tamara em uma maca tecnicamente e delicadamente, e a levaram rapidamente para o hospital mais próximo.

O diretor olhou para ela. Ela nunca saberia o que significava aquele olhar. Se era Desprezo ou raiva por ter acreditado em seu potencial e vivenciar aquilo. Ele fez sinal para segui-lo e ela o fez, sempre com o olhar para baixo. Era sua forma de se esconder do que fez. Ela sentou em uma das cadeiras da sala do diretor enquanto ele saiu para fazer uma ligação, para seus pais com certeza. Ele retornou para sala minutos depois com olhar cansado.

—Você tem noção do que fez? –Ele perguntou a ela enquanto sentava.

—Sim. –Ele esperou alguma desculpa, algum álibi e recebeu apenas silêncio. Ela parecia estar se corroendo pela culpa e pronta para receber qualquer punição. Ele respirou fundo.

Ele deixou ela ficar em silêncio e esperou. Quando anunciaram a chegadas dos responsáveis pelas meninas, ele pediu a sua retirada. Sarah saiu sem falar uma palavra. Seus olhos se encontraram com o do seu pai. Ele estava serio sem transpor seus sentimentos. Ela sentou no banco tão conhecido por ela nos últimos tempos. E esperou. Ela conseguia ouvir uma discussão acalorada dentro da sala, mas não se importou. Tudo que podia ver era a garota convulsionando, desmaiada. Seu pai saiu da sala, sua expressão séria e seu rosto vermelho de talvez raiva. Ele olhou para ela.

—Você não foi expulsa por pouco. Está suspensa por 5 dias, terá que ajudar em algumas áreas da escola e torça para não registrarem uma ocorrência por isso. –Ele cuspia as palavras de forma fria. – Agora vamos para casa.

Sarah não respondeu apenas levantou e seguiu seu pai. Ela não sentia mais medo. Ela se sentia quebrada.

:Corredor:

—Você conseguiu ver ela? –Lorie perguntou a Dany enquanto a seguia e recebeu um olhar assassino. Ela não sabia o que fazer e se arrependia a cada minuto, cada segundo.

—Não, eu não a vi. E se eu fosse você manteria distancia de mim porque eu estou a um passo para te dar um soco. –As palavras faladas tão verdadeiramente fez Lorie parar. Deixou Dany seguir pelo corredor sozinha. Mal a amizade começou e estava acabada.

—Eu vou falar com ela. –Rick falou atrás dela calmamente. Lorie estava surpresa por ele não querer matá-la também. Ele olhava para ela com algum tipo de conhecimento, ele olhava para ela como se entendia o que ela fez.

Ela sorriu e observou ele correr em direção a sua amiga.

—Dany, pare! Me ousa um segundo! –Rick segurou ela pelo braço tentando faze-la parar. Dany parou, se livrou da mão dele e olhou com raiva.

—Nem tente defende-la novamente!

-Eu não estou tentando defende-la. Meu deus! Até eu tenho culpa nessa situação. Eu falei tudo aquilo, eu fui cego e agora eu não sei o que fazer. Lorie fez merda, mas quem nunca fez. Ela só tem 16 anos, está começando a entender a vida e as vezes a gente erra. –Seu olhar para Dany era de suplica para ela compreende-lo e tentar acalmar sua amiga.

—Ou talvez você está apenas tentando protege-la porque você já fez algo assim? –Ela atacou. Era um golpe baixo, uma espada em seu peito, um segredo jogado na cara. A expressão dele ficou séria e seus olhos brilhavam de magoa.

—Você não é assim, Dany. – A raiva dela amansou um pouco com esse comentário. –Você não pode proteger Sarah. –Ela riu um pouco tristemente enquanto movimentava a cabeça em negação.

—E você, liga? Você não vai precisar lidar com isso no próximo ano letivo, você estará a quilômetros de distância.

—Isso é sobre ela ou sobre você agora? –A sobrancelha dele levantou em questionamento. Aquilo só foi gasolina para sua raiva.

—Você acha que eu seria tão egoísta! –Ela cuspiu essas palavras como se fosse umas das comidas que mais odiava. Ela queria gritar e ofender, mas respirou fundo. –Se você acha isso, você realmente não me conhece. E eu sempre vou tentar proteger porque eu me importo. Eu faria o mesmo com você porque isso significa ser amigo para mim. Estar lá e tentar proteger do mundo e da própria pessoa quando ela não consegue mais. –Há momento que as palavras desaparecem da mente e Rick sentiu exatamente isso. –Não ouse me parar!

Ele não ousaria e apenas observou a distância crescer entre eles. A cada passo Dany sentia o corredor ampliar de tamanho e as lágrimas se acumular. Ela parou quando chegou na saída, escorou na parede e tentou se recuperar. Ela nunca tinha tido amigos próximos como Sarah e Rick, e ela não os queria perder. Ela nunca gostou de perder o que tinha. Mas, a vida é feita de prioridades e nesse momento era apenas um dos seus amigos. Ela respirou fundo uma última vez antes de criar forças para seguir para sua casa.

:Quarto:

Sarah apenas ficou atônica sentada em sua cama. Seu pai pegou suas câmeras, notebook e disse poucas palavras. Ele estava nervoso e chateado demais para conseguir falar algo apropriado. Honestamente, ele não sabia o que fazer como pai. Ela olhou para o quadro com a foto do seu avô. A ausência da sua câmera só foi conhecida quando chegou em casa. Ela não sabia onde havia deixado, não sabia se havia caído. Ela havia cuidado por tantos anos daquele presente como se fosse parte de si e agora não sabia onde estava. Ela estava cansada de chorar.

Pode ouvir uma discussão acalorada dos seus pais. A voz de sua mãe sempre foi forte e tendia a aumentar de intensidade. Ela apenas esperou. A discussão sessou e a porta do seu quarto abriu lentamente minutos depois. Sua mãe caminhou e sentou ao seu lado, e olhou em direção do retrato do pai dela.

—Eu tinha doze anos. Um menino chamou minha avó de prostituta e eu apenas voei no pescoço dela. –Sarah olhou para sua mãe, esta sorria tristemente. –Uma auxiliar de limpeza da escola que me separou dele no segundo soco. Meu pai foi me buscar naquele dia. Ele nunca me buscava, ele sempre trabalhava até mais tarde e isso impossibilitava. Ele fez um lanche para mim a pôr minutos ficamos em silencio na mesa de jantar. Então ele quebrou esse silencio e disse: Sabe quantas vocês eu ouvi falas similares? Inúmeras. Era injusto, era cruel, era humilhante. Eles não conheciam nem uma parcela de quem eu era e eu só desejava faze-los engolir aquelas palavras, mas agredi-los só me tornaria errado assim como eles. Era injusto e um soco na cara da pessoa não tornaria nada mais justo apenas daria uma sensação de vitória, uma ilusão. E no final, você só decepciona os crentes em você e eu acreditava em você. –Lilian parou para não deixar se aprofundar demais na memória tão preservada daquele dia. –Meu pai não precisava gritar, me botar de castigo, tirar minhas coisas favoritas porque ele sabia que essas palavras seria mais eficaz. Ele nunca se decepcionou comigo, nenhuma vez e olha que eu aprontei. Então ouvir aquilo foi a pior coisa que podia acontecer comigo. Foi a primeira e última vez que iniciei uma briga.

—Meu avô tinha um dom.

—Não. Ele só conhecia as pessoas profundamente. –Sua mãe parou novamente. –Isso é minha culpa, você sabe. –E naquele momento, Sarah entendeu o monólogo feito por sua mãe. –Seu pai está certo, eu deixei isso chegar até aqui. Seus primos tem o mesmo comportamento, só seguindo o que a família tende a fazer, mas acreditei que você não seria afetada com tudo. Você sempre foi tão calma. Eu errei e apenas fingir não ver a verdade e fiz seu pai fazer o mesmo.

—Não é sua culpa. Eu podia ter mudado na primeira vez. –Alguém culpar pelos seus atos era horrível. Ela sabia que Lilian era sua mãe e tinha responsabilidades em sua criação, mas ainda não tirou o mal estar. Ela odiou o que sua mãe estava fazendo e entendeu porque Lilian sempre chamou seu avô de um conhecedor cruel.

—Você é jovem demais para ser culpada completamente por algo ainda. E o que fiz além de coloca-la de castigo? –Lilian olhou em seus olhos esperando a resposta, ela apenas ficou em silêncio. –Você se sente bem?

—Não. –Respondeu sinceramente com a lembrança viva de Tamara inconsciente no chão.

—Então, por que continua fazendo? –Sua mãe olhou em seus olhos e observou novas lágrimas se formando. Levantou-se. –Lembre-se, Sarah. Seus atos nunca afetam apenas você. Vou deixar você sozinha, mas se precisar é só me gritar. –Sua mãe sorriu antes de sair.

Eu confio em você. Palavras dóceis e cruéis no momento. Tudo começou a passar pela sua mente. A dança, o beijo roubado de Dom, o olhar de Lorie, Bastian e a garota, beijo, o olhar de Dany, Tamara convulsionado, discussão e discussão a sua volta. Ela podia sentir todos os olhares dos alunos sobre ela ainda. Ela olhou para a parede de fotos e não sentiu reconforto. Ela sentiu se perdida. Perdida em pensamentos, pedida nas emoções, perdida nas palavras, perdida nas fotos. Ela pegou um saco de lixo preto dentro de uma caixa debaixo da sua cama. Ficou frente a frente aquela parede e começou arrancar foto por foto rapidamente. Jogava elas na sacola sem pensar e sem tentar salvar nenhuma. Ela arrancou as últimas e pressionou sua testa na parede. Ela tinha lágrimas desconhecidas descendo pelo seu rosto. Respirou fundo e voltou para sua cama. Deitou e, olhando para aquela parede branca, ela sentiu-se menos perdida.