Capítulo 98:

– Ai, Sidney que horror. – Sofia reclamou se soltando do garoto.

– Ah entendi, agora vem à parte que você me esculacha. – respondeu ele impaciente.

– Não, não é isso. – a garota rebateu descontente. – Voltou a chover né, essa humidade toda vai detonar meu cabelo. – alegou ela.

– Mais é muito fresca mesmo, porque eu ainda perco meu tempo com uma pessoa como você Sofia. – resmungou ele insatisfeito.

– Porque você quer, você não consegue fazer diferente Sidney. – afirmou ela audaciosa.

– É eu sou um fraco mesmo. – se puniu o garoto.

– Amanhã a gente conversa melhor, alguém pode acordar, e ver que eu não estou no quarto. – justificou-se ela. – Ai já viu né, vai dar confusão. – concluiu a loira.

– Conversar. – Sidney repetiu incrédulo, achando que tinha entendido algo de forma equivocada.

– É Sidney, conversar. – Sofia revirou os olhos impaciente, diante da cara de bobo que ele esboçava. – Agora boa noite, que eu também preciso dormir, pelo amor de deus. – disse ela em um de drama.

– Então boa noite. – ele desejou de volta, ainda não conseguindo acreditar na cordialidade da patricinha.

– Boa noite. – Sofia sorriu achando graça da cara de espanto do loirinho. – Tchau. – balbuciou ela, se despedindo do menino com um beijo demorado em seu rosto, Sidney ainda continuou parado no mesmo lugar enquanto via a loira entrar dentro de casa, para logo depois caminhar até sua casa.

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Ben e Anita se rendiam a um beijo que vinha como alento, o sol depois de uma tempestade, lhes trazendo paz e esperança. Até quando a necessidade de respirar e buscar o ar os permitiram, se encaram calados, longos segundos, depois de se afastarem, ambos tinham sido tomados pelo medo que a peso das palavras, lhes tirassem o chão e a capacidade de achar que tudo teria concerto. Que o final dos dois não teria acontecido, como Anita chorou e como Ben se recusava a pensar e toda vez que imaginava, era corrompido por um enorme sentimento de revolta.

– Eu... – Ben eu. – Anita manifestou de forma engasgada, sabia que a coragem não lhe fazia companhia naquele momento, ela constatou isso, quando fitou Ben com o olhar totalmente confuso a sua frente e ao mesmo tempo aliviado e com uma misera ponta de esperança.

– Você o que? – ele proferiu comtemplando os olhos cansados de Anita, onde as lágrimas brotavam incessantemente.

– Eu te amo. – disse ela, sentia que seu coração se partiria em mil pedaços, se ela não dissesse ao menos aquilo, já que o resto não sabia se quer por onde começar. – Eu amo você, mesmo que nada mais dê certo na minha vida, isso vai continuar sendo a única verdade dela. – declarou a garota não conseguindo segurar sua emoção. Ben sorriu surpreso por um único segundo, para tão logo se perguntar, como ele duvidou, como ele foi idiota pra isso, cogitar que ela não o amava, Anita se confundiu diante do jeito inercio de Ben, mergulhado por completo em seus pensamentos, vindo junto ao receio de que ele dissesse que não acreditava mais no que ela dizia, e para completar sua culpa, Anita nem poderia julgá-lo por isso, pois motivos ela poderia enumerar vários, para o garoto ter tal atitude.

– Eu também amo você, é a única coisa, que no momento eu sei que vai me acompanhar no futuro, já que o resto está pra lá de confuso. - Ben finalmente encontrou força e coragem para respondê-la.

– Eu sei. – afirmou Anita, vendo lágrimas passarem por seu rosto, a partir dali os dois foram guiados pela necessidade de ficarem um ao lado do outro pra sempre.

No dia seguinte Anita olhava da janela o dia, nascendo lá fora, pensando no que faria dali em diante, e o que aconteceria com ela e com a vida de todos que estavam a sua volta. Seus pensamentos se desdobravam em olhar a rua ainda quieta, sem nenhum movimento, e Ben que inda dormia tranquilamente, ela não sabia o que diria ao garoto, talvez ir embora antes que ele acordasse fosse a forma mais fácil de fugir das explicações dele, mas ela sentia que não podia ser protagonista de tal estupidez, não podia bagunçar tanto assim a cabeça do garoto, não era justo, ela não conseguiria ser tão cruel, sentia que não podia, e a dúvida entre falar a verdade e afastá-lo de toda aquela confusão estava tirando sua capacidade de raciocinar com o mínimo de controle e racionalidade que fosse.

– Anita. – Ben a chamou com a voz serena, quando despertou e viu a menina de costas, olhando pela janela.

– Que foi. – ela respondeu, não conseguindo conciliar seus pensamentos, sobre o que faria, em meio ao turbilhão de coisas que rodeava sua mente.

– Tá tudo bem. – ele perguntou indo até ela.

– Acho que sim. - a garota respondeu mesmo não muito convencida se aquela seria uma alegação verdadeira. – Incrível que a vida e o universo sempre fazem cursos diferentes, quando caí uma chuva como ontem, o dia amanhasse assim, iluminado, claro, perfeito. – disse ela. – Já quando a tempestade é na vida da gente, só da pra contar os estragos e perdas depois. – afirmou Anita com certa tristeza no olhar.

– O que tá rolando em Anita. – Ben perguntou mesmo sabendo que podia ter se precipitado em colocá-la contra a parede.

– Nada Ben, o que seria. – disfarçou ela, querendo fugir do assunto.

– Só que está acontecendo, não é, não sei o que, mas está. – Ben não acreditou. – E você não vai sair daqui sem me falar. – murmurou ele decido a entender o que se passava com a garota.

– Ben não insisti, por favor. – Anita falou em suplica, receosa com o que estava fazendo.

– Por favor, digo eu Anita. – retrucou Ben, estressado com tanta renuncia dela. – Me fala. – pediu ele a encarando sério.

– Ben eu já disse. – Anita hesitou ainda em revelar o que acontecia.

– E eu já disse que não vou acreditar, simplesmente porque você tá mentindo. – Ben respondeu, acariciando o rosto dela de leve, pedindo com o olhar que ela confiasse nele.

– O Antônio. – Anita proferiu, vendo toda sua angustia virar medo e apreensão, assim como ao mesmo tempo alivio.

– O que, explica isso Anita. – falou Ben, vendo uma “nuvem” de confusão pairar em seus pensamentos, Anita continuou o encarando sem saber o que tinha feito ao certo, não encontrando se quer uma forma de explicar o resto.

Continua...