Anita não queria ter certeza se era de Antônio a mão que lhe puxava, na verdade ela tinha certeza que era, ela desandou a gritar e choramingar feito uma desvairada, o garoto era esperto podia bem ter a seguido, era só o que passou em sua cabeça naquele momento. Talvez agora sim ela estivesse com um problema e tanto a ser resolvido, ou sua solução já estava decretada, Antônio não hesitaria em passar por cima dela como um trator, se soubesse que ela investigava suas tramoias de perto.

– Olha só, eu não quero saber tá legal, me deixa em paz, some daqui... – Você já me prejudicou o bastante pra agora... – balbuciou ela com a voz apavorada encarando o chão, no instante seguinte mal olhando para o vulto da figura a sua frente, a escuridão também ajudava que ela não pudesse ver com clareza e por um momento ela agradeceu.

– Anita, Anita, hein, sou eu. – a pessoa alegou de volta, em um pedido que ela parasse com a tentativa de ir para longe.

– Ben! – disse Anita, sendo inebriada por uma mistura de alivio e medo em pensar, o que Ben estava sabendo para estar ali a sua frente. – O que você está fazendo aqui. – ela o questionou, procurando não demostrar toda insegurança e medo que se confundia com seus pensamentos.

– Você não acha que sou que tenho que fazer está pergunta. - Ben devolveu a ela, querendo manter-se sereno.

– Ai eu. – mesmo não querendo a menina cedeu ao impulso e o abraçou forte, aliviada por poder ter a presença o garoto ali e ao mesmo tempo, tenebrosa em ter que dar explicações.

– Eu vou repetir Anita. – afirmou ele, não deixando de notar com o abraço o jeito trêmulo dela que se vazia evidente. – O que você estava fazendo aqui. – indagou Ben novamente a soltando, Anita se confundiu em achar uma resposta que fosse cabível a situação e escutar as gotas de chuva a encharcando por completo.

– Eu tava, tava... – ela gaguejou não sabendo o que dizer. – Vamos sair daqui, por favor. – alegou para fugir de se justificar.

– É tá chovendo muito mesmo. – Ben acabou cedendo ao pedido dela.

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– Você pode deixar que daqui eu vou sozinha tá. – afirmou Anita quando os dois já se encontravam nas ruas do Grajaú e com a chuva mais amena.

– O que. – ele ficou surpreso. – Você tá pensando que você vai onde? – o garoto argumentou de forma ríspida.

– Pra casa, o pessoal deve estar preocupado, não é. – esclareceu ela, da maneira mais natural possível, fugir de uma explicação agora deixaria Ben ainda mais confuso, mas ao menos ela ganhava algum tempo para ver o que diria a ele, mesmo que essa atitude decepcionasse muito a ela mesma.

– Mais nem pensar, você não vai fugir de me dar uma explicação plausível Anita. – disse Ben categórico. – O que tá acontecendo com você, você virou outra pessoa da noite pro dia. – ele afirmou com pesar, a garota que apenas evitou encara-lo.

– Impressão sua, eu continuo a mesma. – respondeu Anita com a voz falha.

– Ah é, você não me olha na cara Anita. – ele alegou ressentido. – Quem é essa garota que está na minha frente porque eu não a reconheço. – não escondeu Ben sua chateação.

– Me deixa ir vai. – afirmou Anita, não suportando tal situação.

– Eu não vou deixar. – o garoto negou-se. – Mais ok, vamos pra casarão quem sabe eles não me ajudam a entender o que se passa, se eu contar pra eles onde você estava. – Ben irritou-se com toda frieza dela.

– E isso é chantagem. – reclamou Anita, pensando que ela devia estar numa péssima mesmo, para ouvir cobranças de pessoas tão diferentes em tempo recorde.

– Pensa o que você quiser. – Ben não se importou. – Se você me explicar o que tá havendo com você, eu não te procuro mais, te deixo em paz como você quer. – propôs ele mesmo não sabendo se cumpriria tal promessa, Anita engoliu em seco a afirmação dele tendo consciência que aquilo poderia ser à solução para cumprir seu objetivo de deixar Ben longe de Antônio, mas percebeu que podia perder o amado para sempre desta vez.

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– Sofia, Sofia... – Sidney sussurrava o nome da loira enquanto atirava pedrinhas em sua janela.

– Ai meu deus, mais nem dormir em paz nesse muquifão eu posso mais. – a patricinha balbuciava enquanto se remexia na cama despertando. – Pera aí, essa voz, é do tosco. – constatou ela. – Ai mais é um pesadelo mesmo. – Sofia esbravejou levantando devagar para não acordar Giovana e saindo lentamente.

– Sidney você bebeu, nem no meio da noite você me deixa em paz. – alegou ela quando saiu pelo portão e viu o garoto escorado ao muro.

– Eu precisava te pedir desculpas. – o loirinho argumentou.

– E não dava pra esperar até amanhã, Sidney meu deus. – ela rebateu sonolenta, pensando se aquela noite teria fim.

– Não, não dava, eu fui muito injusto com você quando achei que você tinha ido atrás do Ben, só porque ele se separou da Anita. – Sidney afirmou envergonhado por sua atitude.

– Sidney você me acordou pra isso, me diz quantas vezes você já não fez um péssimo julgamento de mim. – a garota disse em um tom indignado.

– Várias, eu sei. – ele admitiu. – E por isso mesmo que agora eu quero começar a fazer diferente. - justificou o menino a encarando fixamente. – Me perdoa Sofia, não só por isso, mas por tudo de ruim que eu já te fiz, mesmo que algumas coisas tenham sido sem querer. – afirmou ele com um sorriso encantado a ela, que parecia totalmente surpresa com o pedido dele.

– Eu não sei se dá pra acreditar em milagres Sidney, você topa me ajudar, me esculacha, depois volta atrás, mais não me pede desculpas e agora no meio da noite me volta pra falar de novo do assunto. – ela relutou em confiar nele.

– Sofia eu já fiz muitas bobagens, eu sei, mas quando eu digo que te amo, eu estou sendo sincero, aliás, durante muito tempo da minha vida, o que eu sinto por você, foi a única coisa verdadeira que eu tive. – ele declarou se aproximando dela, levando a mão em seu rosto com carinho.

– Você é um idiota Sidney. – disse ela sorrindo travessa. – Mais eu acho que... – Sofia proferiu descompensada com tanta proximidade entre os dois.

– Acha o que. – Sidney indagou com a voz engasgada.

– Depois eu te falo. – riu ela, pendurando os braços em volta do pescoço dele e lhe dando um beijo empolgado, que foi correspondido pelo menino.