– Quer saber Antônio, me erra. – Anita se viu em um misto de irritação e medo em ter que escutar o que Antônio poderia ter a dizer. – Você não tem nada a dizer que possa me interessar, nada de nojento que saia da tua boca, vai me interessar. – Esbravejou a garota, enjoada em ter que encarar Antônio a sua frente, saindo de lado e dando as costas a ele.

– Você não tem certeza disso, eu sei. – Antônio gritou a ela, com uma enorme satisfação já que sabia que estava certo em suas convicções, que Anita iria se ver totalmente a mercê dele, quando ele revelasse o que pretendia.

– Me esquece Antônio, morre, aliás. – Anita respondeu caminhando apressada, com o intuito de se afastar do garoto, já amedrontada dentro de si ao tentar imaginar o motivo que o levou a procura-la, alegando que ele tinha algo a dizer.

– Nem se eu disser que quero falar do teu queridinho, do Ben. – Disparou Antônio correndo em direção dela, e se pondo na sua frente.

– Me deixa em paz Antônio, já não basta à desgraça que você já aprontou, e deixa o Ben quieto no canto dele. – Achincalhou Anita.

– Incrível que é só tocar no nome do Ben, que você fica muito preocupada, não sei o que ele fez, afinal meu irmãozinho não é muito esperto, e pra coisas banais então, deve ser pior ainda, acho que é você que tem mal gosto sabia. – Antônio debochou, não escondendo seu sorriso altivo, enquanto Anita parecia tomada pelo pânico. – Se eu fosse você me ouvia, porque depois, não vai adiantar chorar, sobre o leite derramado, ou sobre o Ben derrubado. – Afirmou ele, de forma obsessiva para Anita, assim como uma gargalhada de satisfação.

– Deixa o Ben fora da tua vida vazia, se você fizer alguma coisa com ele. – Anita foi ameaçando sendo cortada por Antônio.

– Eu vou falar de uma vez, bom por onde eu começo. – Antônio fez ar de paciência. – Ah já sei. – Disse ele fingindo confusão. – Eu pretendo sumir do mapa com meu pai, e claro que antes disso, e vou acertar algumas contas principalmente com o idiota do Ben, não vou deixar ele aqui feliz, por isso que eu vou botar um ponto final nisso. – Garantiu ele encarando Anita.

– O que. – A garota viu um abismo se formar sobre seus pés, após tentar processar as intenções dele. – O que você quer dizer com isso, me diz como Antônio? – Você não tem alma não, nem piedade de ninguém, o Ben nunca te fez nada, nenhum mal, e nem eu, pelo contrário. – Ela proferiu com lágrimas nos olhos, que eram reflexo de sua agonia.

– Eu tenho, claro que eu tenho. – Antônio afirmou, rindo descontrolado, e dando um passe um direção de Anita, fazendo a garota recuar para trás. – Eu queria deixar o Ben vivo, vivendo feliz, mais quando eu lembro que ele me tirou você, lembro de cada beijo, abraço, sorriso feliz que você deve dar pra ele, eu tenho raiva, muita raiva, ódio, dele e de você. – Antônio disse enfurecido apontando para ela, fazendo Anita perceber que o garoto estava fora de si e sem ninguém que fosse capaz de o controlar. – Eu odeio pensar, todas as vezes que ele teve você nos braços dele, que ele encostou em você, você era pra ser minha, só minha, e não dele, ele me roubou você, como ele fez a vida toda, com tudo que eu tinha, e ele vai pagar por isso, eu não fico com você, mais ele também não vai ser feliz do teu lado, não vai. – Antônio ameaçou com um olhar enlouquecido e totalmente transtornado em direção de Anita.

– Eu tenho nojo de mim, só de saber que um dia você encostou em mim, nem que seja em um simples abraço, porque foi a única coisa que você conseguiu de mim, e pode ter certeza que foi o máximo, mais quando é o Ben não, eu tenho a sensação, que eu poderia viver um momento ao lado pra sempre. – Anita jogou contra ele, dominada por uma raiva e indignação que ela não pode controlar.

– Cala essa boca, que eu não terminei ainda. – Antônio disse descontrolado, ainda mais depois do que ouviu dela.

– Você não vai fazer nada contra o Ben. – Anita retrucou angustiada.

– Ah não, e quem vai me impedir, você. – Antônio riu raivoso. – Você lembra do último recadinho que eu te mandei. – Soltou ele satisfeito, debochando descaradamente da cara de Anita.

– Então era você, eu tava certa, era você que mandava aquelas porcarias. – Anita se viu perplexa, com a loucura do garoto que era mais que evidente. - Eu posso te impedir sim, posso levar aquelas ameaças até a policia, e contar tudo que você tá fazendo. – Alegou ela, querendo defender-se de alguma forma.

– Então vai, não vai adiantar nada, eu tomei todo o cuidado do mundo com a caligrafia, nunca ninguém vai descobrir que fui eu, umas cartas anônimas Anita, e eu nem te ameacei nelas, vai ser pior pra você e pra todo mundo, só vai acelerar as coisas. – Antônio não se intimidou nem um pouco.

– Você é doente, pessoas como você, deveriam ser proibidas de viver no mundo. – Anita falou deixando todo medo e aflição que lhe dominavam vir à tona, ela não conseguia mais se manter indiferente diante da hipótese de Antônio tentar algo contra Ben.

– E sabendo disso, você vai ser uma boa menina, e vai fazer tudo que eu mandar, aí eu deixo o Ben, vivendo, pelo menos fisicamente bem, já que longe de você meu irmão vai ficar tão mal, tadinho, já que você vai destruir o coraçãozinho dele, quando acabar tudo com ele. – Antônio declarou com um sorriso cínico. - Pena que eu não sinto nenhum pouco por ele. - Gargalhou.

– Eu não vou fazer isso, o Ben nem acreditaria nisso. – Anita disse desesperada.

– Vai sim, ou você nunca mais vai ver o Ben, pelo menos não inteiro, nesse tempo que eu estive longe, enquanto os dois brincavam de casinha, de casal feliz, eu me aperfeiçoei muito Anita, aquela bomba da praça é coisa de amador, perto do que eu posso fazer agora, vai pagar pra ver, vai arriscar. – Garantiu Antônio dissimulado. – Você é esperta, vai dar um jeito dele acreditar em você, você sabe o que esta em jogo, não sabe, então não tente me passar para trás, ou... – Ele deu risada satisfeito.

– Você é um monstro, monstro. – Respondeu Anita, perturbada.

– Não, eu sou inteligente, persistente, não tenho medo de nada, você ainda vai me agradecer por isso, no fundo se livrar do babaca do Ben, vai te fazer muito bem, você vai ver. –Antônio não se deixou atingir pelas palavras de raiva da garota. – Bom vamos às regras do nosso pequeno trato, você tem dois dias pra fazer isso, se passar disso, eu não vou te dar uma segunda chance, vou agir, e assistir de camarote. – Sorriu orgulhoso ele. – E você vai fazer isso na praça, pra eu poder acompanhar tudo, num cantinho tranquilo, pra eu assistir a derrocada do meu irmãozinho, ele merece, afinal achava que ganhou. – Antônio instruiu. – Vai ter gente minha pra me avisar de tudo, não era isso que você estava pensando, como eu iria saber hora e local, eu vou ficar de olho em você. – Se antecipou ele rindo.

– Quem? – Anita quis arrancar alguma coisa dele, pra ver se mais tarde achava uma solução pra tudo aquilo.

– Vai ficar sem saber, que ironia, não é, logo você que achava que eu não tinha ninguém do lado, se enganou, e agora quem esta nas minhas mãos é você, você decide a vida do teu amado Ben, a escolha é tua. – Antônio afirmou esboçando em seu rosto um sorriso repleto de satisfação.

– Se eu fizer o que você quer, e depois, não acha que eu vou confiar em você Antônio. – Anita disse desconfiada.

– E depois a gente vê, o que fazer, por agora, é isso que eu quero que você faça, então pense bem. – Antônio respondeu misteriosamente. – Tchau princesa, até mais. – Ele falou indo embora, deixando Anita parecendo que nem se quer sabia que caminho pegar até em casa.