– Eu só queria entender em que parte da minha vida, essas duas meninas se perderam desse jeito. – Vera compartilhava suas descobertas e anseios com o marido, depois que ele havia chegado do trabalho. – Porque eu não entendo. – Será que fui eu, eu que sou uma mãe péssima. – Vera se cobrou.

– Vera. – Ronaldo continuava parado no mesmo lugar desde que chegou e encontrou a mulher cabisbaixa na sala, quase sem reação, diante de tamanha surpresa. – Minha baixinha, eu acredito que você se cobrar agora, não vai resolver nada, nós temos que tentar resolver isso, daqui pra frente agora. – Ele se moveu sentando-se no sofá a frente de Vera.

– E como eu faço isso, eu peguei minhas duas filhas, aqui nessa sala hoje. – Falou ela apontando para um canto qualquer. – As duas Ronaldo, brigando, quase se estapeando, e pior as duas mentem pra mim, uma por causa do namorado, e a outra. – Meu deus! – A outra quis destruí o meu casamento, a felicidade que era minha. – Se lamentou ela, completamente perturbada. – O que eu vou pensar me diz. – Vera questionou.

É nesse caso o namorado em questão, também é meu filho. – Proferiu ele. - Vera você esta se cobrando demais, você sempre fez de tudo por essas meninas, não tem como você saber se a errada é você, tem coisas que às vezes as explicações são vagas mesmo. – Ronaldo quis tranquiliza-la, ao perceber que Vera não estava nada bem.

– Eu nem sei mais o que pensar, a verdade é que eu fechei os olhos pra diferenças das duas, os egoísmos da Sofia, e talvez eu tenha me acostumado a não ver a Anita nunca me desafiar, o que é algo que não acontece mais, ela bate o pé e me cobra aquilo que eu realmente preferia nunca enxergar, a verdade é que eu nunca aceitei o namoro dela com o Ben, e parece que ela ignorou a minha palavra diante. – Vera desabafou, chateada com tantos problemas.

– Vera eu acredito que nós temos é que pensar em como vamos lidar agora com isso. – Afirmou Ronaldo querendo tira-la um pouco de seus devaneios.

– É talvez. – Disse ela descrente, se juntando ao um abraço.

– Ai Sofia da pra você parar com esse barulho infernal. – Anita pediu, já não aguentando mais ouvir os ruídos proporcionados pela irmã que batia com a revista a guarda da cama.

– O que, não to ouvindo. – Disse a loira fingida, enquanto escutava uma música alta.

– Sofia, eu não tenho mais paciência pra isso aqui. – Esbravejou Anita.

– Não, então se atira da janela se você quiser. – Sofia afirmou, ignorando Anita.

– Mais fácil eu atirar você por essa janela Sofia. – Respondeu Anita, soltando a lixa de unhas em cima do bidê.

– Anita a gente só tá aqui por culpa tua sabia. – Disse ela, tirando os fones para retrucar as provocações da irmã.

– Minha causa. – Anita se irritou ainda mais. – Você deve ter esquecido que quem começou de chantagem aqui foi você, e não eu. –Declarou a menina se erguendo a cama e sentando os pés da mesma.

– Claro você e todo mundo nessa casa adoram dizer que tudo é culpa minha mesmo. – Sofia rebateu ressentida. – Tá feliz, porque agora a mamãe vai me expulsar daqui pra sempre, nem você, nem o sem noção do Vitor, e nem a ruiva azeda da Giovana vão precisar mais olhar na minha cara. – Sofia afirmou.

– Uhmm, até parece. – Anita ficou sem acreditar. – A mamãe vai te perdoar, e somente vai passar o resto da vida me jogando na cara que eu sou uma mentirosa, e que eu insistir em namorar o filho do padrasto sempre foi um erro. – Disse ela, sentando ao chão com um livro em mãos.

– Mamãe nunca gostou de mim Anita, ela sempre preferiu você. – A loira falou de volta.

– Não Sofia, isso é você que pensa, talvez assim seja mais fácil pra você responder pelas tuas mancadas, e as justificar. – Anita retrucou fitando a loira por um momento. – Quando você nasceu eu só tinha uns três anos, acho que nem isso ainda, você era tão pequena que nas poucas coisas que eu registrei dessa época, eu lembro da mamãe impedindo do papai até de te pegar no colo, ela cuidava só de você dia e noite, você sabe quem me olhava nessa meio tempo. – Afirmou ela. A Neide, naquela época ela ainda trabalha lá em casa, lembra. – Anita questionou.

– Os anos que a mamãe foi casada com o papai foram os únicos que prestaram na nossa vida. – Sofia respondeu emburrada.

– É só nisso que você lembra, você acha mesmo que e tivesse feito metade das tuas burradas que fosse, ela já não teria surtado de vez, não é a mim que ela protege Sofia, mas sim a filha mais nova dela, a mamãe não fica em cima de mim porque acha que não precisa, pra ela eu sou consciente demais pra saber o que eu estou fazendo, aí quando ela descobre que eu posso ser tão irresponsável quanto você, ela se surpreende, e na verdade eu também devo ter me acostumado a te proteger de tudo, te ajudar e até ignorar as tuas grosserias e as vezes que você dava um jeito de me fazer cair na real, não é. – Anita expôs. – Tipo quando você resolveu transformar o Ben, no pior cara do mundo, esconder minhas lentes, pra tentar impedir que a gente se visse lá em Mimi. – Incluiu Anita, sem poupar a irmã.

– Por quê? – Porque os caras perfeitos e incríveis são sempre pra você Anita, não é mais fácil admitir, que por um acaso mesmo, o Ben se encantou por mim, lá no saguão daquele hotel, isso você não admite né, pra mim sobram os “nadas” mesmo não é, os caras como o Sidney. – Afirmou. – Que no dia seguinte de passar uma noite comigo, teve a cara de pau de me dispensar e ainda por cima me oferecer uma bandeja de pão com linguiça. – Soltou ela deprimida.

– Hãm? – Anita se viu surpresa, enquanto as duas apenas se encaravam.

Continua...