– Ai nossa Ben, teu celular tá tocando. – Disse Anita, ao se despertar ouvindo o telefone do garoto.

– Ah é, pega ali pra mim. – Ben pediu, apontando para o telefone em cima do bidê, ao lado que ela estava.

– Ai que horas são hein, eu tenho que ir pra casa. – Murmurou Anita, um pouco confusa com a noção do tempo, espichando-se para alcançar o celular. - Toma. – Falou ela, pegando o objeto e alcançando ao namorado.

– É o Sidney, depois eu ligo pra ele. – Afirmou Ben, ao ver o nome do amigo na tela do telefone.

– Eu tenho que ir embora. – Ela disse, sem vontade.

– Ah não. – Reclamou ele. – Fica aqui vai. – Sugeriu Ben, a abraçando.

– Hahahaha, eu você e o Omar. – Anita brincou. – Não, não, não, vai ficar muito estranho isso. – Respondeu ela, distribuindo beijos no rosto dele.

– Ham, engraçadinha você. – Ele fez uma careta. – Eu posso pedir pro Omar dormir em outro lugar. – Explicou Ben, com cara de quem queria convence-la.

– Melhor não né, o Omar, vai acabar arrumando encrenca com o Ronaldo, ou você acha que o Ronaldo não pediu pra ele não deixar eu vim pra cá com você. – Anita argumentou com ele.

– É pediu, só que eles também pediram pra gente esquecer nosso namoro, e não foi isso que nós fizemos. –Disse Ben sorrindo brincalhão.

– É, tem razão, mais eu vou embora é sério. – Anita comunicou, não se deixando levar pela proposta dele. – Eu to com a cabeça cheia. – Falou ela, vendo sua mente materializar as palavras que estavam no bilhete. – E tem mais a gente tem um simulado amanhã, e até agora eu não peguei no caderno e nem você. – Proferiu a garota, lembrando-se.

– Anita, princesa, para de pensar nesse bilhete, olha só esquece, não tem importância nenhuma. – Ben disse, desvendando as aflições dela.

– Eu vou fazer isso, prometo. – Falou ela, acariciando o rosto dele.

– Mais olha, esse negócio do simulado foi golpe baixo, pra me enrolar vai. – Brincou ele, as risadas.

– É, só que eu não to querendo te desanimar não, mais, mais assim, a tua mãe deixou bem claro que se você não passar nesse vestibular, você volta com ela. – Disse Anita, receosa.

– Eu sei, mais com a minha mãe eu me entendo, eu ainda tenho esperanças de passar nesse vestibular, tá. – Afirmou ele com um beijo. – Mais se eu não passar, eu vejo o que eu faço, mais o que eu posso te garantir, é que independente de qualquer coisa eu não vou me afastar de você. – Prometeu Ben.

– Eu confio em você, eu só também não quero prejudicar a tua vida. – Anita garantiu com tranquilidade. - Se você não passar, Ben se não pode negar que a tua mãe tem condições de te dar uma vida melhor, do que ficar aqui sem poder entrar pra uma faculdade. – Alegou Anita, encarando o garoto nos olhos.

– Ai Anita, nem me fala nessa história, minha mãe tem menos juízo do que eu, se é que isso é possível. – Proferiu Ben, desapontado com a mãe.

– Tá, mais eu vou indo, eu vou passar a matéria de química, e de história ainda, tem umas coisas que eu estou apanhando literalmente. – Anita falou já se levantando.

– Você vai me trocar por um livro com um monte de teoria chata, é sério isso. – Fez doce ele, segurando a mãe dela.

– Hum, acho que eu posso adiar isso, por pelo menos, mais uns, quinze minutos. – Respondeu Anita com um sorriso, com Ben a puxando para cama novamente, o que foi seguido de um beijo apaixonado e com alegria.

– Ué Omar, você não vai embora não, o expediente já acabou, e inclusive o Zico já foi. – Disse Ronaldo ao estranhar a permanência dele no restaurante.

– É vou sim, é eu vou dar mais um tempo aqui, só isso patrão. – Omar respondeu querendo desviar o assunto.

– Um tempo, mais porque isso, o que tá havendo, nunca vi empregado não querer ir embora pra casa, ainda mais depois do dia que tivemos aqui hoje, o movimento foi constante. – Ronaldo falou um tanto intrigado.

– É, é sabe o que é, o Ben, ele, ele. – Se enredou ele. – Ele tá lá no quartinho com a Anita, melhor eu não aparecer sem avisar antes. – Confessou Omar, meio constrangido de estar entregando o garoto.

–Ah o Ben e a Anita, esses dois não me dão sossego, eu e a Vera vamos ter que ter uma conversa com eles. – Afirmou Ronaldo, meio preocupado.

– Olha só eu não estou dizendo que os dois estão fazendo nada de errado, pra mim tá tudo numa boa. – Omar esclareceu, preocupado com uma possível bronca de Ronaldo nos dois.

– Eu sei, mais eu já tive a idade deles, é com certeza eu sei, que quando se tem dezoito anos se acha tudo mais fácil. – Ronaldo disse, com sabedoria. – Mais hoje eu vou dar um desconto aos dois, hoje pelo menos. – Pensou ele, aflito com as insinuações sobre a carta anônima que Anita havia recebido.

– Oi gente, boa noite. – Falaram Ben e Anita ao chegarem no restaurante até os dois.

– Vocês não morrem tão cedo, eu tava falando de vocês. – Disse Ronaldo, com um olhar curioso.

– Ah é, e era bem ou mal. – Questionou Anita, com certa desconfiança.

– Nada de mais, tava me perguntando que horas você ia pra casa Anita, melhor vocês não ficarem andando na rua até tarde. – Ronaldo afirmou apenas.

– É, eu acabei falando pro meu pai e pra Vera, sobre a história do bilhete. – Contou Ben, vendo que a garota tinha ficado meio perdida diante das palavras de Ronaldo.

– Ah, tudo bem gente, eu pretendia falar com vocês, melhor a gente ficar atento não é, e ciente de tudo. – Anita respondeu, achando que era melhor solução.

– Exato, também acho que o melhor que vocês tem fazerem é, manter eu e a Vera informados de qualquer coisa, e dessa vez eu pretendo garantir que nada mais abale nossa família, e muito menos a vida emocional de vocês. – Falou Ronaldo taxativo.

– Se tem razão pai, eu só espero que, dessa vez nada de ruim aconteça. – Ben concordou com o pai, querendo ser otimista.

– Não vai, tá, vamos parar de falar de coisas baixo astral. – Proferiu Anita, tentando acalmar a todos. – E vamos né. – Sugeriu ela a Ben.

– Eu vou com a Anita até o casarão, e vou aproveitar pra falar com minha mãe. – Ben justificou.

– Vão, daqui a pouco eu estou indo, vou terminar de encerrar esse balanço aqui apenas. – Ronaldo explicou, com um sorriso paciente.

– Tchau Omar, boa noite. – Falou Anita a Omar, que ajeitava alguns copos sobre o balcão.

– Boa noite, tchau Anita. – Respondeu Omar, sorridente, e o casal foi caminhando abraçados pela rua.

Já em casa Ben foi conversar com a mãe, Anita se dirigiu diretamente ao quarto para ver uma roupa e rapidamente tomar um banho, como forma de aliviar todo nervosismo que ela havia passado, chegando ao quarto Anita deu de cara com a última pessoa, que com certeza ela não queria ver depois do dia tenso que teve, tanto que a garota já tinha esquecido das ameaças de Sofia logo de manhã. Anita preferiu não dirigir a palavra a irmã, apenas a olhou de relance, largou a bolsa em cima de sua cama, e foi ao guarda-roupa, pegar algo para vestir.

– Anita lembrou que tinha casa foi, pensei que ia ficar mais uma noite enfiada no quartinho do Omar com o Ben, quem diria em irmãzinha. – Falou Sofia, de cima da cama com as pernas cruzadas enquanto remexia no celular.

– Ah é Sofia. – Disse Anita de costas, em meio a um suspiro para não perder o controle. – Bem que você gostava de ficar enfiada lá, tentando ficar com o Ben, não é, você não reclamava. – Anita retrucou virando para ela.

– É, só que nem tanto, o Ben realmente é muita pouca coisa pra mim. – Sofia respondeu, sem se intimidar. – E isso eu não posso negar, afinal pra se contentar com você, é porque gosta de muito pouco mesmo. – Desdenhou ela.

– Claro, esqueci que você é a perfeição em pessoa. – Afirmou Anita cruzando os braços, parada de frente para a loira. – Pena que, eu não possa dizer o mesmo em relação a caráter não é, uma pessoa que sempre usa de golpes baixos pra ter o quer, e mesmo assim falha, você usa todo mundo faz pouco do Ben, do Sidney, será que é porque os dois te esnobaram quando você achava que tava no controle, porque o Sidney correu muito atrás de você, mas pelo visto cansou. – Anita disparou contra a garota, já cansada das provocações da irmã.

– Anita, eu não to nem aí pra esses dois, me erra. – Sofia rebateu com irritação na voz.

– E eu já to quase desistindo de você Sofia. – Disse Anita, um tanto abalada.

– Desistiu, você não me faz falta alguma. – A loira afirmou, meio perturbada diante da afirmação dela. – Aliás, você tá muita marrenta e cheia de si pra quem, tá aqui ó, na palma da minha mão. – Ela respondeu gesticulando. – Cuidado o teu castelo de garota perfeita pode ruir. – Sofia ameaçou.

– E eu sinceramente, não estou pouco me importando. – Anita garantiu impaciente.

– Mais a mamãe pode não concordar com você. – Provocou ela, estampando um sorriso malicioso no lábios.

– Eu não vou perder meu tempo com você, eu tive um dia estressante demais, vai ver se eu estou na esquina. – Disse Anita, pegando a muda de roupa que deixou em cima da cama e saindo para se dirigir ao banheiro, deixando Sofia com uma cara nada satisfeita.