Por Anita:

Eu desci as escadas com um único pensamento rondando minha cabeça, o do porque eu não voltar naquele quarto, avançar na Sofia e arrancar cada fio de cabelo loiro da cabeça dela, juro que eu tentava e muito entender o que se passava com a Sofia em relação a mim, mas isso estava ficando cada vez mais difícil, eu apesar de tudo juro que tentava compreender e aceitar o jeito típico dela de resolver tudo, mais ela podia colaborar e ficar na dela, ela não tinha necessidade nenhuma em fazer fofoca de mim e do Ben pra mamãe, que eu sabia que iria ficar irada comigo, lógico que ela sabia que não podia mais proibir eu e o Ben de estarmos juntos, mas ela fazia questão de deixar bem claro que não gostava muito do nosso envolvimento, tudo era feito com muita cautela por ela, na primeira oportunidade, ela iria nos dar uma bronca daquelas, por menos que fosse o deslize. E agora a Sofia me vem com essa, era só o que me faltava, também eu não poderia esperar muito dela, foi burrice minha não pensar que alguém sacaria que a casa da Bernadete era o único lugar que eu não pensei em estar naquela noite, definitivamente eu tinha acabado de arrumar um ótimo motivo pra mamãe brigar comigo, e pelo visto seria uma briga daquelas, na qual nenhum argumento valeria para minha defesa, eu menti mais uma vez, e dessa vez o perdão e compreensão, viria de carro se eu usasse uma distância daqui ao Japão para ser percorrida, talvez eu não tivesse escolha a não ser falar a verdade, por mais estupido que isso soasse naquele momento, eu sempre detestei mentiras, a máximo que eu sempre consegui fazer foi omitir algo da minha mãe, só que eu tinha que concordar que meu namoro com o Ben, fez eu rever um pouco essa questão por mais que eu não gostasse de ficar distorcendo situações e inventando coisas que não acontecera.

– Anita oi, oiiii! – Giovana praticamente me gritava, parada a minha frente.

– Hãmm, que foi. – Me despertei para que eu pudesse responde-la.

– Aqui, chegou isso pra você, tava lá na caixa de correio junto com as contas. – Disse ela, me alcançando uma caixa não muito grande com um laço de fita envolvendo, e toda enfeitada.

– Ué, eu não to esperando nada, quem foi que deixou isso. – Eu questionou sem entender.

– Eu não sei, como eu disse tava na caixa do correio, junto com as outras correspondências que o carteiro deixou mais cedo. – Giovana afirmou para mim convicta. – Toma. – Falou ela, me alcançando a caixa.

– Tá bom. –Eu peguei a caixa, meio pensativa, afinal eu tinha entrado em um misto de euforia e raiva quase que junto, talvez eu pudesse ter me esquecido, ou era alguma coisa que algum amigo me mandou, meu aniversário estava se aproximando, pensei me lembrando.

– Bom eu to indo lá pra cima, ai, tenho um trabalho horroroso de Geografia pra finalizar, minha professora de Geografia, é a cão, pra não dizer coisa pior. – Comunicou Giovana, em meio a algumas caretas, devido à falta de paciência, em ter que fazer um trabalho em pleno sábado.

– Ok, vai lá, ó capricha, pra ganhar um notão. – Eu falei a ela, não podendo deixar de char graça.

Fiquei encarando aquela caixa em uma das mãos por alguns segundos, pensando o que teria ali dentro e mais, quem havia me mandado aquilo, era esquisito, achei que podia ter alguma coisa a ver com o Ben, era a cara dele surpresas mirabolantes, por mais que algum sentido me dizia que não tinha muito a ver com ele, caminhei até o sofá com a caixa na mão, me sentei, chocalhei a tal caixa por um instante para ver se faria algum barulho, mas ela era extremamente leve, e parecia ter algo simples dentro, já que o barulho que fazia não era nada estrondoso. Eu fui a abrindo com cuidado, desenlacei o laço, arranquei a tampa, e quando eu abri me espantei mais ainda, pois o conteúdo não era algo que eu esperaria, havia dentro um envelope vermelho, que estava sobre um papel em branco, que a julgar pela semelhança parecia ser uma foto, mas que estava virada de costas, então eu peguei o envelope abri, e vi que tinha um bilhete lá dentro em papal vermelho também so que mais claro, com alguma coisa escrita com uma caneta dourada, eu encarei o papel e fui lendo deagar, e quando eu cheguei no fanal cada vez mais meu coração, acelerou, em uma sensação terrível de angustia com o que dizia ali.

– “Minha linda princesa, esta cada vez mais próxima à hora de nós dois, nos juntarmos para sempre, em breve você completara mais um ano de vida e eu quero estar ao teu lado, e ninguém nos impedira, como está escrito em nosso destino, você sempre será minha e ninguém vai impedir que isso se concretize, na foto uma amostra do que será o seu anel de noivado, que eu te darei quando o grande dia chegar, eu sei que você sabe que eu não aguentaria fazer muito suspense.” Assinado: seu amor!

Me senti como se o chão estivesse se abrindo em meus pés, minha cabeça queria muito pensar que quem eu estava achando que mandou aquilo, não era o autor, era um bilhete anônimo, eu paralisei tamanho era meu medo, meus dedos mal se mexiam tanto que o bilhete caiu ao chão, e tudo a minha volta parecia estar em câmera lenta, em um compasso de medo e ojeriza, aquilo não parecia ser coisa do Ben, mas eu queria pensar que tinha sido, lutava comigo mesma para que eu acreditasse naquilo, eu queria acreditar, mesmo que tudo fosse contra, eram palavras de posse e obsessivas, não era coisa dele, a letra não era dele, eu estava perdida em um misto de tristeza e medo, medo do que aquilo significava, aquilo não podia ser coisa dele, eu não tinha forças nem se quer para pronunciar o nome, o nome do Antônio, aquele louco podia estar preparando a última cartada dele contra mim e contra o Ben, eu vi somente meus olhos se enxerem de lágrimas, lágrimas essas que eram puro desespero e medo. Minha vida estava saindo dos eixos de novo, era só o que eu conseguia pensar, ao me lembrar da foto, veio a minha mente ver o que tinha nela, e era somente o desenho de um anel, de brilhantes, sobre o tampo branco de uma mesa.

Peguei aquela caixa, o bilhete do chão, levantei me dirigi até a estante da sala, peguei minha bolsa, joguei tudo dentro e sai em disparada pela porta, eu precisava falar com o Ben, para ter certeza que aquilo não era coisa dele, e eu suplicava comigo mesma que fosse, que eu estivesse muito enganada sobre pensar que aquilo era coisa do Antônio.