Apenas um olhar

Capítulo 118:


Continuação...

— Serguei eu não posso, ficar aqui esperando pra depois... - Ben estava completamente atordoado e já perdendo suas esperanças por completo. - Depois descobrir que ser otimista foi apenas em vão. - concluiu o rapaz absurdamente sem saber que rumo tomar.

— Ben antes de tudo desespero também não resolve. - Serguei estava medroso e incerto do que aconteceria, mais também sabia que não podia deixar Ben se desestabilizar por completo, os impulsos do amigo só piorariam tudo.

— Nada que você me diga vai fazer eu me sentir menos pior, me desculpa mas... - ele disse impaciente escorando o corpo na parede atrás de si. - Eu só preciso de uma coisa nesse momento, ver ela, estar com ela, escutar a voz dela e saber que ela está mesmo bem, e principalmente ter certeza de que aquele doente não fez nada de ruim com ela. - Ben afirma sabendo que saber do paradeiro de Anita seria a única coisa que abrandaria seu medo e seu coração.

— A gente tem que saber onde os dois estão, mais e a polícia não falaram nada. - Serguei também sofria tenso com o sumiço da amiga.

— Não, o Hernandez veio com um papinho de que o Antônio viajou sozinho, mas que quem sabe a Anita não foi com ele sem ninguém saber, disse que ela já fez isso antes,quando a gente namorava - Ben rebateu não escondendo o rancor evidente do padrasto que estava em sua voz.

— Ok, vocês fugiram juntos daquela vez sim, só que ela foi com você porque quis, e você não é um maníaco doente que vive aprontando. - Serguei acabou irritado com o que ouvia de Ben.

— A Anita já tinha conversado com esse inspetor sobre o Antônio junto com meu pai, só que diante dessa declaração do Hernandez, ele tá seguindo com as coisas mais lentamente. - Ben exclamou nervosamente.

- Só que você não é o Antônio, a gente sabia que você cuidaria dela, mais agora, ai meu deus. - Serguei esfrega o rosto perturbado.

— Serguei eu também não sabia muito o que a Anita tava sabendo do Antônio, mesmo que eu perguntasse, até pressionasse ela, eu sei que ela não me contava tudo, porque achava que assim me deixaria a salvo dele, mais me diz o que você sabia. - Ben lhe pede encarecidamente que fale.

— Além do que você já deve saber, eu sei que o Rafael foi a polícia junto com ela, só não entendi porque, você falou com ele, não falou, a pedido dela. - o ruivo lhe diz com a expressão preocupada.

— A gente vai ter que procurar ele de novo. - Ben propõe aflito.

— Tá, eu sei onde ele mora. - Serguei revelou disposto a ir com Ben.

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Serguei e Ben foram em busca do garoto, conforme haviam combinado.

— Eu avisei pra ela tomar mais cuidado, caramba gente. - Rafael agia com perplexidade diante de que os novos amigos lhe contavam, não sabia muito porque, mas havia desenvolvido uma afeição por Anita muito rapidamente.

— Na verdade, ela sumiu desde cedo e ninguém sabe de nada, a gente tá muito preocupado pra achar que isso não tem a ver com o Antônio. - esclareceu Serguei que todos estavam mesmo muito aflitos.

— Todo mundo lá em casa cuidava da própria vida. - Ben reforça em tom de lamento, se sentindo o principal responsável pelo sumiço de Anita, era muito mais dever dele ter ficado mais perto dela, do que do restante da família.

— Eu não sei de nada novo, só o que a Anita já tinha me falado, quando eu me dispôs a falar o que eu sabia do Antônio, e o que nós conversámos da última vez que você me procurou. - ele explica afoito. - Gente se vocês querem saber alguma coisa do Antônio quem sabe na cabana. - sugeriu ele pensando de imediato.

— Pode ser, eu já peguei a Anita bisbilhotando por lá numa noite dessas. - Ben imagina não ser uma ideia em vão.

Enquanto os três iniciavam uma busca incerta a sala so casarão parecia um deserto, onde tudo parecia silencioso e triste, todos velavam a noite que já trazia a madrugada sem saberem o que poderiam fazer para trazer Anita de volta.

— Mãe come, olha não é a melhor comida do mundo porque, você e a Anita sempre levaram mais jeito pra cozinha do que eu, mais tá bom, você não pode ficar sem comer. - Sofia insistiu que a mãe tocasse no prato de comida a sua frente.

— É e eu ajudei também. - Sidney sorri tentando ajudar, desde que Ben bateu na casa de Maura, ele não saiu mais do casarão para dar forças a Ben e também a Sofia, que relutava perder o controle de suas ações.

— Obrigada gente, vou tentar. - Vera forçou um sorriso para animá-los.

— Isso, a Anita vai voltar mãe, fica tranquila. - Sofia quis encorajar a mulher, por mais estupido que fosse seu discurso, afinal nem ela estava tranquila.

— Eu espero mesmo que o Ronaldo me traga uma boa notícia. - Vera pedia a cada segundo que isso se realizasse, desde que o marido saiu com o inspetor até a delegacia.

— Ele vai. - respondeu Sidney retribuindo o sorriso.

— O Pedro já dormiu de novo tá, eu consegui acalmar ele. - Sofia informou do trabalho que teve com o caçula que parecia mais tenso do que todos juntos quando soube do que acontecia com a irmã, no momento que manter o que se passava em segredo ficou insustentável.

— Obrigada filha. - Vera sorriu doce em agradecimento. Sofia não respondeu nada, apenas jogou-se no sofá com Sidney sempre ao seu lado, onde estavam Giovana e Vitor, olhando para Luciana no outro sofá, que também parecia arrasada.

— Vai ficar tudo bem né. - a loira perguntou ao rapaz penalizada, com sua situação e de toda família.

— Claro que vai. - falou Sidney vendo ela deitar a cabeça em seu ombro.

— Eu sei que, nem sempre eu fui uma boa irmã ou mesmo legal com a Anita, mais eu não desejo o mau dela não Sidney, ei juro. - Sofia respondeu apertando os olhos querendo desfazer as lágrimas que teimavam cair.

— E ela sabe disso, pode acreditar. - ele afirmou sorrindo terno, segurando o queixo dela, que lhe olhava medrosa.

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— Rua Osvaldo Silva. - Ben analisa a o pedaço,de papel que encontrou amassado e jogado ao chão da cabana, onde Antônio sempre costumava se refugiar totalmente pensativo.

— E aí Ben, nada né. - Serguei se aproxima o despertando.

— Nada. - Ben preferiu guardar para si suas suposições.

— O que a gente faz então. - o rapaz indagou visivelmente ansioso.

— Bom eu, vou até lá em casa ver como as coisas estão. - afirmou Ben, observando a rua pouco movimentada.

— E eu também vou pra casa, mais depois vou lá no casarão dar uma força. - Serguei exclamou.

— Vai sim, tá todo mundo aflito, a Vera então nem se fala. - Ben disse em concordância com a ideia do amigo. - Vou indo Serguei, muito obrigada. - ele despediu-se o cumprimentando.

— Que isso, de nada. - o ruivo respondeu com modéstia.

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— Ben eu... - a loira balbuciou desconcertada quando entrou em seu quarto e avistou o rapaz sentado junto a cama de Anita. - Me desculpa, não sabia que você estava aqui em cima. - Sofia se desculpa apreensiva.

— Tudo bem, afinal o quarto é teu também, eu é não devia estar aqui. - ele alegou com um meio sorriso, soltando o porta - retrato com a foto de Anita no lugar de antes. - Sofia você faria um favor pra mim. - Ben justificou voltando o olhar para ela.

— Como assim, que tipo de favor. - a patricinha o fitou desconfiada.

— Entregar esse bilhete ao Serguei, ele sabe o que é. - ele informou lhe alcançando um papel dobrado.

— Mais o que é, você descobriu alguma coisa da Anita. - Sofia segurou a papel da mão de Ben, querendo muito estar certa.

— Eu não sei ainda, pode ser só uma pista capaz de distrair todo mundo. - Ben não tinha certeza de nada. - Por isso que você precisa entregar a ele, se eu não voltar em duas horas, você faz isso pra mim. - ele esclarece com o olhar sério, mas a loira ainda não se convence.

— É o lugar onde a Anita está. - mesmo ouvindo atender Sofia ainda queria saber.

— É só o nome de uma rua, eu não sei por que esse lugar só tem mais prédios comerciais, lojas enfim, mais pode ser que seja sim. - ele disse.

— E você vai procurar saber como, batendo de porta em porta. - Sofia desafia meio irônica, já não aguentando hipóteses sem nexo algum, só queria ver Anita em sua frente e bem, sem nenhum arranhão.

— E que escolha eu teria, vou até lá, por isso que você não pode fazer alerde, e nem eu quero isso, pode ser só uma forma de nos distrair do real paradeiro da Anita, melhor deixar a polícia continuando por enquanto com a investigação dela. - Ben rebateu cautelosamente, e tencionada ao extremo Sofia somente concordou positivamente.

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— Ronaldo. – Vera notou o marido entrando cabisbaixo pela porta.

— Oi Vera. – Ronaldo ergueu o olhar para a mulher parecendo sem nenhuma coragem, na verdade já sabia que não tinha depois de ver o semblante penalizado da esposa.

— Não encontraram. – Vera balbuciou, já pressentindo que iria chorar novamente, não sabia com lidar com aquilo tudo, nunca saberia.

— Não, ele foi lá na casa do Hernandez, conversar com ele. – o homem disse em tom de pura culpa por não ser o portador de uma notícia mais feliz para esposa, depois de voltar com o amigo inspetor da delegacia.

— Isso vai durar até quando, me diz. – Vera respondeu ainda mais aflita, já nem conseguia medir o grau de tensão de seu estado de espirito. – Porque eu não sentei com ela, não conversei, não tentei entender o que estava acontecendo, porque eu preferi me iludir com a situação, com o que meus olhos me mostravam, porque eu não ajudei a Anita, porque eu a julguei através de atitudes duras, arrogantes dela, e a recriminei tanto. – ela lamentava sendo sufocada por sua própria culpa, por sua fraqueza por saber que agora não estava mais a seu alcance interferir pela filha, ela havia perdido a oportunidade, era tarde demais. – No final das contas, ela só não queria que eu visse a verdade, ela queria me poupar, por isso que ela sempre se mostrou tão reclusa e indiferente a isso tudo. – Vera supunha entre lagrimas que já eram de desespero por ver o tempo passar, mas mesmo assim todos de sua família estarem presos a aquele episódio tão cruel.

— Vera você tem que manter a calma, por favor, tente ao menos. – Ronaldo não tinha mais nada a dizer, estava ciente de que não havia conforto suficiente para a mulher naquele instante, apenas a abraçou terno, querendo também não deixar seus pensamentos pessimistas se fazerem em desespero como acontecia com a esposa.

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— Aonde que ele foi, o que você pensa que vai fazer. - ela indagou com descontrole.

— Eu já disse que você não precisa saber. - ele respondeu tentando controlar sua irritação devido às perguntas da menina.

— Você tá louco, pretende o que. - Me manter presa pra sempre. - Anita o contrariou em meio a lágrimas de raiva e verdadeiro medo pelos planos absurdos do rapaz.

— Você lembra desse anel. - Antônio questionou se aproximando com o objeto em uma das mãos.

— Você já tava planejando tudo não é, desde aquela época. - Anita afirma em um tom de rancor, ao perceber que o anel na mão do rapaz era o mesmo que havia vindo juntamente com uma das cartas anônimas que ela recebeu.

— Agora você vai ser feliz, do meu lado, eu sei que vai. - declarou ele, segurando a mão dela e pondo o anel em seu dedo. Anita parecia perplexa, talvez até para ela, a pouca noção de realidade do rapaz estava a assustando demais.

— Isso nunca vai acontecer, não adianta você se enganar. - ela falou com raiva, puxando sua mão com destreza e tirando o anel de seu dedo e o atirando longe, que caiu em um canto qualquer da sala, onde o único rumor que se escutou seguidamente foi o do objeto rolando pelo piso.

— E eu diria que é melhor você não se enganar, que escolha você tem, fala. - Antônio a desafia em um tom transtornado, talvez provocá-lo não fosse a melhor alternativa, mas também que outra Anita tinha, estava indo por um caminho sem muitos objetivos que pudessem a levar até alguma esperança. Ela ficou muda olhando o rapaz com certa cautela, para atiçar ainda mais suas desconfianças de Anita ele a olha friamente uma última vez e em seguida lhe dá as costas, deixando a porta que antes estava fechada totalmente escancarada.

— Antônio, Antônio para com essa brincadeira ela já perdeu a graça Antônio. - a garota o seguiu receosa. - Você acha mesmo que esse cara aí não vai te entregar, ele não vai te poupar, ele nem é teu pai de verdade. - Anita quis apelar, para um bom senso que ela sabia que o rapaz se quer tinha.

— O Ben também não te ama, e você não insistiu em ficar com ele. - Antônio solta dando a entender que já sabia há muito tempo quem era exatamente Palhares, deixando Anita com um semblante de pura tensão.

Quando o rapaz se aproximava dela com o olhar de pura obsessão, o estrondo de alguém batendo na porta pelo lado de fora chama atenção dos dois. Antônio encarava Anita com desconfiança, talvez fosse Palhares e o amigo que haviam voltado, mas por toda expertise do rapaz ele também cogitou estar errado.

O corpo de Anita estremeceu-se quando ela reconheceu a voz não estranha e um pouco abafada que chamou por Antônio em meio aos murros ininterruptos. - Não abre, por favor. - ela implora a Antônio que sorri parecendo sentir-se vingado, afinal ele sabia que não estaria sozinho por muito tempo.

— Irmão. - Antônio abriu um sorriso cínico quando viu que era mesmo Ben.

— Eu não sou irmão de um destraçado como você. - Ben retrucou imediatamente, no segundo que viu o vulto do rapaz a empurrando bruscamente e o prensando contra a parede logo atrás. - Cadê ela, onde que esta a Anita, fala Antônio. - Ben indagou sem soltá-lo, Antônio apenas riu dissimulado.

— To aqui. - ela murmurou baixinho, encolhida no canto, atrás de Ben, parecendo desencorajada, era alivio a também mais medo ainda se misturando em seu coração, que em suplica rezava quase imperceptível para que tudo aquilo acabasse logo.

— Anita. - Ben empurrou Antônio quase contra o chão, virando ao encontro da garota. - Você tá bem, o que ele fez com você. – Ben questionou iniciando um bombardeio de perguntas sem fim, enquanto buscava as mãos da garota, que trêmula parecia não processar nenhum das perguntas.

— To, acho que sim... - ela finalmente respondeu em um tom de susto, correspondendo o abraço que o rapaz lhe envolvia, com toda força que encontrou em tal instante, talvez quisesse mesmo acreditar que ao abrir os olhos novamente estaria em qualquer lugar, menos, que estará imune a qualquer pesadelo, que estaria protegida de todo mal que pudesse sofrer. - Nada, na medida do possível eu acho. – Anita tentou explicar aos soluços entre lagrimas que brotavam em seu rosto sem ela mesmo perceber.

— Tocante. – Antônio olhava a cena dominado por puro ódio, se pudesse transformar seu ódio em uma “arma letal” contra os dois, aquele seria o momento oportuno, sentia uma raiva incalculável lhe atropelar toda vez que olhava para o casal, com as testas encostadas, que de alguma forma sentiram um resquício de calmaria abrandar um pouco de suas aflições. – Vocês são dois nojentos, patéticos, ou pior muito imbecis. – o garoto passou a lhes aplaudir em um gesto de pura ironia.