Apenas um olhar

Capítulo 108:


Por Anita...

Infelicidade... Algumas pessoas a atribuem a qualquer coisa que não dê certo em suas vidas, tudo vira motivo de uma infelicidade. E talvez eu estivesse tomada completamente por esse sentimento, se é que algo que trazia um fardo tão pesado poderia ser chamado desta forma.

Ou pra ser mais objetiva, racional e até cética, definir-se infeliz, era só uma forma qualquer de se justificar todos nossos fracassos, tudo que não conseguimos, porque nos faltou forças, porque nos faltou oportunidade, porque nos faltou determinação, porque tudo conspirou contra... Ganhar e perder, eram as duas únicas coisas na vida que nós nunca vamos conseguir escapar. Talvez eu estivesse mais destinada a perder neste momento, ou como em todos os outros. Eu não sabia o que fazer? Em como acabar , com esse sentimento de mau agouro, que pairava nos meus pensamento e atitudes, eu estava tomada por ele, envolvida e sem escapatória... Eu não conseguia, eu queria tentar, eu tentava, mas era inútil, não dava pra ir até o fim e como eu queria me livrar daquilo tudo, daquele fantasma que destruía meu coração, atormentava minha mente, e não me fazia ir a lugar nenhum, tudo era regado por ela, eu me senti uma completa infeliz. – Sendo dominada, por aquela sensação ruim e destrutiva que me impedia de ter esperanças, que me impedia de sorrir, que não me deixava acreditar que as coisas pudessem dar certo, eu só sentia raiva, revolta, sem conseguir conter. As pessoas, todas as outras, podiam pensar o que quisessem, se perguntarem mil vezes,, porque ela agia assim, porque ela não se comportava como todo mundo, porque ela fazia coisas que a deixavam infeliz, se ela não queria. Porque então?

Minha cabeça rodava, sem se decidir, enquanto eu ajeitava a cama na garagem para que eu pudesse dormir, aquele lugar esteve vazio por tanto tempo, mas talvez nunca como agora, comigo ali, eu era o retrato perfeito da solidão... Eu me sentia tão patética por pensar assim, eu tentava evitar, mas minhas percepções, eram muito mais fortes do que minha razão. Pelo visto além de toda confusão que eu criei em minha vida da noite pro dia, eu também estava prestes a ser expulsa de casa, a garotada furiosa, minha mãe indignada, o Ronaldo por mais que estivesse disposto a me ajudar não conseguiria segurar aquela hecatombe sozinho. A bagunça dos meus pensamentos foi sendo interrompida, por uma chuva que começava a cair, os relâmpagos iluminavam o céu por segundos, adicionados a nuvens carregadas, um vento suave soprava, mas ao mesmo tempo revolto e apressado, era a sensação que dava quando eu o sentia bater no meu rosto, e levitar meus cabelos, os pingos que caiam eram fortes, um ou outro começavam a molhar o quintal, eles pareciam sem pressa, me distraí por longos instantes a prestar atenção na chuva que começava, procurando naquela tempestade que se iniciava uma maneira de abrandar a tempestade que atacava meus pensamentos, e só me trazia inquietude. Eu fiquei ali, parada a porta, observando o céu e o quintal em volta, querendo desocupar minha cabeça, e eu precisava... Ou se quer pregaria o olho naquela noite, e isso só significaria remoer meus dilemas até não conseguir mais suportá-los. Ao ver que a chuva ficava cada vez mais intensa, resolvi me abrigar na cama, eu precisava descansar, esquecer um pouco de tudo, ou caso contrário eu morreria aos poucos fisicamente também, já que meu emocional, eu nem sabia em que estágio se encontrava.

Ao me jogar na cama, abraçada a um travesseiro, o perfume... O cheiro dele estavam ali, eu estava completamente descompensada, tendo uma sensação tão especifica, diante de um travesseiro preso no armário por séculos, não era mais fácil admitir que não dava pra evitar pensar no Ben, assim como eu não sabia o que fazer com angustia que sentia toda vez que pensava como ele deveria estar magoado comigo por tudo isso. A verdade é que minha ligação com ele nunca seria abalada... Eu só não tinha ideia, como lidaria com a distancia que cada vez mais ficava maior entra a gente.

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– Ai que droga. - Ben esbravejava diante de sua total desconcentração.

– Que foi? - Sidney que fazia companhia para o amigo indagou receoso.

– Nada de mais, perdi um arquivo aqui, eram uns exercícios pro trabalho, pra aula de amanhã. - contou ele impaciente. - Salvei em cima, não era pra ter feito isso, também deixa pra lá, amanhã eu tento recuperar, eu vejo o que fazer. - Ben fechou o notebook, desistindo da tarefa.

– Você não tá bem né bhother. - supôs o loirinho, tenso pela situação do amigo.

– Sei lá, acho que eu cheguei no meu limite hoje, ver a Anita pagando de noivinha daquele babaca, eu não sei se senti mais ódio de mim, dela ou dele. - confessou Ben.

– Bom se você quiser eu fico aqui, pra te fazer companhia até o Omar aparecer. - se dispôs ele, querendo ajudar o amigo.

– Não imagina, vai pra tua casa, eu vou melhorar. - garantiu Ben.

– Bom então eu vou mesmo, se dona Maura passa a chave na porta, já viu vou dormir na calçada e com essa chuva não é boa ideia. - Sidney fez graça com o jeito controlador da mãe sobre suas saídas querendo animar Ben.

– Claro vai lá. - Ben sorriu diante das brincadeiras do amigo

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– Sofia, Sofia o que você faz aqui. - Sidney se surpreende quando escuta alguém bater a porta de sua casa, já tarde da noite e vê a imagem da patricinha encharcada parada a sua frente.

– Oi, tá bom eu dispenso o sermão eu sei que está tarde pra bater na casa de alguém. - a loira entra apressada, querendo ignorar os tremores de frio que percorriam seu corpo devido à chuva gelada. - A gente precisa falar Sidney e tem que ser agora. - informa uma Sofia autoritária e decidida.

– Que? – o garoto a encarara pasmo. - Meu deus, vem Sofia se minha mãe te vê aqui ela mata a mim e a você. - o garoto argumentou confuso com a visita dela a puxando para o andar de cima. - Você sabe o que ela ia pensar. - ele diz dando um sorriso a ela.

– Tua mãe é fofoqueira mesmo não é Sidney. - Sofia ignora esbravejando.

– Vem cá vem. - ele pede abrindo a porta de seu quarto.

– Tá muito frio, tá caindo o mundo aí fora. - declara à patricinha se arrependendo de sair no meio de toda chuva.

– Ai o que te deu hein, pra fazer uma doidice dessas, sair no meio dessa chuva. - o garoto a repreende com medo de que ela ficasse doente.

– Não enche, eu não preciso da tua preocupação. - Sofia resmunga o fuzilando com o olhar, disfarçando que ele estivesse certo.

– Mais eu me preocupo, sempre vou me preocupar, desde quando a gente era criança e você caiu do balanço e esfolou o joelho, lembra. - ele disse com um sorriso de melancolia a ela.

– Humm, mamãe achou que tinha sido você que tinha me feito cair, você sempre foi levado desde moleque. - Sofia se recorda sem reconhecer que havia gostado da ajuda.

– Tá bom meu passado me condena mesmo. - Sidney riu. - Mais veste isso, você precisa secar essas roupas, ou vai acabar num hospital garota. - ele alegou, pegando no guarda roupa, uma camisa sua que fosse comprida.

– Tá pirou Sidney, eu uso roupa de grife, nunca vou vestir os teus trapos. - Sofia segura à peça se negando.

– Tudo bem, só que as tuas roupas de grife estão pra lá de molhadas. - ele retruca a provocando.

– Sidney, você é um idiota. - Sofia reclama revirando os olhos enfurecida.

– Se troca no banheiro. - Sidney alegou.

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– Até que não ficou mal, até vestindo os trapos do tosco, você é diva, sem discussão alguma mesmo Sofia. – a menina elogia a si mesma, enquanto se olha no espelho vestindo a camisa de Sidney, e pondo o cinto que usava a cintura, dando uma cara de vestido a peça que vestia.

– Eu coloquei tuas roupas pra secar, dez minutos tá pronto. - garantiu ele, voltando ao quarto.

– Menos mal. - diz Sofia virando-se para ela.

– Mais o que você faz aqui, posso saber. - Sidney indagava sentando a sua cama.

– Eu vim porque, a gente precisa e rápido, dar um jeito na situação da Anita e do Ben. - ela declara o encarando com os braços cruzados. - E só tirando o Antônio do caminho deles. - afirma a garota decidida a dar um jeito.

– Sofia hãmm. – o garoto se confunde. - Sofia ok, a situação tá brava pro lado deles, eu estou a par. - respondeu ele sincero. - Mais você quer fazer o que hein, dá um de Serial Killer norte americano, justiceiro, ou sei lá, sumir que com o Antônio, óh Sofia que ele é louco. – Sidney teme que ela se meta em alguma encrenca que acabe mal depois. – E tem mais, os dois já disseram pra gente não se meter. – alega ele, respeitando a opinião dos amigos, mesmo que não concordasse.

– Larga de ser banana Sidney, o que não dá é pra ficar assim, minha irmã lá, nas mãos daquele louco, tem que ter um jeito ou sei lá. - ela afirma novamente, perdendo a paciência com Sidney.

– Ai meu deus Sofia olha só já tá tarde, amanhã a gente vê isso.

– Eu não vim aqui pra isso. – Sofia responde altivamente.

– Isso o que? – Sidney devolve ao se enrolar com as palavras dela.

– Dormir com você, pode esquecer, aliás, eu ainda nem te perdoei, por aquela palhaçada que você aprontou comigo. – a loira resmungou taxativa e com um sorriso altivo enquanto apoia as mãos à cintura.

– Ai deus, porque você sempre pensa o pior de mim hein Sofia impressionante. – ele mexe a cabeça descontente, mas querendo evitar iniciar uma briga.

– Eu durmo no chão você pode ficar com a cama, tá bom assim. – Sidney se disponibilizou, puxando um travesseiro e outra coberta do guarda roupa e entregando a ela. – Pode ser ou vai ter coice. – o loirinho fala, olhando direto para ela sorridente.

– Muito engraçado, vou morrer de rir Siney. – Sofia dá de ombros depositando o que segurava sobre a cama.

– Melhor assim mesmo. – o garoto implica com certo deboche, improvisando uma cama no chão.

– Não muito né, mais tudo bem. - ela se dobra, mas mantem a pose.

– Você sempre dificulta minha vida não é. - ele acusa, se aproximando para lhe dar um beijo.

–E quem disse que você não gosta. – Sofia garante, e logo depois soltando uma gargalhada animada.