Apenas um olhar

Capítulo 105:


– O bairro tá calmo hoje, parece que a única coisa que se escuta é o silêncio da noite. - comentou Anita olhando a rua da janela.

– Ou é você que está calma. - Ben a contrariou, saindo de onde estava e vindo até ela com rapidez, repousando uma mão a sua cintura.

– Não sei, quem sabe... - respondeu ela com doçura na voz, continuando a fitar a janela, era ela que andava pra lá de nervosa com tudo e todos mesmo, pensou por um segundo.

– Pois eu acho que é você sim que anda com essa cabecinha cheia de ideias e mais ideias, ideias que jamais param. - afirmou ele sorridente pousando a cabeça no ombro dela. - Pena que elas só servem pra te deixar nervosa. - dizia o garoto com calma a abraçando por trás, já ela só sorria sem desmenti-lo, ao tempo que Ben começava a beijar seu pescoço.

– Pensar nem sempre é um bom conselheiro, eu já devia de ter aprendido isso, não é. - Anita virou para olhar para ele estampando um sorriso enigmático no rosto.

– Particularmente acho que sim. - Ben admitiu com uma leve risada.

– Juro que eu tento, mas nunca consigo, fato. - confessou ela, junto a um sorriso brincalhão, apenas recebendo um beijo carinhoso e intenso como resposta.

– Ben, hey, Ben. – murmurou ela, relutando em ceder às caricias incessantes dele.

– Ben o que? – ele se afastou um pouco, parando com o beijo, ficando a encará-la, sério apenas.

– Você entendeu. – retrucou Anita, escondendo o sorriso que viu se formando em seus lábios, devido ao ar sorridente e encantado que Ben a olhou.

– Entender, tá talvez eu tenha entendido. – ele respondeu em um ar brincalhão. – Mais. – se pronunciou Ben querendo argumentar, mais o jeito sério com que ela o fitou o fez recuar por segundos. – Ai princesa. – suspirou ele devagar, se aproximando sorridente e voltando a beijar seu rosto.

– Tá mais. – riu ela retribuindo o beijo. – A pergunta é. – E se amanhã você se arrepender, pior me olhar da mesma maneira que você estava me olhando esses dias. – Anita argumentou apreensiva.

– De que jeito. – Ben a indagava, afastando seu rosto do dela nervoso, seguido de um olhar confuso.

– Não sei exatamente, com desprezo talvez. – ela afirmou em um tom baixinho parecendo sem coragem.

– Hei, você teria que fazer muita besteira, pra primeiramente eu começar a pensar em cogitar uma coisa dessas de você. – Ben garantiu, ao perceber que o olhar direcionado ao chão dela, continha certa tristeza.

– Eu sei, não to te cobrando nada. – Anita se desculpou pela declaração, mexendo de leve nos cabelos dele.

– Me desculpa, desculpa se de alguma forma, eu te deixei sozinha esses dias todos, no meio desse turbilhão, se eu não te procurei pra saber como você tava, foi porque sei lá eu... – argumentou ele, em uma sensação de impotência por não ter feito nada lhe rondando. – Eu também fiquei confuso, depois de tudo que você me contou, chateado também não nego, com a forma que você se determinou a cumprir esse acordo, essa imposição que o Antônio está fazendo. – Ben se justificou sincero. – Olha pra mim. – ele suplicou. – Mesmo assim, eu te amo, e não há nada que seja forte o suficiente pra destruir isso. – declarou emotivo, enquanto Anita continuou em silêncio. – Eu jamais me arrependeria de estar com você, nunca. – afirmou Ben a beijando carinhosamente.

– Eu não sei de muita coisa nesse momento, mais de uma eu nunca duvidei, e nem vou, eu vou continuar te amando pra sempre. – ela disse meio sem ar e os dois só souberam partilhar de um olhar emocionado ao outro que trazia paixão, nenhum parecia querer quebrar o silêncio, talvez o que sentissem fosse à forma mais sincera de expressar o quão imenso era o amor que ocupava seus corações, amor este que só provava mais uma vez que era puro, inabalável, diante de qualquer gesto ou palavra que trouxesse mágoas. O silêncio puxou espaço para um beijo envolvente, que nenhum dos dois teria coragem de recusar.

– Eu queria muito que esse instante fosse eterno, pra todo o sempre. – proferiu Ben, se dedicando em afastar os cabelos do pescoço dela, no segundo que distribuía beijos calmos em sua nuca.

– E quem falou que não pode ser. – fala ela, com sorriso sereno no rosto, deslizando as mãos pelas costas dele e erguendo sua camiseta, ao tempo que se abraçavam e retornavam para um beijo empolgado, onde só o impulso e o forte amor guiava a necessidade que os dois tinham de estarem juntos.

– Eu te amo muito. – declara Ben no ouvido dela, antes de se renderem a mais um beijo apaixonado e intenso.

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– Sabe apesar de tudo, não dá pra negar que eu estava morrendo de saudades de ter você pertinho de mim. – Ben confidencia, mesmo que soubesse que a vontade somente de estar com Anita não resolvia a enrascada que a vida os colocava, devido a toda trama que Antônio arquitetava no caminho dos dois.

– Eu sei. – concordou ela, com um fraco sorriso, saindo do abraço que ele lhe dava. – Parece que... – Bom no fundo foi sempre assim né, nós nunca sabemos de fato o que seria um relacionamento abrandado por toda paz, sempre tinha que ter alguma coisa por menor que fosse. – Anita diz, se perguntando em seu inconsciente porque sempre foi tão difícil.

– E a gente de algum jeito, nós chegamos até aqui, sinal que isso quer dizer algo, não é. – argumenta ele, percebendo a expressão séria anterior de Anita, dar lugar a um fio de tristeza que ela tentava disfarçar.

– Só queria um dia na minha vida dizer, que eu fiz alguma coisa que fosse normal. – Anita sorri desconcertada, sentindo uma lágrima se formar no canto de seu olhar. – Até quando eu realmente resolvi me apaixonar, tinha que ser logo pelo cara que todo mundo julgaria como proibido. – se viu pensando que seu dom de nunca optar pelo que todos achariam que tinha que ser sua escolha, havia piorado consideravelmente, a julgar por tudo que viveu nos últimos tempos, mas mesmo assim Anita também sabia que não a importava, ela o amava, isso sim importava para ela, mesmo que hoje tudo estivesse um pouco pior.

– E se eu te dissesse que é isso, que faz de você a pessoa especial que você é. – Ben afirmou, procurando com o olhar encontrar os olhos marejados dela. Não importava, era só o que ele conseguia fixar em sua mente, nada importava, ele a amava, esse ainda continuaria sendo o fato de maior verdade diante de tudo que os dois pudessem passar, nenhum sentimento de mágoa, raiva, ou decepção seria grande o bastante que pudesse ser capaz de sufocar aquele amor.

– Ah Ben, eu achava que dava pra lidar com isso sozinha, na verdade eu ainda tenho essa sensação, mais o que eu não sei, é se eu consigo lidar com o sofrimento que isso está me causando sozinha. – Anita confessa confusamente, talvez ela fosse capaz, mas tinha se dado conta também que a solidão que tal escolha podia lhe causar, a levaria para longe de Ben, e até dela mesma, que estaria desistindo de seu livre arbítrio pra tomar as decisões que seu coração mandasse, arcar com as consequências que os devaneios de Antônio podiam trazer em extrema solidão, acabavam principalmente com suas chances de encontrar sua felicidade e continuar em paz, a proximidade com Antônio tinha o poder de destruir tudo isso, e Anita sabia, se isolar no mundo do garoto a estava fazendo enlouquecer, perder qualquer esperanças de que nada era tão horrível e cruel assim.

– Por isso que eu to há dias te pedindo pra parar com isso, Anita você sabe e eu também sei, o Antônio não vai poupar nada e ninguém, ficar do lado dele, ceder a essa loucura, não te dá garantia de nada, ele não cumpre promessas, ele as faz e depois as usa pra se promover. – Ben intervém novamente, suplicando que ela o ouvisse uma única vez que fosse.

– Eu sei disso, só que ao mesmo tempo... – falou Anita em concordância, levantando da ponta da cama e dando alguns passes sem rumo pelo local. – Ben eu não posso, não posso, deixar o Antônio mais uma vez fazer nós dois de vítimas de um destino cruel, que ele criou, arquitetou com o maior prazer, com toda certeza de que cada gesto nos destruiria e nos mataria de alguma forma. – ela para a encará-lo, ainda numa tentativa de o fazer entender seus motivos. – Se eu entregar ele agora, seja pra quem for, vai acontecer o que? - pondera ela. – A gente vai continuar sofrendo as consequências disso, vai ser a mesma situação do vídeo, você tentou convencer a todo mundo que ele estava por trás disso, depois eu, mais tarde nós dois juntos e até hoje, se bobear nem minha mãe e o Ronaldo acreditam nisso, a gente viveu, penou diante de um sofrimento sem fim pra que? – afirmou Anita impondo toda sua revolta em um tom de voz exasperado. – Pra todo mundo continuar achando que os únicos culpados por aquele vídeo ter caído na rede, foi nós mesmos, porque fomos irresponsáveis, imprudentes, impulsivos, duas pessoas que não pensavam na pobre família que sofria, com os filhos e irmãos que queriam ter um namoro que era proibido aos olhos de todos, eu não passei por tudo, pra ver essa história terminar assim não. – garante ela indignada.

– Ela tá piorando Anita. – retrucou Ben, suspirando profundamente procurando não ver aquela conversa ser invadida por toda impaciência que se instalava dentro de si, devida a insistência dela em continuar com aquela situação. - Você sabe e se não imagina, desconfia muito, de quais são os planos do Antônio pra nós dois, eu não sou tão otimista assim, ele não seria capaz de acreditar que a única pedra no caminho dele sou eu, que se ele der um fim em mim, consequentemente ele tem você. – diz Ben realista. – Ele te conhece, ele sabe que você não teria medo de nada, o castigo maior seria ter que sumir do lado dele, o Antônio sabe disso, não subestima a capacidade de pensar dele. – pede ele, a implorando com o olhar que ela parece com aquela loucura enquanto ainda podia.

– Será? – Anita deixa em dúvida, evitando encará-lo. - Ele podia ter usado outras formas de terminar nosso namoro, mais a questão foi que ele escolheu justo aquela, que mais me humilharia, que mais me deixaria com envergonhada de mim mesma, eu sou só a garota boazinha lembra, aquela sem personalidade, a comum que ninguém acha que é capaz de contestar algo, o Antônio usou contra mim, justo aquilo que eu sempre pensei que eram qualidades, eu desmoronei, ele teve muito tempo pra me conhecer, aliás, a nós dois. – falou ela, sentindo certa raiva contida de si mesma, por ter deixado Antônio se aproximar tanto de si, no começo de tudo, quando ele chegava no casarão aparentando ser apenas um garoto comum, não alguém doentio e obsessivo.

– Você não vai conseguir enganar ele por muito tempo, uma hora ele vai acabar percebendo que a única que você quer é tempo, tempo pra dar a volta nele, e ele não vai permitir isso Anita, então para enquanto você ainda pode. – Ben pediu, não escondendo que estava cansado de toda relutância da amada.

– Ben você tem razão, eu não posso administrar nada disso sozinha. – Anita se vê obrigada a admitir. – Mais eu também sei e você sabe, ninguém ainda é mais capaz de fazer o Antônio pagar por tudo que ele fez, do que nós dois. – prevê ela.

– A gente não é igual a ele Anita, até aonde nós sustentaríamos isso, me diz. – Ben compreende a colocação dela, mas deixa uma dúvida no ar.

– Só que como você mesmo disse, qual o fim que o Antônio pretende nos dar, ele sabe que eu não vou desistir de você e nem você de mim. – retrucou ela, talvez nenhum dos dois tivesse outra escolha a não ser, de alguma forma tentar dar um basta naquilo tudo, eles estavam presos a aquela loucura que Antônio os designava. – Eu vou tentar conversar com o Ronaldo, só que não dá pra envolver minha mãe e nem nossos irmãos nisso. – se convence ela, mesmo angustiada em tomar tal atitude. – Mais pra alguma coisa dar certo, você vai ter que confiar em mim, eu vou ter que continuar com o jogo do Antônio. – confidencia ela, temendo o que Ben lhe daria como resposta.

– Do lado do Antônio você não tá segura Anita. – Ben respondeu, lhe lançando um olhar frustrado, não era possível que Anita não se convencesse disso, porque tanta teimosia julgou o garoto.

– Eu sei, só que é diferente, da outra vez eu fiz besteira sim, um monte pra ser sincera, mais eu achava que tudo que eu acreditava antes é que estava errado, Ben eu não to confiando no Antônio, como eu fiz lá atrás, só que eu, eu preciso como você mesmo disse ganhar tempo, pra saber que rumo eu vou tomar. – explica Anita, pressentindo a decepção que via estampada nos olhos de Ben, virarem culpa por ela mais uma vez parecer deixar o garoto sem uma resposta que resolvesse a situação dos dois, uma culpa que sufocava seu coração.

– Tá bom, e até quando essa história vai se arrastar, você tem razão, a gente nunca namorou em paz mesmo. – disparou ele, tomado por pessimismo. - Primeiro foi à confusão com tua irmã, depois a família, a Meg a gravidez, depois nossos pais loucos, esse maldito vídeo, duas pessoas que não sabiam o que fazer com as próprias vidas, e quando eu realmente achei que a gente teria alguma paz, isso. – disse Ben, levando as mãos ao rosto atordoado, não era possível que a vida dos dois se resumisse a isso voltas e mais voltas sem se quer sair do lugar.

– Desculpa, eu não sei se há alguma justificativa pra isso, mas essa ainda é a nossa história, talvez ela fosse melhor de outro jeito. – Anita disse apenas vendo lágrimas de aflição brotarem em seu rosto. - Mais ela é assim, cheia de percalços, idas e vindas que nunca acabam, só que nem mesmo isso tudo foi o suficiente pra fazer nós desistirmos, esse amor acabar, é porque de alguma forma há um propósito maior, eu não quero perder a esperança por completo. – ela confidencia. – Não quero parar de acreditar. – garante a garota, procurando ainda manter um fio de esperança.

– Nem eu Anita, nem eu. – ele responde emotivo, caminhando até ela e lhe dando um forte abraço, que fosse capaz de apagar todo aquele tormento, ao menos por aqueles segundos, onde um estivesse nos braços do outro.

O dia amanheceu extremamente iluminado no Grajaú, devido ao sol que já nascia impiedoso e forte, talvez o calor dominasse o dia com maestria, se fosse em outros tempos, Anita até comemoraria aquela manhã ensolarada, mas quando andava pelas ruas fazendo caminho do casarão, ela só pensava que naquele momento parecia não ter nada a felicitar e comemorar, seus caminhos apenas pareciam incertos e duvidosos, e ela só conseguia pensar em alguma coisa que a fizesse se livrar de todo aquele tormento. Enquanto ela chegava ao portão de casa pensando em como conduzir a decisão que precisava tomar, via a imagem de Ben invadir seus pensamentos também, procurando imaginar que reação o garoto teria tido depois de ler o bilhete que ela lhe deixou, quando decidiu sair sem que ele percebesse do quartinho de Omar, talvez fosse fraqueza o que a levou fazer tal coisa, mas ela se via esgotada e sem forças para mais um adeus.

– Bom dia. – pronunciou Anita ao entrar em casa e encontrar somente a irmã ocupando a mesa do café.

– Oi, bom dia. – Sofia respondeu serena, tentando decifrar a expressão lívida que via estampada no rosto da irmã.

– Cadê todo mundo. – indagou Anita se aproximando da mesa do café.

– Mamãe e Ronaldo já saíram, o pessoal com exceção do Pedro estão dormindo. – a loira afirma lhe servindo um copo de iogurte.

– Você acordou tão cedo, em um sábado por que. – Anita tentou ocupar sua mente com qualquer coisa que não fosse ela.

– Ah é que... – Sofia hesitou em falar. – Uhm bom o Sidney me convidou pra ir à praia, resolvi aceitar. – conta a patricinha.

– Fez bem. – apoiou Anita. - Até porque alguém tem que ser plenamente feliz nessa casa. – solta ela, puxando uma cadeira para sentar com desanimo.

– Nossa, eu hem Anita, que baixo astral é esse. – Sofia estranhou o jeito cabisbaixo da mais velha, que se quer combinava consigo.

– Sem querer atrapalhar teu encontro, eu posso te pedir uma coisa. – pergunta Anita.

– Isso não é um encontro Anita. – revira os olhos a patricinha, negando que se encontraria romanticamente com Sidney, se negava a acreditar que deixaria o loirinho lhe levar para tal caminho, caminho esse que Sofia só podia julgar como um grande abismo.

– Ok. – Anita soltou um sorriso descrente. – Mais bom, eu ouvi o Vitor e Giovana falando de um jogo de vôlei mais tarde, eles devem ir pra lá, provavelmente o Pedro é o único que vai estar em casa, você podia levar ele com você, preciso da casa vazia pra fazer uma coisa. – pediu ela.

– Que coisa? - a garota desconfia. – Você não vai tentar suicídio não né Anita, porque pelo amor de deus é o fim, ter uma irmã mocoronga até vai, agora uma doida varrida que tenta contra a própria vida aí já é o fundo do poço e da cafonice. – diz Sofia exasperada, mais no fundo preocupada com o desanimo matinal de Anita, que apenas balança a cabeça com ironia pelas palavras dela.

– Eu não cheguei ao fundo do poço ainda, pelo menos nesse estágio, acho que não, pode ficar tranquila. – respondeu Anita seriamente. – Só não quero que ninguém escute a conversa que eu pretendo ter com alguém, depois eu explico melhor Sofia. – falou ela sem entrar em detalhes.

– Tá bom, eu levo o Pedro junto, até é bom, assim não preciso aturar o Sidney e a tosquice dele por completo. – a loira se convence.

– Obrigada. – Anita sorri em agradecimento.

Ben olhava pela janela o dia que amanhecia, calmo e tranquilo, mas parecia ter a certeza de que toda essa calmaria não reinava em sua vida naquele momento, ao contrário tudo se resumia em pura confusão, a conversa da noite passada com Anita martelava em sua cabeça incessantemente, sem que ele conseguisse impedir, só queria que tudo se desfaze-se, que ele pudesse a ter ao seu lado com a paz e tranquilidade que os dois mereciam, mas isso parecia estar tão longe de ambos, a sensação de uma única certeza era o que prevalecia, enquanto segurava o bilhete deixado por ela se despedindo, aquele terror precisava de um basta, era o misero sentimento que ele tinha ao tempo que lia e relia as palavras deixadas por ela em um pedaço de papel...

“Desculpa, mas talvez eu não estivesse mesmo preparada, para presenciar as palavras, encobrindo toda magia de um momento... Talvez não seja o certo tudo que eu fiz até aqui, e você tenha plena razão em me repreender por isso, mais quero que saiba que eu nunca me senti tão certa que estou sufocando meu querer, minha partida e renuncia nesses últimos dias, tem sido o castigo mais desesperador que eu recebo, pois a tristeza por isso nunca acaba, só se multiplica mais e mais. A única coisa que consigo decifrar hoje, é que meu sentimento por você ainda continuará imune a tudo isso e será pra sempre”. Te amo... Beijo, bom dia! – Anita.

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– Anita, meu deus! - O que houve, cadê o Pedro, o que aconteceu com ele. – Ronaldo abriu a porta de casa, nervoso e dominado por aflição, depois que a enteada lhe telefonou pedindo que ele viesse até em casa para falar sobre o irmão caçula que teria se machucado, enquanto brincava com Fulano no quintal.

– Ele está na praia com a Sofia. – informa Anita, angustiada por ter assustado o homem, mas precisava o atrair até em casa sem que ele dissesse aos demais que a conversa extremamente séria era na verdade com ela, não podia permitir que qualquer dúvida se espalhasse, e já que se não fosse assim jamais faria o padrasto largar o restaurante em pleno sábado para falar com ela, ainda mais a sós.

– Hãm, como assim? – Então o que está acontecendo? – Ronaldo lançou um questionamento atrás do outro sem compreender mais nada.

– Eu preciso falar com você Ronaldo. – anuncia Anita procurando segurar seu nervosismo. – Uma vez você disse a mim e ao Ben, que faria qualquer coisa pra manter essa família unida, não é. – recordou-se ela. – Eu espero que você estivesse mesmo disposto a isso, que não fosse só uma frase feita pra impedir nosso namoro. – expôs Anita.

– Continuo sem entender Anita. – argumenta Ronaldo confuso.

– Eu vou te explicar. – disse ela junto com um forte suspiro, contemplando os olhares confusos do pai de Ben a ela.

– continua...