Apenas um olhar

Capítulo 102:


Anita saía da casa de uma cliente na Barra, depois de visitá-la para entregar uma encomenda, das poucas que ela ainda tinha o compromisso de entregar, já que a maioria dos pedidos de reformas em peças e criação de objetos ela havia recusado, por motivos de total falta de animo e criatividade para desenvolver seu trabalho. Acuada e perdida em seus devaneios confusos, ela caminhava a passes lentos até o ponto de ônibus, ficando intrigada no instante que olhou para trás de relance e teve a sensação de ver a mesma pessoa que se encontrava parada a saída do colégio, parecendo agora seguir seus passes até o ponto de ônibus, seu único gesto foi se apressar com o caminhar e torcer para que qualquer linha de ônibus passasse no local, só para que ela pudesse sair dali, mas o vulto parecia decidido em segui-la.

– Moça espera, eu quero conversar com você é importante. – alegou o rapaz apressando o passe para alcança-la.

– Falar o que? – Que eu saiba eu nem te conheço, foi o Antônio que te mandou aqui foi isso, pode dizer pra ele que eu não preciso de guarda costas, ou vai negar que tá me seguindo hein. – Anita virou-se para encarar o garoto com revolta, já cansada de ver a situação desastrosa que estava sua vida, se arrastar.

– Não, não. – ele negou veemente. – De fato eu estava lá no colégio porque queria falar com você, mais eu não estou aqui a mandou desse cara, eu juro. – argumentou ele com calma.

– Desse cara. – repetiu Anita em meio ao susto. – Então você conhece o Antônio, quem é você, o que você quer de mim garoto. – rebateu ela.

– Meu nome é Rafael, e sim eu conheço o Antônio, infelizmente, por um descuido do destino que me fez parar no mesmo lugar que ele. – disse o garoto com lamento.

– E o que você quer comigo, continuo sem entender. – falou Anita hostil.

– Eu tava lá na instituição ontem, quando você foi falar com o psicólogo responsável pelos detentos, eu ouvi o nome do Antônio sem querer, eu vou lá toda semana, eu sou obrigada a cumprir está lei pra não ter que voltar pra lá. – explicou ele.

– E daí o que eu tenho com isso. – ela ainda não conseguia entender.

– E daí que quando a gente entra em um inferno como aquele, a primeira coisa que você entende é que tem que ficar atento a tudo pra sobreviver. – justificou-se ele. – E se você foi atrás do Antônio, a princípio eu pensei mesmo que você fosse namorada dele, você ia lá com a Luciana, ela conhece minha mãe. – revelou o garoto.

– Tia Lu, ai meu deus garoto o que você quer comigo, essa história tá muito estranha. – Anita entrou em estado de choque, ao não sentir que podia confiar nas falações confusas do estranho que acabará de conhecer.

– Eu não sou bandido, eu fui parar naquele lugar porque armaram pra mim, a minha mãe se casou com um infeliz, ele começou a bater nela, um dia eu fui interceder ele me expulsou de casa, depois de um tempo eu descobri que ele também estava batendo na minha irmã de cinco anos, um dia arrombei a porta da casa onde eles moravam e levei minha irmã comigo, aí o desgraçado foi na polícia e deu queixa de mim, afirmando que eu estava roubando e tirando minha irmã menor de casa sem o consentimento dele ou da minha irmã, os caras bateram na minha porta e me levaram preso, como eu tinha dezessete anos na época me levaram pra aquele lugar. – ele contou.

– E porque tua mãe concordou com isso. – Anita não se convenceu.

– Porque ela teve medo, medo dele me matar se ela não confirmasse que eu era um simples delinquente. – acrescentou o garoto com pesar.

– Eu sinto muito, mais valeu cara, se fosse por história triste eu também teria uma péssima pra te contar. – Anita afirmou rancorosa se virando para ir embora.

– Hei não, espera, espera, por favor, eu não quero fazer nada contra você, eu só quero entender o que você queria com aquele garoto Anita. – disse ele se pondo a frente dele, antes que Anita o deixasse falando sozinho.

– Você sabe meu nome também, foi mal mais eu não vou confiar em alguém que eu mal conheço. – Anita irritou-se com a insistência dele.

– Eu moro no bairro abaixo do Grajaú, a Luciana ela vai lá em casa ver minha mãe, tua tia com aquele jeito destrambelhado é uma ótima pessoa, meu padrasto não mora mais com a gente, ela já falou algumas coisas não muita coisa sobre você, mas o que ela me disse me fez entender uma coisa, você não foi naquela instituição porque é amiga ou namorada do Antônio, esse cara não presta Anita, ele tocava o terror lá dentro, fazia da vida dos outros detentos um inferno, em dias ele virou o líder daqueles que mais mandavam, quando você ia lá ele se fazia de bonzinho injustiçado, era tudo teatro, ele armou até uma confusão com o irmão quando o garoto esteve lá visitando ele, ele visivelmente coagiu os outros detentos a ficarem a favor dele, sendo que ele simulou uma briga. – alertou o rapaz.

– Irmão, o Antônio não tem irmão, quer dizer, o Ben. – balbuciou Anita confusa.

– Ele odiava esse garoto, e ele não escondia de ninguém lá dentro. – afirmou ele.

– E porque você tá preocupado com isso, Rafael não é. – indagou uma Anita descrente.

– Porque eu já fui vítima de uma injustiça, que custou minha vida, trabalho, faculdade, até minha namorada passou a me odiar, todo mundo acreditou que eu era um bandido. – disse ele. – E se tudo que a Luciana contou for real, você também foi vítima de uma grande injustiça, e você tem razão, esse cara, o Antônio pode ser sim o grande feitor disso tudo, eu só não entendi o que você ainda quer com ele. – exclamou ele.

– Eu vou te explicar, o Antônio é um mostro sim, e ele tá prestes a acabar com minha vida, e de quebra com a do Ben, o meio-irmão dele. – Anita se viu fazendo confidencias a um estranho.

– Eu desconfiei, ele sempre dizia que você ainda iria ficar com ele lá dentro, esse era o grande discurso dele. – afirmou. – Se afasta desse cara, eu tenho quase certeza que tem gente de dentro da instituição ainda ajudando ele, e em coisa pesada. – contou o desconhecido.

– Como você tem certeza disso. – Anita perguntou sem compreender.

– Como eu te disse, eu tenho que voltar lá todas as semanas e pousar nos finais de semana, eu ainda convivo com alguns detentos, eu sei que eles tem contato com o Antônio. – revelou ele.

– E você me ajudaria por que. – Anita o confrontou.

– Porque como eu te disse, eu já fui alvo de um mal entendido e algo me diz que você está prestes a cair em um, a Luciana sempre foi muito boa pra minha mãe e pra minha irmã, se não fosse os concelhos dela, minha mãe não teria tido coragem pra expulsar aquele crápula de casa. – ele alegou.

– Só me diz uma coisa mesmo que você esteja falando a verdade, como você vai me ajudar a provar quem é o Antônio de verdade, a intenção somente não resolve. – ela não viu saída que fosse viável.

– Eu acho que eu sei sim, se você tiver disposta a fazer isso, mais se afasta desse garoto antes, ele é perigoso. – argumentou.

– Eu não posso, não é tão simples assim. – Anita lamentou.

– Você tem um papel e uma caneta. – ele indagou gentil.

– Aqui. – Anita disse entregando sua agenda a ele que continha também uma caneta marcando uma página.

– Eu vou deixar meu número de celular aqui, se você quiser me procurar me liga, eu acho que eu posso te ajudar a descobrir as respostas que você procurava lá na instituição. – disse ele. – Tchau e foi mal se eu te assustei. – alegou o rapaz sorrindo solicito, indo embora e deixando Anita apenas com um semblante assustado e intrigado pela atitude que ele tomava.

– E aí tava te esperando, achei que nem vinha mais pra casa. – Antônio sorriu dissimulado quando viu Anita se aproximar do portão de casa.

– Agora você vai querer entender se eu ando com pressa ou não, vai pro inferno. – Anita esbravejou caminhando com pressa até a porta de casa.

– Eu quero te dizer uma coisa, agora pode ficar calma e me ouvir. – ordenou ele arbitrário.

– O que seria. – Anita não aguentava mais se quer olhar para o garoto.

– Eu vou resolver umas coisas fora da cidade com eu pai, e quando voltar nós vamos marcar um jantar com tua família pra anunciar uma coisa. – afirmou ele taxativo.

– Que coisa, tá pensando o que, que eu vou te apresentar pra minha família, me poupa dessa. – Anita zombou enraivada.

– Vai sim, e muito, e como teu futuro noivo. – anunciou o garoto vitorioso.

– O que? – Anita ficou perturbada apenas. – Eu não vou fazer isso, a gente não tem nada, e nem vamos ter, e depois eles nem sabem que eu terminei com o Ben, você acha que eles vão cair nessa, eles vão ter certeza que tem algo de errado e aí teus planinhos de chantagem vão pelo ralo. – ameaçou Anita com ira.

– Tua família é cega Anita, só acredita naquilo que houve, não percebe absolutamente nada sem que alguém diga a eles, você tá aí há dias mal saindo de casa e nenhum deles foi capaz de te perguntar o que se passava, eles não se importam tanto assim com você não é, foi a primeira coisa que eu percebi a meu favor desde que cheguei aqui, eles sempre pedem tua ajuda pra tudo, mais raramente se preocupam com você. – confidenciou o garoto, somente percebendo que Anita o fitava pasma e sem desmentir – O único que ainda faria isso é o otário do meu irmãozinho, mas claro que você não vai ter coragem de arriscar a vida dele não é, uma pena ele vai ficar tão arrasado quando souber que você largou dele por minha causa. – Antônio afirmou junto a um sorriso satisfeito.

– Eu te odeio Antônio, esse vai ser o único sentimento que você vai ter de mim além de desprezo. – Anita proferiu enojada, correndo para entrar em casa, temendo que ela tivesse que concretizar os devaneios do garoto.

===================================================

Três semanas depois...

– Valeu pela ajuda filho, se não fosse você eu ficaria até amanhã contabilizando todas essas mercadorias, tivemos que aumentar as encomendas, o que nós sempre estávamos acostumados a estocar não estava mais dando para o prazo de duas semanas. – Ronaldo agradecia ao filho que o ajudava.

– Imagina pai, eu não estava fazendo nada mesmo. – disse Ben procurando esconder seu desanimo. – E eu fico feliz também, que o restaurante tá com tanto movimento assim, você merece. – elogio o rapaz.

– Ah eu também to muito animado. – confidenciou ele. – Mais e você não tinha trabalho hoje, nem escola. – Ronaldo estranhou todo tempo livre do filho.

– É eu troquei de turma com um colega, aí dei aula pela manhã no cursinho, acabei não indo no colégio por isso, mais em compensação fiquei com a tarde livre. – explicou Ben, meio perdido quanto a seus planos para ocupar sua tarde livre.

– Entendi, mais não dá pra fazer isso sempre, não pode ficar faltando aula, não é. – opinou o pai.

– Eu sei. – Ben se viu concordando.

– Por mais que você tenha adorado, vai poder passar a tarde inteira com a Anita. – Ronaldo afirmou, Ben só sentiu seu desconforto ficar ainda maior quando ouviu o nome da garota. – Podia ir mais lá em casa também, quase não te vejo, se não for aqui pelas redondezas do Embaixada. – cobrou ele, entre um sorriso terno.

– Pai eu... – o garoto levou as mãos ao rosto mal sabendo o que dizer. – Eu não estou mais namorando a Anita, deve ser por isso que você não vê com tanta frequência no casarão. – disparou Ben não suportando mais guardar tal segredo para si.

– O que? – o homem só soube partilhar de perplexidade. – Me explica isso Ben, que maluquice é está novamente. – cobrou Ronaldo não entendendo nada do que se passava.

– É isso pai, não tem maluquice nenhuma. – confirmou Ben, tentando deixar só toda sua tristeza pela confissão por trás de seu olhar. – E não precisa me dizer que sente muito por obrigação, eu sei que você no fundo deve estar mais aliviado por isso, até porque acho que agora não tem mais volta a Anita terminou tudo, pelo que eu entendi ela não vai voltar atrás. – disse Ben com rancor, pensando talvez que se os empecilhos e obstáculos não fossem tantos, quem sabe hoje a situação não seria outra, talvez um misero fio de apoio teriam os salvado de remoer tantos sofrimentos.

– Ben, por favor, como isso, como eu posso entender isso. – o pai desandou a questionar. – Que diabos você aprontou com a Anita pra ela tomar uma atitude tão radical dessas, me fala? – Tem outra, por causa de outra garota Ben, aí Anita... – Ronaldo especulou atônito com o que descobria.

– Outra pai, eu não vou discutir isso com você. – Ben sorriu irônica apenas.

– Como não vai? - Não aja como um moleque. – rebateu ele, tentando manter sua calma e não chamar a atenção dos poucos clientes que lanchavam no restaurante depois de passada a hora do almoço. – Não seja moleque, garoto, como eu posso entender isso, se até outro dia a Vera estava pondo a Anita de castigo, porque você a arrastou pra dormir no quartinho do Omar com você. – acusou ele nervoso. – Agora você vem e me diz que ela acabou tudo, assim e qual e explicação, você só pode ter aprontado algo grave. – o repreendeu ao não conseguir achar um argumento aceitável. – Mesmo com todas às vezes, que eu te pedi pra não bulir com as filhas da Vera, aí você vem me desobedece pelas costas, e ainda por cima neste grau que chegou esse teu namoro com a Anita. – Ronaldo alegou com lamento, fazendo Ben apenas suspirar exasperado enquanto encarava o chão.

– Pai, eu to nem aí, pensa o que você quiser, eu nem tenho condições de ficar ligando mais pra nada mesmo. – Ben se quer teve forças para revidar as acusações do pai. – Vai ver eu não sou o filho bonzinho e responsável que você sempre pensou, vai ver as atitudes desloucadas da minha mãe, me influenciaram muito mais do que você imagina. – disse Ben deixando que o pai remoesse o que ele achasse que fosse melhor para entender o fim de seu romance com Anita.

– E você acha que isso resolve tudo. – Ronaldo o encarou com um olhar repressor.

– Eu vou pro meu quarto, acho que você não vai precisar mais da minha ajuda. – falou Ben deixando Ronaldo apenas com um discurso repressor engasgado na garganta.

========================================================

– E aí amiga, bora pra reunião a gente da organizando uma comissão com a turma, pra juntar fundos não só pra formatura mais também pra quem sabe uma viagem pra comemorar, olha que tal. – Julia convidava Anita em extrema animação.

– Ah eu não, vai você, Ju eu vou pra casa. – disse Anita não encontrando animo.

– Ah não Anita, por favor, agora é todo dia isso, do colégio você vai pra aquela casa e se tranca no quarto. – Julia tentou argumentar, ficando preocupada com as atitudes da amiga.

– Bom pelo menos hoje, o infeliz do Antônio não tá aí fora me esperando como nos outros dias, não tá dando mais pra suportar isso Julia, ele foi novamente pra uma daquelas viagens misteriosas dele. – disse Anita exausta com o rumo de sua vida. – E eu aqui, sem conseguir descobrir nada, até quando isso. – lamentou ela.

– Anita você tem que dar um passa fora nesse garoto. – alertou Julia.

– Como, enquanto ele ameaça o Ben, cada dia fica tudo pior Julia, o Antônio se descontrola cada vez mais, alimentando a doentia dele. – Anita retrucou já não vendo mais saída para nada, ela se via andando por um longo e angustiante labirinto que ela se quer ainda acreditava que um dia teria fim.

– Você não quer ir mesmo comigo. – Julia foi insistente em seu convite.

– Não, eu vou pra casa mesmo, faz três semanas que o Ben não olha na minha cara Julia, pior é ver o jeito abatido dele, e não poder fazer nada, sentir vontade de ajudar, de arrancar dele essa angustia que tá corroendo os pensamentos dele e consequentemente os meus, saudades de... – admitiu ela com a voz embargada por agonia. – De ficar perto, de sentir como ele sempre me acalmava e espantava minha tristeza só com um sorriso, to me sentindo tão sozinha Ju, parece que não tem mais lugar pra mim nesse mundo, todo mundo fazendo planos e eu remoendo um monte de coisa ruim que eu nem queria pensar, to me sentindo tão mal. – confessou Anita se sentindo angustiada com seus dilemas e não sabendo administra-los.

– Amiga, eu sei que você não vai concordar, mais acho que tá na hora de você contar tudo que você sabe do Antônio pro Ben. – sugeriu Julia, não se importando com o fato de que a amiga não iria gostar. – Anita esse fardo não é só teu, e por mais que eu e o Serguei queremos muito te ajudar a gente não tá sabendo como. – afirmou Julia.

– Talvez ninguém saiba Julia ,mais eu não quero te preocupar, vai pra tua reunião e depois me conta tudo tá. – alegou Anita com um breve sorriso.

– Ou você sabe quem é essa pessoa, você acabou de dizer que o pior é esse distância entre você e o Ben, você tá sentindo falta dele Anita, é isso que tá te angustiando ainda mais. – afirmou Julia sincera. – Tchau, se cuida tá. – pediu ela dando um abraço na amiga antes que ela fosse embora.

– Oi Pedro cadê o pessoal. – indagou Anita quando encontrou somente o irmão caçula almoçando.

– Mamãe e papai foram trabalhar, e os outros foram pra um evento aí que a Giovana vai tocar, uma festa de aniversário eu acho. - o menino exclamou.

– Ah legal. – Anita indiciou com um sorriso ameno.

– Você não vai almoçar. – o garotinho indagou vendo a irmã caminhar até o topo da escada.

– Não, eu comi um lanche no colégio antes de vir pra cá. – enrolou Anita não querendo confessar que estava era sem apetite algum mesmo. – Vou estudar umas questões tá, bom almoço. – disse ela deixando o local.

==============================================================

– Anita, Anita... – Cadê tua irmã Pedro. – Vera adentrou a porta de casa procurando a garota de forma exasperada.

– To aqui mãe, que nervosismo é esse. – indagou a menina caminhando até onde a mulher estava com um copo de iogurte em mãos.

– Ronaldo passou lá na empresa e me disse uma coisa, que não pode ser verdade, você não me fez um absurdo desses, depois de todas as desfeitas a mim por conta desse namoro. – a mulher cobrou friamente.

– E isso te importa. – Anita devolveu secamente.

– Como não me importaria Anita, como você e o Ben, destroem a harmonia da nossa família duas vezes, e depois pra isso, pra isso Anita, hein me diz. – rebateu Vera com rispidez, não compreendendo o que a filha e o enteado pretendiam.

– A gente terminou, é verdade, não sei como o Ronaldo soube disso, mais é verdade. – confirmou Anita se quer demostrando sua tristeza por tal acontecimento, já que mais uma vez viu que a preocupação da mãe não era consigo ou com Ben, mas sim com a construção de sua família quase perfeita. – Não precisa fazer essa cara, não pra mim, você devia de ficar feliz, conseguiu o que mais você desejava na vida, o fim do meu relacionamento com o Ben, agora você não precisar perder teu tempo explicando pros outros que teu enteado é também teu genro. – disparou ela com revolta, sentindo raiva em pensar que talvez o que ouviu de Antônio há alguns dias atrás fosse verdade.

– Anita... – Eu ainda não acabei. – Vera ainda a chamou, mas só pode vislumbrar o olhar confuso de Pedro, que fazia seus deveres, sentado a cabeceira da mesa.

– Droga. – falou ela empurrando com a mão a porta do quarto com agressividade enquanto entrava desolada pelo cômodo, remoendo as confissões que destinou a Vera. – Até quando eu vou aguentar isso. - Se perguntou ela entre lágrimas sentando a cama. – Eu já não aguento mais, não aguento. – Anita confessou depois de muitos momentos, achando que ainda poderia segurar toda situação sozinha.

– Ben! – Ai Ben, eu só queria que tudo isso acabasse... – suplicou ela tendo sua mente invadida por lembranças de momentos com o garoto e por uma saudade que ela só sentia doer em seu peito.

=======================================================

– Ai quem será agora. – Anita questionou a si mesma, depois de despertar-se de um sono agitado, só conseguindo constatar que adormeceu entre lágrimas.

“Marca o jantar com tua família, to voltando amanhã, não tente me enrolar. Um beijo... – Antônio”. – ela leu as palavras da tela do celular sem saber o que fazer.

– Ai não, mais essa agora não. – implorou ela, tentando ligar para Serguei e Julia, mas ambos estavam com os celulares desligados. – O que eu faço?

– Só se... – Eu procurar ele, ai meu deus o que eu faço. – a garota ainda relutou, somente tendo seus pensamentos dominados por angustia e um medo que ela não conseguia controlar por mais que tentasse, enquanto pensava se deveria ou não, procurar a única pessoa que talvez pudesse a ajudar de alguma forma naquele momento...