Onda de prazer

“Argh, o que eu tô pensando?! Eu tô realmente considerando deixar ela beber o meu sangue?!”

Vendo que ele ainda estava na dúvida, Alissa disse:

— Olha, se você não quiser mais, eu vou entender. Sério. Não precisa se sentir pressionado só porque você veio até aqui. É só se você quiser, tá? — ela o assegurou.

— M-mas… você não precisa disso?

— Tudo bem, eu aguento vários dias sem beber sangue.

“Então só depende da minha vontade…”

“Ela disse que é só como uma doação de sangue, mas…”

“Não, não pode ser!”

— … ehm… você disse que… a sua saliva dá uma onda de prazer? — ele perguntou.

— Isso. Mas não é nada forte demais. É só uma sensação boa.

— É que nem… ficar drogado ou bêbado ou algo assim?

— Não, é bem menos do que isso. Não vicia, e você não vai ficar descontrolado nem incapacitado.

— … mesmo?

— Mesmo. Você vai sair daqui se sentindo ótimo e andando normalmente, eu prometo.

“Bom… se é assim…”

— Tá bom.

— Tá bom? — ela pediu confirmação — Então eu posso beber o seu sangue?

— Pode.

“Eu realmente devo estar ficando louco.”

— Aah, que ótimo! — Alissa disse, sorrindo — Então… vem cá — ela fez um gesto com a mão o chamando pra perto de onde ela estava, ainda sentada no túmulo alto. Jungkook andou lentamente, apreensivo, até ficar na frente dela.

— Você pode… morder desse lado? — Jungkook apontou o seu lado direito — É que eu apoio o violino do lado esquerdo…

— Claro, lindo. Vira de costas pra mim — ela pediu, o puxando pra mais perto e dando espaço pra que ele ficasse entre as pernas dela. Com ele tão próximo, a vampira podia sentir melhor o seu cheiro, que era irresistível pra ela. Com um dos braços, Alissa envolveu os ombros de Jungkook por trás.

— Ehm… a mordida… dói muito? — ele perguntou de uma forma que Alissa achou bonitinho.

— Só um pouquinho… a dor passa rápido com a onda de prazer.

— O-ok.

Jungkook segurou o braço de Alissa que o prendia, se preparando. Vendo que ele estava com o corpo todo tenso, ela tentou acalmá-lo:

— Relaxa… você vai gostar… — ela sussurrou em seu ouvido enquanto acariciava seu pescoço e nuca com a outra mão. O carinho era com as unhas, pois sabia que uma mão gelada em seu pescoço nesse momento apenas o faria tensionar ainda mais. Ela continuou acariciando-o até sentir seu corpo relaxando aos poucos.

Quando sentiu que ele tinha relaxado o suficiente, Alissa cravou as presas nele. Jungkook tensionou o corpo mais uma vez, soltando um gemido pela dor e apertando o braço de Alissa. A vampira guardou as presas e começou a chupar onde havia mordido. Ao dar o primeiro gole, precisou parar pra falar:

— Nossa… você é uma delícia…

Aquele era o melhor sangue que ela já havia provado. Sem querer desperdiçar nenhuma gota, ela lambeu o que havia escorrido pelo pescoço dele enquanto ela falava, em seguida colocando os lábios onde havia mordido e voltando a chupar. Jungkook soltou mais um gemido, mas dessa vez de prazer.

A vampira continuou chupando e lambendo o pescoço de sua vítima, saboreando cada gole. O homem estava de olhos fechados, soltando gemidos enquanto ela alternava entre chupadas e lambidas. Ele passava as mãos pelo braço dela, desejando cada vez mais daquilo, sua respiração já ficando ofegante.

À medida que ia bebendo, o corpo de Alissa ia ficando mais quente, o que a agradava. Mesmo assim, ela não se apressou, querendo aproveitar ao máximo aquele momento. Não era sempre que era tão prazeroso assim pra ela.

Minutos depois, o corpo de Alissa já estava tão quente quanto de um humano. Ela não tinha como ver, mas seus olhos estavam do tom de vermelho mais vivo que já tinham estado antes. Nunca tinha sido tão bom pra ela.

— Pronto… — Alissa disse, parando de chupar, em seguida lambendo o que ainda escorria — Gostou? — ela perguntou, já sabendo a resposta.

— … aham… — ele respondeu num sussurro, o corpo totalmente relaxado e jogado para trás, se apoiando na vampira.

— Que bom… — ela limpou a boca e passou a língua nos dentes, pra limpá-los. Então, foi pegar o curativo na bolsa — Eu vou col- — antes que ela pudesse terminar a frase, sentiu que Jungkook parecia estar desmaiando. Ele teria caído no chão se ela não tivesse percebido e segurado ele por trás — E-ei! Jungkook?! — Isso nunca havia acontecido antes. Preocupada, ela o puxou mais pra cima — Jungkook, tá acordado?

— … aham… — ele respondeu, a voz fraca.

“Ufa! Ele não tá inconsciente!” A vampira pensou.

— Vem cá. Consegue subir aqui? — Alissa continuou puxando-o pra cima, ajudando-o a subir no túmulo com ela. Ela sentou com as costas na lápide e deixou Jungkook sentado entre as suas pernas, o corpo dele apoiado no dela, quase deitado.

“Merda, será que eu bebi sangue demais?”

A vampira segurou o punho do homem e pegou o celular, iniciando o cronômetro com os dedos firmes no pulso dele.

— Você tá vendo se eu morri? — Jungkook perguntou, rindo baixo, a fala arrastada.

— Eu tô vendo se o seu pulso tá alterado — ela disse, contando a frequência e prestando atenção na intensidade da pulsação. Porém, estava normal. E a mão dele continuava quente. Ela colocou a mão no peito dele pra sentir seu coração, mas também estava normal. “O que que tá acontecendo?”

— Eu tô morto? — apesar da pergunta, Jungkook ria.

“Ele tá parecendo… bêbado.”

— Não. Como você tá se sentindo?

— Eu tô ótimo… — ele disse, sorrindo — Alissa… eu tô virando vampiro?

— Não. Eu não transformo ninguém em vampiro, lembra?

— Ah, é… hahahahahahahaha…

“Como ele ficou bêbado com a minha saliva?! Eu não sabia nem que isso era possível!!”

“E eu tinha falado especificamente que isso não ia acontecer… puta que pariu…”

Alissa voltou a sua atenção para a mordida no pescoço de Jungkook. Puxou a bolsa pra perto e pegou o curativo, colocando na ferida. Depois, pegou a garrafinha com água de côco que sempre levava para as vítimas:

— Consegue beber?

— Aham… — ele disse, pegando a garrafinha da mão dela, mas descoordenado demais até pra abri-la.

— Tá, calma… eu dou pra você — ela disse, abrindo e colocando gentilmente a garrafa na boca dele, virando de pouquinho em pouquinho pra ele não engasgar. Após beber quase metade da garrafinha, Jungkook abaixou a mão de Alissa, indicando que não queria mais.

Se sentindo culpada por deixá-lo assim depois de prometer que ele não ficaria incapacitado, Alissa falou:

— Desculpa... não sei nem o que dizer, isso nunca tinha acontecido antes…

— Mas você disse que ia beber o meu sangue… — ele falou, perdido na conversa.

— Eu quis dizer você ficar bêbado.

— Mas eu não bebi…

— Eu acho que foi a minha saliva.

— Tem álcool na sua saliva?

Alissa achou graça da pergunta:

— Não, mas eu acho que você teve uma reação exagerada. Deu uma onda maior do que o normal em você — ela explicou.

— Ah, tá… mas eu acho que eu não tô bêbado… é diferente…

— Diferente como? — ela perguntou, tentando entender mais.

— Sei lá… hahahahahaha… mas é melhor…

— Melhor que ficar bêbado?

— Aham…

Vendo que ele não ia conseguir explicar mais detalhes do que isso, Alissa deixou o assunto pra lá.

— Aqui, bebe mais um pouco — ela colocou novamente a garrafa na boca dele, e ele deu mais alguns goles — Eu vou ficar um pouco com você até você melhorar — ela disse, deixando a garrafinha ao lado dela.

— Tá bom… — ele disse, sorrindo — O seu colo é bom…

Alissa riu, achando bonitinho:

— É porque agora eu não tô mais gelada?

— Não tá?

Alissa segurou a mão de Jungkook para que ele sentisse o calor da sua pele. Descoordenado, ele apertou a mão dela algumas vezes:

— É mesmo! Você tá viva?

— … tecnicamente, eu acho que não. Mas eu fico quente quando bebo sangue. Bom… na verdade, quando o sangue me satisfaz.

— Aaahh… e o meu sangue te satisfez? — ele perguntou, a fala ainda enrolada.

— Sim, muito.

Jungkook abriu um sorriso:

— Que bom… eu também gostei muito… — ele disse. Então, passou o braço dela por cima de seu ombro e o puxou pra si, o abraçando.

— É mesmo, é?

— Aham…

— Você não tá chateado comigo?

— Não… — Jungkook respondeu, apoiando o rosto no braço de Alissa e fechando os olhos.

“Ele é uma gracinha”, a vampira pensou. Ela levou a outra mão até a cabeça dele, acariciando seu cabelo.

Após um tempo assim, o celular de Jungkook tocou. Com a pouca coordenação que tinha, ele pegou o celular do bolso pra ver quem estava ligando. Era o Namjoon. Jungkook apenas cancelou a ligação.

— Não vai atender? — Alissa perguntou.

— Não… eu quero ficar com você — ele disse — O Namjoon tá muito chato… ele não queria que eu viesse te ver…

— É, eu percebi quando ele deu aquela desculpa do Felix querer tirar foto pra te tirar de perto de mim.

— Pois é! Ele disse que não era pra eu vir! Eu mandei a minha localização pra ele saber onde eu tava, e ele disse que ia ficar olhando… mas mesmo assim ele me liga!

— Ele parece ser um bom amigo.

— Ele é… só que ele se preocupa demais… ele me trata que nem criança, só porque ele é meu amigo de infância e é três anos mais velho do que eu!

— Faz parte, eu acho.

— Ele disse que você é maluca… mas eu gosto disso!

O comentário fez Alissa rir:

— Você gosta de malucas?!

— Sim… e de bad girls — Jungkook disse, com um sorriso no rosto — Por isso que eu gostei de você assim que eu te vi…

— É mesmo? — ela estava se divertindo com as respostas dele — Mas agora você sabe que eu não sou maluca, né?

— É… mas você ainda é uma bad girl.

— Hm… tem certeza?

— Tenho!

— Mesmo eu colocando curativo no seu pescoço, te dando aguinha de côco na boca, colinho e carinho no cabelo?

— Aham… — Jungkook levantou a cabeça pra olhar pra ela — Você é uma vampira de verdade… isso é muito bad girl… — ele disse, com um sorriso bobo no rosto, fazendo Alissa dar uma risadinha.

No instante seguinte, o celular de Jungkook tocou de novo. Era o Namjoon.

— Aaahh, que saco! — Jungkook reclamou, claramente recuperando as energias.

— Ele tá preocupado com você, lindo.

Jungkook desligou a ligação mais uma vez. Em seguida, abriu o whatsapp, conseguiu digitar as palavras “To vivo” e mandar para o amigo.

— Pronto — ele disse, logo depois silenciando o celular.

— Okaaay… acho que tá na hora de você voltar pra casa.

— Nãooo — JK segurou forte o braço de Alissa, como que para mantê-la ali — Eu ainda não tô bem, preciso de mais colo!

— Você já tá melhorando. E eu não vou deixar você voltar sozinho, vou te levar pra casa.

— Vai?

— Vou. Mas não conta pra ninguém, por favor. Eu não faço isso normalmente. Vai, vamos — A vampira empurrou gentilmente o corpo de Jungkook até que ele desse espaço suficiente pra ela passar a perna por trás dele e descer do túmulo. Ela colocou a bolsa atravessada nos ombros — Vem — Alissa o chamou, em pé no chão, para que ele ficasse sentado na beira do túmulo, as pernas penduradas pra fora — Agora sobe — ela se virou de costas pra ele.

— … não é pra eu descer? — Jungkook tentava se situar.

— Eu quis dizer pra subir nas minhas costas.

— Nas suas costas? Nãooo, assim não! Você é uma garota, e eu s- — ele falou enquanto tentava descer do túmulo, perdia o equilíbrio e quase caía no chão. Alissa se virou a tempo e o segurou, com seus reflexos e sua força sobrehumana.

— Cuidado — ela disse, calmamente — Eu consigo te carregar, lindo. Vem, sobe — a vampira voltou a se virar de costas pra ele.

— Nãoo, não precisa! Eu consigo andar sozinho! Eu sou um homem grande e forte!

— Engraçado, eu podia jurar que o homem grande e forte tava me pedindo colinho agora mesmo… — Alissa implicou.

— Mas colo é diferente!

— Bom, já que é assim… — ela se virou pra ele e, num movimento rápido, o levantou do chão, pegando-o no colo.

— E-ei! — Jungkook reclamou — Nãoo, assim é pior!

— Ué… você não preferia colo? — ela perguntou, se fazendo de boba.

— Assim não! Eu vou nas suas costas então!

— Tá bom… — a vampira o colocou no chão, virou mais uma vez de costas pra ele e se abaixou pra que ele subisse com menos dificuldade. Prendendo uma perna dele em cada lado de sua cintura, ela avisou: — Segura firme, porque eu vou rápido, tá?

— Tá… — Jungkook envolveu o pescoço de Alissa com os braços da melhor maneira que podia. Ela então disparou pelo cemitério com uma velocidade sobrenatural.

Ao chegar na grade quebrada por onde haviam entrado, ela perguntou pra Jungkook onde ele morava. Jogando o endereço no celular, ela viu onde era e o carregou até lá.

“Ufa… trazer ele foi mais difícil do que eu pensei” a vampira pensou, sentindo que tinha se esforçado demais, o que não era nada comum pra ela. “Acho que eu tô muito sedentária…”. Alissa colocou Jungkook no chão, ainda precisando segurá-lo pela cintura, mantendo-o em pé para que ele abrisse a porta, o que ele fez com certa dificuldade. Eles entraram e ela o levou direto para o quarto:

— Pronto… — ela disse, ajudando-o a deitar na cama — Amanhã você me dá notícias, tá? — Alissa se virou para ir embora.

— Ei! Espera! — Jungkook a segurou pelo braço, ficando sentado — Dorme comigo…

— Eu não durmo de noite, lindo. Durmo 2 ou 3 horinhas durante o dia só — ela respondeu, apesar de saber que não era a isso que ele estava se referindo.

— Tudo bem… a gente não precisa dormir — ele respondeu com um sorriso que Alissa achou fofo e inocente demais para o que estava sendo pedido, fazendo-a rir.

Ela decidiu não inventar outra desculpa e ser sincera:

— Eu não vou fazer nada com você nesse estado.

— Mas eu já queria antes de ficar assim!

— Aish… hahahahah! — ela achou graça da sinceridade causada pelo inebriamento.

— Vem cá… — ele insistiu, puxando-a pra mais perto.

Alissa se deixou levar. Não podia negar que se sentia atraída pelo homem. Ela permitiu que ele a puxasse até que ficasse sentada na cama. Estava perto o suficiente para que o cheiro dele tomasse conta dela, despertando o seu desejo.

Jungkook então colocou a mão na nuca dela e se aproximou para beijá-la.