‘Eu te vejo ali, não sei de onde você vem

Inconsciente de que alguém te observa

Não parece se importar que eu te vi, e que eu te quero

Qual é o seu nome? Por que eu preciso saber’

Era apenas mais uma noite de verão em San Diego e era apenas mais uma noite em que Ian O’Shea esperava aquela linda garota de cabelos dourados como o sol entrar naquele café, pedir um a mesma coisa de sempre e por fim se sentar com um livro na mesa mais escondida do estabelecimento. Era um habito e Ian gostava de ficar a observando de longe. Mas hoje seria diferente, uma atitude seria tomada. Afinal era por esse motivo que ele tinha ido até ali, para vê-la mais uma vez. Mesmo sabendo que era uma idiotice se sentir assim por uma garota que ele nem sabia o nome, era algo que ele não conseguia controlar. Ela se tornou dona de seus pensamentos na primeira vez que ele a viu. Ela era linda. E ele ia conhecê-la. Iria perguntar seu nome e seu tormento teria fim.

Provavelmente ela não virá hoje, Ian pensou desanimadamente enquanto olhava as horas em seu celular. Já havia passado a hora em que ela aparecia. E ele também tinha um lugar para ir, uma festa, onde seu irmão iria lhe apresentar uma garota que não era ela e que jamais seria ela. Mesmo não querendo ir ele teria que ir, pois todos estavam dizendo que havia algo errado com ele.

E havia? Ele não saberia dizer.

–O senhor deseja alguma coisa?- uma mulher morena e alta surgiu atrás de Ian o surpreendendo. Ela trabalhava no café e ultimamente tinha se acostumado a vê-lo ali sempre esperando por algo que parecia nunca chegar. Ela o olhava de um modo sedutor, mas Ian mal chegava a notar. Estava concentrado demais na ideia de encontrar a misteriosa garota dos cabelos dourados, que mal percebia os suspiros que todas as atendentes davam ao vê-lo passar. Sua beleza era estonteante, alto e de corpo atlético conseguia chamar a atenção por ande passava. E seu olhar era igualmente atraente, olhos azuis safira, umas das características que mais o marcavam na memoria das pessoas. Mas não era a atenção delas que Ian gostaria de ter e elas não percebiam isso.

–Não, obrigado- Ian respondeu sem tirar os olhos da porta.

–Tem certeza?- a mulher insistiu, ela sabia qual seria a resposta antes mesmo de perguntar, pois isso também já havia virado uma espécie de habito não oficializado, mas ela a fez da mesma forma apenas para ouvir a voz de Ian mais uma vez ou tentar ganhar a atenção daqueles belos olhos azuis. Contudo, não funcionou. Ian continuava preso em sua interminável espera.

–Sim- ele respondeu desanimado. A mulher deu um meio sorriso ao notar a tristeza em sua voz.

Alguém tão lindo não deveria estar tão triste, ela pensou consigo mesma. Entao ela olhou ao redor e viu que mais nenhum cliente necessitava de sua atenção entao se sentou na cadeira vaga ao lado de Ian. Os olhos dele mal chegaram a se mover até ela.

–Eu posso lhe fazer uma pergunta?- ela falou sem acreditar no que estava fazendo. Era idiotice. Ela não o conhecia, entao não havia razoes para se preocupar com seus problemas. Mas era algo que ela não conseguia controlar.

–Pode- Ian respondeu a olhando pela primeira vez, e ela ficou feliz por ter conseguido sua atenção. E nervosa também, ser alvo das atenções daqueles brilhantes olhos azuis com certeza deixaria qualquer um desconcertado.

–O que você tanto espera?- ela perguntou surpreendendo Ian que estava esperando qualquer pergunta menos essa, para ele as pessoas mal o notavam ali. Ela podia já ser uma mulher feita mas lá no fundo de sua alma ainda vivia a inocência de uma menina e ela queria apenas ajuda-lo.

–Eu espero uma pessoa- Ian respondeu simplesmente- mas ela não vem. Ela já deveria ter aparecido.

De novo estava a tristeza que era tão desconhecida para Ian. Ele jamais se sentiu assim.

‘Estamos aterrorizados porque estamos indo direto ao ponto, talvez consiga

Escute a música tocando no fundo

O tempo todo, mas você está aparecendo agora

E todos estão ansiosos para conhecê-la, cumprimentá-lá’

–Quem sabe amanhã?- ela sugeriu dando um largo sorriso.

–Quem sabe- Ian suspirou e olhou mais uma vez até a porta e nada dela- bem obrigado pelo café- ele falou e entregou uma nota a mulher.

–Você já vai?- ela perguntou desapontada.

–Sim eu tenho um compromisso- ele respondeu e se foi. Do curto caminho de sua mesa até a porta suas esperanças ainda estavam vivas. Talvez ela aparecesse. Talvez um grande milagre acontecesse e isso tudo não teria sido em vão.

Contudo Ian passou pela porta e suas esperanças pareceram se desfazer um pouco. Pegou as chaves do carro e abriu a porta. Nada dela aparecer.

Deu partida no motor e se foi, deixando para trás suas esperanças e ilusões.

Quando chegou na casa de seu irmão a única coisa que queria era esquecer aquele momento. Mesmo que a única coisa na qual ele conseguisse pensar fosse o porque de ela não ter aparecido. Seus planos eram tão bons. Ele ia conhece-la perguntar seu nome. E seu tormento teria fim.

Mas não foi assim. Algo não quis que fosse assim.

E talvez nunca seria assim.

‘Alguns de nós nunca consegue o que é bom, muito bom’

–Ian- Kyle estava dançando no ritmo da musica que Ian não tinha percebido que estava tocando e nem tinha dado atenção para as pessoas a sua volta, elas estavam felizes e sorridentes- qual é Ianzinho sorria é uma festa.

Ian revirou os olhos, Kyle tinha razão aquilo era uma festa e ele precisava sorrir, mesmo que fosse apenas para disfarçar seu desanimo.

–Então como está nosso apaixonado-barra-desafortunado- Wes surgiu segurando duas garrafas geladas de cerveja e entregou uma a Ian. Wes e Kyle era os únicos que sabiam sobre a garota misteriosa.

–Ela apareceu?- Kyle perguntou- Você declarou seu eterno amor a ela?

Os dois estavam rindo. Nenhum deles conseguia entender o que se passava no coração de Ian, nem ele mesmo entendia. Aquilo tudo não tinha explicação.

–Não- Ian resmungou e saiu da festa indo para um lugar mais reservado.

–Maninho você vai superar- Kyle falou, tentando ser sério- por isso eu vou te trazer alguém que vai te ajudar no processo- ele entao piscou para o irmão e se foi. Isso deixou Ian preocupado. As vezes Kyle não tinha ideias agradáveis.

–O que ele está aprontado?- ele perguntou para Wes que apenas deu de ombros e se foi atrás de Kyle.

Eu vou superar, afinal de contas nada de tão grave tinha acontecido. Tragédias mais graves aconteciam no mundo o tempo todo. Era apenas uma questão de tempo.

–Ian- Kyle surgiu e atrás dele estava... calma... respira fundo... isso não está acontecendo.

Era ela. A garota misteriosa.

–Aproveite a festa- Kyle sussurrou para o irmão e deixou os dois sozinhos em seu mundo particular.

‘Aproxime-se e então ainda mais perto

Nos entrosamos, mas não vamos mais longe

Estamos separados dois fantasmas em um espelho, longe’

–Eu te conheço- ela fala de repente. Ian quase desmorona- da lanchonete. Voce vai sempre lá.

Ela sorri abertamente, um sorriso caloroso, como um anjo.

–Voce reparou?- Ian estava surpreso, nunca tinha passado pela mente dele que talvez ela o observasse.

–Sim- ela falou de um modo doce- você sempre senta na mesma mesa e sempre toma café. Foi uma surpresa para mim. Eu estava saindo da faculdade e seu irmão apareceu. Eu pensei que fosse você, sabe vocês se parecem. Então ele me convidou para essa festa. Ele disse que voce queria me conhecer, mas era timido demais para chegar até mim. Eu não acreditei muito, mas vim mesmo assim- ela deu ombros de repente nervosa. Ian O’Shea era um homem de beleza inigualavel e ela era apenas uma garota comum. Ou pelo menso era isso que ela pensava- entao o que ele disse é verdade?

Ela estava esperando uma resposta, mas Ian não conseguia pensar em nada o suficiente bom para ser dito e quando pensava a frase sumia assim que sua boca se abria. Ela sorriu, nervosa, pensando que alguém estava lhe pregando uma peça de mal gosto e ela tinha caído. Ian O’Shea era um sonho inalcansavel.

–A proposito eu me chamo Peregrina, e se você quisesse conversar comigo poderia me chamar de Peg, para encurtar, mas como não é o caso então foi um prazer- ela se virou para ir embora, chateada por ter sido feita de boba.

–Peg espera- Ian segurou sua mão- me desculpe. É que eu não esperava ter ver aqui. Meu irmão não me contou nada.

–Ah- Peg pereceu decepcionada, Ian constatou- então voce não queria me ver.

Ela estava chateada e perecia que ia chorar.

Droga, faça alguma coisa, Ian estava nervoso e sem saber o que fazer.

–Eu queria muito te ver- ele disse depois de um minuto- queria mesmo- ele segurou seu queixou e induziu seus olhar até o seu. Seus olhos eram de uma cor incomum. Era prateados- eu fui até a lanchonete te ver, mas você não apareceu.

Então ela sorriu.

–Eu estava aqui te esperando.

Ambos sorriram um para o outro e sentiram algo que nenhum deles havia sentido antes.

Não era uma simples paixão o que estava acontecendo ali. Era algo maior. Um amor tão profundo, que não havia como explicar. Era como se viesse de vidas passadas e tivesse esperando esse momento para renascer no coração de ambos.

Não tinha explicação e talvez nunca teria.

Mas eles se amavam e era isso que importava no fim das contas.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.