Calgary, 24/12, às 07h:03min...

Casa dos Oliver: Véspera de Natal...

P.O.V Da Jade

— Mamãe, já posso abrir meus presentes? - Christopher estava ansioso para ver o que tinha ganhado.

— Ainda não, querido. Por quê não vai brincar com os seus primos? - Passei as mãos por suas madeixas macias iguais aos do pai.

Chris já estava com 4 anos. Era o caçula dos netos e a alegria da casa. Meus sogros e os tios o mimavam muito. Ele me olhou com aqueles olhinhos azuis capazes de derreter qualquer um e fez uma carinha triste.

— Por quê não posso, mamãe? - Fez bico, era esperto para a idade e queria me amolecer. O Beck sempre acabava cedendo e fazia as vontades dele.

— Ainda não está na hora, filho. Só mais tarde podemos abrir os presentes, está bem? - Eu queria poder pegá-lo no colo, mas não podia. Não estava podendo carregar peso e minha barriga de 9 meses me impedia.

Ele assentiu triste e contrariado. Ficou emburrado e não quis mais comer os Cookies que minha sogra tinha feito para os netos.

— Ai, que saco! - Claire chegou na sala reclamando e falando no celular. - O papai não quer me deixar ir, a minha mãe tentou falar com ele e nada. Isso não é justo. O Scott vai estar lá e eu quero ir muito à essa festa, fiquei sabendo que ano passado foi incrível! - Com certeza estava conversando com a melhor amiga, Jessie. - Ah, Jessie, ainda bem que seus pais são maneiros. Às vezes tenho vontade de fugir. Qual é? Acabei de fazer 18 anos. Por quê não posso me divertir como todo mundo? - Choramingou.

E após falar mais um pouco com a amiga, desligou e sentou no sofá ao meu lado.

— Por quê quer tanto passar o Natal numa festa rodeada de gente desconhecida? - Perguntei para ela.

— Tia, é uma das melhores baladas da cidade. Meus amigos vão e eu não vou porque o papai não deixa! - Respondeu indignada.

— Sabe, Claire, se ele não permitiu é porque tem um motivo. Você é muito nova para frequentar esse tipo de festa. E é perigoso também. Sei que seus amigos vão estar lá, mas não vão ficar o tempo todo ao seu redor. Você é uma garota muito bonita e tem vários caras babacas que drogam meninas como você nessas festas, e se aproveitam delas. Não se pode confiar em ninguém nesse tipo de ambiente. É melhor passar o Natal em casa e ao lado de sua família, somos de confiança, te amamos e só queremos o seu bem. - A aconselhei.

Ela parou para refletir e acabou concordando comigo.

— Obrigada por sempre me dar conselhos, tia. Vou ligar para umas amigas que não curtem baladas e vou convidá-las para passar o Natal conosco, se elas quiserem, é claro. - Sorriu.

— Boa ideia. - Falei.

Claire havia se tornado uma moça linda, parecida com a mãe. Seus cabelos escuros batiam na cintura, e ela usava óculos que davam um charme ao seu estilo fofo e simples. Foi aceita em Oxford passando com as melhores notas e iria cursar Medicina.

Ronald apareceu andando de skate e quase atropelou o irmão mais novo, Richard. O garotinho de 8 anos foi desviar e caiu de bunda. Ron que já tinha 15 anos riu e fez uma manobra, acabou escorregando e caindo quase de cara no chão.

— Ai! - Reclamou ao levantar. - Droga! - Exclamou.

— Bem feito! Sua mãe já avisou para não andar de skate aqui dentro! - O adverti.

— Ah, não enche, tia! - Resmungou fazendo careta, apanhou o skate e se retirou da sala.

— Adolescentes! - Revirei os olhos. - Espero que vocês não fiquem assim quando chegarem na idade dele. - Falei para Chris e Rich que me olharam, e depois voltaram a brincar sem se preocupar com nada.

[...]

— Tia Jade, qual é o mais bonito? - Ally estava me mostrando os 3 vestidos novos e queria minha ajuda para escolher um alegando que queria ficar bem bonita. - Esse azul, o rosa ou dourado? - Foi erguendo os cabides.

— O azul combina com os seus olhos e o dourado com o seu cabelo. Não gosto de rosa, mas é você quem vai usar, então... Todos são bonitos. Mas gostei mais desse azul. - Apontei para o vestido azul-marinho com renda no busto.

— Queria poder usar saltos. Eu ficaria mais alta e bonita, né? - Sorriu indo guardar os outros vestido no guarda-roupa rosa-claro.

— Você só têm 13 anos e as sapatilhas que sua mãe comprou combinam com esse vestido. Você já é uma mocinha muito linda e não precisa de saltos. - Falei.

Ally abriu um sorrisão e me deu um abraço.

— Oi, bebê. Você é tão sortuda. Vai ter a mãe mais legal do mundo. - Fez carinho na minha barriga e eu sorri.

— Uh! Ai! - Senti a minha pequena espoletinha chutar com força.

Minha sobrinha arregalou os olhos e deu uma risadinha.

— Ela deve estar feliz por ser Véspera de Natal. - Comentou.

Apenas assenti e respirei fundo. Minha bebê estava agitada e eu nem tinha conseguido pregar os olhos. Levantei e comecei a caminhar, minhas costas doíam, meus pés estavam inchados e os chutes estavam me causando pontadinhas de dor na região do umbigo...

— Você está bem, tia? - Ally me olhou preocupada.

— Estou sim, querida. Sua priminha está muito agitada hoje, já vai passar... - Eu esperava que sim.

Segundo a minha médica, faltava alguns dias para eu entrar em trabalho de parto.

Minutos depois...

— Quer um chá? - Eva e Rayne estavam preocupadas comigo.

Neguei balançando a cabeça.

— Está sentindo contrações, querida? - Dona Rachel apareceu no quarto.

— Estou bem, foram apenas uns chutes. - Tentei tranquilizá-las.

— Vou ligar para o meu irmão, ele...

— Não! - Exclamei. - Você sabe como ele é, vai ficar nervoso e não quero preocupá-lo. - Falei e Rayne concordou.

Anderson, Beck, Ben e o Sr. Oliver tinham saído para comprar algumas coisas, e estavam demorando para chegar.

Chris apareceu no quarto chorando, meu coração de mãe logo apertou e eu tentei levantar para socorrê-lo. Sua tia foi mais rápida e o pegou no colo.

— O que aconteceu, anjinho? Conta para a titia! - O examinou rapidamente.

— O Ron não quer deixar a gente brincar com o skate. Ele chutou o meu carrinho e bagunçou o quebra-cabeça do Rich. - Meu pequeno estava ficando vermelho de tanto chorar.

— O skate é perigoso, filho. Vocês podem cair e se machucar. - Avisei.

Minha cunhada o sentou na cama e ele veio para perto de mim.

— Vou lá ter uma conversa com o Ronald. Esse menino só me tira do sério! - Ela resmungou e se retirou.

— Vem com a vovó, amor. Sua mãe precisa descansar. - Dona Rachel o chamou.

— Não! - Chris manhou e colocou o bracinho ao meu redor.

— Pode deixar ele aqui, iria acabar só atrapalhando a senhora. - Fiz carinho na cabeça dele.

— Está bem. - Ela sorriu. - Vou estar lá na cozinha. Me chame se precisar, querida. - Disse e eu assenti.

— Por quê o papai está demorando? - Meu anjinho perguntou após parar de chorar.

— Logo, logo ele chega, querido. Ele foi com o seu avô e os seus tios comprar as coisas que faltavam para a sua avó e sua tia preparem a ceia. - Expliquei.

— Espero que eles cheguem logo. O papai e o tio Ben prometeram que iam fazer um boneco de neve comigo, com o Rich e a Maggie. - Contou.

— Ah, é mesmo? Que legal! - Sorri.

Chris era um pouco danado e teimoso. Era genioso como eu e bastante esperto. Só ficava manhoso às vezes e também tímido quando tinha muita gente por perto.

E a pequena Maggie de 5 anos, filha de Ben e Eva, era meiga e bastante arteira. E junto com o primo, aprontavam todas. Os dois formavam a duplinha sapeca.

[...]

P.O.V Do Beck

— PAPAI! - Quando chegamos na casa dos meus pais, fui logo recebido por meu filho que correu afoito para o meu colo.

Deixei as sacolas no chão. Ri o pegando e beijei suas bochechas rosadas. Minha sobrinha correu para os braços do pai, Ben a pegou e fez a filha rir com cócegas na barriga.

— E eu? Ninguém corre mais para o papai aqui, não? - Anderson abriu os braços.

Seu caçula de 8 anos continuou entretido com um joguinho qualquer no vídeo-game portátil. Ron já era adolescente e não largava o celular, apenas revirou os olhos e voltou a mandar mensagens. E Claire estava ocupada pintando as unhas da irmã que já era uma mocinha.

Meu cunhado fechou o sorriso e abaixou os braços. Ben, eu e o nosso pai rimos dele que tinha ficado chateado.

— Esse é o agradecimento. Você pega no colo, cuida, alimenta, leva para a escola, ensina a andar de bicicleta, mima, dar carinho e amor, e com o passar dos anos recebe isso! - Fez cara de choro.

— Para de drama, amor. Quer um beijinho? - Minha irmã apareceu na sala e acabou ouvindo tudo.

— Quero! - Sorriu. - Se você não fosse operada, a gente poderia ter outro filho. - Comentou. Rayne riu.

— Meu Deus! O cara têm 4 filhos e quer mais um? Só tenho uma e ela já me deixa louco. - Ben colocou a filha no chão.

— Quer dizer que você não quer mais ter filhos? - Eva nos surpreendeu.

— Se ferrou! - Cochichei.

— Agora não, a Maggie já está de bom tamanho por enquanto... - Coçou a nuca sem jeito. - Ela só têm 5 anos, vamos curtí-la mais um poquinho e...

— Pois fique sabendo que parei de tomar anticoncepcional. - A loira disse sorrindo cheia de intenções e saiu rebolando deixando o meu irmão com a cara de tacho.

— Você quer ter um irmãozinho, Maggie? - Perguntei à minha sobrinha.

— Quero, tio. Quero 2 irmãzinhas e um maninho bem pequeno. - Respondeu inocentemente.

— Boa sorte, irmão! - Bati nas costas dele.

— Espero que a Eva engravide de quadrigêmeos! - Anderson falou para o desespero do meu irmão.

— Vamos levar as compras para cozinha, rapazes. - Nosso pai nos lembrou. - Daqui à pouco as mulheres da casa vão querer bater na gente! - Comentou risonho.

— Cadê a sua mãe? - Indaguei ao meu filho.

— Vovó disse para a mamãe ficar deitada. E a tia Rayne falou que a mamãe ia ter a maninha. A maninha tava chutando muito e a mamãe estava fazendo caretas engraçadas. - Respondeu me fitando com aqueles olhinhos azuis.

O olhei espantado por sua resposta e comecei a ficar nervoso.

[...]

— Onde estão as bolsas? Vou te ajudar a trocar de roupa. Vamos ao hospital. - Falei para a minha mulher.

— Deixa de ser paranóico, Oliver. Não estou em trabalho de parto! - Disse pela terceira vez.

— Jade, a nossa filha vai...

— Fica tranquilo, amor. - Me interrompeu. - Está tudo bem. Estou ótima. - Tentou sorrir e fez uma pequena careta. - Ela só está agitada. - Disse acariciando a enorme barriga.

Passei as mãos pelo cabelo e sentei na cama tentando me acalmar. Respirei fundo.

— Tem certeza que não são contrações? - Perguntei.

Ela assentiu e forçou um sorriso. Aquilo só me deixou em alerta.

Chequei as horas. 16h:44min. Levantei e saí do quarto, resolvi ir conversar com a minha mãe. Ela, Eva e minha irmã me aconselharam a não sair de perto da minha morena.

E às 18h, a minha esposa começou a sentir dor. Pois mais que negasse, vi que ela estava ficando um pouco pálida, nervosa e começando a transpirar...

— Alarme falso! - Disse após dar várias voltas pelo quarto.

Caminhar ajudava bastante.

— Vou te levar para o hospital. - Avisei.

— De jeito nenhum! - Como ela era teimosa.

— Papai, por quê a mamãe fez xixi? - Chris perguntou.

Aquilo não era xixi coisa nenhuma.

— A bolsa estourou... - Se alarmou e comecei a me apavorar. - Vou ligar para a minha médica...

— Não estamos em L.A! - A lembrei.

Corri para pegar as bolsas dela. Nossa filha ia nascer no Canadá.

Nosso filho saiu gritando que a irmãzinha iria nascer. E uma correria começou... Anderson foi ligar o carro dele que era maior, tamanho família e tinha lugar para 8 pessoas.

Tentei pegar a Jade no colo, mas ela me deu uns tapas. Queria tomar banho. Ela estava louca por acaso?

Rayne a ajudou no banho, Jay colocou um vestido mais prático e confortável, vestiu um casaco e a levamos para o carro do meu cunhado.

Ben, Eva e Maggie correram para o carro dele.

Mamãe foi desligar o forno e as bocas do fogão que estavam acesas. Terminar de preparar as comidas ficariam para depois.

[...]

Nossa Elizabeth nasceu às 00h:25min. Exatamente no Natal, dia 25. Nome escolhido em homenagem à atriz favorita do meu avô. Foram longas horas em trabalho de parto e tudo ocorreu bem. Nossa menininha nasceu saudável e pesando 3 quilos e 250 gramas.

A ceia iria ficar para o almoço.

Todos nós nos acomodamos por ali. Acompanhei tudo ao lado da minha mulher.

Minha irmã foi buscar o bolo, os bicoitos caseiros e os quitutes salgados, e também os refrigerantes junto com Eva. Nossa família estava toda reunida na sala de espera, o jeito foi comemorar por lá.

As crianças dormiram sem abrir o presentes. Liz havia nascido passando da meia-noite, e os pequenos já estavam no quinto sono.

Apesar de exausta, minha morena estava radiante. E eu? Estava extremamente feliz por ganhar o meu segundo melhor presente do mundo. Minha família era tudo para mim.

— Ela se parece tanto com você. - O amor da minha vida sorriu olhando para a nossa filha.

Sorri todo orgulhoso para a bebê numa roupinha vermelha. Era morena como eu e tinha os olhos amendoados. Os cabelos eram ondulados e bem escuros.

— Obrigado, minha linda. Sou o homem mais feliz do mundo. - Lhe dei um selinho e beijei a cabecinha da Liz.

— E eu sou a mulher mais realizada. - Disse emocionada.

— Feliz Natal, filha. Nós amamos você. - Toquei nas bochechinhas fofas e delicadas.

— Feliz Natal, amor. Esse com certeza será o Natal mais marcante de nossas vidas! - Comentou alegre.

Com certeza seria. Nossa filha veio ao mundo naquela data e nossa família estava conosco.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.