Apenas Uma Mentira?
Pestinhas
P.O.V Da Jade
Coloquei o pequeno Richard para dormir e desci para a sala, eu não tinha visto os avós do Oliver. Onde será que estavam aqueles velhinhos? Passava um jogo de Futebol na TV à cabo, o Beck foi pegar o controle remoto que estava na mesinha de centro e o Ben foi mais rápido, apanhando o controle.
– Me dá isso aqui, eu quero mudar de canal. - Beck protestou.
– Nem a pau, agora que o jogo está bacana, o meu time está vencendo. - Ben disse com aquele sotaque canadense pra lá de sexy.
O Beck também tinha um pouco de sotaque. Avançou no irmão tentando tomar o controle remoto.
Ben o empurrou e ergueu o braço, tirando de alcance. Revirei os olhos. Eles pareciam crianças pirracentas.
– Me dá esse controle agora! - Pediu irritado.
Ben aumentou o volume ignorando-o.
– Você tem TV no quarto, por quê não assiste lá? - Perguntou.
– Não tô a fim. - Ben cruzou os braços e esticou as pernas.
– Você é mesmo um saco, Bennett, que merda! - Beck levantou emburrado e saiu dali.
– Então, você é o ovelha negra da família? - Peguei uma latinha de cerveja que estava num baldinho com gelo e sentei ao lado dele.
– Alguém tinha que ser, né gata? - Se virou para mim sorrindo.
Seus olhos tinham um brilho de malícia. Castanhos-dourados. Lindos por sinal... Seu olhar desceu para o meu busto.
Abri a latinha e tomei um gole.
– E você? Também é a ovelha negra da família? - Indagou.
– Idem. - Assenti.
– O que uma gostosa como você faz perdendo tempo com o mané do meu irmão? - Wow! Ele era bem direto.
Tomei mais gole de cerveja antes de responder.
– Ele me faz feliz e é bom de cama! - Tentei soar o mais confiante possível.
– Ah, é? Eu também poderia te fazer feliz. As mulheres me chamam de deus do sexo. E aposto que o meu pau é maior. - Sorriu orgulhoso.
Tive vontade de rir. Ele era tão descarado. E tão sexy.
"Puta merda!"
– Tenho muito a oferecer, o que me diz? - Se aproximou.
Ele estava tão perto. O cheiro dele era tão bom. Colônia e loção pós-barba. Hum... Muito másculo.
– Eu não namoro galinhas como você. - Coloquei as mãos sobre o peito dele sentindo a massa de másculos e o empurrei.
Derramei o resto da cerveja bem em cima de sua região íntima, larguei a latinha em cima dele e levantei do sofá, e saí da sala rebolando.
[...]
P.O.V Do Beck
– O seu irmão deu cima de mim descaradamente. - Jade chegou na cozinha falando.
– Típico dele, ele dá cima de todas as garotas com quem eu fico. - Falei irritado.
– Nossa! E você fez o quê? - Perguntei.
– Nada! - Respondi.
Ela prendeu o riso. Devia estar me achando patético.
– Sério que não fez nada? - Indagou.
Assenti me sentindo um fracassado.
– Ele é um bacaca e você é muito patético. - Sorriu debochada.
– Quer alguma coisa? - Fui até a geladeira mudando de assunto.
– Onde estão as crianças? - Ignorou minha pergunta.
– Lá em cima, no quarto, estão quietos demais... - Peguei uma caixa de suco de uva. - Acho que estão aprontando alguma. - Estranhei.
– Você acha? - Ergueu uma das sobrancelhas bem feitas.
Decidi subir para dar uma olhada nos meus sobrinhos e ela me acompanhou. Claire estava no quarto dela desenhando. Estava tão concentrada que nem nos viu a espionando pela fresta da porta.
Ouvimos umas risadinhas. Seguimos o som. Vinha do quarto com a porta azul. Quando abri a porta, nos deparamos com uma bagunça.
Ron e Ally estavam aprontando.
Lápis de cor, brinquedos e lápis de cera estavam espalhados pelo chão.
Eles estavam no quartinho dele. Ambos em pé no banquinho, desenhando na parede...
A parede azul-celeste estava toda rabiscada.
– Caramba! - Jade exclamou e tapou a boca, com certeza se segurando para não soltar um palavão.
Eles riam se divertindo bastante.
– Crianças! - Os chamei.
Os dois se viraram e arregalaram os olhos. Ally estava toda pintada de batom vermelho. Bochechas, boca e pálpebras. O nariz do Ron estava todo pintado.
"Puta merda! A Rayne vai ficar fula da vida!"
– Que bonito, hein? Olha o que vocês fizeram. - A morena se aproximou e os desceu dos banquinhos.
– Tia, eu desenhei você. - Ally apontou para uma boneca com cabeça, membros e cabelo em forma de palito.
Segurei o riso. Jade franziu o cenho olhando para o desenho.
– Legal - Forçou um sorriso.
— E esse é você e o tio Ben. - Ron me puxou e mostrou os desenhos.
— Esse sou eu batendo no Ben com um taco? - Perguntei esperançoso.
– Não! Esse é você apanhando do tio Ben. - O pestinha riu.
– Belo desenho, garoto. Mas você esqueceu de desenhar o cabelo dele. - Jade riu com gosto.
– Tio Beck está careca porque o tio Ben raspou o cabelo dele. - Meu sobrinho explicou.
– Garoto esperto! - Ela bagunçou o cabelo dele.
[...]
P.O.V Da Jade
– Olhe só para você, toda suja de batom. Você não devia ter mexido na maquiagem da sua mãe. - Comecei a limpar o rosto da pequena Ally.
– Quero fazer xixi. - Avisou.
– Está bem, faça. Depois vou te dar banho. - Falei tirando sua roupa.
Ally assentiu e foi fazer xixi. Cuidar de crianças não era uma tarefa fácil. Tinha que ter muita paciência e eu não era muito paciente... Crianças são irritantes e chatinhas.
– Tia, por quê os seus são grandões? - Perguntou inocentemente, apontando para os meus seios.
Aquela pergunta me pegou de surpesa.
– Porque eu sou maior que você. - Respondi não dando muitas explicações.
– Eu vou crescer que nem você e a mamãe? - Me olhava curiosa.
– Sim. Já terminou aí? - Eu queria mudar de assunto.
– A Claire também? - Por quê as crianças tem que ser curiosas demais?
– Sim, ela também. - Confirmei.
Entrei no box e liguei o chuveiro.
– Vem, você já sabe tomar banho sozinha? - Regulei a temperatura da água.
– Ainda não, tia. - Balançou a cabeça.
Minutos depois...
A pestinha me molhou toda. A enrolei na toalha infantil e eu a carreguei para fora banheiro.
– Vamos escolher uma roupa para você. - A coloquei sentada em cima da cama.
Fui até o roupeiro cor de rosa e abri a porta.
– Você e o tio Beck vão me dar priminhos? - Perguntou.
Acabei me atrapalhando e derrubei algumas roupas.
– Quero um monte de priminhos. - Ela abriu um sorrisão.
Me abaixei para pegar as roupas, e forcei um sorriso.
– Como os bebês vão parar dentro da barriga das mamães? - Ah, não, aquela pergunta não.
Beck entrou no quarto naquele exato momento.
– Pergunte ao seu tio, Ally. - Falei.
– O quê? - Franziu o cenho.
Ela repetiu a pergunta. Beck arregalou os olhos.
– Hum... - Me olhou nervoso. Prendi o riso. - O papai coloca uma sementinha pelo umbigo da mamãe. - Mentiu.
– As cegonhas trazem as sementinhas? - Ally pareceu ainda mais curiosa.
– Uhum. - Oliver afirmou.
– E como o bebê sai da barriga? - Oh, criaturinha perguntadora...
– Não sabemos. - Comecei a vestir ela.
– Não? Me esperem aqui, eu vou perguntar para o tio Ben. - A danadinha saiu correndo descalça, com o laço do vestido desamarrado.
– NÃO! - O moreno e eu gritamos.
[...]
P.O.V Do Beck
— Onde estão os seus avós? - Perguntou ela.
– Estão na sala de jogos. Eles amam jogos de tabuleiro. - Expliquei.
– Eles jogam o dia todo? - Indagou.
Dei de ombros, nem eu sabia.
– Você devia ir lá dar uma olhadinha neles. - Me aconselhou.
– Eu...
– Já fiz isso. - Ben apareceu se intromentando na conversa. - E já alimentei eles. - Sorriu.
– Que neto atencioso. - Sorriu debochada.
– Sou mesmo. - Piscou para a Jade. - Agora vou sair. Tenho um compromisso. - Ele estava todo arrumado.
– Vai sair para caçar namoradas alheias? - Alfinetei.
– E se for? É da sua conta? - Retrucou.
– Não, mas isso não é nenhuma novidade. Você não tem nem um pingo de vergonha na cara. Só sabe vagabundar o dia todo! - Até me surpreendi com minha resposta.
– Posso ser mulherengo, mas não sou vagabundo, porra! - Uh, o Ben ficou nervosinho. - Eu trabalho e pago minhas contas! - Disse, sério.
– Trabalha como garoto de programa? - Zombei.
– O quê? Você tá tirando uma com a minha cara? Me respeita, caralho! Fica na sua, abre o olho ou vai acabar perdendo mais uma namorada! - Disse olhando para a Jade, e sorriu malicioso.
– Fique longe dela! - O empurrei.
– E se eu não quiser? O que vai fazer, hein? - Me peitou.
– Parem com isso! - A West se meteu entre nós.
– Okay, eu não vou bater nele na sua frente, princesa, não seria nada bonito. - Ben provocou e se afastou, abriu mais um daqueles sorrisos se achando o tal e foi embora.
Bufei e passei as mãos no cabelo, nervoso. Bennett realmente era um babaca.
– Gostei de ver você rebatendo. - Ela parecia orgulhosa.
Devolvi o sorriso.
[...]
P.O.V Da Jade
Entrei na despensa, era um pequeno compartimento. Tinha três prateleiras médias e dois armários ali. Acendi a luz, estava um pouco escuro. Ally e Ron queriam macarrão com almôndegas. O fardo de massa para macarrão ainda estava lacrado e estava no alto da prateleira...
Eu não alcançava, até pulei para tentar pegar e não consegui.
Chamei o Oliver, ele era mais alto.
— Por quê não pegou uma cadeira? - Pegou o fardo de macarrão. - Seria mais simples. - Resmungou.
Revirei os olhos. Que preguiçoso.
A porta bateu, acabei sobressaltando com o pequeno susto. Ele riu.
— Mais alguma coisa, madame? - Debochou.
— Não! Valeu! - O dispensei.
— Beleza. Vou estar lá na sala. - Foi até a porta.
Assenti. Beck girou e forçou a maçaneta.
— Merda! - Resmungou.
— O que foi? - Me aproximei.
— Está travada. Não quer abrir. - Balançou a maçaneta.
Ouvimos risadinhas.
— Ally? Ron? Claire? - Chamou.
Mais risadinhas. Ouvimos passos. Parecia de crianças correndo.
O empurrei e tentei abrir a porta. Nada. Estávamos trancados ali na despensa.
— VOLTEM AQUI! - Gritei socando a porta. - ABRAM, SEUS PESTINHAS! - Eu comecei a ficar nervosa.
— Não adianta, eles não vão abrir. - Bufou.
— E agora? - Indaguei me virando para ele.
— Vamos ter que esperar alguém chegar. - Respondeu.
"Era só o que me faltava... Ficar horas ali presa com ele."
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