P.O.V Do Beck

Jade me olhou, logo entendi o seu olhar, ela queria que eu explicasse tudo ao meu irmão. Logo abaixou a cabeça, olhando para o chão envergonhada, e eu me senti culpado por deixá-la naquela delicada e constrangedora situação, antes dela desviar o olhar, vi que seus olhos estavam marejados. O que se passava por sua cabeça? O porquê daquele olhar tão triste?

— Nenhum dos dois vai tentar me explicar? - Ben bateu um dos pés no chão, impaciente.

— Calma, irmão. Eu posso explicar tudo. - Falei o encarando com firmeza.

— Pois bem, eu tenho tempo de sobra para ouvir o que têm a me dizer. - Ele não parecia nada calmo.

Sustentei o seu olhar e comecei a lhe explicar tudo, e Ben me ouviu atento sem me interromper. Fiquei grato por aquilo. Não pedi sua compreensão, apenas pedi para que ele ouvisse tudo o que tinha para dizer. Justifiquei os meus atos. E após eu terminar de falar, o silêncio reinou sobre nós.

A morena continuou parada ao meu lado, calada e com a cabeça baixa, ainda mais constrangida naquele momento. Eu também estava envergonhado por ter enganado a minha família, fazendo todos acreditarem que eu estava noivo.

Meu irmão coçou o queixo olhando para nós, estava sério, um tanto atordoado e confuso. E não era para menos, respirou fundo, pensativo. Alternava o olhar entre mim e a West.

— E você, Jade? - Por fim se dirigiu à morena. - Não tem nada para falar? - Perguntou um pouco mais calmo.

Ela ergueu o olhar e enguliu em seco, o encarando. Olhou para mim e eu senti meu coração disparar. Olhou para o meu irmão de novo e deu de ombros.

— Sinto muito... - Murmurou. - Preciso ir. - Foi pegar as malas arrumadas e saiu apressada do quarto sem ao menos se despedir.

Olhei para a porta ainda aberta, meu coração se apertou e eu me senti vazio e confuso, sem saber o que fazer...

— O que ainda está fazendo aí parado? - Ben perguntou.

Franzi o cenho, olhando-o. O que eu deveria fazer?

— Vá atrás dela, idiota! - Apontou para fora do quarto, usando um tom alto para me mandar agir.

Foi como um tapa na minha cara, me fazendo despertar e cair na realidade. A minha garota estava indo embora e eu precisava impedí-la.

Não pensei duas vezes, apenas corri para alcançar a West. Não poderia deixá-la escapar sem dizer o que o meu coração sentia... Ela tinha que me ouvir. Pelo menos eu tentaria. Se ela não quisesse ficar e me ouvir, eu deixaria ela partir ciente dos meus sentimentos, afinal, a West não era obrigada a ficar...

[...]

P.O.V Da Jade

"Não chore. Não chore. Não chore!"

Acenei para mais um táxi, e este passou direto como os outros que tentei parar. Eu só queria ir me hospedar em algum lugar para passar a noite, logo partiria de manhã pegando o segundo vôo para L.A. O frio noturno me fazia arrepiar e o vento gélido esvoaçava o meu cabelo sob o gorro. Meus olhos ardiam e eu lutava contra as lágrimas.

Não consegui dizer adeus. Eu odiava dizer aquela simples palavrinha.

Ben já sabia de tudo e com certeza já estava contando para a família deles.

"Droga! O que vão pensar de mim?"

Ouvi meu nome ser chamado e acabei ignorando. Talvez fosse apenas imaginação. Continuei ali parada esperando algum táxi passar.

— JADE! - Era a voz dele.

O Oliver estava gritando. Chamando por mim.

Quando me virei, o moreno vinha correndo ao meu encontro. Atravessou o gramado e passou pelo portão em disparada, me alcançado na calçada da casa dele.

— Jade... Você... Precisa... Me... Ouvir. - Disse entre pausas, ofegante.

— Oliver... - Tentei falar e ele me fez calar, pondo o dedo indicador sobre meus lábios.

— Apenas me escute, ok? - Disse me segurando pela cintura com a mão livre. - Eu sei que tudo começou com uma mentira... - Respirou fundo e me encarou. - Mas o que eu estou sentindo é real, acredite em mim, eu não mentiria para você... - Fez uma pausa e depois desabafou se declarando. - Me apaixonei por você. - Disse olhando em meus olhos. - Não quero que seja mais uma mentira, eu estou apaixonado e quero ficar com você. - Continuou se declarando. - O Ben vai guardar segredo, não precisamos mais fingir. - Falou e foi impossível não ficar emocionada. - Quero que seja minha... Apenas minha... Minha namorada. Minha noiva. Minha mulher. A mãe dos meus filhos. - Comecei a chorar feito boba após ouvir tudo aquilo. - O que me diz, Jade? Aceita ficar comigo? - Perguntou.

Olhei para o lindo anel de noivado ainda intacto no meu dedo.

– Sim... Eu aceito, Oliver. - Assenti sorrindo.

Não era mentira. Meus sentimentos eram reais. Acabei me apaixonando por ele. Eu já gostava de sua família e tinha me apegado aos seus sobrinhos. E queria fazer parte daquilo tudo para valer.

Beck selou nossos lábios sem se importar com minhas lágrimas. Segurei sua nuca e nos beijamos ali na calçada sentindo a neve de Calgary cair sobre nós, fazendo aquele momento especial se tornar ainda mais maravilhoso.

[...]

3 anos depois...

P.O.V Do Beck

— Tia, Jade, quero ver! Quero ver! Quero ver! - Ally pedia à morena dando pulinhos.

A nossa família tinha vindo para L.A nos visitar e conhecer o pequeno Christopher. A minha mulher estava sentada na poltrona para amamentar com o nosso filho no colo.

Eu não parava de sorrir. Existia felicidade maior que aquela?

— Calma, querida, ele está acordando. - Jay mostrou o pequeno para os nossos sobrinhos que se encontravam afoitos para ver e pegar o priminho.

— Oh, meu Deus! Ele é lindo demais! - Mamãe se emocionou e se derreteu toda pelo neto.

— Parabéns, filho! - Papai deu tapinhas de felicitações em minhas costas.

— Obrigado, pai. - Agradeci emocionado e orgulhoso.

Christopher só tinha uma semana de vida. Era um meninão bonito e saudável. Uma mistura de nós dois. Moreno de olhos claros. Se parecia um pouco mais com a mãe.

Abriu os olhinhos curiosos, não era um bebê chorão. Bem tranquilo, só chorava para mamar ou quando sentia cólica.

— Vem ver, tia Eva! Ele têm olhos azuis! - Minha sobrinha caçula deu pulinhos. - Vem cá, tio Ben! - Chamou eufórica.

Meu irmão e minha cunhada se aproximaram para ver o sobrinho. Eva carregava a pequena Maggie de 10 meses que dormia. Era loirinha e tinha herdado os olhos peculiares do meu irmão que eram castanhos-dourados.

Eles elogiaram o Chris e Ben o pegou no colo, sorrindo para o bebê que não o estranhou.

— Esse moleque é um Oliver mesmo. Titio Ben vai ensinar a gostar do time dele. - Falou me provocando.

— Vai nada! Ele vai torcer para o meu time! - Retruquei.

— Não sejam infantis, o meu filho vai torcer para o time que ele quiser! - Jade nos cortou.

Infelizmente, vovô e vovó já tinham falecido e não estavam ali presente fisicamente conosco. Mas eu acreditava que esperitualmente sim. Podia sentir uma boa presença. Algo inexplicável.

O importante é que estávamos unidos. Minha irmã com o marido, junto com as crianças. Meus pais. Meu irmão e minha prima/cunhada. Jade e eu estávamos radiantes, casados há 1 ano e meio, e com o nosso primogênito que só veio para alegrar a nossa vida, e a de nossa família. Até seu pai e seu irmão mais novo apareceram para visitar o Christopher.

Nunca tinha visto a minha morena tão contente. Eu amava muito aquela mulher.

O que tinha começando com apenas uma mentira sem maldade, acabou se tornando uma plena e feliz realidade.

Não me arrependo de ter topado entrar nessa grande loucura. Cada momento ao lado do Oliver valeu a pena.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.