Apenas Uma Mentira?
Amigos?
P.O.V Da Jade
O Beck foi um babaca comigo, com que direito ele tinha de ter sido grosso comigo diante de sua família? Fiquei com raiva e constrangida, se ele continuasse sendo rude comigo, eu ia voltar para L.A. Nunca admiti que homem nenhum aumentasse o tom de voz para mim, e se o Oliver pensasse que poderia me tratar como quisesse só porque estava me pagando, ele estava redondamente enganado.
O moreno entrou no quarto sem bater na porta, eu estava sentada na cama, mexendo no celular. Eu não tinha tantos amigos, nunca fui popular no colégio, e os poucos que eu tinha, eu os via raramente. Meu melhor amigo era Robbie Shapiro, ele namorava uma moça que me detestava, mesmo não aprovando a nossa amizade, Robbie continuava sendo meu fiel amigo, ignorando o que a nojenta achava de mim.
Continuei respondendo as mensagens do meu amigo, fingindo não ver o Oliver que estava parado à minha frente. Sequer olhei para ele. Ouvi ele suspirar.
— Jade? - Me chamou hesitante.
Olhei para ele irritada, eu não ia bancar uma adolescente emburrada, afinal, éramos dois adultos.
— O que é? - Fui ríspida.
— Me desculpa por aquilo lá na cozinha. - Parecia envergonhado.
— Eu não gostei nadinha do tom que usou comigo. - Deixei o celular de lado após fechar o aplicativo de mensagens.
— Eu sei, e eu sinto muito, eu estava de cabeça quente e acabei descontando em você. - Se explicou.
— Hum... - Levantei. - Você não acha que exagerou com o seu irmão? - Mesmo o Ben sendo um idiota, eu fiquei com pena dele.
— Talvez... - Respondeu após pensar por alguns segundos. - Mas eu não me arrependo, sabe? Ele mereceu! - Disse sem emoção.
— Okay, eu não tenho nada a ver com isso, com essa rixa entre vocês. Só quero ficar fora desse conflito. E coitada da sua mãe, ela ficou bastante abatida. E o seu pai ficou uma fera. A Rayne têm razão de estar chateada, o Anderson também... Ainda bem que as crianças não presenciaram aquilo. Já não bastou a cena lá na pista de patinação? Foi um baque para elas. Eu não tenho sobrinhos, mas eu me importaria com eles. - Falei, séria.
— É, você têm toda razão, eu lamento por você ter presenciado aquilo. - Senti sinceridade em suas palavras.
— Sabe, você têm dois irmãos legais, a Rayne se importa muito com você e você têm sorte por ter ela como irmã, e o Ben, apesar de ser um idiota, está na cara que ele te ama também, e implicar com você faz parte do pacote, os irmãos são assim mesmo, eles amam nos infernizar. - Sorri lembrando do meu irmão caçula. - Eu daria tudo para ter a minha irmãzinha de volta... - Suspirei. - Você têm dois irmãos vivos e saudáveis, e eu só tenho um irmão, e faz meses que não vejo ele, mas ele é tudo para mim, entende? Não fique de mal com o seu irmão, faça as pazes com ele, o Ben é sua família e tenho certeza de que ele está mesmo arrependido. - O aconselhei.
— Agradeço pelo conselho, eu vou pensar, ok? Só quero esfriar a cabeça agora. - Disse sério e eu assenti.
[...]
— Como é o nome dela? - Apontei para a gata persa que se esfregava em minhas pernas, ronronando.
— Cherize. - Claire respondeu.
— Hum, nome interessante... - Comentei olhando para a gata que me encarava com aqueles olhos azuis-safiras curiosos.
— Oi, Cherize. Por quê está me encarando, hein? - A peguei no colo.
— Ela gostou de você. - Ally sorriu.
— Tia! Tia! Tia! - Ron apareceu na sala correndo, segurando um pote de biscoitos. - Abre para mim! - Pediu todo afobado.
Deixei a gata no chão.
— Cadê o tio Beck ou o tio Ben? - Perguntei.
— O tio Beck está ocupado, o tio Ben também, o vovô colocou eles para consertar o carro velho que não sai da garagem. - Respondeu o pequeno.
— Sério? - Tive vontade de rir ao imaginar os morenos brigões tendo que trabalhar em dupla para consertar um carro velho.
Ron assentiu e Ally se aproximou de olho nos biscoitos.
— Eu também quero, tia! - A pequena pediu.
— Tenham calma, eu já vou abrir. - Falei.
Abri o pote e distribuí os biscoitos. Comi alguns. Eram deliciosos com recheio de brigadeiro. Claire se juntou à nós, e eu fui na cozinha buscar suco, retornei para a sala, Cherize pulou para o meu colo, onde se acomodou toda relaxada, e eu passei a tarde assistindo filmes em animações com as crianças, com a gata da família dormindo em meu colo.
[...]
P.O.V Do Beck
Lá estava eu sendo obrigado a consertar o Fusquinha de relíquia do meu pai junto com o Ben, era o nosso castigo. Nosso pai sempre nos colocava para trabalhar juntos toda vez que havia algum desentendimento sério entre nós. E aquela briga nos rendeu aquele castigo, só íamos sair daquela garagem quando consertássemos o Fusquinha que estava há anos parado ali, ou seja, havia muito trabalho à fazer. E o objetivo de nosso pai, era que fizéssemos as pazes.
— Me passa a caixa de ferramentas. - Ben pediu.
— Por quê você não pega? - Indaguei.
— A caixa está do seu lado, o que custa me fazer esse favor? - Perguntou.
Bufei e empurrei a caixa com o pé. Ben revirou os olhos.
— Valeu. - Murmurou.
— Temos que arrumar o motor. - Falei.
— É, eu já dei uma olhada. O motor está falhando. - Disse vasculhando a caixa de ferramentas.
— Vou trocar os pneus da frente. - Avisei.
— Tá. Deixa o motor comigo... - Disse e eu assenti. - Beck? - Me chamou.
— O quê é? - Perguntei.
— Sinto muito, de verdade. Eu sei que está com raiva de mim e com razão. Eu não deveria ter dado em cima da sua noiva, e de nenhuma das garotas que você namorou. Eu errei feio com você, e juro que estou muito arrependido. Nunca mais farei isso, não vou mais pisar na bola com você, mano. Me perdoa? - Ben estava com os olhos marejados.
Suas palavras me comoveram. Ele estava sendo sincero. E queria o meu perdão. Errar é humano. E todos merecem uma segunda chance. E meu irmão estava ali na minha frente, arrependido, o que acabou me tocando, deixando-me emocionado. Pensei no conselho que Jade havia me dado e tomei a minha decisão.
— Eu te perdôo, irmão! - Falei de todo o coração, sendo sincero assim como ele.
Ben abriu um sorriso, os olhos marejados deixaram as lágrimas escaparem e não consegui conter as minhas. Nos abraçamos fortemente, os dois suados e sujos de graxa e óleo de carro. Dei tapinhas em suas costas, ele me apertou.
— Está tudo bem, irmão, tudo bem. - O consolei.
Rompemos o abraço e Ben fungou, enxugando as lágrimas, sujando o rosto que já estava sujo de graxa, e estava com hematomas também causados por mim.
— Lamento pelos socos que te dei. - Pedir desculpas era o certo à se fazer.
Ele não havia me agredido, nem tinha feito menção de retrucar. E reconheci que exagerei um pouco. E foi tudo no calor da raiva.
— Eu mereci. E cara, você sabe socar forte. - Riu me fazendo rir também. - Amigos? - Estendeu a mão direita.
— Amigos! - Apertei sua mão com firmeza.
Após fazermos as pazes, voltamos a trabalhar no Fusquinha, se não consertássemos, o nosso pai não ia nos deixar sair dali tão cedo. Enquanto consertávamos o carro, a gente conversou bastante, e foi um papo descontraído e amigável, e lá estava eu tendo uma tarde tranquila e maravilhosa após anos de rixa com meu próprio irmão, e Jade tinha razão, apesar do Ben ser um grande idiota, ele era meu irmão, sempre seria minha família, e apesar de tudo, nos amávamos.
E a partir daquele dia, a minha relação com o Ben melhorou e muito. E eu estava muito feliz.
Fale com o autor