-I will never let you fall

I'll stand up with you forever

I'll be there for you through it all

Even if saving you it sends me to heaven

Uma voz masculina desconhecia pronunciava uma musica. Ela estava cordada com os olhos fechados, mantendo a escuridão dentro de sua mente.

- Eu sei que você está acordada.

Luna estava deitada no banco do passageiro, ao lado de Erick.

- Minha cabeça dói. – Luna deslizou os dedos em seus cabelos sumidos e bagunçados.

A chuva estava forte e a neblina estava muito densa. Sua jaqueta estava sobre o corpo de Luna.

Um Raio cortou o céu.

- Onde estamos indo ? – O banco estava deitado. Já que havia desmaiado quando encontrou Erick.

- Pra casa. – Erick olhou para o céu – Se chegarmos vivos até lá...

Os olhos de Luna estavam abertos e olhava fixamente para ele.

- Por que você estava lá? – Seus dentes batiam um nos outros.

Erick ergueu as sobrancelhas.

-It's ok. It's ok. It's ok.

Seasons are changing

And waves are crashing

And stars are falling all for us - Sua voz rouca e afinada, acompanhava a letra da musica enquanto seus dedos repousavam na testa de Luna.

Seus olhos continuavam na estrada. A cada segundo que se passava, a chuva apertava e a visibilidade piorava.

- Cacete. – Voltou sua mão para o volante.

Luna sentou-se e destravou o banco para voltar ao normal. O carro foi diminuindo a velocidade a cada centímetro que andava. Erick fazia movimentos com o compro com a tentativa de fazer o carro continuar a andar.

-Vamos! Vamos, Falta pouco.

- O que está acontecendo ?

O carro parou. Ele girou a chave e o carro não pegou. Girou novamente e nada.

- Acabou a gasolina. – Mordeu os lábios inferiores .

O freio do carro estava solto. Abriu a porta do carro e o empurrou até o acostamento. A chuva caia em suas costas. – Você fica aqui! Eu vou ver se eu acho algum posto por aqui! NÃO SAIA DO CARRO EM HIPOTESE ALGUMA ! Entendeu ?

-Mas..

Ele bateu a porta.

Seu vulto sumiu depois de três passos dados. Luna estava sentada com a cabeça apoiada no vidro. Sua respiração quente embaçava o vidro. Seus dedos faziam desenhos abstratos. A música havia acabado e havia apenas um ruído baixo dos alto-falantes.

Quinze minutos se passaram e um vulto apareceu entre a neblina densa. Luna estava concentrada em seus desenhos abstratos no vidro, quando Erick abriu a porta do carro.

- O carro vai ficar aqui. Nós vamos a pé até um Hotel que tem aqui perto. Amanha o guincho vem e pega o carro e nós.

-AMANHÃ?

As gotas de agua escorriam do seu cabelo.

-Vamos, é perigoso ficar aqui. – Erick saiu do carro. A chuva estava tão forte, que mal podia ver um palmo a sua frente.

Luna desceu do carro e a agua gelada tomou conta de seu corpo. Seus dentes batiam um aos outros. Ele foi até ela e segurou sua jaqueta aberta sobre a cabeça dela.

- Vamos. - Luna passou seus braços pela cintura de Erick.

Andaram alguns quilômetros na chuva até enxergarem uma placa com luzes vermelhas que piscavam.

Entraram na recepção. Suas roupas estavam encharcadas e grudadas em seus corpos. Luna torceu o cabelo, fazendo uma poça d’gua na porta do “hotel”.

Um homem gordo que comia uma rosquinha de baunilha com cobertura de chocolate, colocou uma chave em cima do balcão.

-Vão querer pagar agora ou depois?

- Depois. – Erick se aproximou do Balcão e pegou a chave. Agradeceu fazendo um gesto com a cabeça. Seus dedos tocaram o pulso de Luna, segurando-a. Subiram as escadas a procura do apartamento.

- 301... 302 ... 303 ... 304.. 305 !

Luna estava encolhida.

- Chegamos. – Erick deu um sorriso.

No quarto, havia apenas uma cama de casa e um criado mudo. Em cima do criado, havia um telefone antigo, amarelado. Ao lado da porta do quarto, havia outra porta que dava para um banheiro minúsculo.

- Só tem uma cama.

Erick olhou pasmado para Luna

- aonde você vai dormir?

- Na cama?

Erick entrou logo depois de Luna no quarto. Bateu a porta e a trancou.

-Mas que pergunta foi essa? – Erick entrou no banheiro e bateu a porta.

Um trovão ecoou pelo céu, as luzes piscaram e apagaram.

- NÃO ENCHERGO NADA. – Luna ficou paralisada.

Erick saiu do banheiro com as costas nuas. Estava apenas com uma calça jeans preta baixa, que mostrava suas roupas de baixo. Foi direto na gaveta do criado mudo e passou a mão procurando velas. Tinha um pacote de velas brancas e uma caixa de fosforo com apenas um fosforo dentro.

A cabeça do fósforo riscou a caixa, fazendo uma chama acender. A vela estava acesa e apoiada no cinzeiro. Ele virou lentamente segurando o cinzeiro com a vela.

-Divirta-se acendendo velas. Não coloca fogo nas cortinas.

Entregou a vela para Luna. Ela segurava a vela. O ar quente da vela aquecia sua face.

- Não... – Luna olhava para um ponto fixo na escuridão.

Erick suspirou e caminhou para perto de Luna. Ele segurou em suas mãos que seguravam o cinzeiro com a vela. A pequena chama iluminava a face de ambos.

- Não tem do que ter medo.

- Eu não estou com medo. – Sua voz saiu sussurrada.

-Então por que não quer ficar só? – sussurrou também.

Seus olhos estavam fixos ao dele.

- Eu não gosto de ficar só. Não sei... Parece que ... –Ela pausou

- Parece que.... ? – Erick aproximava seu corpo lentamente do dela.

-É besteira – Os sussurros continuavam.

-Não é. Pode falar. – Erick segurava o cinzeiro agora.

- As vezes, eu sinto que tem alguém. Acho que ... imaginação.- Mordeu os lábios inferiores levemente.

- Não acho.

-Não acha?

-Não. – Erick mordeu os lábios inferiores levemente.

- Por que não?

Os dedos de Erick deslizaram sobre as mechas encharcadas de Luna.

- Por que eu sei que na escuridão, alguns se alimentam.

O corpo de Luna deu uma tremida involuntária.

- Tá frio aqui. – Mesmo com a vela acesa, saiu fumaça de sua boca.

A chuva apertava mais. Outro estrondo e a luz voltou. Os corpos estavam próximos um dos outros. A respiração de Luna estava quente.

- A luz voltou.

Luna estava hipnotizada. Seu corpo estava grudado no chão. Sua mente estava vazia. Não conseguia controlar nenhum dos seus movimentos. Seu corpo tremia involuntariamente.

Ele olhava para os olhos dela e para seus lábios. Seus dedos gelados deslizaram pela cintura dela ao mesmo tempo em que dava alguns passos para frente, colando seu corpo no dela. Seus corpos estavam tão juntos. Que ele pode sentir o coração dela pulsar dentro do peito.

Seu corpo tremia mais, a cada segundo que o corpo dele encostava-se a ela, mais frio ela sentia. Ele estava gelado, seus olhos estavam frios e vazios. Aquilo começou a angustia-la. Seus dedos molhados ainda pela chuva encostaram-se à pele branca.

As gotículas de agua que caiam do céu batiam contra vidraça. Os dedos dela deslizaram pelos músculos do peito até chegar a seu pescoço. A ponta de seu nariz encostou-se ao dele. Ele levantou levemente a cabeça, fazendo uma “caricia” com a ponta do seu nariz no dela. Seus dedos estavam no passante da calça dele. Segurando seu corpo mais perto do dele. Sentia sua mão gelada, repousada em sua lombar a pressionando contra seu corpo. Sua mão que estava em seu pescoço, acariciou o rosto com a barba mal feita. Ambos fecharam os olhos.

- Eri...

Seu dedo indicador tocou os lábios arroxeados de frio, fazendo-a calar. Seus lábios encaixaram-se. Seus lábios se entreabriram e suas línguas se entrelaçaram. Seus dedos deslizaram para a nuca dele.

Suas mãos deslizaram rapidamente para as coxas da Luna. Ele a Levantou. Suas pernas se entrelaçaram em sua cintura. Suas mãos estavam em sua nuca. O beijo era intenso. Seus corpos estavam encaixados perfeitamente um no outro.

Erick deu alguns passos para o lado com ela em seu colo. Deitou o corpo esquálido na cama e seu corpo por cima. A Perna dela estava dobrada no meio das pernas dele. Ela mordeu os lábios inferiores dele levemente.

Seus lábios deslizaram pelo pescoço dela enquanto ela segurava seus cabelos negros com força. Seus lábios se encontraram novamente. Suas unhas estavam encravadas nas costas dele. Seus dedos deslizaram até chegarem ao meio de suas costas e irem de encontra a sua cicatriz.

Seus olhos arregalaram. Os brilhos de seus olhos sumiram. O ar não chegava até seus pulmões. Seu coração se encheu de angustia, dor e desespero. Seus olhos ficaram cheios de lagrimas e um grito agudo saiu de sua boa. Foram os 7 segundos mais angustiantes de sua vida, até ele retirar seus dedos de sua cicatriz.

Sua respiração ficou curta e ofegante. Ele se afastou dela. Sentou-se na beirada da cama de costas para ela. Sua marca estava ali. Aquilo o fazia lembrar-se de sua origem e o seu destino. Caçar almas.

- Você tem a mesma cruz que tinha em todos os lugares daquele lugar.

Ele Levantou da cama.

- O que é isso? Por que a cruz de ponta cabeça?

- É um símbolo anticristo.

Luna se levantou e caminhou até ele. Seus dedos tocaram sua pele branca. Ele se virou e segurou os pulsos dela. Seus olhos olhavam para dentro de sua alma. Ele sacudiu a cabeça com movimentos curtos e lentos, fazendo um sinal de negação.

- Você não pode cair em mãos erradas. – Sua voz saiu baixa rouca. - Isso não é uma escolha.

-Nós sempre temos escolhas. Mãos erradas?

- Eu não tenho escolha.

Luna deu um sorriso.

-Todos nós temos escolas – ela deu de ombros.

- VOCÊ NEM SABE O QUE EU SOU. – sua respiração estava pesada. Luna o olhava espantada.

Ele a largou.

- Você... – ele bagunçou o cabelo com os dedos. – Você nunca mais sentirá isso de novo. – seus dedos tocaram a pele fina e delicada dela.