Apenas Escritos
Apenas 4
Calmaria
Olho pra fora,
minha alma esfria...
De onde é que surge
essa minha agonia?
Crio meus sonhos
e esboço meus planos.
Busco tranquilidade;
encontro desenganos.
Recrio o mundo,
deixo-o do meu jeito
impondo meus desejos;
sou um arquiteto.
Olhos no trânsito,
coração acelerado.
Fecho os meus olhos,
respiro calado.
Reorganizo as bagunças
que as pessoas criam,
transformando-as em nuvens
que se dissipam,
se distanciam.
Minha mente se renova,
resplandece de ideias,
se abre para o conhecimento,
se divide em questionamentos:
Teorias biológicas,
físicas ou ideológicas
apresentam seus argumentos;
sou eu quem dou o consentimento.
Explico meus pontos de vista,
entramos em debates
e antes que me explique de novo,
a buzina toca estridente:
o sinaleiro se abre.
Meu mundo se vai,
os problemas voltam,
me angustio novamente
e se inicia uma revolta:
minhas ideias se descontrolam.
Acelero nervoso:
minha vontade de chegar é grande
para reorganizar o debate,
que agora mais parece um combate.
Quando posso voltar
para meu mundo imaginário,
me impressiono com a bagunça:
quase um cemitério!
As ideias mais cansadas
procuravam descansar,
renovar seus conhecimentos
para de novo conversar.
As mais eufóricas continuavam
no centro a discutir:
falavam e não se cansavam,
se feriam sem desistir.
Me coloco no meio,
chamo suas atenções:
"Podemos discutir,
mas não atacar nossos irmãos".
Elas concordam, relutantes,
que temos que nos unir
mesmo com pensamentos contrários,
para não virmos a ruir.
Quando tudo se organiza
e todas enfim se tranquilizam,
compartilhamos de um silêncio
que a todos estabiliza.
É restaurador
sentir o ambiente,
libertar a mente,
ouvir o silêncio.
Dentro de mim
reencontro minha paz
junto às minhas ideias,
minhas pequenas alegrias.
É aqui que acaba
os meus estresses sem fim;
é aqui que começa
minha calmaria, meu sim.
Meu sim ao silêncio,
à calma e à solidão;
meu sim ao desespero
de me perder na ilusão.
Ilusão de calmaria
que o mundo retira;
ilusão de tranquilidade
que minha alma respira.
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