Apagando Peeta Mellark da minha vida

Capítulo 2 | O dia em que vi o que o passado me queria reservar


—Bom-dia Katniss - eu não acredito que mal saio de casa me tenho que cruzar com ele. - Finnick.

—Bom-dia Peeta - cumprimento-o com um sorriso falso.

—Não ligues, ela assim para as pessoas de quem gosta - eu prego-lhe uma cotovelada e ele protesta. - Ai! Isso dói, sabias?

—Olhar para ti todos os dias também - reviro os olhos e vou para o carro.

Quando arrancamos para a escola a única coisa que se ouvia era o Shawn Mendes, sim, eu sou muito fã e o Finnick acaba por ter que levar com as músicas.

—Acho que vou procurar o meu pai - diz ele do nada. - Queria falar com ele e saber porque me abandonou.

—Finnick, tens a certeza que estás preparado para isso? Passaram-se quase 18 anos, tu não sabes quem ele é hoje em dia - eu quero proteger o Finn de apanhar uma grande desilusão, eu sei que nós estamos sempre a provocar-nos, e fazemos aquela diferença dos meios-irmãos, mas nós adoramo-nos e ele é meu irmão apesar de ter um pai diferente.

—Mesmo assim, ele e a mãe acabaram antes de eu nascer, eu quero saber quem ele é - o Finnick teve como pai o meu, isto até ele nos abandonar. - Eu posso ter tido um pai adotivo, mas do biológico ninguém sabe, nem o nome dele eu sei, Katniss.

—Ok, se precisares de mim para isso, estou aqui para ti - ele sorri e estaciona o carro, cada um vai para o seu lado.

—Jojo - ela está a dar em cima do Cato e eu arrasto-a. - Peço desculpa, Cato, mas é mais importante que qualquer outra coisa que vocês estavam a fazer.

—Não faz mal, Katniss - eu arrasto-a e ela solta-se.

—Katniss Everdeen, não viste que eu estava ocupada? - ela parecia aborrecida. - Que drama é que aconteceu com o Peeta agora?

—O problema não é o Peeta - ela arregala os olhos.

—Não é culpa daquele rapaz que te magoou ontem o dia todo e que agora é um dos vizinhos mais atraente que tens? - ela estava era a gozar comigo mas eu permaneci séria.

—É culpa do Finnick - ela continua divertida.

—Ah, então é do rapaz atraente que vive na tua casa! - eu faço cara de nojo.

—Jojo! - ela ri-se. - É sério o assunto. O Finnick quer ir atrás do pai.

—Mas ele sabe o que aconteceu perfeitamente, ficou tudo claríssimo, ele deixou-vos, saiu de casa e mudou de Estado - eu odeio lembrar-me do meu pai, mas isso é uma história completamente diferente.

—Não, ele quer conhecer o pai biológico dele - ela ficou escandalizada.

—Agora? Mas passaram quase 18 anos e ele nunca mostrou interesse nisso. Ele já falou com a tua mãe. - abano a cabeça negativamente.

—Não só não falou com ela, como de certeza não o vai fazer tão cedo. Eu acho que ele pensa que a minha mãe o vai pará-lo - ela bufa.

—Vais ajudá-lo? - pergunta-me.

—Prometi que estaria lá para ele, mas foi mais no intuito de não querer que ele tenha uma grande desilusão, foram quase 18 anos, não se sabe quem ele é hoje - quando acabo de dizer isto toca e vamos para a sala, vamos ter Biologia. À minha frente tenho o Peeta e a Madge, aquele miúdo parece que me persegue.

—Katniss - ele vira-se para trás. - Penso que é melhor avisar-te de que hoje vou jantar a tua casa.

—Vais jantar aonde?- estou surpreendida.

—A tua mãe convidou-nos para ir jantar a tua casa, vais conhecer o meu irmão mais velho e a minha irmãzinha - o Peeta tem mais dois irmãos?

—Bem, sendo assim, não tenho outro remédio que não ver-te hoje à noite - digo meia contrafeita. Com estes problemas todos, agora ainda tinha que levar com ele, sinceramente o mundo não está a meu favor.

A aula começou e estivemos a dar a constituição e o tipo de células existentes, o que convenhamos, é bem secante. A Jojo chegou a adormecer, mas eu acordei-a antes que o professor reparasse.

—Para amanhã quero que me resumam esta aula, ou melhor, a matéria dada e não as piadinhas ou os sonhos que tiveram enquanto ressonavam - ele olha para a Johanna.

Saímos da aula e eu fui ao cacifo pousar os livros de Biologia e buscar os de Matemática, a aula que eu teria em seguida e que até sou boa.

Quando estava a ir para o bar fiquei a olhar para a pessoa que se aproximava, olhos cinzentos, cabelo castanho escuro e alto. Gostaria de dizer que é o Gale, o meu primo, mas não é. Quem é o homem de quem estou a falar? Aquele que me abandonou a mim, à minha irmã que não era nascida na altura, à minha mãe e ao Finnick, tudo por outra mulher e outra família. Deixo os meus livros cair e ele olha para mim, contenho as lágrimas, eu proíbo-me de chorar por causa dele, ainda mais se for à frente de alguém.

—Estás bem? - acho que lhe vou passar a chamar "Estás bem", está-me sempre a perguntar isso. - Katniss! Que se passa? Porque é que estás a olhar para aquele homem?

—Esquece, vamos só sair daqui - eu vou-me embora e o loiro vem atrás de mim.

—Não esqueço nada, tu não estás bem. Deixa de ser orgulhosa, deixa-me ajudar-te! - ele olha para mim e eu respiro fundo a tentar engolir o nó na garganta que tenho devido ao facto de não chorar ali.

—Aquele homem é o meu pai - digo e continuo a caminhar.

—O teu pai? Porque é que ele não veio ter contigo? - ele alcança-me de novo.

—Não quero falar acerca disto, Peeta. Respeita isso! - ele engole em seco, devo ter sido demasiado agressiva, mas não ligo. Deixo-o o plantado e vou para perto do Finnick.

—Babyzinha? Que fazes aqui? - ele está com o Nate, um amigo dele.

—Eu preciso de falar contigo urgentemente, podes vir comigo? - ele assente sem perceber. - Desculpa Nate, mas tem a ver com a família.

—Sem problemas, Katniss - ele diz.

—Que se passa? Babyzinha? - eu estava de mão dada com ele a correr para o mais isolado possível.

—Ele está aqui e nós vimo-nos - ele fica sem perceber. - O meu pai está aqui na escola.

—Ele viu-te? - eu assinto. - Eu tenho uma conversa a ter.

—Finnick, deixa ver o que ele cá veio fazer e depois analisamos a situação, eu só precisava mesmo de falar contigo - a minha voz começa a arrastar demasiado e aí já sei o que se passa, começo a chorar abraçada a ele.

—Katniss, não vale a pena chorar por alguém como ele, um idiota de todo o tamanho, ele não vale nada - o pior é que ele tem razão.

Quando toca vou para a sala já de olhos limpos, como se nada tivesse acontecido, cabeça erguida e bola para a frente. Eu odeio a professora de matemática, a Coin, acreditam que me pôs ao lado do Peeta? Eu sei que ela me odeia, mas isso é demais!

—Estás melhor? - vá lá que já mudou de frase. Eu não respondo. - Katniss, fala comigo, deixaste-me preocupado.

—Sim, mas não vamos falar disso, não falo disso com ninguém e quero que continue - crio a barreira e limito-me a fazer as tarefas propostas pela professora.

O resto da aula passa silenciosa, ele não se dirige mais a mim e eu tão pouco o faço. Se ficou chateado, problema dele, se bem que eu não queria que ele ficasse chateado. Que é que importa o que ele pensa? A sério Katniss Everdeen, tens cada uma!

Assim que a aula acabo tenho educação física e felizmente hoje vai dar-se o acontecimento mais giro de sempre, vamos fazer ginástica acrobática! Imaginem a minha felicidade, não é? Eu sou péssima a tudo menos a isto, vou finalmente tirar boa nota.

—Hoje vamos dar ginástica artística - ele diz e toda a gente protesta, a Jojo, a Madge e a Annie olham para mim como quem me quer dizer "É a tua hipótese!", e é mesmo a minha única hipótese. -Visto que este ano quero que façam as coisas com mais técnica, precisamos de ajudante para demonstrar as coisas e aplicar as correções necessárias, Katniss levanta-te e ajuda-me.

—De que precisa? - ele olha de mim dos pés à cabeça, o que me constrange um pouco.

—Preciso que voltem todos para os balneários, aqui têm os uniformes que a escola providenciou para cada um de vocês - a minha escola anda a evoluir. Eu pego no meu fato e tem as cores da escola com o seu símbolo, bastante simples. Chego ao balneário e dispo-me, visto o fato e ajudo outras as minhas amigas a arranjarem-se.

Voltamos rapidamente e os rapazes já estão lá, mal entro e vejo o Peeta com os músculos à mostra fico completamente boquiaberta, mas a Jojo empurra-me e eu vou para perto do professor.

—Conheces os movimentos em inglês? - eu assinto. - Fantástico, porque eu só os sei em inglês - juro que me quis rir, mas contive-me. - Handstand (pino).Elbowstand (este é um pino mas em vez de ser com as mãos, é com os cotovelos também apoiados no chão). Cartwheel (roda). Backhand-Spring (é fazer o pino para trás com o apoio das mãos). Bridge (ponte). Front Aerial (pino sem o apoio das mãos). Side Aerial (roda sem o apoio das mãos). Split (espargata). Pronto, isto é o básico, para não falar dos rolamentos, claro. Aquecer. Katniss, tu ficas com o grupo da esquerda e eu da direita.

Eu fui fazer o meu aquecimento do costume, alongar as pernas, fazer flexões, as minhas espargatas, as minhas pontes, os meus pinos, até caminhei durante eles. Toda a gente ficava a olhar para mim. Ia ajudar a fazer as coisas quando vi que tinha ficado com o Peeta. Todos começaram pelo pino, eu fiquei ao lado para ajudar. Alguns ainda tinham muita falta de equilíbrio, mas fiquei surpreendida ao ver o Peeta fazer tão bem.

Quando fomos fazer as rodas, aí ou faziam muito bem, ou era o fracasso total, um desastre. Tive que fazer as correções, todas e mais algumas, uns não esticavam os braços, outros não esticavam as pernas. Assim que chegou a vez do Peeta ele perdeu o equilíbrio e caiu arrancando algumas gargalhadas.

—Acreditem que maior parte de vocês é pior! - protesto e eles calam-se. - Tenta de novo.

—Não consigo - diz ele depois de repetir.

—Eu já vi o teu problema, não alinhas bem as mãos e depois tens dificuldade em virar. Por tua sorte, ficaste comigo como instrutora - ele sorri, não sei porquê, mas estou a ser extremamente simpática com ele. - Professor, tem giz?

—Giz? Mas tu achas que quê? Isto não é uma sala de aula dos anos 90! - reviro os olhos, homem mais ignorante. Fui à minha mala e trouxe de lá, marcando no chão dois pontos bem visíveis.

—Põe-te de frente e coloca as mãos em cada um dos pontos - ele fá-lo todo dobrado. - Não é assim. Gente, todos a prestar atenção, para ter uma roda bem feita, vocês têm que estar bem esticados, ou seja, os braços quando pousarem no chão têm que estar esticados, bem como as pernas. Isso mesmo, Peeta. Agora sobe as pernas para mim, eu estou a segurar-te. Viras-te um pouco sem tirar as mãos do chão, tira a mão anterior e agora pões um pé em frente ao outro. Exato. Tenta sozinho. - daquela vez ele consegue fazer bem e fico satisfeita. Ajudo os restantes no que têm dificuldade e entretanto vamos para o balneário.

—Eu não aguento aquele professor, só sabe por defeitos e ajudar que é bom nada! - a Jojo reclama. - Katniss para a próxima fico contigo!

—Mas olha que ela muito ocupada a ajudar o meu primo, não reparaste? - a Madge já está a fazer filmes.

—Ajudei o teu primo e os restantes - ignoro os comentários que elas fazem, porque não se aproveita nada do que sai daquelas bocas.

Assim que saio juntamente com elas recebemos uma mensagem, tal como toda a gente. Isto de morar em Nova Iorque é assim, eu tenho uma mínima ideia do que aconteceu. Quando abri o que era fiquei boquiaberta.

Spotted: Finnick Odair e Serena Van der Woodsen começam um novo ano em brasa, então e o Lonely Boy, S?

Eu não acredito nisto, aquela... aquela... argh! No que é que o Finnick estava a pensar quando dormiu com ela?

Quando estou a caminhar nos corredores para o encontrar, a Blair e o Chuck param-me.

—Little K - ela chama-me.

—O meu nome é Katniss - sorrio ironicamente.

—Sim, Katniss. Tu vais dizer ao teu irmão para deixar a Serena em paz - eu reviro os olhos. - Não me revires os olhos.

—Reviro se eu entender e sabes que te digo, Queen B? Eu quero mesmo que a S se separe do meu irmão, não me agrada! Agora com licença, tenho uma conversa pendente - respondo-lhe de letra.

—Gosto dela - o Chuck afirma.

Não fico para ouvir o resto, quando dou a curva no corredor vejo que está a haver uma discussão enorme entre o Gale e o Finnick, o meu primo deve estar a dar-lhe tantas na cabeça, eu não tenho pena nenhuma.

—Finnick Odair! - eu lanço-me a ele. - Tu tens a mínima noção do que te meteste? Estás na Gossip Girl! - ele bufa.

—Eu sei, poupem-me os raspanetes, eu sei o que aconteceu, agora podem deixar-me em paz! - ele vira-nos as costas.

As restantes aulas passam num ápice, tal como o treino, parece que o tempo passava cada vez mais rápido para o jantar chegar. Quando cheguei a casa tomei um banho e vesti-me, deixei o meu cabelo solto e desci mesmo a tempo de abrir a porta.

—Boa-noite - dou-lhes passagem a todos. - Entrem, sintam-se em casa.

—Boa-noite - dizem todos ao mesmo tempo.

—O meu nome é Elena Mellark, mas chama-me Elena. Este é o meu marido, Michael Mellark - dou dois beijos a cada um.

—Chama-me Michael, ou Mike, por favor - eu assinto. - Este é o nosso filho mais velho, Theo Mellark - o rapaz é lindo, alto, musculado, cabelo loiro escuro e olhos azuis.

—Olá - ainda tem um sorriso lindo. Dá-me dois beijos na face.

—Olá - faço o mesmo de volta.

—O Cato e o Peeta são os gémeos - a mulher apresenta-os.

—Eu sei, nós fazemos algumas disciplinas juntos - ela surpreende-se.

—Então tu és a Katniss de quem o Peeta passa a vida a falar! - ele fica ruborizado.

—Não mentiste maninho, ela é muito linda - com que então o Peeta acha-me linda, interessante.

—Por fim, mas não menos importante, temos a nossa menina, a Crystal - a miúda não devia ser muito mais nova que eu, talvez um ano ou dois. Era a típica Mellark, branca, loira e de olhos azuis.

—Olá! - cumprimento-a. - Bem, peço desculpa pelas próximas cenas a que vão assistir. FINNICK MATTHEW ODAIR, OS MELLARK JÁ CHEGARAM!

—Desculpem por este atraso, mas tinha que ficar apresentável - diz.

—Finnick, estes são Elena e Michael Mellark, este rapaz é o Theo, temos os gémeos que já conheces e a Crystal - apresento toda a gente.

—É prazer conhecer-vos - ele cumprimenta cada um.

—Peço desculpa pelas próximas cenas que se vão seguir, de novo - ele riem. - PRIMROSE VIOLET EVERDEEN! OS MELLARK CHEGARAM, SAI DESSE QUARTO E VEM CÁ ABAIXO!

—Já te disse para não me chamares Violet - ela desce meia irritada mas põe um sorriso na cara para os Mellark. - Olha os gémeos lindões!

—Prim! - repreendo.

—Que foi? Eu já os conheço a todos, a Crystal é da minha turma, os gémeos conheço porque tu distrais-te com o Peeta e o Theo, é porque foi buscar a Crystal e porque é amigo do Gale - sinto-me pouco informada.

—Mas já que a KitKat resolveu revelar os nossos nomes do meio, apresento-vos Katniss Destiny Everdeen - fico revoltada.

—Tens um nome tão lindo, Destiny - o Peeta pega comigo.

—O nome dele não é melhor, não é verdade, Peeta Benjamin Mellark? - contenho o riso.

—Tu também, Benjamin - neste momento a Elena e o Michael começam a rir.

—Lembraste da última vez que vimos uma tensão assim? - eles parece que voltam no tempo.

—Se não me lembro... - fico muito confusa.

—Da última vez que vimos dois adolescentes a trocarem esses olhares e essa postura, foi aqui, em Nova Iorque, em Upper East Side. Hoje são casados e têm filhos - ficamos todos a olhar para eles. - Somos nós!

—Ahhh - dizemos em coro.

—Como eu me lembro deles - a minha mãe surge na escada.

—Aurora! - a Elena abraça-a.

—Há quanto tempo! - espera lá, há algo que não nos contaram.

—Lembraste de nós na Constance? - elas começam-se a rir.

—Como se tivesse sido hoje. Michael, meu melhor amigo desaparecido! - eles abraçam-se.

—Ok, que raio se passa aqui? - perguntamos todos ao mesmo tempo.

—O gangue voltou - eu fiquei mais confusa ainda com as palavras deles. - Só falta o Carter.

—Quem é o Carter? - eu calculo que saiba quem é, já que a minha mãe faz sinal para ela se calar.

—Um amigo nosso - responde.

—Exato, vamos ao jantar. Olga, pode servir o jantar, por favor - a Olga é a nossa empregada brasileira, é muito doce e criou-nos desde pequenos.

—Enquanto estivemos com os teus filhos, tenho que admitir que tens um gosto peculiar para nomes - diz a Mellark.

—Tu não ficas atrás - rimo-nos.

—Finnick? - todos nos rimos porque ele achou que o estivessem a chamar. - Katniss? Destiny? Violet? Primrose?

—Finnick eu criei. Tu sabes o que quão eu adorava o nome Flyn, e quando fui à Grécia e conheci aquele deus grego, passei a adorar Dominick, como só podia escolher um juntei os dois e adaptei um pouquinho - é mesmo à minha mãe.

—Ewww, mãe! - o meu irmão parecia completamente enojado. - O meu nome veio de um rapaz que tu.... ewwww.

—Qual a explicação para o meu? - pergunto.

—Tu ias ser Destiny Hope, fica contente porque te chamares Katniss - realmente a minha mãe é doida. - Que foi? Eu não queria que os meus filhos tivessem típicos nomes de Upper East Side, se eu quisesse o Finnick teria sido o... Dylan, tu terias sido... Maddison e a tua irmã teria sido... Melanie! Mas contem-me vocês os nomes dos vossos filhos.

—O mais velho é o Theo Aaron Mellark, os gémeos são o Peeta Benjamin Mellark e o Cato Nicholas Mellark, a menina é a Crystal Valentina Mellark - diz o Mellark adulto.

—Benjamin - rio.

—Destiny - ele retribui.

—Vocês são a Elena e o Mike - diz a minha mãe.

—Ewww - digo. - Eu e o Benjamin é que nunca.

—Ela ainda vai querer, não é Destiny? - o Finnick começa a rir.

—Cala-te, Odair! Tu estás com a Van der Woodsen - ele olha para mim reprovadoramente. - Que foi? Já toda a gente viu.

—Há quanto tempo não vês a Lilly? - agora fico ainda mais confusa.

—Vocês conhecem a Lilly? - eles assentem.

—Nós andamos na mesma escola na mesma altura, andamos com ela, e com a Eleanor Waldorf, nós fomos as Queens quando elas foram embora - elas parecem lembrar-se.

—Peeta e Cato, como vai St. Judes? - pergunta a minha mãe.

—Vai bem, fizemos uns amigos e toda a gente é simpática - dizem.

—Esperem até ver o verdadeiro lado dos miúdos e das miúdas de Upper East Side com a Gossip Girl, especialmente da Serena, da Blair, do Dan, do Chuck e do Nate - eles ficam a olhar para mim.

—Katniss, porque não mostras o jardim aos Mellark? - sugere a minha mãe.

—Theo, porque não vamos jogar? - convida o Finn.

—Por mim pode ser - aceita.

—Eu também vou! - diz o Cato, o Peeta não se pronuncia.

—Eu posso ir com a Crystal para o meu quarto? - a minha mãe assente.

—Pronto, então vai mostrar o jardim ao Peeta, Katniss - eu vou com ele lá para fora.

—Porque é que não foste com os rapazes? - questiono.

—Porque eu gosto de passear e ver as estrelas - ele diz.

—O Carter é o teu pai - nego com a cabeça.

—Provavelmente deve ser o pai do Finnick - respiro tranquilamente.

—Eu tinha outra irmã - ele diz do nada e eu olho para ele. - Estava entre o Theo e eu e o Cato, a Grace. Elizabeth Grace Mellark.

—Como assim tinhas? - ele suspira.

—Ela matou-se - fiquei em choque. - A Grace era deslumbrante, mas entregou-se à pessoa errada, o vídeo correu a escola toda, gozaram com ela, tratavam-na mal, um dia encontrei-a na banheira mergulhada numa poça de sangue, cortou os pulsos.

—Eu lamento imenso, Peeta - paramos de caminhar e ele olhou para uma tulipa que eu tinha.

—A Grace era loira e tinha olhos azuis, parecia uma princesa. Ela adorava tulipas, se não soubesses que lhe oferecer como presente de aniversário, uma tulipa bastava. Ela odiava que lhe chamassem Elizabeth, ou Beth, ou Betty, nada que tivesse a ver com o primeiro nome porque ela odiava-o. Lembro-me que ela dizia que iria retirar aquele nome e ficar apenas Grace Mellark - ele parecia quase chorar.

—Parecia ser uma boa pessoa - digo, eu não sei o que é perder uma irmã.

—Ela podia parecer uma típica Mellark, mas não era. A Grace era mais inteligente que nós, mais delicada do que qualquer Mellark que alguma existiu, existe ou existirá, mas acima de tudo ela era a mais doce de todos nós. A situação poderia ser péssima mas ela tinha sempre um sorriso positivo, um abraço acolhedor e a palavra certa para nos levantar - vejo uma lágrima a escorrer-lhe pelo rosto e abraço-o por impulso, ele retribui. - Desculpa, eu estou a chatear-te com os meus problemas, não te queria aborrecer e massar com os meus problemas.

—Nada disso! Eu fiquei contente por saber dela, quer dizer a pessoa que ela foi, não o que aconteceu - ele riu com a minha trapalhice.

—Eu percebi. Bem, em que é que estás a pensar neste momento? - ele apanhou-me de surpresa.

—Que amanhã vamos fazer acrobática de novo! - festejo e ele gargalha.

—Tu ficas mesmo feliz com aquilo e nota-se que gostas mesmo do que fazes! A propósito, obrigada por me ajudares - estou a sorrir demais hoje.

—De nada, Benjamin - pisco-lhe o olho.

—És terrível - ele morde o lábio de leves.

Depois da minha conversa com o Peeta, os Mellarks foram embora e eu fui dormir de imediato, definitivamente hoje foi um dia cheio. Não imagino o que deve ter sido para o Peeta encontrar a irmã morta, ela parecia ser fantástica e teve aquele fim tão estúpido...

Continua...