Ao Pôr do Sol

É Somente Amizade


Eu voltei para o mar, Noah segurava Connor em seus braços pois ele chorava desesperado como se estivesse morrendo e todos da praia olhavam todo mundo odeia uma criança birrenta e sente vontade de matar, se alguém quiser me fazer esse favor. Eu o pego pelos braços e o coloco no chão, ele gruda na minha penda ainda chorando e ofegante. E é por esse motivo que eu odeio sair com Connor, ele tem um incrível dom de estragar o dia de qualquer pessoa que sai com ele, teve uma fez que ele fez tanta birra ao sair com minha mãe que ela perdeu a paciência e disse que iria chamar a policia para o prender, eu sei que é besteira só que isso funcionou e ele parou de chorar. O mais impressionante nisso é que minha mãe usou o nome do policial como algo que pelo menos por uma vez poderia ajudar, porque quem matou meu pai praticamente foi um policial. Numa noite de chuva de vinte e cinco de dezembro de dois mil, meu pai buscava Ammy no hospital para passar o natal em casa, Ammy tinha leucemia e pela primeira vez em três anos ela passaria o natal comigo e com a mamãe. O hospital era um pouco longe e meu pai sempre ia visita-la, naquela noite não foi diferente só que no meio da estrada ele encontrou um homem com uma criança no meio da chuva, ele parou para poder ajudar quando ele de repente caiu no chão, foi a pior noite de nossas vidas e desde então não comemoramos o natal. E é esse o motivo de nós não confiarmos em policiais.

– Desculpa, Connor tem cocô na cabeça ao invés de cérebro.

– Não há problema, eu entendo.

Connor virou a cabeça para trás para não prestar atenção na nossa conversa, então viu Thomas e saiu correndo até ele. Noah percebendo a nova chance de aproximou mais dando para ver que ele continuava um pouco vesgo, acariciou meu rosto e parou sua mão em meu ombro então finalmente disse:

– Não quero que pense mal de mim... Eu só te acho muito atraente desde que te conheço, achei que deixaria dessa vez diferente da outra quando atacou uma bola na minha barriga.

– Noah eu só quero ter alguém que me conheça de verdade nesse lugar, não quero um romance só quero alguém que me conheça de verdade. E me desculpa pela bola, a intenção era tacar nas suas bolas só que bateu na barriga.

🌴

A noite tinha chegado, eu estava deitada no sofá e Connor estava encolhido nos meus pés. O ventilador fazia um barulho irritante e trazia mais poeira do que vento, eu ouvia a mesma música pela milésima vez enquanto lia conversas e sentia saudades do último ano, o quanto era divertido e estranho quando nós saímos para quebrar garrafas de vidro nos carros parados na rua nos dias de sexta-feira. Eu me levanto e vou ao banheiro, o caminho parece eterno até lá e quando finalmente chego tem mais uma mensagem no espelho dessa vez é um horário que marca duas e trinta, eu pego o celular e é duas e trinta e três quando eu ouço buzina vindo da casa de Thomas. Eu apago a luz do banheiro e encosto-me á parede tentando fazer com que ninguém me veja, quando percebo que vários jovens começam a descer do carro gritando e dando risada. Quando Thomas aparece segurando uma mochila e milhares de pisca-piscas, então os amigos começaram a gritar “Vamos ver a bunda da Holly!”, Thomas pede silencio para eles e fixa os olhos na janela aparentemente esperando me ver.

– Vamos logo, cara! Essa festa não vai demorar até elas derem um pulo na piscina – um amigo grita e entra no carro.

– Hoje vamos morrer de rir com Holly! – Uma garota grita.

Thomas tenta iluminar a janela do banheiro com a lanterna do celular só que eu acho que não ajudou, quando ele desistiu e entrou no carro com seus amigos que pularam encima dele. Eu lavei o rosto e voltei a deitar no sofá assistindo uma série idiota só que era a melhor das opções, a noite parecia interminável e meu sono parecia que não chegaria sem Ammy que estava novamente trabalhando, ela estava se matando de trabalhar para conseguir quitar a casa. Quando eu ouço um barulho vindo de fora, eu juro que meu coração parou de bater e eu me sentia naqueles filmes de terror onde a “mocinha” morreria de forma fatal e todos ficam com raiva, mas não param de assistir. Eu me aproximo da porta nas pontas dos pés, quando eu ouço a desaminada voz:

– Sou eu Thomas.

Eu abro a porta e ele entra sem me cumprimentar já sentando no sofá, ele pega o controle e começa a mudar de canal sem parar e confesso que me irrita muito. Eu sento no braço do sofá para ficar perto dele para poder saber o que era ver a bunda de Holly, ele coloca o braço atrás das minhas costas e eu me aconchego em seu abraço que me esquenta na madrugada que começou a esfriar, o relógio marcava quatro e vinte dois.

– Como foi ver a bunda de Holly?

– Não vimos a bunda de Holly, o pai dela chegou bem na hora estragando os nossos planos mas também acabou com a festinha da sua filha. Imagino que a bunda dela nesse momento deve estar queimando com a surra que ela deve ter tomado. Se você viu o que eu mandei por que não apareceu?

– Não gosto muito de sair com gente estranha, e com quem eu deixaria Connor?

– É verdade...

Ele encarava meus lábios enquanto mordia os dele, aquilo me deixava agoniada, mas eu me aconchegava mais nele tentando me esquentar o máximo possível. Ele respira ofegantemente e arrota refrigerante de laranja sem parar, então ele virou-se a apoiou a cabeça na minha e deu um pequeno beijo nela. Eu encostei minhas mãos ás dele as entrelaçando.

– Você é uma grande amiga Ashley – ele diz.

– Você não é tão mal assim, é uma pessoa interessante.

– Feliz semana de natal.

Dessa vez eu não o respondo, ele continua acariciando as minhas pernas de forma circulas com sua mão que era suave e sua respiração doce com cheiro de refrigerante e leite.