Thomas foi correndo para a casa dele que ficava ao lado e logo voltou com o seu carro, o corpo de Connor estava ficando mais gelado e eu estava pensando no que falaria para Ammy quando ela voltasse: “Ammy, eu te desobedeci e gastei o dinheiro, deixei Connor com Thomas e ele deu leite para ele... então Connor quase morre”, eu acho que não seja uma boa ideia. Sentei-me no banco de trás, Thomas puxou a macha como se fosse dar partida em uma corrida de “Velozes e Furiosos”, então ele deu partida no carro. Enquanto pegávamos aquela estrada de caminhos que não terminavam nunca, o meu RG e os documentos de Connor estavam no bolso da minha blusa que não deu nem tempo de vestir, eu a carregava em meus braços que também seguravam Connor.

– Vai demorar muito para chegar ao hospital?

– Uns cinco minutos – ele respondeu sério.

Eu engoli seco e voltei o meu olhar para o rosto de Connor, aquela cor um pouco amarelada de sol e bochechas vermelhas haviam sumido e no lugar delas estavam uma cor de defunto, ele suspirava quando ele levantou-se e acabou vomitando no carpete do carro mais leite que uma vaca poderia dar em um ano, fiquei impressionada como aquela criança tomou tanto leite. Do meu lugar consegui sentir que Thomas bufou de raiva por Connor ter vomitado, quando de longe eu já consegui ver a luz vermelha da cruz do hospital. Sentei Connor no meu colo e cobri-o com minha jaqueta pois ele estava somente com um pijama de verão e a brisa do lado de fora era forte e extremamente fria, Thomas abriu a porta para eu.

– Quer meu casaco?- ele perguntou.

– Não está tão frio assim. - eu o respondi.

Estava frio sim, estava tão frio que eu sentia os pelos do meu corpo se arrepiarem e minhas pernas tremerem. Ele jogou o casaco por cima dos meus ombros e eu o agradeci somente mexendo os lábios sem que saíssem som, caminhei lentamente a porta do hospital tirando os documentos do bolso da minha blusa. Connor tossia um pouco e esfregava o nariz com a mão por trás da minha cabeça, eu espero que meu cabelo não fique sujo de catarro ao entrar no hospital. Eu finalmente cheguei a porta do hospital e um frio veio em nossa direção, caminhei até uma atendente e deixei os documentos em cima do balcão.

– Ele ingeriu leite, ele tem intolerância a lactose e esta passando muito mal.

A atendente olhou os documentos por cima dos óculos tampas de garrafa, e torceu o nariz, então olhou o olhar para mim.

– Você tem dezesseis anos e ele tem quatro, você teve ele com doze anos?

– Ele é meu sobrinho, o nome dele é Connor você pode por favor o atender? Eu te imploro...

– Pode entrar com o garoto e o cara parado lá atrás.

Eu esperei Thomas em meu lugar até sentir as mãos quentes dele em minhas costas, o hospital estava tão vazio que eu ouvia o eco da minha respiração. Logo que estramos uma médica de doce aparência caminhou até nossa direção, em seu avental tinha desenho de bichinhos fofos e um nome: “Liza Thorne”. Ela acariciou a cabeça de Connor por cima do casaco e depois perguntou.

– O que ele tem?

– Ele tomou leite, ele tem intolerância a lactose e esta passando mal até vomitou.

– No tapete do meu carro – Thomas acrescentou.

Ela fez uma cara mais preocupada então o tirou dos meus braços e o deitou numa maca que estava ao seu lado, ela puxou a maca até uma onde tinha mais outros desenhos de bichinhos na porta, então eu fiquei do lado de fora criando coragem para contar tudo que tinha acontecido a Ammy. Sente-me em um banco perto da sala onde Connor estava, Thomas sentou-se ao meu lado e ficou vendo a hora a cada cinco segundos e isso me deixava mais aflita.

– Se deve ir a algum lugar pode ir, eu não vou te impedir.

– Eu não deveria estar em lugar nenhum, só não quero que Zoe me encha o saco por causa disso.

Eu soltei uma curta risada.

– Eu entendo, sabe não é a primeira vez que isso acontece por minha culpa. Quando Connor tinha três anos eu deixei ele tomar leite sem saber do que ele tinha, ele ficou três dias internado de tanto vomitar ele tomou muito soro. O choro dele era ardido e fazia eco pelos corredores, eu fiquei muito mal por ele – eu disse.

A doutora abriu a porta do quarto e assentiu como se estivesse dizendo que eu poderia entrar, Connor estava ainda deixado e tomava o soro seu rosto estava voltado a cor original e seus cabelos de tigela estavam espelhados pela maca, quando Connor estava doente tudo que eu mais queria era poder ouvir a voz irritante dele novamente, e quando ele estava bem tudo que eu queria era que ele ficasse quieto. A doutora apoiou sua mão sobre o meu ombro e soltou um suspiro e saiu da sala. Em uma das longas paredes brancas do hospital havia um telefone, eu levantei me e fui para perto dele o tirei do gancho e coloquei em meu ouvido até criar coragem de ligar para Ammy, eu sentia meus olhos novamente enchendo-se de lagrimas quando eu criei coragem. Chamou quatro vezes até a doce voz de Ammy atender:

– Alô?

– Ammy, sou eu Ashley. Eu estou no hospital, Connor tomou leite e passou muito mal... Desculpe-me tem como você vir?

– Acho que eu consigo, estarei aí em alguns minutos – ela finalmente respondeu com a voz um pouco tremula.

Eu desliguei o telefone e sentei-me no chão encostada a parede, os minutos que Ammy havia prometido se tornara horas que pareciam intermináveis eu olhava para o branco do teto que me dava mais dor de cabeça até eu ouvir Connor murmurar sentado na maca. Levantei-me e o peguei em meu colo beijando sua cabeça, ele deve ter me achado estranha nós não costumamos ser carinhosos, nosso jeito de se amar é brigando mesmo. Quando Ammy abriu a porta, ele parecia com frio e estava molhada provavelmente tinha chovido, com certeza era isso, ela estava ainda com o boné que estava escrito “Coxinhas de Frango”, ela pegou Connor dos meus braços e o abraçou fortemente. Isso sim era natural, quando ela o soltou ficou reparando em seu rosto que agora estava totalmente corado. Ela tirou a agulha que estava em seu braço e ficou sentada na maca com ele até a volta da doutora Liza.

Eu saí da sala onde Thomas estrava encostado na parede falando ao telefone, parecia importante. Ao chegar perto dele e ouvir a conversa pude ter certeza que era problema de família e ele não estava nenhum pouco feliz com isso, parecia ser a mãe dele que queria vê-lo. Quando ele finalmente desligou o telefone e ficou me encarando, ele até que foi muito fofo hoje, então eu o agarrei pulando em seus braços, ele não demorou nada para retribuir no curto abraço.

– Obrigada por hoje, se tiver algum jeito de retribuir pode contar comigo! – Eu o disse, mesmo ele ter causado o acidente ele se responsabilizou totalmente.

– Na verdade, tem... Minha mãe e meu pai vão passar um fim de semana aqui na praia, e eles querem muito que eu arrume alguém para que eles possam deixar a “grande herança” para a família do filho dele que por acaso seu eu. Por isso eu disse para eles que eu arrumei uma incrível namorada...

– E eu nessa história?

– Eu quero que você seja essa pessoa, você só vai precisar ir a um jantar prometo que será nada demais.

Ele só podia estar brincando, ele tinha tanta pessoa mais incrível e adorável que eu, por exemplo, Holly que adoraria fazer isso. Mas eu precisava aceitar, hoje ele tinha sido muito legal e eu precisava o ajudar nessa.

– Eu topo, só que não passará de um jantar besta.