Ao Pôr do Sol

O Show - Parte 3


Ally esticou o braço para ver a hora, suspirou e permaneceu em silencio. Os braços de Thomas rodeavam meu corpo, me fazendo ter mais calor. A praia estava escura e só podia se ouvir o barulho das ondas se quebrando cada vez mais perto de nós, ela trazia um pouco de vento e também eu me sentir que estava no lugar certo e na hora certa. Ally levantou limpando a calça que ainda estava cheia de areia, ela olhou novamente o relógio.

– Eu acho melhor irmos embora, vai dar três horas e... Eu não posso chegar em casa tão tarde.

– Uau, não imaginava que a senhorita que mais desrespeita as regras da vida na turma obedecia a mamãe! – Dylan solta uma risada forçada.

Holly se levanta e caminha em direção á ela, se apoia em seu ombro diz:

– Acho que Ally está certa, meus pais odiariam que eu chegasse muito tarde em casa.

Dylan se levanta e caminha em direção á Holly, tenta abraça-la, mas ela desvia repetidamente de seus abraços com segundas intenções.

– Você pode dormir lá em casa, só que teremos que dividir a mesma cama...

– Vai se ferrar Dylan! – Holly grita.

Thomas me empurra para frente e se levanta, eu também me levanto e caminho em direção ao carro. Thomas suspira e solta um leve sorriso e me segue, abro a porta do carro e sento ao lado de Thomas que entra logo depois. Confesso que depois do beijo no show, estou impedindo ao máximo que Holly tente se aproximar dele. Eles sentam no banco traseiro, Holly bate a porta com toda a força que pode e bufa a cada dez segundos, eu estava quase mandando ela para um rodeio. Thomas dá partida no carro e dirige até a entrada da cidade, vamos dizer que é um bairro nobre e somente quem pode morar aqui dentro do carro era Holly. É, Holly tem uma aparência de quem é filha única, tinha uma pele bronzeada, olhos azulados e cabelo meio claro. Parando para perceber, eu não tenho mínima ideia do que Thomas viu numa pessoa como eu.

Quando ele finalmente estacionou na frente da casa de Holly, ela desceu do carro ainda me fitando pelo vidro do carro. Ally abriu o vidro traseiro e começou a gritar:

– Senhores pais da Holly, sua filha que só tem cara de santa chegou!

– Pare com essa brincadeira Ally, sério que se eles acordarem eu serei a pessoa mais ferrada da Terra – ela disse meio que sussurrando, como se fosse adiantar depois daquele grito de Ally.

– Estou brincando amorzinho, te vejo amanhã na praia.

Ela volta a fechar o vidro, Thomas espera até Holly entrar em casa e então dá partida. Depois daquela cena de Holly, eu estava um pouco arrependida com o que disse dela. Não me parecia mais uma pessoa mimada que tinha uma vida perfeita, me parecia mais uma garota que tinha a vida completamente controlada pelos seus pais e o único jeito de se sentir feliz era tentando humilhar as pessoas e ás vezes querendo ter amigos novos.

– Ainda bem que aquela praga foi embora, sério eu á odeio – Ally diz suspirando.

– Eu tento imaginar o que Ally fala de nós fora de nossas vistas – Thomas diz quando chega ao sinal vermelho.

– Eu não falo nada demais, vocês são meus amigos e são legais. Bem diferente de Holly.

Ele continua dirigindo até um bairro um pouco diferente, não havia tantos casarões e carros de luxo. Era um pouco mais normal, aquele parecia o lugar onde uma pessoa como Ally morava. Eu imagino o lugar onde Dylan mora, um apartamento com sua mãe que seu pai o abandonou para vender jogos violentos para crianças dementes, e ele vive de frente com uma tela de computador e por isso quando vê uma garota vira tão pervertido. Ally desce do carro juntamente com Dylan, percebo que ele tenta flertar comigo através de uma fitada tão estranha e com sorriso torto que me deixa um pouco confusa de onde aquela criatura veio.

– Valeu Thomas, vou ficar te devendo essa.

Thomas assenti e volta a dar partida no carro. O mais interessante sobre passear com amigos que vivem na praia de madrugada não é como na minha cidade. Na minha cidade, é sempre eu que dirijo pois ninguém consegue se lembrar nem do nome, colocam música alta e cantam horrivelmente em meu ouvido que no dia seguinte sempre está o caos. Aqui, eles permanecem normais até chegar em casa, passam alguns faróis e eu não considero aquilo um crime se nem tem gente na rua, parecem que não saem de casa todos os dias e o mais impressionante é que tentam chegar na hora marcada com seus pais.

Thomas ultrapassa mais um farol vermelho, e quando volto a perceber já estamos na frente da casa de Ammy. As luzes estão totalmente apagadas, eu volto o meu olhar para Thomas que me aparenta estar um pouco envergonhado com a situação de hoje.

– Obrigada por hoje, eu me senti em casa finalmente... – eu disse quebrando o gelo.

Ele encosta suas mãos quentes nas minhas e solta um sorriso, coloca sua mão em meu cabelo e desliza até a minha bochecha, sinto meus pelos se arrepiarem pelo corpo inteiro e um calor incrível quando ele finalmente encostou seus lábios aos meus. Quando ele se afastou pude perceber sua expressão engraçada diante a minha de surpresa, solto uma risada e abro a porta.

– Eu acho que... você de repente virou um novo mundo – ele disse meio tenso.

Eu acho que ele esperava que eu atacasse uma bola nas bolas dele, mas eu nem pensei isso... Pelo contrário, eu sentia o mesmo que ele naquele momento e eu não sabia como explicar aquela sensação.

– Não me ache maluca por dizer isso, não tente se afastar de eu porque não conseguirei te esquecer por causa disso. Eu estou apaixonada por você, Thomas eu não sei como expli...

– Não tente, porque eu consigo sentir isso no seu olhar - ele me interrompeu.

Num impulso eu me jogo em seus braços e acaricio seus cabelos, e quando volto a me separar saio do carro mordendo meu lábio inferior. Caminho até a porta e a abro com cuidado para não fazer barulho, entro e volto a fecha-la. Então me encosto á porta e deslizo até chegar no chão, e toda aquela noite fica indo e vindo pela minha cabeça. Quando me levanto e acendo á luz e percebo que Ammy está sentada no sofá me observando.