Antes que Termine o Dia

Estime-a, apenas ame-a


Prestes a reunião fiquei pensando a que horas Paulina atravessaria aquela porta e atrapalharia a reunião, aquilo ela não sabia que faria mas eu sabia que sim, e então se isso acontecesse eu já sabia que hoje ás 11h ela pegaria o táxi e iria haver um acidente e a mataria.

— Este são os principais objetivos da AGS projetar novos caminhos de cura e prevenção para as doenças que afligem a humanidade. - Dei uma olhada disfarçando que estava com dor no braço e não a vi, olhei para todos na mesa novamente e tentei agir normalmente. - Estou feliz e orgulhoso de falar que nós da AGS somos líderes dessa área... - Droga, me esqueci por um segundo o que deveria falar.

Todos olharam para a porta assim como eu, quando olhei para eles novamente dei um sorriso, todos olharam para mim nervosos já. Caminhei até a minha pasta que estava na bolsa a cadeira atrás.

— Agora... É... - Pausas lentas eu tentava concluir. Parei em frente a bolsa e olhei para a porta todos olharam novamente. - Quanto aos seus investimentos. - Assim que vi o senhor que entraria para trazer as bebidas na sala soltei uma gargalhada, peguei a pasta e caminhei até o centro da mesa, parei de sorrir por um momento e foquei na reunião apenas. - Esta projeção de 7 anos tá o que discutimos até agora. Amortizamos por 10 anos... - E a porta foi aberta, bati com a pasta na mesa, umas três vezes gritando "EU SABIA, EU SABIA QUE VIRIA" e ao meu lado estava o senhor com água ele colocou sob a mesa sorriu para mim de canto e assustado saiu da sala, respirei fundo como eu iria reagir na frente de todos agora?

Definitivamente aquilo estava me deixando louco.

— Ok... - Sorri. - Vocês me ouviram, mas não noto olhando no rosto de vocês nenhuma empolgação. - Caminhei até o sofá atrás deles e joguei meu paletó. - Vamos lá pessoal sosseguem, não estamos numa festa. - Ironizei e alguns dos acionistas deram um sorriso. - A pesquisa não possui projeções perfeitas ou amortizações que derrotam a concorrência, queremos dar as pessoas o presente mais precioso. - Fiz uma outra pausa e olhei para o principal acionista que me olhava severamente. - O tempo. - Conclui. - É uma grande oportunidade, digo, para agarrar. Então, o que acha?

Mais tarde ao sair da reunião fui ao bar encontrar com os meus amigos e estava realmente muito feliz pela reunião.

— Conseguiu o dinheiro? - Ted perguntou. Olhei para todos e sorri animado.

— AHH, CONSEGUI! - Respondi, eles levantaram as garrafas de cerveja empolgados e felizes por mim que me dediquei meses nessa reunião. - E o estranho é que a vez que a Paulina entrou, eu achei que ela tinha bagunçado tudo.

Todos me olharam estranho, parei por um momento o que estava falando tomei um gole da cerveja.

— Ah, eu não contei sobre o sonho? O sonho que eu tive. Claro que não ne foi essa noite.

— Ah entendi, então por que não conta pra gente? - Dunbar perguntou colocando a garrafa em cima da mesa de sinuca.

— É mais que um déjà vu. - Começo a explicar mas Mike me corta.

— Ah, déjà vu. Um tempo não admitido por um evento neurológico randômico mas é uma mensagem do futuro da alma. Quando a alma bater a porta, deixe-a entrar. - Mike respondeu, Ted levanta a garrafa.

— Oprah! - Ele responde.

— Não. - Mike responde. - Dr. Phill. É a vez de vocês rapazes. - Ele diz a eles que vão jogar novamente ignorando completamente o meu sonho.

— Não, não, não. Não é disso que eu falava, tem certas coisas que eu sei que vão acontecer. - Digo a todos, Tom se vira para falar com a garçonete.

— Com licença, senhorita eu te conheço... dos meus sonhos.

A garçonete olhou para ele dos pés a cabeça e sem dizer muita coisa mas com certeza igual ao meu sonho e com o mesmo olhar de desprezo, repetiu aquela frase "Vai ver se eu tô na esquina" todos riram, exatamente como no sonho, nas mesmas posições.

— Viram? Eu sabia que isso ia acontecer. - Digo a todos, Tom se vira para a mesa de sinuca enquanto a garçonete vai para atrás do balcão, Mike me chama.

— Carlos Daniel? Todos sabíamos que isso aconteceria. - Ele responde, e Ted dá risada, e logo ele me pergunta algo como se eu fosse descobrir o futuro.

— Você sabe alguma coisa banal, como o vencedor em New Market?

— Não, não esse tipo de coisa não. Mas, tudo é a mesma coisa. - Encosto no balcão vendo eles se preparem para jogar. - Só que numa nova sequência que é um pouco diferente. - Responde. Ted joga a bola e ela iria quebrar o copo onde estava minha cerveja, exatamente como ontem no sonho, só que quebrou, ontem... E agora eu acabo de pegar a bola, ela está aqui em minhas mãos e os rapazes comemorando a minha agilidade.

— Eu, tenho que ir. - Digo a eles jogando a bola para o Ted novamente, pego o meu casaco e saio. Peço um táxi e entro "Rua Mackenzie por favor" digo ao taxista e me acomodo.

— Sim senhor. - É só o que ele responde, e eu conheço essa voz, mas só fui ter certeza quando vi aquele olhar no retrovisor, aquele olhar o mesmo olhar de ontem.

— Eu não acredito. - Digo a ele.

— Como senhor?

— É o motorista de ontem.

— Tudo é possível! - Ele responde e continua sua atenção na direção.

— Ontem você sabia algumas coisas sobre mim.

— Sobre a vida amorosa? - Ele pergunta, meu coração acelera.

— É.

— É como dizem, taxistas são como barman's. Conhecemos o problema do coração. - Ele me responde, me inclino para ele que me olha novamente no retrovisor. E logo volta a atenção para a direção.

— Nossa, e disse exatamente isso! Se é idêntico, se esse táxi é o mesmo então hoje vai ser tudo idêntico. No final do dia minha namorada vai pegar esse táxi - Ele novamente olha para mim. - O semáforo vai fechar, e vai ter um acidente e ela... É isso que vai acontecer? - Pergunto. - É isso?

O taxista não me respondeu nada, o sinal abriu e ele continuou dirigindo só me olhou mais uma vez pelo retrovisor.

— E se ela não pegar o táxi? Se a gente sair de Londres... Talvez se a gente ficar em casa. ME DIGA O QUE FAZER, DEVE HAVER ALGUMA COISA PARA FAZER. - Grito.

— Só há uma coisa. - O taxista responde. - Estime-a e a tudo o que possui. - Ele se vira para mim. - Apenas ame-a. - Ele me diz, me concentro naquelas palavras "Apenas ame-a" tento destrancar o carro, mas ele não ajuda só me observa e se vira para frente novamente.

— Deixa eu sair. DEIXA EU SAIR POR FAVOR.- Gritei novamente.

— Certamente senhor. - Ele responde e destranca, abro a porta e pego a bolsa procurando a carteira para paga-lo. - Não precisa. - Ele diz.

— Por que não? - Pergunto, novamente ele se vira para mim.

— Pagou ontem. Melhor se apressar... Não tem muito tempo. - Ele me respondeu.

Então, hoje eu vou perder a Paulina... Saí do táxi e comecei a correr por entre os carros louco, perturbado, naquele momento só esse tempo tudo girou, "Melhor se apressar, não tem muito tempo" aquela frase fixou-se em minha cabeça.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.