Another Ways

Capítulo Quatro


Sorte ou azar?

Os últimos acontecimentos envolvendo os Vingadores talvez tenham trazido essa dúvida em algumas cabeças, acreditem também trouxe pra minha.

Eu poderia passar horas aqui na frente desse notebook escrevendo sobre o como eles lutaram bravamente e deram o melhor deles pra salvar a todos naquele lugar, eu poderia mesmo; mas não vou.

O que estamos a enfrentar é uma história antiga que se voltou contra nós.

Parece que um final feliz teve um “porém” e ele não é nada agradável.

Ainda assim, sabemos que no fim, mesmo quando tudo parece trevas, a luz sempre surge, e é por ela que estamos procurando e por essa luz, não só ela, mas por todos os que acreditam que eles podem, é por isso que estamos lutando e iremos sempre.

A incerteza existe, e sempre irá, porém toda moeda tem dois lados e a certeza há de existir também.

Virginia Potts.

***

– Você poderia apelar menos pras metáforas e palavras bonitinhas vindas do coração! – Tony comentou dando de ombros quando leu a matéria dentro do Jornal do dia seguinte à batalha.

O moreno viu Steve suspirar – Será que poderíamos ter paz ao menos na hora do café?

– Tecnicamente é o almoço, já passa de meio-dia. – Thor comentou tomando seu café forte e sem açúcar.

Virginia encarou Tony. Ela não entendia toda essa implicância que o moreno tinha com ela, não mesmo. Mas, a partir de hoje iria fazer seu máximo pra ignorá-lo.

– O gato comeu sua língua foi? – Stark se dirigiu à ruiva.

– Deveria ter comido a sua! – ela respondeu e levantou-se da mesa do café.

– Nossa Tony, mais uma vez suas palavras acabaram com o dia! Parabéns! – Steve fingiu bater palmas e saiu da mesa.

– Vai Capicolé! Vai defender sua outra donzela! Já que você ficou congelado quando uma te deu mole! – Tony exclamou e levantou-se da mesa jogando o guardanapo na cadeira e seguindo um caminho diferente do que Steve e Virginia fizeram com o intuito de descer para Oficina.

Enquanto isso numa das sacadas da mansão Ginny encarava as ondas batendo nas rochas próximas. Ela ouviu alguém se aproximar e se virou, sorriu de leve ao ver que era Steve.

– O Tony é um idiota Virginia! Você nunca deve prestar atenção no que ele fala e...

– Steve! – ela o chamou. – você não tem que se desculpar pelos erros os outros, muito menos pelos erros do Tony! Ele é uma criança!

Ela viu o loiro sorrir e fez o mesmo.

***

Era Terça-feira e Ginny tinha acordado cedo, sem nem precisar. Ela tinha despertado às 5h da manhã e não mais pegado no sono, além de estar naqueles dias e com uma cólica daquelas, pra adicionar nessa equação Virginia ainda estava arisca e com uma vontade de comer chocolate.

Ela saiu do quarto, mas logo voltou pra buscar o celular, então só assim ela desceu as escadas da mansão e foi até a cozinha procurar pelo chocolate e por uma bolsa de água quente pra aliviar as cólicas.

Logo que pegou uma barra de chocolate com passas numa das gavetas da cozinha a ruiva foi em busca da bolsa d’água.

– JARVIS? – ela chamou. Aos poucos se acostumava com o A.I. a melhor parte era que era bem mais prático procurar perguntando a ele. – onde está a bolsa de gel? – ela se encolheu um pouco quando sentiu outra pontada no pé da barriga.

– Todas as bolsas estão sendo utilizadas pelos Vingadores Srta. Potts, porém, o Sr. Stark possui um estoque em sua Oficina.

– E ele está lá?

– Sim. E com os alto-falantes ligados com toda potência.

– Droga... – a mulher balbuciou.

– Gostaria que eu pedisse uma das bolsas a ele Srta. Potts?

– Sim... – ela pediu quando sentiu outra pontada ao pé da barriga. – Não! JARVIS. – ela percebeu o que tinha falado, mas já era tarde, o estrago já estava feito.

***

– Sr. Stark. – JARVIS o chamou e abaixou o som dos alto-falantes.

– JARVIS! – Tony reclamou saindo debaixo do carro em que mexia.

– Sir. A Srta. Potts solicita uma das suas bolsas de gel.

– E ela pediu para você me pedir isso por que não tem coragem de descer aqui?

Nesse momento ele viu a ruiva bater no vidro que separava as escadas da Oficina.

Tony não levava muito as emoções alheias em consideração, mas ele não deixava de ser observador por isso, e o que ele via no rosto de Virginia claramente era dor. Caminhou até a porta e ela logo se abriu, antes mesmo do moreno pedir.

– O que você quer?

– O JARVIS não falou? – ela indagou tentando fazer o possível pra não arquear com a dor.

– Mas, quero ouvir de você. – ele disse e se apoiou no vidro ao lado da porta.

Ela sorriu forçadamente e antes de abrir a boca novamente ela mordeu os lábios.

– Será que você poderia, por favor, me emprestar sua bolsa de gel?

– Não. – ele respondeu simplesmente.

Virginia com todo seu orgulho e dignidade poderiam ter subido a escada e aguentado a dor, mas a Virginia irada e cheia das criancices de Tony, o empurrou pro lado e adentrou a Oficina.

– Você não pode entrar aqui! – ele exclamou indo atrás dela que se dirigia a uma gaveta na pequena cozinha que existia ali.

– Eu já entrei! – ela disse e continuou procurando nas gavetas.

– E vai logo sair! – ele respondeu parando ao lado dela e puxando o braço da mulher.

Ela puxou seu braço com força e foi pra longe de Tony, mas o moreno a seguiu.

– Me deixe encontrar a maldita bolsa e eu vou embora Tony!

– Não me chame assim! – ele rebateu.

– Verdade vou te chamar de Sr. Super Egocêntrico e Babaca! – ela dizia e abria a geladeira com porta de vidro. – Ah e é claro! Egoísta! – ela já estava com as bochechas nervosas, odiava sentir dor e as cólicas pioravam, devido aos pés descalços no chão gelado da Oficina.

– Está falando a Srta. Pepper Potts! – ele gesticulou com as mãos pra cima a caçoando e fingindo medo.

– Você me chamou de quê? – ela se virou pra ele.

– Pepper.

– Você é doente! – Ginny aumentou o tom de voz e tentou ir pra cima dele, mas avistou a bolsa de gel num canto em cima da pia.

– Falou a moça que ia me atacar! Pepper tão ardida quanto a pimenta!

– Você é uma criança!

– Todos nós somos! – ele disse referindo-se aos Vingadores. – e você é nossa babá! – ele sorriu de lado sentindo que tinha ganhado a discussão quando a viu fazer uma careta de se agachar próxima à bancada.

– Você poderia, por favor, calar a boca? – ela ironizou apertando a região abdominal.

O Stark pensou em responder, porém ao invés disso, ele pegou a bolsa de gel e colocou no micro-ondas próximo, apertou o timer e esperou, durante o curto período de tempo, ele observou Pepper (Virginia, Stark!) agachada próxima a pia parecendo estar sentindo a maior dor do mundo.

Como Tony Stark, o playboy, ele já tinha tomado uns bons cadilipapos, por se envolver com mulheres casadas e afins, e depois como Homem de Ferro, ele tinha entendido melhor ainda depois de chegar de uma missão todo quebrado, por isso, por um mísero peso na consciência e ataque repentino e desmotivado de empatia, ele tirou a bolsa do microondas e estendeu à moça, pelas pontas, pra que ela não queimasse as mãos.

Virginia não sabia se a cólica causava alucinações, mas começava a pensar que sim, por que estava vendo Tony Stark entregar-lhe o motivo da última discussão de ambos: a bendita bolsa “passa-cólica” ou de Gel, refira-se como quiser. Ela não esperou muito pra ver no entanto, pegou com calma o objeto e apoiou sob o pé da barriga, de imediato sentiu um pequeno alivio, como um acalento para sua constante dor.

Tony estendeu a mão pra ela e mais uma vez viu nas feições femininas a expressão de surpresa e até suspeita, mas a ruiva aceitou sua mão. Ele a guiu pro sofá da Oficina, local onde ele costumava dormir se chegasse muito cansado pra subir as escadas, ou até mesmo pegar o elevador; ela sentou-se, ainda um pouco desconfiada, mas com a expressão um pouco menos sofrida e logo, assentiu pra ele, uma forma singela de agradecimento, começando ali uma trégua, mesmo que momentânea com ele.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.