Another Revenge

Relembrando o passado


Meu nome é Amanda, Amanda Clarke fui a única filha de David Clarke o homem mais odiado dos Estados Unidos e “responsável” pela morte de mais de 200 passageiros na explosão do voo 197 no verão de 1993, por onze anos creditei em todas as mentiras que ouvi sobre meu pai e o odiei com todas as minhas forças, mas tudo mudou no inverno de 2004 quando a verdade finalmente me foi revelada e confesso que até hoje não sei qual das versões me doeu mais, e você irá entender o porquê.

Depois que meu pai foi levado pelos agentes do FBI, uma mulher do juizado de menores me levou para um abrigo onde pensei que fosse ficar para o resto da vida, chorei initerruptamente por umas 24 horas, havia perdido tudo, meu pai, nossa casa, meu cachorro e meu amigo Jack, e após tanto chorar acabei sendo levada por um sono de tristeza e exaustão. Quando acordei novamente havia uma jovem sentada à beira da cama me olhando com uma expressão solidaria, ela sorriu levemente e afirmou que havia alguém querendo me ver e me pegou pela mão me encaminhando até uma sala de visitas, lá uma mulher estava sentada à minha espera, uma bela mulher de pele alva, cabelos escuros e uma expressão triste, era ela Victoria Grayson a amante de meu pai.

Sentei-me na frente dela mas olhando para a mesa entre nós, o silêncio reinou absoluto por algum tempo até que ela suspirou profundamente e perguntou:

–Como está Amanda?

–O que você quer aqui?

–Eu sei que o que houve com seu pai foi terrível querida mas quero que saiba que estou do seu lado!

–Eu não gosto de você!

–Amanda por favor... eu quero tira-la daqui.

–Por que?

–Você gosta de estar aqui?

–Não, mas ...

–Eu quero muito leva-la comigo, esse não é lugar para você. Mas para isso terá de dizer a todos que gosta de mim, acredite querida eu só quero o seu bem.

Eu apenas assenti não gostava daquela mulher era verdade, mas meu pai confiava nela e naquele momento pensei que deveria fazer o mesmo, além disso odiava aquele lugar em todos os aspectos. Passei mais alguns longos dias lá até que certa manhã Victoria e Conrad foram me buscar eu iria viver com eles, sair daquele lugar me deixou feliz, olhei uma última vez para o prédio e entrei no carro, Victoria sentou ao meu lado com um sorriso que até parecia sincero, Conrad porém estava sério o tempo todo. Após vários minutos chegamos a cobertura dos Grayson e Victoria me pegou pela mão me conduzindo para dentro da casa e me levado até um quarto, ela abriu a porta e baixou a cabeça perguntando:

–Então Amanda o que acha?

–É bonito!

–A partir de agora esse será seu quarto!

–É sério?

–Sim, assim como essa será sua casa e nós seremos sua família!

Ela se ajoelhou ficando da minha altura e me abraçou, no início permaneci imóvel mas depois me deixei levar pelo abraço carinhoso e caloroso daquela mulher e também a abracei, permanecemos assim por alguns minutos em silêncio até que ouvimos uma tímida batida na porta, era um menino um pouco mais novo que eu, ele parecia confuso e enciumado com a cena, ela ainda ajoelhada fez sinal para que ele se aproximasse e nos apresentou:

–Daniel essa é Amanda ela irá morar conosco a partir de agora e quero que a trate como sua irmã, isso vale para você também Amanda.

Nós apenas assentimos mas eu senti uma afeição imediata por aquele menino, não era nada comparado aos meus sentimentos por Jack mas ele poderia ser um bom amigo, assim como Victoria talvez pudesse ser uma boa mãe.

Assim o tempo foi passando Charlotte nasceu, ela era um bebê lindo e minha afeição foi imediata, Victoria parecia ficar triste quando eu me aproximava dela no início algo que na época eu era incapaz de entender, mas depois começou a sorrir ao nos ver juntas, e com o tempo as coisas foram se encaixando, eu e Daniel nos tornamos grandes amigos, Victoria era muito carinhosa comigo, meu cachorro viva conosco, apenas Conrad era distante e frio, ele me ignorava e sempre deixou claro que eu não era da família, de maneira velada é claro, afinal isso irritava Victoria.

Foi assim que cresci, cercada de luxo, de afeto por Victoria e meus dois irmãos postiços mais novos, nas férias sempre voltávamos para os Hamptons onde eu podia ver Jack e isso sempre me alegrava muito, com o tempo passei a entender e odiar os atos de meu pai, me acostumei com a indiferença de Conrad, enfim viva feliz até 2002 quando chegou a notícia da morte de meu pai durante um motim na penitenciaria.

Foi um momento terrível eu tinha 17 anos e me revoltei um pouco, me meti em algumas encrencas e quase cheguei a usar drogas, o que me salvou foi Jack, Victoria ajudou é claro, mas Jack foi fundamental, nessa época começamos a namorar e as coisas voltaram aos eixos, mas em 2004 apenas dois anos depois tudo desabou novamente e dessa vez definitivamente.

Eu estava com 19 anos e havia entrada na universidade cursava psicologia e me sentia plenamente feliz, uma certa tarde após um trabalho cheguei em meu apartamento ansiosa para ligar para o Jack e matar as saudades, porem assim que entrei na porta notei que havia uma bela caixa de madeira na mesa de centro da sala, e na tampa dessa caixa um símbolo do duplo infinito entalhado, isso me causou um arrepio na espinha afinal esse era o desenho que meu pai sempre fazia para mim e dizia que seu amor por mim era infinitamente infinito, ao lembrar disso as lágrimas inundaram meus olhos mas antes que elas pudessem cair ouvi uma voz desconhecida que dizia:

–Não chore ainda Amanda, tenho muito o que lhe contar e mostrar!

Engoli as lágrimas e olhei fixamente para o homem parado a minha frente, sem dúvidas não era um invasor, ele sabia meu nome e era Nolan Ross, um dos maiores gênios da informática dos Estados Unidos e dono da Nolcorp uma empresa de informática bilionária, mesmo assim ele não tinha o direito de invadir meu apartamento, ainda mais usando o símbolo que meu pai fazia para mim, o símbolo de sua falsidade, então o encarei e ordenei:

–Vá embora daqui, não gosto de invasores!

–Não sou um invasor Amanda, sou Nolan um grande amigo de seu pai!

–Pior ainda, deve ser algum terrorista!

–Meu Deus, eles realmente conseguiram envenenar você contra o David!

–Errado quem me envenenou foi ele, com suas mentiras e maldades!

–Amanda seu pai era inocente!

–Espera que eu acredite nisso?

–Acredite em mim, os Grayson armaram contra seu pai, eles o destruíram!

–Os Grayson me criaram, cuidaram de mim, me amaram! Como pode inventar esses absurdos a respeito deles?!

–Victoria fez isso por culpa Amanda!

–Eu não acredito!!

–Se não acredita em mim, pelo menos tente acreditar em seu pai!

–De que está falando?

–Dessa caixa, aqui estão todas as provas que você precisa para se convencer da inocência de seu pai!

–Eu não vou abrir isso!

–Você deve Amanda você deve isso ao David!

–Eu não devo nada para aquele terrorista!

–Abra a caixa Amanda!

–Vá embora antes que eu chame a polícia!

–Eu vou mas abra essa caixa e depois me ligue!

Ele tirou um cartãozinho do bolso e jogou ao lado da caixa depois apertou meu ombro direito e saiu batendo levemente a porta, àquela altura a raiva tomava conta de meu corpo e joguei o laptop que carregava na parede, depois peguei uma das almofadas do sofá coloquei sobre o rosto e gritei o mais forte que pude. Após não sei quanto tempo chorando larguei a almofada, respirei fundo, sequei as lágrimas de meu rosto e encarei a caixa refletindo até que decidi abri-la na época sem saber por que motivo, primeiro acariciei o símbolo na tampa, depois a puxei lentamente, na parte interior da tampa havia uma foto minha com meu pai tirada em frente ao mar, na caixa haviam outras fotos, vários diários de meu pai e um envelope com a letra dele endereçada para mim, peguei o envelope e abri, comecei a ler e as lágrimas escorreram livremente em minha face, nela ele afirmava ser inocente, ter sido vítima de um golpe dos Grayson e de uma terrível traição por Victoria, no final ele me pedia para fazer o mesmo que ele, perdoar aqueles que nos afastaram.

Pressionei a carta contra o peito buscado em vão sentir o abraço de meu pai, depois continuei a explorar a caixa, li todos os diários, e por fim achei um relógio nele havia sido gravada uma frase, David para sempre Victoria, minha vontade foi jogar tudo aquilo pela janela, fingir que nada existia, a dor que me invadiu naquele momento foi insuportável, era um misto de raiva, culpa e principalmente decepção, a decepção de ter sido traída por aquela que mais amei, e quando a decepção corta tão fundo alguém tem que pagar.

Passei aquela noite jogada no chão, em meio as coisas que meu pai havia me deixado e mergulhada em minhas lembranças, as lembranças de meus momentos com meu pai, de quando erámos felizes juntos, ao mesmo tempo as lembranças de meus momentos ao lado de Victoria, o carinho que ela teve comigo, eu não podia acreditar que tudo era mentira, não podia acreditar que aquela mulher havia me enganado durante tantos anos. Quando amanheceu eu havia cochilado e acordei com o som do celular tocando, me arrastei até ele e atendi sem nem olhar o visor, mas quando ouvi a voz senti meu sangue gelar, era Victoria, o tom de voz dela era preocupado e ela perguntava porque eu não havia ligado na noite anterior, engoli minha vontade de acusa-la por todas as coisas que ela fez ao meu pai e inventei uma desculpa qualquer para desligar o celular logo.

Depois me levantei fui até o banheiro lavei meu rosto e tomei minha decisão, voltei a sala peguei o celular e o cartãozinho com o numero de Nolan liguei para ele e o chamei de volta, em minutos ele chegou perguntando:

–Abriu a caixa?

–O que você acha?

–Amanda eu...

–Por que você não me procurou antes?

–Acredite eu queria.

– E por que não fez?

–Você vivia com os Grayson não havia como eu me aproximar, então fiquei esperando uma oportunidade, que só consegui encontrar agora dois anos depois da morte de David!

–Ele os perdoou?

–Sim Amanda e ele queria que você fizesse o mesmo, afinal eles a criaram.

–Eu sei eu li a carta.

–Bem existe mais uma coisa que preciso te dizer.

–O que?

–Você tem direito a 49% das ações da minha companhia, que eu só consegui abrir graças a seu pai.

–Isso é bom será muito útil para mim.

–Por que o que pretende fazer?

–Vou me mudar para o Japão, procurar o senhor Takeda!

–Amanda o que você quer com esse homem?

–Quero seus ensinamentos!

–Para que?

–Para me vingar!

–Amanda...

–Eu já me decidi Nolan, vou limpar a memória de meu pai, doa a quem doer!