Anormalmente Normal.

Capítulo 1 - Dar asas á imaginação.


- A força F1 tem 5N e a força F2 tem 7,5. Há várias maneiras de juntá-las, depndendo das suas direções e sentidos... - Do pouco que consegui perceber na aula, e nem cheguei a perceber nada. O que nem era meu objetivo. Mas enfim, não vou mesmo precisar destas malditas forças para nada na minha vida. Eu cá tenho a minha força, e sei bem como usá-la.

Ana, 14 anos, prazer. Basicamente um acidente fatal tornou-me famosa. E sim, juro que nunca publiquei qualquer foto nua ou a mostrar parte intimas no facebook. O que é impressionante, para uma pessoa com tal fama.
Aconteceu que ia a caminho de casa, há 2 anos, mais umas amigas, depois da escola. Iam alunos à frente, alunos atrás, do outro lado da estrada. Todos falavam alegres, talvez por ser sexta-feira. Eu comentava o pequeno incidente que ocorreu com uma menina do 4º ano nas escadas da escola (rolou escadas abaixo, coitada), quando tive necessidade de parar no meio do passeio: seria mesmo verdade? Vi, do outro lado da estrada, Lara. Aquela amiga que não vejo há montes de anos, por que mudoude cidade. Ela tinha um deficiência imensa. Era iperativa e tinha inicios de bipolaridade, pelo menos da última vez que a tinha visto. Ela estava bastante mal quando se mudou, não estava habituada a estas mudanças. Várias pessoas a odiavam por ela ser iperativa (saltava, brincava, por vezes era bastante chata). Eu era a única amiga dela.
Era ela do outro lado da estrada, sozinha, a olhar para o chão. Consegui ver que o seu habitual sorriso tinha desaparecido pois ela cortou o cabelo curto, e estava loiro com madeixas de todas as cores.
- LARA! - Berrei, largando a mochila no chão. Não tive tempo para reparar nos olhares expostos em mim vindos de todas as partes do passeio, pois estava ocupada a atravessar a estrada. Atravessar a correr, sem tirar o olhar da 'desaparecida'. Claro que devia ter tirado, para ver o cima da estrada. Afinal era uma ESTRADA, onde circulavam veículos pesados com muita velocidade e quatro rodas maléficas.
- CUIDADO, ANA! - Berrou a vaca da Daniela, rapariga mais falsa que alguma vez conheci. Tropecei numa pedra enorme que estava no meio da estrada, esfolando as palmas das mãos. Desviei, finalmente, o olhar da Inês, fixando-o agora na carrinha preta que descia a estrada. Uma mulher velha de cabelo branco o conduzia, porém ocupada a mexer na porra do telemóvel.
Adeus Ana, foi um prazer conhecer-te, és uma rapariga fixe mas chegou a hora, e...
E subitamente, quando já nem tinha capacidade de me levantar da estrada, senti as minhas costas rasgarem violentemente. Uma estranha penugem percorreu-as, e então senti a camisola rasgar-se atrás. Fechei os olhos, e seja o que Deus quiser.
Voltei a abri-los mais tarde, e só tive tempo de ver o carro no fundo da rua, e uma mulher a olhar para a estada, a falar ao telemóvel. Que engraçado, que a velha nem reparou que uma rapariga quase foi morta pelo seu estúpido carro.
Logo reparei que todo o passeio olhava para mim: Todos falavam entre si, uns com as mãos na cabeça, outros apontavam. E só depois reparei que olhavam para cima, para onde eu estava. Não sentia chão.
Olhei finalmente para cima. Duas enormes asas brancas batiam o ar, fazendo-me ficar no ar enquanto os carros passavam por baixo de mim. Alguns despistaram-se, talvez por terem visto uma menina voar.

Eis por que sou famosa. Toda a gente quer ser minha amiga, ter as minhas asas, vê-las, tirar fotos, mexer, etc. O que é horrível por que sinto-me um mutante, sempre a ser interrogada a todo o lado onde vá.

- Ana, tens uma carta para ti. - Disse a Sra. Paula: super fina, parecia um pinguim a andar, sempre contente, com um batom vermelhíssimo que fazia um coração nos seus lábios, cabelo loiro muito comprido e bem tratado.
Minha mãe.

- Já venho, Lara - Disse, ao abrir a porta do quarto. Desci as escadas pelo corrimão, escorregando como sempre fazia.
- Ana, já te disse que não quero que faças isso, por alguma coisa construiram umas escadas no... - Ignorei a minha mãe, mandando-lhe um aero-beijo, ao passar por ela.

Duas cartas se encontravam em cima da mesinha da entrada. Levei as duas para cima, fechando a porta.
- Lara há aqui uma carta para ti, mas...
- Desde quando é que eu vivo cá?
- É. - Dei-lhe a carta dela, depois de a analisar bem. - São as duas do mesmo sítio.

Abrimos as cartas ao mesmo tempo. Começamos a ler alto, pois tinham o mesmo textos, mesma letra, mesmo formato, mesma morada. Só os nomes mudavam.
Porém calamo-nos a meio da carta, onde explicava o que era, o que se passava, todos os segredos.
Baixamos as cartas, olhamo-nos, arregalamos os olhos.

Continua...

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.