Anneliese

Capítulo 07


Assim que chegamos lá eu perdi totalmente a minha confiança. Garotos e garotas praticamente saltavam sobre os skates e aquelas pistas gigantescas, enquanto eu não sabia nem como subir na prancha. Parei e fiquei os olhando, até que Chad pegou a minha mão e me arrastou pra longe do que devia ser a “área dos profissionais” e me levou até uma pista longa, com poucas curvas e rampas pequenas. Eu o encarei, colocando as mãos na cintura.

– Tudo bem que eu não sei andar, mas também não sou uma criança de cinco anos né. – eu disse, enquanto observava um pai ensinando o filho a andar, ao longe. O garotinho já sabia andar, provavelmente melhor que eu, e agora estava nas rampas tentando fazer alguma manobra. Suspirei.

– Você já quer ir para as pistas profissionais? Se quiser vamos agora, sem problemas. Desafiadora, gosto disso.

Dito isso, ele deu um tapinha na minha cintura, me fazendo suspirar, revirar os olhos e murmurar um “como você é idiota.” Fomos ao meio da pista e coloquei o skate no chão, pronta pra subir.

– Você tem que ver a posição mais confortável pra você, e a que te dê mais equilibro e segurança. – ele foi dando as instruções e eu fui seguindo, até achar uma boa posição. Escolhi a posição que, de acordo com Chad, se chamava regular. – Agora você fica com um pé no skate e empurra com o outro, quando sentir que tiver velocidade é só ficar com os dois pés na prancha e se inclinar pra fazer as curvas. É simples.

Obedecendo novamente as instruções de Chad, fiz o que ele pediu. E não é que era simples mesmo? Passamos praticamente a tarde toda treinando de skate, e eu até me arrisquei em uma rampa – claro que levei vários tombos nesse percurso, mas valeu à pena. Já eram seis horas da tarde quando fomos embora das pistas, e infelizmente tive que devolver o meu skate na saída. Seria ótimo se eu pudesse continuar assim, vindo à cidade e andando de skate com Chad ao invés de ficar trancada naquele acampamento idiota. Bom, pelo menos hoje era quarta feira e logo eu estaria em casa. Depois de devolver os skates, Chad parou em uma barraca para comprar refrigerantes, e eu suspirei, aproveitando o ar quase poluído da cidade.

– Vamos ter que voltar agora, Rosemary vai ficar puta da vida com você. – Chad disse, me entregando uma das latinhas e bebendo da outra – foi um ótimo dia anjo, vamos tentar mais vezes.

– É claro, por que não. Já estou me acostumando a sua presença desagradável.

– Aposto que você não costuma se apaixonar por caras desagradáveis, então nem vem com essa frescura. – ele disse, me dando um beijinho na testa. E novamente eu corei, droga.

Continuamos andando em silêncio até chegarmos na moto, e depois de um curto caminho na estrada, finalmente chegamos à floresta estranha na porta do acampamento Meirin. Chad escondeu a moto entre alguns arbustos e me ajudou a descer, largando os capacetes no chão de qualquer jeito. Eu já estava indo em direção ao matagal, na esperança de entrar sem ninguém perceber até que Chad puxou minha mão e me abraçou, me apertando forte e praticamente enfiando o rosto entre meu pescoço e meu ombro. Relutante, o abracei também, podendo sentir aquele cheirinho bom e o corpo firme dele contra mim. Depois de mais um beijo longo e que me deixou ofegante – risos – Chad me abraçou novamente e estava se afastando, quando se virou para mim e me surpreendeu:

– Anne, acho que eu te amo.

Arregalei os olhos, surpresa, sem saber o que dizer. Eu não amava Chad... Amava? Eu não poderia corresponder algo que não sabia se sentia. Senti minhas bochechas queimando e meu estômago estava estranho. Sabe aquela coisa que chamam de borboletas no estômago? Acho que era exatamente o que estava acontecendo comigo agora, pois parecia que milhares de borboletas lutavam pra sair de mim, batendo suas asas e me fazendo chegar à loucura. Coloquei a mão na barriga e sorri para Chad, encantada com os seus olhos novamente pintados de vermelho.

– Você também é bem simpático Chad.

Depois disso, Chad riu alto e foi se afastando quando viu luzes de lanternas se virarem na nossa direção. Isso, garoto escandaloso. Me enfiei nos matos e Chad foi pela entrada normal, acho que pra chamar a atenção. Consegui chegar na minha barraca sem grandes problemas, correndo feito uma louca, o que me fez chegar toda descabelada e suada na barraca. E assim que cheguei lá, encontrei Brian. O que me trouxe toda a lembrança da minha manhã terrível, ah não...