Anne With an E – Terceira Temporada: Episodio 2

Alguns dias mais tarde... Anne me pediu para a acompanhar até Charlottetown e aceitei de bom grado, Marilla parecia alarmada com a viagem sozinha de Anne e eram tantas recomendações que eu mesmo fiquei perdido com as palavras da velha senhora e entendi que os sentimentos matriarcais pareciam possuir todas as mulheres, Mary por exemplo com relação a pequena Delphine era quase a mesma como Marilla com Anne uma preocupação constante e um amor maior que o mundo inteiro eu sorri com isso.

Quando ela me disse que Anne se enfraquecia e ficaria numa sarjeta aquilo foi demais precisei sair de perto para não dar uma gargalhada alta... Marilla e sua preocupação exagerada com Anne e a esperei dentro do vagão de passageiros e assim que Anne estava subindo as escadas Marilla e Matthew a olhavam com uma preocupação num tanto exagerada e ao pedirem para eu cuidar de Anne até a casa da tal “tia Josephine” apenas respondi o necessário e assenti de alguma forma feliz por viajar junto com Anne e sorri.

Durante o percurso eu usava seu tempo para aprofundar algumas de minhas leituras e revisar alguns dos meus estudos e fixar em minha mente algumas perguntas para o doutor Ward, mas estava disposto a conversar com Anne que parecia num tanto envergonhada e preocupada com as palavras de Marilla.

Mas Anne parecia tão irritada com isso que me respondeu na maior grosseria quando estava tentando ser educado e verdadeiro com ela, engoli aquilo em seco e procurei ler e deixar ela quieta em seu assento.

Encerrei a conversa antes que aquilo me magoasse ou me ferisse um pouco mais “meus sentimentos” e procurei ler e fazer com que meu cérebro focasse nos estudos para faculdade de medicina e forcei meu coração e meu estomago não “se sentirem magoados” com a grosseria e frieza de Anne-Shirley Cuthbert.

A viagem até que foi tranqüila, Anne e eu permanecemos em silencio, às vezes nossos olhares se cruzavam o que fazia com que meu coração traiçoeiro batesse num ritmo diferente, mas o ignorei firmemente.

A acompanhei pelas ruas até uma enorme residência onde a “tia Josephine” morava e prometi a encontrar na estação algumas horas mais tarde, mas assim que olhei para a porta notei o rosto de Cole sorrindo para Anne que não o tinha visto e eu virei de costas sem me despedir, aquilo foi horrível, o ódio que senti quando ele a abraçou a rodando no ar foi demais para mim e a primeira coisa que fiz assim que os perdi de vista foi rosnar e retirei minha boina com força de minha cabeça, eu queria dar o soco em alguma coisa, mas me segurei não queria parecer louco, por mais que meu corpo estivesse domado pelo sentimento.

Respirei fundo e entrei no consultório do doutor Ward e parecia que sua secretaria havia voltado de uma temporada em Paris e parecia animada conversando com alguém, eu não queria ser bicudo ou curioso, mas caminhei lentamente na direção aonde vinha à voz dela e achei engraçado e interessante o jeito que ela falava com o esqueleto e fiquei parado ali vendo a cena como se ele a respondesse e segurei um riso.

Mas achei desrespeitoso ficar ouvindo ela falando mesmo que “sozinha” e pigarreei, ela não se assustou realmente, mas me envolveu no meio do assunto e aquilo me fez sorrir e esquecer minha raiva anterior.

Notei que o consultório estava meio vazio e então para ela não ficar ou falar sozinha com um esqueleto a convidei para tomar um chá num local na mesma rua ela aceitou e eu na pressa de sair para ver se o local estava aberto esbarrei na parede e sorri com a preocupação dela, é realmente eu esqueci meu ódio e ri.

Reservei o local e deixei metade pago com o dinheiro que eu estava economizando há algum tempo e assim que ela a “senhoria Rose” apareceu sorri lhe puxando a cadeira e me sentei na sua frente quando fui pegar a xícara de chá ela deu um leve tapa em minha mão e começou a nos servir e eu travei com isso.

Peguei minha xícara com chá quente devagar com medo de ser repreendido novamente e respirei fundo.

Tentei perguntar se ela queria mais alguma coisa, mas ela me interrompeu rejeitando qualquer coisa.

Fiquei alguns minutos em completo silencio, tive vergonha de beber o chá sozinho ou sem nenhum outro tipo de acompanhamento e também com vergonha de pedir algo mais já que ela havia recusado o pedido.

Tentei puxar uma conversa como eu faria com minhas colegas de classe e ela se afogou com o chá e questionou meu inicio de puxar assunto, nunca nenhuma mulher, até mesmo Mary havia feito algo assim.

Ela começou a falar sobre algumas outras coisas e tentou me ensinar como me portar perante “uma dama” e aquilo me deixou confuso e encabulado, me senti pior que alguém que não entende outro idioma.

Ela começou a falar sobre os “tópicos para inicio de assuntos” e eu resolvi beber meu chá que estava quase esfriando por causa de minha timidez e também por não saber exatamente o que conversar com ela.

Engoli o chá e procurei fazer o que ela havia sugerido e pelo que pude ver apesar de estar meio “travado” consegui, pois ela começou a conversar comigo, mesmo com o papo esquisito que estávamos tento ali.

Após nosso assunto estranho a ajudei levantar de sua cadeira e ela tropeçou e segurou em minha mão, não senti nada de diferente e muito menos quando ela me encarou, seus olhos azuis me lembraram outro.

Tomei aquilo como um desafio e comuniquei que aceitaria uma “segunda lição” sobre como me portar com uma dama e ela sorriu e interpretei aquilo como um “sim, aceito lhe ajudar com isso” e sorri feliz.

Assim que ela me deu as costas, peguei uma das flores que havia no arranjo da mesa como forma de me lembrar que apesar de um dia tenso e diferente e de sentimentos raivosos, as coisas poderiam mudar e ri.

Quando cheguei na estação de trem, vi Anne sentada no banco de madeira e parecia perdida, mas eu estava tão animado com a história de tópicos que a senhorita Winifred havia feito que não me importei com a expressão perdida e sentida de Anne quando caminhamos para dentro do trem de volta pra casa.

Quando ela seguiu para sua casa fiquei andando pelo caminho até a minha rindo sozinho com o que havia acontecido durante aquela tarde de sábado, mas assim que cheguei em casa, as noticias não era uma das melhores, Elijah havia aparecido e feito uma cena de ciúmes por Mary ter seguido adiante e ter uma nova família e me preocupei com o corte na mão de Mary que parecia profundo, fiz o melhor curativo possível e a auxiliei na cozinha juntamente com Bash para o jantar e cuidei um pouco de Delphine que ainda chorava.

Quando fui embora dormir coloquei a flor sob meu criado mudo e suspirei, talvez o teste que o amigo de faculdade do professor Ward não seria uma má ideia para me ajudar com minhas questões sentimentais.

Na manhã seguinte, acordei animado e desci as escadas aos saltos feliz e levei a flor comigo para fixar ainda mais o que eu estava pretendendo fazer com essa minha mais nova empreitada e Bash e Mary notaram minha animação e sorriram, já que eu nunca brincava direto ou cantava dentro de casa e eu ri.

Bash logo começou a me questionar sobre os motivos e principalmente pela flor, mas não respondi a ele.

Mudei de assunto e quando Bash fez a proposta para ajudar Elijah concordei prontamente, precisávamos mesmo de ajuda na fazenda, o tempo da colheita estava chegando então teríamos muito trabalho e sorri.

Bash saiu rapidamente da cozinha na direção do quarto que foi de meu pai onde Elijah dormia e Mary ao colocar o café da manhã me questionou sobre minha animação e a flor, pensei em contar e pedir sua opinião sobre minhas intenções, mas Bash gritou por nós e saímos correndo na direção do quarto e me assustei com a cena que vi dentro do que um dia havia sido o local mais seguro para meu pai e suspirei.

O quarto estava completamente revirado e todos os pertences de meu pai havia desaparecido inclusive uma de suas medalhas do exercito e aquilo me magoou profundamente, principalmente Mary que chorou.

Me sentei na cama que um dia foi de meu pai e encarei sua foto no criado mudo e permaneci em silencio como Elijah era um homem vil e mesquinho e me preocupei com Mary que parecia decepcionada com isso.