- Sua primeira consulta é amanhã, às 10h iremos juntos. – assegurou-me enquanto eu o encarava ainda absorta sobre como reagir ao “tchau”.

- Ok. – movi-me na tentativa de virar para a porta e girar a maçaneta, mas ele me segurou.

- Boa Noite Lis. – um beijo terno foi depositado em minha testa e antes que eu pudesse responder ele já estava dentro de seu próprio quarto.

Continuava atônita em frente a porta absorvendo os últimos segundos, se eu não fosse adulta suficiente poderia sentir as borboletas em meu estômago e a pequena onda de choque por minhas pernas.

Girei a maçaneta cautelosamente, quase nem me dando conta do movimento e de modo natural caminhei até a cama, me jogando na mesma e refletindo... Ele havia me chamado de “Lis”, o apelido que usava quando ainda namorávamos.

Minha mente se retorcia em controvérsias que gritavam entre si, eu precisava do tratamento, embora a proximidade com Corey pudesse me deixar mais louca do que já estava. No fundo eu só queria voltar ao normal, se é que fui normal algum dia.

Adormeci com as mesmas roupas, apenas chutando os sapatos longes, o peso em meus ombros não descarregaria nem com mil noites de sono...Porém no dia seguinte acordei revigorada.

Corri diretamente a mala a procura do que vestir, e ao abri-la levei uma surpresa, não sei dizer se para piorar ou melhorar meu dia. O bilhete dizia:

Layla passou por aqui, te amo amiga!

Eu ainda mataria a pequena smurf, amacei a folha do bilhete e passei a revirar a mala, num canto estavam situadas milhões de saias, do lado uma porção de blusinhas, a frente vestidos, assim como uma dezena de casaquinhos além de pouquíssimas calças jeans. Torci para que ao menos não tivesse trocado meus sapatos, porém o pior aconteceu, meus tênis tinham sido substituídos por sapatilhas e salto altos, só um par tinha sobrevivido.

E então veio a batalha para a escolha de uma roupa, depois de minutos eternos fiquei com uma calça floral, bata com listras largas em cinza e para completar um blazer rosa pastel junto às sapatilhas que mais me agradara.

Não passava das 9h30 quando ouvi batidas na porta.

- Está pronta? – perguntou quando eu abri a porta.

- Aham.

- Que bom, assim temos tempo para eu te levar tomar um dos melhores cafés da região. – um sorriso amplo abria em seu rosto e vi que ele tentava ver pro cima de meu ombro a bagunça atrás, mas disfarcei e sai do quarto levando-o comigo.

- Veremos se esse café é tão bom quanto o que eu faço! – o desafiei desfilando pelo corredor e percebi que estava sendo muito observada. – Tá me encarando por quê? – perguntei com receio de ouvir a resposta.

- Hum, nada... Você tá diferente. – o vi reprimir uma pequena risada, mas resolvi ignorar.

Seguimos em silêncio o tempo todo, nenhum assunto aparecia e não parecia que precisava de assunto pro clima ficar agradável. Quando chegamos a cafeteria preferi aguardá-lo num dos bancos do lado de fora e logo ele saiu com os dois cafés e uma pequena caixa.

- Uau, é realmente bom esse café! – admiti após o primeiro gole.

- Bom, se você gostou do café, vai amar isso... – ele me esticou a caixa e eu a abri.

- Meus bombons! – exclamei com um sorriso no rosto.

Meio que fora de mim eu pulei para cima do mesmo o abraçando fortemente, tão forte que me faltava o fôlego eu sabia que não o machucaria, mas de alguma forma o abraço tinha me confortado. Separamo-nos devagar e com os rostos próximos passamos segundos nos encarando até eu sentir a famosa sensação nauseante e me afastar.

- Obrigada Corey, obrigada mesmo! – agradeci pondo um dos bombons na boca.

- Não há de que... Mas acho que já deu o horário da sua consulta, vamos? – assenti mastigando e seguindo-o até o carro.

Deliciava-me com o bombom, a textura do chocolate, suave, doce na medida certa... Fechei os olhos sorrindo e ouvi a risada discreta do loiro ao meu lado, o olhei curiosa.

- Que foi? – perguntei de boca cheia, não me importando com as boas maneiras.

- Quase me esqueci do quanto você fica engraçada comendo esses bombons. – revirei os olhos.

- Eu não sou engraçada. – cruzei os braços em frente ao peito.

- É sim Anna, você sabe que é... – o carro tinha parado assim como seus olhos sobre mim, por um minuto divaguei no azul profundo. – Chegamos. – agitei a cabeça saindo do carro e pondo foco na consulta.

- Você vai entrar comigo? – perguntei enquanto aguardávamos o elevador.

- Só se você quiser... – retorci os lábios tentando cuspir de uma vez minha vontade.

- Entra. – disse apenas e ele entendendo me guiou pelos ombros fazendo um carinho breve e calmante.

Na recepção nem aguardamos eu era a primeira paciente e logo fui atendida. A sala do médico parecia mais ampla do que deveria ser, possuía uma chesy cinza a mesa onde atrás estava sentado o senhor de meia-idade boa pinta que logo se familiarizou a Corey. As paredes eram pintadas num tom claro e a decoração feita em tons de cinza e azul.

- Você é a Anna certo?

- Sim. – sorri brevemente ao homem.

- Eu sou Dr. Hawk, ou Trevis como prefiro que me chamem. – seu sorriso era convidativo e trazia segurança. – Bom, creio que já ouvi falar de você. – Corey levantou a mão sorrindo.

...

- Layla eu ainda te mato! – exclamei pelo telefone rolando na cama.

- Mata nada, graças a mim você tem bom gosto agora! – revirei os olhos.

- Agora me conta como tá seu lance com o Sid e o... – deixei por não citar o nome do outro.

- Vamos sair hoje! Ele quer se desculpar pela outra noite e tudo mais... Mas não sei, não estou muito animada.

- Sinto cheiro de Joey nisso... – comentei recebendo seu resmungo. – Sério L. quer enganar quem? Você sabe que o baixinho te encanta... – ri fraco.

- Sem graça... Vou sair com o Si e você vai ver, dessa noite a gente não passa.

- Duvido!

- Fica duvidando que você vai se ferrar. Falando nisso, ele chegou, vou deligar... Beijo Lise, vê se para de enrolar com o Corey.

- Você não presta avatar! – rimos e desligamos.

Estava ansiosa pelo desenrolar deste triangulo, assim como aliviada pela consulta com o Dr. Hawk ele adivinhara meus pensamentos na maior parte do tempo, e após horas extensas de conversa concluiu que faríamos um tratamento lento que resultaria em grandes melhorias. Corey pareceu mais feliz após a consulta e talvez eu estivesse também.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.