Angel´s Pov:

A conversa com a minha irmã tinha me deixado stressada, precisava de um alivio, por isso assim que eu e o Caleb chegamos à escola e encontramos os rapazes, eu disse lhes que precisava de ir à casa de banho, todos concordaram e então sai de ao pé deles indo numa direcção em que parecia que ia à casa de banho mas na verdade fui para a parte de traz da escola, um sitio onde ninguém ia.

Assim que me certifiquei mesmo que não estava lá ninguém tirei da minha mala um maço de tabaco, acendi um cigarro e levei o à boca.

Não me julguem mas desde que o Caleb foi embora à dois anos atrás eu comecei a stressar me muito facilmente e não sabia o que fazer ele fez me muita falta.

A minha primeira reacção foi a mudança. Mudei completamente, tanto na minha maneira de vestir como na minha maneira de agir com as pessoas, tornei me numa pessoa fria sem sentimentos e sem me importar com o que as outras pessoas pensavam de mim, mas passado um tempo eu conheci os meus três idiotas e então mesmo que fosse só um pouco eu comecei a dar me melhor com as pessoas, mas durante todo esse tempo o stress não foi embora.

A minha segunda reacção foi começar a cortar me, é por isso que agora ando sempre com os pulsos cheios de pulseiras, funcionou durante algum tempo até os três idiotas descobrirem e ameaçarem me de que contariam aos meus pais, e vocês não conhecem os meus pais tão bem quanto eu para saber que era melhor parar.

E finalmente a terceira reacção, depois de parar de me cortar o stress voltou, então tive de encontrar refugiu em outra coisa e foi ai que experimentei o meu primeiro cigarro, descobri que o tabaco aliviava melhor o stress que os cortes, por isso sempre que posso vou para um sitio escondido para fumar um, e quando termino para disfarçar o cheiro do tabaco como uma pastilha de menta, trago nas sempre comigo.

Assim que o sinal bateu apaguei o pouco do meu cigarro que ainda restava joguei o em um sitio onde ninguém o encontraria e fui em direcção à minha sala.

No momento que cheguei ao pé da porta da sala reparei que os quatro idiotas estavam lá muito provavelmente à minha espera.

–Bolas Angel isso é que foi uma ida à casa de banho.- disse Josh com cara de gozo.

–Sentiste saudades foi?- perguntei entrando na sua brincadeira.

–Parem lá com isso crianças, mas o Josh tem razão Angel demoraste mesmo muito.- disse Ethan.

–Coisas de mulheres.- disse entrando na sala sem dar tempo de ninguém responder.

As aulas passaram rápido para minha felicidade, já estávamos todos a ir para casa, o Alex, o Josh e o Ethan já tinham virado cada um para a direcção das suas respectivas casas deixando me a mim e ao Caleb sozinhos.

Estava tudo a ir muito bem até que um idiota qualquer vem com o seu skate a toda a velocidade contra mim fazendo me deixar cair o meu skate e a minha mala e consequentemente fez com que todas as coisas que eu lá tinha dentro se espalhassem pelo chão.

Mas isso não fez com que o idiota parasse, muito pelo contrário ele continuou a andar a toda a velocidade sem ao menos pronunciar um “Me desculpe”.

–IDIOTA, FILHO DA P*TA, MALCRIADO, SKATISTA DE MERDA!!!!!!!!!!!!- eu continuava a xingar o skatista de todos os nomes possíveis até a voz do Caleb me fazer despertar.

–O que é isto Angel?- perguntou, eu estava de costas para ele, mas pelo seu tom de voz eu pude perceber que ele parecia apavorado.

Assim que me virei na sua direcção deparei me com a seguinte cena, ele agachado segurando a minha mala, já que provavelmente ele estava a apanhar as minhas coisas caídas no chão, enquanto eu estava mais ocupa em xingar o skatista idiota, com o meu maço de tabaco nas mãos.

Pois… agora fudeu.

Eu estava estática sem me conseguir mexer, e nem um som saia da minha boca.

E agora o que faço? Não posso simplesmente dizer “É um maço de tabaco, porquê nunca viste um?”. Ou será que podia?...

–Angel não me digas que tu…- ele não acabou a frase, porque queria que eu o fizesse, queria que eu lhe dissesse o motivo de tudo.

–Não é meu é… para um amigo.- disse meio atrapalhada, claro que a mentira não pegou.

–Achas que eu nasci ontem, Angel eu só te faço uma pergunta- pausa- porquê?

–…

–Diz me Angel, é só isso que eu preciso saber.- insistiu completamente sério quase aos berros.

Agora o que é que eu digo “A verdade Caleb, é que eu sempre gostei de ti como mais que um amigo, mas tive medo de te dizer como me sentia e levar um fora, então quando te foste embora o tabaco foi o meu refugio”, sim porque eu não mencionei mas o stress não foi só por ele ter ido embora, foi por eu o amar e ele não estar mais ao meu lado, senti um vazio que tentei preencher em vão até encontrar o tabaco que não preenchia o vazio, mas aliviava a dor que ele causava.

–Eu…tu… NÃO TENS NADA A VER COM ISSO!!!!!!!!- praticamente berrei, chamando a atenção das poucas pessoas que ali passavam, mas não queria saber só queria sair dali, o mais depressa possível.

Peguei nas minhas coisas que permaneciam nas mãos de Caleb e corri para o lado oposto ao da minha casa.

Eu não queria ter gritado com ele mas… entrei em pânico e não sabia o que fazer ou dizer e a primeira coisa de que me lembrei foi de fugir como uma cobarde, se calhar é isso mesmo que eu sou, uma cobarde que sempre foge dos seus problemas.

Continuei a correr sem destino até que entro numa rua que não conheço, boa era só que me faltava, ficar perdida. Ainda por cima está a começar a escurecer.

Sentei me encostada a uma parede abraçada aos joelhos com a cara escondida neles e comecei a chorar, coisa que já a algum tempo que não acontecia, mas não aguentei, foram muitas as emoções e acontecimentos para um único dia, para uma única pessoa.

E agora o que é que eu vou fazer…