‘’Estou mais viva , estou aqui , estou tão perto da realidade que me sinto perfeita...’’

—Fernanda Mills

POV Maria Fernanda

‘’Eu vim para este mundo para dizer o quanto a injustiça dói. O quanto vivemos de expectativa, e o quanto erramos. Eu sou o resultado do amor e do triunfo dele sobre os maus pensamentos , porquê , a minha alma exclama isso. Eu sinto meu coração pulsar o sangue com mais força a cada dia. Eu sinto os fios de cabelos meus crescerem sem se quer raciocinar que um dia eles não irão ficar brancos. Me vejo no espelho e e falo ‘Não verei este rosto flácido e com marcas do tempo’. Não ficarei sozinha, como falam, terei a minha fé. Ela é maior que o meu orgulho. Ela é maior que mim mesma.’’

Escrevo esse meu pensamento em meu diário e logo o guardo na gaveta do criado mudo. Meus pensamentos estavam estilo ‘’Estou mal, mas estou bem ao mesmo tempo’’. A morte de Vitor Hugo me abalou, em todos os sentidos. A morte , em si é destruidora para aqueles que ficam, e tranquilizante para aqueles que se vão.

—A vida é tão...—Paro de falar assim que escuto fortes batidas em minha porta. Me levanto da cama e vou atender a visita. Arregalo os olhos ao ver quem é.—Fernando Luiz?

—Me permite entrar?—Ele pergunta e percebo que ele estava acompanhado de dois homens.—todos nós...

—Entrem.—Falo e quando ele passa por mim eu o pego pelo braço.—Me explica isso.— peço e nos distanciamos dos dois homens.

—Juiz e tabelião, especialmente para nosso casamento. As testemunhas já assinaram no cartório. Só falta nós dois.—Fala rindo e eu o olho incrédula.

—Enlouqueceu? Não vou me casar contigo, Fernando.—Falo brava.

—Isto que irei falar é uma proposta, não uma ameaça.—Fala e se aproxima de mim.—Case-se comigo e ficará perto de nossos filhos. Do contrario, nunca mais irá vê-los em sua vida.—Fala serio.—Decida agora, Maria Fernanda.—Fala e eu fico sem entender nada.

—Mas...—Falo e ele levanta o rosto.Era meus filhos...Ele os usaria, mas eles eram meus filhos.—Me casarei contigo.—Falo determinada.—Mas, eu me casando com você não significa que serei sua esposa na pratica. Nunca mais voltarei a ser sua.—Falo.

(...)

—Sorte sua que eu mudei minha afiliação para meus pais biológicos, se não fosse por isso, pelos olhos da lei, seriamos irmão e não poderíamos nos casar.—Falo quando ele acaba de assinar o seu nome no livro.

—Senhorita Maria Fernanda Mendonza, você aceita como seu legitimo esposo o senhor Fernando Luiz San Román?—O juiz pergunta e eu olho para Fernando Luiz. —Senhorita?—Ele me chama a atenção novamente e eu viro meu rosto para responde-lo.

—Aceito.—Falo rapidamente e logo fecho os olhos para não olhar mais ninguém. Rapidamente os abro e vejo Fernando Luiz me oferecer a caneta para eu assinar.Eu suspiro ao pegar a caneta e logo me aproximo para assinar.

—Eu os declaro marido e mulher.—O juiz fala e eu olho para Fernanda Luiz com medo do que poderá acontecer comigo daqui para frente.

POV Maria

As pessoas estavam chegando á casa de Victória a cada hora que se passava. Ela e Otávio abriram as portas para o funeral de Vitor Hugo sem mesmo se importar com Christiano. O único motivo era Catharina e Fernando José. Eles tinham que engolir a presença de Christiano em qualquer lugar, principalmente agora que seus filhos foram pais recentemente.

—No que pensa?—Estevão pergunta chegando com Otávio.

—Nada. Apenas estava olhando as pessoas chegarem na casa.—Falo ainda olhando para a janela.

—Já esta perto do enterro e Maria Fernanda e Fernando Luiz não aparecem.—Otávio fala e eu o olho.—Maria Fernanda provavelmente não virá, mas e Fernando Luiz?

—Ele não vem por causa de Christiano.—Estevão fala se sentando na poltrona.

—Eu vou ajudar Victória com as visitas. Fernando José não irá dar conta sozinho e muito menos com Catharina...—Falo e logo o celular de Estevão toca e ele pede um minuto para atender o celular.

—Prefere ficar aqui?—Pergunto para Otávio.

—Sinceramente? Sim.—Ele me responde e eu vou ajudar Victória com as visitas.

—A rainha do castelo.—Escuto uma voz familiar e me viro lentamente. Maria Sófia...—Dona de tudo. Do castelo até os campos mais secos e desprovidos de habitação.

—Suas filosofias não tem pé nem cabeça. O que quer?—Pergunto ríspida.

—Vim ver o velório, mas percebo que meu alvo não esta aqui.—Fala e eu me lembro de Maria Fernanda.—Ela pegou o meu livro e nunca mais devolveu.

—Você não quer vê-la somente pelo livro. Mas também para provoca-la.—Falo e me aproximo dela.—Você nem mata a presa nem deixa ela morrer. O que você realmente quer?

—Vê-la sofrer até não aguentar mais.—Ela fala e eu a olho incrédula.—Ela sempre teve tudo, Maria. Tudo o que eu não tive.—Fala me cercando.—Um lar, uma família...

—Filhos.—Falo e ela me olha surpresa.—Eu sei que Melissa não é sua filha. Sei de tudo, descobri tudo sozinha sem você nem desconfiar de mim.—Minto por uma parte.—O seu problema é que você não muda, nem se quer tenta.

—Eu já fiz coisas piores , Maria. Coisas que eu queria que ela fizesse.—Fala e começa a chorar.—Porquê ela sempre teve tudo? Porquê todos gostam dela mesmo assim?

—Porquê ela só tenta agradar a mim. Enquanto você tenta agradar o mundo. E isso, Sófia, é tentar suicídio contra seus objetivos mais profundos. Aqueles que você sempre quer, mas teme a opinião dos outros.—Falo brava.—Você não é perfeita, ninguém é. Mas você faz o pior dos pecados, se destruir.

—Fala isso sem mesmo saber como fui gerada, muito menos sabe o quanto eu sofri.—Fala e começa a chorar compulsivamente. Ela estava passando mal de tanto chorar.—Eu sou uma aberração, você sabia? Eu sou resultado do pior crime contra a humanidade.—Fala corendo para as portas dos fundos.

O que seria que Maria Sófia queria dizer com isso? Porquê ela chorava tanto? Mesmo ela fazendo tanto mal a Maria Fernanda, eu tive vontade de abraça-la e pedir desculpas...Mas, fazer isso pelo o que?

—Maria?—Escuto o padre Belisário e me viro rapidamente. Fazia muito tempo que eu não o via mais.

—Quanto tempo.—Falo e o abraço.—Não sabe como precisava do senhor para desabafar.—Falo e o olho. Ele estava muito sério.—O que houve?

—Vi que uma moça acabou de sair daqui correndo depois de ter conversado com você...Eu acho que a conheço.

—Maria Sófia, uma...pessoa que não é muito chegada á Maria Fernanda.—Falo e ele parece ficar mais nervoso ainda.—Esta passando mal?

—Sim, muito. Eu deveria te falar que ... Maria você precisa saber de uma coisa, filha.—Fala me deixando assustada e segura em meus braços.—Victória não é sua única irmã...Você tem outro parente, bem próximo.—Fala me deixando sem entender. O que isso tem haver com Maria Sófia?

‘’ I'm the ghost of a girl

That I want to be most

I'm the shell of a girl

That I used to know well

Dancing slowly in an empty room

Can the lonely take the place of you

I sing myself a quiet lullaby

Let you go and let the lonely in

To take my heart again

Broken pieces of

A barely breathing story

Where there once was love

Now there's only me

And the lonely

Dancing slowly in an empty room

Can the lonely take the place of you

I sing myself a quiet lullaby

Let you go and let the lonely in

To take my heart again ‘’ — Christina Perri , The Lonely.