POV Maria

Eu vi nos olhos de Fernando Luiz que ela tinha nos deixado sem se despedir.Vi que nunca mais aqueles olhos de vidros brilharem para mim como antes.Nunca mais escutarei sua voz, nem verei seu sorriso enorme.Nunca mais sentirei ela me abraçar e muito menos terei a sua presença perto de mim.Eu vi no rosto de Victoria que o mundo para ela acabou de uma vez por todas.Eu nunca mais sentiria ela me abraçar nem me chamar de ‘’mamãe’’.Eu sentia que muito em breve poderíamos nos encontrar.Mais eu não tenho coragem de passar pela dor de deixar todos aqui sozinhos.

—Está me dizendo que minha filha morreu?—Victoria pergunta muito calma.—È isso?—Pergunta ainda calma.

—Maria Fernanda deixou sua marca neste mundo...—Fernando Luiz fala e confirma.—Ela merece estar no céu.

—Não!—Catharina exclama chorando.—Ela não vai.—Fala e eu fico incrédula.—Ela,eu...Nem mesmo Demetrio de Rivero vamos.Muito menos Maria Lua...Nem Vitor Hugo!—Fala e eu fico sem entender.

—Vocês viram o Demetrio?—Ângelo pergunta com medo.

—Ele...E sua irmã.—Vitor Hugo fala e eu fico confusa.—Maria Lua é filha de Demetrio.—Revela e todos ficam chocados.

—Ele fez Maria Lua fazer um pacto com o...—Catharina tenta falar mais ‘’trava’’.—O diabo.—Fala desviando o olhar.—Todos nos fizemos.

—Por isso ela me entregou isso.—Fernando Luiz fala com um envelope em suas mãos.Eu tento pegar mais ele desvia.—Ela disse que só uma pessoa poderia ler essa carta...E que enquanto ela não quisesse ou não pudesse...Ninguém leria.

—E quem é essa pessoa?—Estevão pergunta já com angustia.

—Victoria.—Fernando Luiz fala e eu fico incrédula.

—Como uma Ceg...—Paro de falar ao ver a reação de Victoria.

—Uma o que, Maria?—Ela pergunta entre os dentes.—Continue.—Pede.—Mais lembre-se de que você me deixou assim.

—Não.—Demetrio fala me assustando E logo todos nos distanciamos dele.—A culpa é minha.—Fala.—Eu sabotei aquele carro.—Fala sorridente.

—Então foi você quem me empurrou da escada?—Pergunto com raiva.—Que sequestrou Estrela?

—Desses dois acontecimentos...—Fala e para .—Eu só fui responsável pelo sequestro.Ah...E pela morte de Daniela.

—Como podemos saber se fala a verdade?—Otavio pergunta serio.

—Perguntem a Maria Fernanda...—Ele fala com deboche.—Ah...ela morreu.—E agora não tem mais ninguém que comprove isso.—Fala com raiva.—E sobre ela morrer...Não se preocupem...Ela é filha de Victoria.—Fala e eu fico sem entender.—Ela sempre surpreende a todos.

—Ela morreu...Não tem como ela nos surpreender , Demetrio, por favor!—Estevão pede com raiva.

—Vamos ligar para a policia para levar ele daqui!—Cristina exclama com raiva.

—Façam isso...—Demetrio pede e sai andando e não fazemos nada.

—Temos que fazer algo.—Falo.—Victoria tem que fazer a cirurgia para voltar a enxergar e sabermos o que há nessa carta.—Suplico para ela.—Foi a ultima vontade de Maria Fernanda...

—Pode queimar essa carta.—Fala seca.—Pois eu não vou ler ela nunca.

—Eu vou ligar para prenderem ele.—Heitor fala mais Estrela o segura.—O que foi?—Pergunta serio.

—Não vai mais adiantar.—Falo.—Demetrio nos venceu.

—Esqueçam o Demetrio...Ele nem se compara a dor que sentimos agora...Pela morte de Maria Fernanda.—Catharina fala engolindo um seco.

—Catharina...—Fernando Luiz fala um pouco serio.—Vamos liberar o corpo.

—Mais já?—Pergunto incrédula.

—Quanto mais cedo melhor...—Catharina fala um pouco fria.Logos eles se vão e eu fico sem chão ao voltar a lembrança de que Maria Fernanda morreu.

—Fernando José, me leve para casa.—Victoria pede e eu a olho.—Estou muito cansada.—Fala se levantando com Fernando José.Logo eu percebo que Estevão mantinha os olhos fixos em Victoria por muito tempo.Logo ele volta a si, e fica constrangido com algo.Já era a segunda vez que eu via Estevão com suas atenções em Victoria.

—Claro,mãe, claro.—Fala e ela permanece calada e fria.

POV Cristina

Depois que minha mãe saiu da sala de espera para ir embora eu fui para a frente do hospital.Eu não estava com a minha cabeça no lugar certo.Eu não sabia o que fazer...Eu tinha acabado de perder a irmã que eu sempre quis ter perto de mim me ajudando com o que eu quisesse.Mais isso era egoimo meu.Maria Victoria e João Paulo vão crescer sem saber o que é o amor de mãe.Sem saber o que e ter uma mãe para ouvir suas primeiras palavras, seus primeiros passos, o primeiro arranhão, o primeiro sorriso...

—O que eu quero agora...—Começo a falar vendo a chuva cair sobre mim.—È que Deus nos ajude.

—Cristina!—Maria Sófia fala grita vindo até mim na chuva.—Não deve ficar na chuva, pode pegar um resfriado.—Fala e com isso eu me lembro de Maria Fernanda.Choro.Choro muito alto a ponto dela me abraçar na chuva.—Não fique assim...

—Como quer que eu fique?—Pergunto ainda abraçada a ela.—Perdi uamá pessoa com o meu sangue.Minha irmã!

—Um dia...—Fala me olhando nos olhos agora.—Ela vai de alguma forma , te guiar.—Fala me dando medo.—Como vai guiar aos anjos que deixou no mundo.—Fala me segurando nos braços.

—Resolveram quando vai ser o funeral e o enterro?—Pergunto com uma dor na garganta.

—Amanhã de manhã.—Fala e eu me assusto.Já?—Bem cedo.—Falo e vejo que ela começa a chorar.—A morte dela para mim é a prova viva de que a vida e curta.—Fala pensativa.—De que anjos voltam para o céu.—fala ainda muito pensativa.—E que a maior maneira de se triunfar e sendo corajosa...E talvez um pouco egoísta e ignorante.

—Ela não era egoísta nem ignorante.—Falo e ela me olha me dando medo e depois sorri.

—As vezes a ignorância e o egoísmo faz bem a todos nos.—Fala sorridente e eu fico sem entender.

—Talvez.—Falo ficando com medo dela.—Talvez todos nos devêssemos ser egoístas e ignorantes com o próximo.

‘’- Talvez você não acredite. Não faz mal. Eu também não acreditava.

‘’ É como o arco-íris. Um jogo de cores. Uma mistura do real e do imaginário. Um desejo de passar por baixo, ou por cima. De fazer um pedido.

Quando vemos um arco-íris o coração se enche de encanto, mistérios e bons fluídos.

Com anjos por perto algo semelhante acontece. Descobri que existem duas categorias de anjos:

– Anjos que sabem que são anjos. Mas não podemos vê-los, embora estejam sempre próximos. É aquela força protetora, aquela intuição, luz apontando o caminho.

Na maioria das vezes, esses anjos passam despercebidos. Não vemos. Não tocamos, não sentimos e não acreditamos. Somos assim, pobres: só acreditamos se conseguimos ver e explicar.

– Há anjos que não sabem que são anjos. Mas, nós o sabemos. Podemos ver e tocar. Sentam-se bem ao nosso lado. Quando nos encontram abrem um sorriso feito arco-íris. Protegem, cuidam. Ensinam pela ação. Pelo amor. Estão sempre prontos. São força e ternura.

Esses anjos nada têm de extraordinário. São como qualquer criatura que você já viu andado por aí. Trabalham, choram, fazem compras. Gostam de sorvete. Apaixonam-se.

Podemos reconhecer pela doçura. Pela paciência, pelo cheiro suave. Pelo mistério que escondem. Sabe aquela pessoa que nunca fala sobre si? Essa mesma!

Conheço um anjo assim. Ele não sabe que é. Mas, já descobri sua identidade. Um anjo disfarçado. Gosta de lua cheia, de chuva escorregando na janela, de passar sob arco-íris.

Dia desses, inda roubo um beijo só para ver como é.’’