Havia se passado uma semana desde a morte de Inês. O telefone de Giles tocou e ele atendeu no segundo toque. Não ficou surpreso ao ouvir a voz com sotaque britânico do outro lado da linha.
—A nova escolhida foi localizada? —Indagou. Não havia necessidade de cumprimentos ou formalidades. Ele queria apenas informações.
—Sim, sim.—A voz respondeu.—Uma potencial foi ativada, no entanto…
Giles sentia a incerteza na voz do homem.
—O que houve? A caçadora está bem?
—Não conseguimos localiza-la ainda. A escolhida está perdida no mundo.
Era uma péssima notícia. Como combater o mal sem a escolhida? E também, eles não poderiam deixar uma jovem com tamanha responsabilidade sem auxílio. A porta da biblioteca se abriu e Xander, Willow e Buffy entraram. Giles desligou o telefone e foi ao encontro dos jovens.
—Bom dia.—Ele disse.—Como se sentem?
Mesmo sendo uma pergunta um tanto retórica, ele ganhou em resposta três pares de olhos abatidos sobre ele. Os jovens ainda estavam abalados com a morte de Inês. Não podia culpa-los pois se sentia igual, talvez pior.
—Tem sido uma semana horrível, Giles.—Disse Willow.—O mundo é um lugar mais sombrio agora.
Xander concordou.
—Como alguém pode aceitar uma vida dessas?
Giles deu de ombros e tirou os óculos para limpar.
—Não há como fugir do dever, Xander. Embora se tente, cedo ou tarde o destino nos encontra. Inês aceitou seu destino com graça...
Giles soltou um suspiro pesado enquanto Xander balançou a cabeça. O sinal tocou e eles se levantaram para sair. Buffy ficou para tras, e encarou Giles, como se tivesse algo a dizer, e relutasse contra isso. Por fim, decidiu ir com os amigos, sem questionar o britânico sobre algo importante. Ele olhou na direção onde a loira seguiu seu caminho.

*****

Era noite, e Buffy voltava sozinha do Bronze. Ela cortou caminho por um parque, e se sentia sendo observada. Tinha os braços em volta de si, olhando para os lados.
—Não ha ninguém me observando.—Repetia para si.—Não há…
Ouviu um barulho e se virou. O som vinha de alguns arbustos e, mesmo sem coragem, decidiu se aproximar. Buffy foi surpreendida como algo a derrubou. Ela rolou e chutou o vampiro antes que ele batesse três lâminas enormes contra ela.
Buffy se levantou para dar um soco no vampiro de volta, contudo ele foi mais rápido e ela ganhou um corte no braço. Mas então Angelus apareceu e o vampiro fugiu. O cheiro de sangue invadiu suas narinas e teve que lutar contra o demônio dentro dele. Como queria festejar no sangue dela. Empurrar duro dentro dela, enquanto a deixava seca. Contudo, balançou a cabeça e deixou que ela se aproximasse. Logo viu o corte em seu braço.
—Está ferida.—Foi tudo que conseguiu dizer no momento.
—Obrigada.—Ela sorriu, tímida.—Não estava me seguindo, estava?
Angelus despertou de suas fantasias e cravou seus olhos na loira. Uma semana desde seu último encontro. Uma longa semana desde que a beijou. Ele obviamente a seguia, e seu olhar não deixava mentir. Ao invés de responder, tirou o casaco e deu a Buffy.
—Tome isto.—Colocou o casaco nos ombros dela e saiu.
Buffy o chamou de volta, no entanto, Angelus não lhe deu ouvidos.

*****

Giles pegou um jornal e mostrou uma notícia a Buffy, Willow e Xander. Buffy tinha agora um curativo no braço, e seu ataque de alguma forma tinha ligação com aquela notícia.
—Um morador de rua encontrado em pedaços.—Giles leu o título e fitou Buffy.—Foi encontrado no mesmo parque onde você foi atacada. Acredito se tratar da mesma criatura.
Buffy deu de ombros e então percebeu que Giles mantinha o olhar fixo nela.
—Fico feliz que esteja bem, mas me pergunto como conseguiu escapar.
—Eu… eu o chutei...—Engoliu em seco.—Então ele se foi…
O britânico não parecia comprar a resposta da menina, mas precisava comprovar suas dúvidas por ele mesmo. Quando o sinal tocou, ele a chamou discretamente a um canto.
—Faça-me o favor de vir aqui à noite, sim? Ao cair da noite.
—Posso saber…

Ele silenciou sua pergunta com uma expressão amistosa.

—Prometo-lhe todas as respostas, porém não neste momento. Fará este favor a mim?

Giles lhe transmitia conforto e, embora relutante, ela assentiu. Logo seguia os amigos para suas aulas. E para a vida normal.

*****

Como prometido,Buffy estava na biblioteca ao anoitecer. Mas ler livros não era a intenção de Giles. Ele saiu de gabinete carregando uma besta, e uma mochila com estacas e outros itens. Depositou tudo na mesa, na frente de uma Buffy descrente. Ela ergueu a sobrancelha.

—O que significa tudo isso, Giles? E porque precisa de mim?

—Sem Inês, ou sinal de uma escolhida, decidi que devo impedir este vampiro eu mesmo. —A firmeza de sua voz soou convincente até mesmo para ele.

— E como precisa de mim?

—Terá as respostas quando chegarmos. Agora me mostre o local onde sofreu o ataque.

Relutante, saíram juntos para o parque. Procuraram vampiro, mas sem sinal dele. Giles então teve a ideia de irem ao cemitério.

Buffy estava a ponto de ir embora quando algo chamou a atenção dos dois. Giles ergueu a besta, enquanto se moviam lentamente.

Giles disparou a besta, mas a flecha não acertou seu alvo. O vampiro empurrou Giles para o chão. Quando ele veio sobre Buffy, a loira chutou seu estômago e evitou o ataque. Ela girou, chutou outra vez e bloqueou um soco.

—Droga!—Giles tentava recarregar a besta.

Buffy bateu no pé do vampiro, e chutou a parte de trás de seu joelho. Em seguida, agarrou-o pela cabeça, e o bateu contra seu joelho.

O vampiro caiu para trás. Ela então tirou uma estaca de seu bolso e dirigiu através do coração do vampiro.

Ele era poeira quando ela olhou para Giles, respirando com dificuldade e se sentindo tonta. Giles não estava menosprezado atordoado que ela. Buffy largou a estaca e deu um meio sorriso, ainda respirando difícil.

—Bem, acredito ter encontrado a escolhida.

Buffy apenas balançou a cabeça, sem palavras, graças à emoção do momento.

*****

Escondido, a figura confirmou suas suspeitas. Angelus deu as costas e saiu antes de notarem suas presença. Buffy era realmente a caçadora e sabia que deveriam lutar até a morte. No entanto, algo dentro dele lutava contra essa ideia. Apenas não sabia porque.