Animos Domi

Capítulo 28 - No estacionamento.


Jackie Tyler passou na casa dos dois na manhã seguinte, conforme prometera, e levara Tonny. Acontece que o garoto não reconheceu a casa e começou a chorar alto, de modo que foram embora bastante rápido. John achou isso ótimo: Ele e Rose corriam o risco de gargalhar caso se olhassem e John achava perigoso ficar perto dela agora. Jackie, a fera.

Fizeram um chá e reviraram os armários até acharem bolachas e pães. Então um grito inegável de “cabelos!” veio do lado de fora. John foi abrir a porta. Liz entrou, olhando em volta.

–-Cafofo maneiro. –Disse. –Eu teria decorado melhor, mas ficou de fato muito bom.

Ela se sentou ao lado dos dois e comeu também, jogando alguns pedaços de torradas para um Spock que miava.

–-Sete horas. –Disse John depois de um tempo. –Melhor irmos.

Mas antes de sair ele foi até o quarto e pegou uma mochila preta. Rose estranhou aquele movimento: John nunca levava nada para torchwood. Mas Liz a puxou para fora e lhe mostrou o novo som do seu carro enquanto John ficava dentro de casa fazendo sabe-se-lá-o-que.

–-Beeeem potente. –Disse Liz, aumentando cada vez mais o som. –Legal, não é? –Disse ela, alto.

–-Muito bom, Liz, mas abaixe isso! –Disse Rose no banco do carona.

–-Hã?

John chegou no carro nessa hora. Trazia a mochila e uma sacola que colocou longe dos olhos curiosos de Rose.

–-Minha nossa, Liz, abaixe isso! –Gritou ele.

Liz obedeceu, rindo, e deu a partida.

–-Quer saber de uma coisa?—Disse Rose. –Precisamos de um carro.

–-E eu de uma carteira de motorista. –Riu John.

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Foi o típico dia sem missões de torchwood: Capacitação, palestras e treinos. Os dois prestaram atenção na capacitação, afinal, virariam agentes do tempo ao fim do dia. Rose tirou um belo cochilo durante a palestra de segurança e foi preciso uma boa dose de persuasão para fazer John aceitar sua arma durante o treino. A coisa era até fácil: Acertar alvos móveis. Depois de alguns tiros um tanto certeiros, ouviram a voz de Daniel.

–-Smith, precisamos de você no setor de catalogação. Tyler, continue seu treino.

O Headmaster saiu. John fez uma cara de “por quê eu?” e o acompanhou.

Rose continuou seu treino por mais uma hora, até que seu instrutor a dispensou e ela foi procurar John. Dali a algumas horas seriam nomeados agentes do tempo...

Ela abriu porta após porta e começou a ficar assustada. Não só John havia sumido, mas todos os outros funcionários. Onde estariam todos? Ela suspirou, aborrecida. Algo devia estar acontecendo. O único lugar que não tinha olhado era no estacionamento. Ela foi até lá a passos largos, abriu a porta e estacou.

Todos os seus colegas de trabalho estavam lá. E também sua mãe, seu pai e o bebê. Mas seus olhos pararam na figura no centro da aglomeração. John, usando um smoking, os cabelos penteados para trás. Ela nunca vira John usar um smoking antes. Ela se aproximou, curiosa. Mas, quando estava perto o bastante e tinha aberto a boca para perguntar o que estava havendo, John se ajoelhoue pegou sua mão direita.

–-Rose Tyler— Disse, formal, olhando-a nos olhos. – Minha humana. Eu te amo e gostaria de saber—Ele fez uma pausa e engoliu a seco. –Se você gostaria de se casar comigo.
Rose ficou parada, a boca meio aberta, tentando absorver o que ele pedira.·.

–-Que saudades do Mickey... –Comentou Jackie, provocando John.

Ele corou do queixo a raiz dos cabelos, mas não se moveu.

Rose olhou-o profundamente.

Se parecia tanto com O Doutor... O Doutor...

Mas o senhor do tempo não voltaria mais, estava morto. E também queria que eles fossem felizes e isso, por mais que adiassem ou não admitissem, os faria feliz. Fazia tanto tempo desde que começara sua vida com John naquela dimensão... Realmente estava pronta para algo tão sério. Sim, estava, tinha certeza disso. Ansiava por isso... Mas e John, estaria pronto? Ela olhou em seus olhos e soube que nenhuma outra pessoa no universo estava mais pronta que ele.

–-Aceito. –Murmurou ela, meio chorosa, meio sorridente.

John tentou falar, mas se atrapalhou: Meio que sorriu, meio que fez um barulhinho com a garganta. Vários dos colegas de trabalho riram.

John tirou uma caixinha azul-TARDIS do bolso do smoking e abriu-a. Havia dois anéis. Ele tirou o menor e colocou-o no dedo de Rose, depois se levantou e deixou que ela fizesse o mesmo. Então se beijaram. E os trabalhadores de torchwood aplaudiram. Liz havia até arranjado confetes, os quais ela e Holly jogaram sobre os dois.
–-Vai fundo, cabelos! –Gritou ela. John olhou para ela de maneira sarcástica, então conduziu Rose até um carro azul mais a frente.

–-Pensei em assistirmos o por do sol— Disse. –Já arranjei o carro e Dan nos deu a tarde de folga. Talvez um jantar.

E sorriu para Rose.

–-Eu não sei o que dizer... –Comentou a humana.

–-Que tal... Allons-y?

Eles sorriram e entraram no carro.

–-Mas seriamos nomeados agentes do tempo hoje... –Disse Rose do banco do carona. –E John, desde quando você tem carta?

Ele gargalhou da expressão dela.

–-Estou planejando isso a um bom tempo, Rose Tyler. Desde o dia em que aqueles seres estranhos nos deram um pedido na caverna, lembra? Então, desde aquele dia, tive tempo de arranjar carteira e combinar um dia de folga com Daniel.

–-Minha nossa... –Disse a humana. –Você arranjou tudo isso sozinho?

–-Bah, não foi nada. –Respondeu ele. –Mas você vai precisar de outra roupa. Tem uma na mochila.

Foi só ai que Rose notou que a mochila que ele apanhara em casa estava agora estava no banco de trás do carro. Rose olhou para ele. Não esperava que ela se trocasse dentro do carro?

–-Tem um banheiro publico ali. –Disse ele, parando, como se tivesse lido os pensamentos dela.

Acabou que a roupa era um vestido de seda azul cor de TARDIS. John sorriu para ela assim que a humana se sentou. Estava definitivamente sexy, pensou ele.

–-Onde vamos?—Perguntou ela novamente.

–-Ah, você verá.

E ela viu. Meia hora depois chegaram a um restaurante. Mas não qualquer restaurante. O teto era iluminado por centenas de pequenas lâmpadas que pareciam estrelas. Várias mesinhas, para duas, três ou quatro pessoas estavam espalhadas por um amplo salão. Havia, em uma parede inteira, uma cascata de vidro. A água produzia um som muito gostoso de ouvir ao cair.

John disse algo a uma funcionária na entrada e ela os conduziu a sua mesa, ao lado da cascata de água. Rose ainda olhava em volta quando John lhe puxou a cadeira. Aquele lugar era hipnotizador. Ela saiu de seus devaneios pela voz dele.

–-Gostou?

Aquele lugar era esplendido! As luzes pareciam estrelas! O barulho da água e o sussurro das pessoas conversando parecia querer induzi-la a fica calma e tranquila. Estava tão feliz que achava que ia explodir. Tinha vontade de sair correndo... Tudo estava tão perfeito... Ela esticou o braço e colocou a mão na água que caia constantemente. Estava fresquinha.

–-Adorei. –Foi tudo o que ela conseguiu disser, mas foi o suficiente para fazê-lo sorrir.

Um garçom muito bem vestido atendeu os dois. Eles decidiram deixar por conta do restaurante escolher algo.

–-Hey. –Disse John, se debruçando sobre a mesa. –Posso te perguntar uma coisa?

Falava tão baixo que Rose se debruçou também para poder ouvi-lo.

–-Se lembra de quando estávamos em uma barzinho, a muito tempo atrás, exatamente desse jeito, e Liz nos surpreendeu?

Rose riu. Não conseguiu se conter. A lembrança causou aquilo.

–-Lembra do que houve depois? –Perguntou ela.

–-Batemos o carro. –Respondeu ele, em um tom que não enganava ninguém.

–-Vem cá. –Responde ela, puxando-o pela gravata para um beijo. O som agradável dos sussurros e da água tornou o momento inesquecível.

–-Hã... –Disse um garçom com duas bandejas, meio sem jeito. –Vou deixar isso aqui, tudo bem?

Os dois ignoraram completamente o garçom, que, meio sem saber o que fazer, deixou as bandejas e saiu dali. Eles se separaram algum tempo depois.

–-Bom apetite. –Disse John.