Animos Domi

Capítulo 22 - encontro.


Um segundo fora da realidade. Era o esconderijo ideal. Quem suspeitaria?

Rose pegou o manipulador já travado e o colocou. Um enorme empolgação foi crescendo dentro dela. Ela olhou de esguelha para Pete. Não precisava colocá-lo em perigo, mas dizer isso iria deixá-lo desconfiado.

--Pete, se importaria de ficar aqui?—Perguntou Alden, piscando para Rose quando o senhor não estava olhando.

--Mas...

Alden cobriu o rosto com as mãos de uma maneira muito convincente; Se Rose não soubesse que ela estava fingindo, teria achado que estava se sentindo mal. Pete correu para junto dela, preocupado. Rose aproveitou a oportunidade: Deu partida no manipulador.

Por alguns segundos o claro da floresta a cegou. Então, aos poucos, foi se acostumando. Mas mesmo assim ela o ouviu antes de ve-lo.

--Rose!—Sua voz estava alegre.

Rose conseguiu vislumbrá-lo um segundo antes de ele abraçá-la. Ela deu leve tapinhas em suas costas, como se quisesse conferir se ele estava mesmo ali.

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--Então vamos começar o plano, não se esqueça de nada, por favor. –Pediu Anne.

John fez que sim com a cabeça antes de colocar a primeira parte do plano em ação.

--ANNE, ME LARGA, ESTÁ ME MACHUCANDO, ME SOLTA!—Berrou ele o mais alto que pode.

--TUDO ISSO É CULPA SUA! POR SUA CAUSA ESTAMOS PRESOS AQUI!—Berrou ela em resposta, apurando os ouvidos. Então ela começou a bater no colchão com toda a força que pode arranjar.

--AI! ME LARGA, ESTÁ ME MACHUCANDO, SUA LOUCA! SAI-PARA-LÁ!—Berrou John correndo até o lado da porta.

O plano deu certo: Um dos seres veio ver o que estava acontecendo. Mas assim que ele abriu a porta um bocado de fios caiu por cima dele. O ser se contorceu enquanto a descarga elétrica perpassava seu corpo, então caiu e ficou imóvel. O plano dera certo.

--Vem!—Disse ele para Anne, se jogando para fora da casa. Os dois fecharam a porta quando saíram.

--Não acredito que isso deu certo. –Disse Anne, baixinho.

Mas John não respondeu. Estava olhando para a pessoa que acabava de se materializar no meio da floresta. Era Rose!

Ele saiu desabalado até ela. Por algum tempo ouviu apenas sua respiração ofegante, então sua voz quebrou o silêncio.

--Rose!-E a abraçou. Rose deu tapinhas em suas costas.

--É... é você... –Disse ela.

--Claro que sou eu. –Riu ele.

--Você está bem.

--Ótimo.

--É você... –Disse ela novamente.

--Sou eu. E você, Rose Tyler.

--O que houve?—Perguntou Rose.

--Longa história. –Resumiu-se John. –Acho melhor sairmos daqui primeiro. Explico tudo quando sairmos, não é seguro.

--Claro. –Respondeu ela. –Coloque a mão no manipulador.

Mas antes de obedecer, ele se virou e gritou:

--Anne!—E uma mulher veio correndo de frente da cabana. –Juro que explico depois. –Disse ele a uma Rose zangada.

--Olá. –Disse Anne, sem jeito, assim que chegou até os outros dois.

--Tudo bem, coloque a mão no manipulador. –Disse John.

Anne obedeceu. Antes de partirem John vislumbrou alguns seres chegando na barraca e olhando eles partirem. Um segundo depois estavam na sala da casa de Pete e Jackie.

--O que houve, afinal?—Perguntou Rose. –Você sumiu por uma semana! Encontramos a casa revirada, ficamos preocupados...

--Fique calma, calminha, estou bem... –Por que agora havia lágrimas nos olhos da humana. –Eu explico tudo, calma...

John e Rose prepararam um chá e os três se sentaram. Anne ficou absolutamente quieta enquanto John narrava tudo: Como chegara e dera de cara com Anne, como eles lutaram, como ela o venceu(ele pulou a parte do beijo), como ele havia acordado na barraca, como descobrira que os seres estava usando mente de Anne, como estavam cuidando dos prisioneiros e como haviam bolado um plano para escapar.

--Mas e você?—Perguntou ele finalmente. –Como passou por aqui?

Foi a vez de Rose narrar tudo. Que encontrara a casa revirada e com sangue no chão, que chamara a policia e contara com Liz e Holly e como Alden havia bolado um plano.

--...Agora ela está lá em cima com meu pai. –Disse Rose. –Vamos lá.

Os dois subiram as escadas e Anne os seguiu, meio em duvida.

Não sabia como se sentir. Tentara matar John mais de uma vez, sabia que ele e Rose estavam juntos, mas não conseguia parar de pensar em certas coisas. Ela mentira, conseguia se lembrar sim de ter tentado matá-lo. Lembrava da luta e do beijo, mas preferia não dizer. Era mais fácil quando somente ela sabia. Aquela não era ela. Os seres haviam controlado sua mente e pego suas emoções, que ela geralmente guardava tão bem, e as elevado ao máximo. Ela se lembrava de tudo, inclusive do fato de que não controlava o que fazia. Não tinha culpa pelo que acontecera. Não controlava o que acontecera. Não queria que aquilo tivesse acontecido. Não sentia nada de especial por John. Ou sentia?

Ela mal ouviu a conversa dos outros e se prendeu com seus próprios pensamentos. Era o que ela fazia melhor. Nunca precisara de ninguém, sempre fora sozinha, somente ela e sua ideias...
Aceitou quando lhe falaram que era mais seguro ficar ali, que os seres estariam atrás deles e que Pete lhe daria uma carona até em casa para pegar umas roupas e explicar para os familiares a ausência.

--Moro sozinha. –Explicou ela. –Então a visita será rápida.

E foi. Em meia hora estavam de volta. Pete cedeu seu quarto já que Jackie não estava em casa. Anne se recuso, mas ele disse que ela precisava se recuperar e insistiu até ela dizer que sim. Então tudo se ajeitou.

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Depois de instalarem Anne, John tomou um banho, comeu alguma coisa e foi até os fundos da casa. Não tinha nada para fazer e Alden lhe recomendara descansar, mas não pretendia fazer nada. Queria apenas ficar um pouco no sol. Ele se sentou na grama. Um segundo depois estava deitado, meio sonolento.

--Então você está ai. –Era Rose. Ela se sentou ao lado de John e ele se apoiou nos cotovelos.—Pensando na vida?

--Estava pensando no jantar. –Respondeu ele, fazendo-a rir. –Sério, estava pensando no jantar e em cortar os cabelos.

Rose riu novamente. Ele sorriu e fechou os olhos antes de continuar.

--Desde que cheguei aqui eles cresceram um bocado... Mas não confio no pessoal daqui para esse serviço.

--Posso cortar, se quiser. –Sugeriu ela.

--Hã...

--Eu sei o que faço. Além do que, você não pode sair daqui. Não com os seres por ai.

John teve de concordar, mesmo que não achasse a ideia nada confiável. Sentiu que ROse se deitara ao seu lado e apoiara a cabeça nele.

--Se não ficar legal, deixo você revidar o estrago. –Disse Rose, rindo.

--Nesse caso... Ok.

Deitados na grama, sonolentos, sem nenhuma preocupação maior. Juntos. Como podia dizer não?