And In This Pool Of Blood
Das Conclusões...
And In This Pool of Blood
Cap. 32 – Das Conclusões
Eu sentia meu corpo pesado demais, minhas pálpebras pareciam chumbo, pois eu fazia um esforço muito grande para abri-las e não conseguia nada. Resolvi me acalmar naquele estado semi-consciente. Desisti dos esforços para abrir os olhos e repentinamente vozes chegaram aos meus ouvidos.
- É realmente um milagre que o motorista viesse em baixa velocidade... – dizia alguém com a voz tremida de choro.
- Esses jovens de hoje... Todos uns desmiolados! – essa voz me parecia zangada.
- Que moral você tem para dizer isso para a minha neta? – dizia outra pessoa carregada de sarcasmo – Não quando o seu filho também sofreu um acidente.
- Ora, não me venha com as suas, Elisabeth Blaine – rebateu a voz zangada – Meu filho vem andado estranho esses dias e pode ter certeza de que essa garota fez algo para ele!
- Jessica querida, acho que já pode ir para casa – murmurou bondosamente a voz que outrora era sarcástica – Você não precisa ficar ouvindo esse discurso ridículo de mãe superprotetora.
- A Natallie vai ficar bem?
- Sim, ela vai. É uma menina muito forte.
Senti um sono profundo me invadir depois desse fragmento de conversa e tornei a adormecer.
Acordei já à noite, e novamente custara muito abrir os olhos. A primeira coisa que consegui visualizar foi o teto, que parecia muito longe. Tentei virar o rosto e focalizei alguém dormindo no canto do quarto. Eu realmente viera parar num hospital.
Esse alguém tinha desgrenhados cabelos negros, que iam até o pescoço e mãos extremamente pálidas.
- O quê...? – minha voz saiu fraca. O desconhecido se mexeu e pude ver seu rosto. Era Gerard.
Ele abriu lentamente os olhos verdes e se assustou quando me viu o encarando.
- Então você acordou, hein? – ele sorriu e se levantou, vindo ao meu encontro. Gerard sentou-se em uma cadeira que ficava perto da cama e passou a mão pelo meu rosto.
- Você me preocupou, sabia? – ele continuava sorrindo tão levemente que por uma fração de segundo custei a acreditar que aquilo era verdade.
- O que eu estou fazendo aqui...? – minha garganta doeu um pouco ao pronunciar a pergunta.
- Digamos que uma garotinha muito apressada resolveu não olhar para os dois lados da rua e um carrinho veio e... CABUM! O resultado disso é uma maravilhosa temporada no hospital. – ele parecia uma criancinha contando uma estória.
Mas eu acabei me lembrando de tudo.
Levantei sobressaltada, e as lágrimas vieram sem que eu me desse conta disso.
- Natallie...?
- A MINHA AVÓ! – falei exaltada – ELA PASSOU MAL! O QUE ACONTECEU COM...?
Gerard colocou sua mão na minha boca para que eu parasse de falar.
- A Elisabeth tá bem, não faça esse escândalo senão alguém pode me expulsar daqui! – disse ele urgentemente – Então fica calminha...
Dessa vez ele se sentou na minha cama, acariciando meus cabelos.
- Você fica linda com essa cara de paciente... – murmurou muito perto de mim.
Eu praticamente me sentia tragada por aqueles olhos.
- Ei, Way, você não pretende bancar o “médico” pra cima da minha namorada, não é?
Gerard fez uma cara de descontente e respondeu, ainda me olhando.
- Essa nunca foi a minha brincadeira favorita, McCracken.
Desviei meus olhos de Gerard e vi Bert encostado na porta, fuzilando o outro com os olhos.
- Acho que ouvi o Iero te chamando, por que você não dá um pulo lá? – sugeriu ele.
- Boa idéia – respondeu Gerard – Erm... Eu vejo você depois, Natallie.
- O que aconteceu com o Frank? – perguntei assustada.
- Nada de mais, se bem que eu pensei que ele tivesse morrido. – disse Gerard, indo até a porta – O babaca saiu escondido com o carro dos pais e se meteu em um acidente de madrugada.
- E isso é “nada de mais”? – perguntei horrorizada.
- Ele só quebrou a perna, que nem você aí.
Olhei pela primeira vez para o resto do meu corpo e vi minha perna direita imobilizada.
Gerard riu.
- Que absurdo não notar os próprios machucados, Natallie. – e saiu do quarto sem olhar nem uma vez para Bert, que retomara seu lugar junto a mim.
- Parece que as coisas mudaram por aqui durante a minha ausência. – disse ele aparentemente displicente, mas pude notar certa ironia em suas palavras.
- Há quanto tempo eu tô desacordada? – perguntei à guisa de resposta.
- Algumas horas – ele mirava os próprios joelhos – Sua avó foi para casa descansar depois do susto que você nos deu e a Jessica disse que volta amanhã antes de ir pro colégio.
- Você está aqui desde cedo?
- Não, só pude vim depois de dar uma passada em casa e tive que voltar porque minha mãe tava precisando de mim... Voltei agora, sem nem saber o que o Way tava fazendo no seu quarto.
- Bert... – já estava presente o rancor em sua voz.
- Eu assisti de camarote você ser atropelada, Natallie e, tenha toda a certeza, não foi nada bonito...
- É que eu fiquei desesperada... A minha avó...
- Sim, a Jessica contou que você encontrou aquele médico na escola...
Ficamos em silêncio por um tempo. Agora que parecia tão real, eu não tinha como dizer ao Bert tudo o que acontecera enquanto ele esteve fora.
Mas então, ele pega a minha mão e a envolve entre as suas.
- Não foi assim que eu planejava te encontrar. – disse sorrindo francamente – Mas você é muito surpreendente, mocinha.
Ri, sem querer. Eu tinha esquecido como era estar apaixonada por aquele cara.
- Esse também não era o jeito que eu queria te reencontrar...
Bert se aproximou de mim e encostou aos poucos seus lábios nos meus. Ele puxava delicadamente meu pescoço para perto de si, intensificando aquele gesto.
De repente me abraçou, transmitindo uma tristeza que não consegui entender.
- Eu te amo, Natallie Alice Hill. – sussurrou ele no meu ouvido, antes de sair me deixar sozinha para descansar.
Eu me senti muito culpada com aquele momento, pois me veio uma conclusão bem cruel na mente.
O beijo de Robert McCracken já não me satisfazia como antes.
Será mesmo que ainda havia amor entre nós?
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