Amê Souer

Capítulo 27 - Indecisão


Louvre

Quarto Alix

Alix olhava para o ingresso que Juleka havia lhe entregado. Era um convite VIP para o camarim.

E a gótica queria que Alix fosse porque aquele show com Jagged era o momento perfeito para promoverem a banda e ganharem destaque. Juleka queria seus amigos por perto lhe dando apoio e isto incluía Alix.

Mas Alix sabia que seria mais do que isso.

Ela havia assistido a uma entrevista que Luka deu a Nadja Chamack e descobriu que eles sairiam em uma mini-turnê com Jagged.

Isso significava que Luka ficaria fora por um bom tempo.

Num impasse entre o querer e o seu próprio orgulho, Alix encarava o ingresso pela milionésima vez sem saber exatamente o que sentia ou mesmo o que deveria fazer.

Nunca havia se sentido tão indecisa assim.

Alix encara novamente o ingresso como se ele fosse desaparecer a qualquer momento. Desde que Jules havia lhe entregue aquele bendito pedaço de papel a indecisão se tornou o seu sobrenome.

Suspirando, ela deposita o ingresso a sua frente na mesa e, por fim, depois de reavaliar tudo um milhão de vezes, ela decidiu ir ao show. Afinal eram seus amigos, ela iria apoia-los nem que fosse só para vê-lo de longe.

Mas é claro que ele não poderia saber que ela estaria ali. Não era por ele, e sim pela banda que ela estava indo.

Estava decidido então.

Ela iria.

Por Jules e somente isso.

Ou era o que dizia a si mesma.

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Dia do Show

A turma inteira estava reunida na ala VIP do show. Entre eles Marinete, Adrien, Nino, Alya, Mylene, Nathanael, Marc, Kim, Max e, é claro, Alix.

O lugar estava tão cheio quanto à pista abaixo dele. Mas, pelo menos, eles tinham as mesas a qual podiam se sentar caso se cansassem o que não era tão ruim assim.

Alix estava ansiosa, seu joelho sacudia impacientemente. Suas mãos se contorciam, sem conseguir ficarem quietas. O lábio dela estava quase sangrando de tanto que ela o havia mordido em nervosismo.

Um holofote foi ligado, fazendo o coração de Alix disparar. E, então, Luka apareceu, sendo banhado pela luz espectral.

Calmamente ele se aproximou do tripé e segurou o microfone com uma das mãos enquanto os seus olhos examinavam a passarela acima atentamente.

Quando seu olhar encontrou o que estava procurando, os seus lábios se abriram, revelando uma fileira de dentes brancos e perfeitos.

Foi nítida a forma que o olhar do garoto se iluminou quando ele viu os rostos de seus amigos na multidão.

Mas o que fez mesmo os seus olhos brilharam foi ver Alix entre deles. Ali, escondida no cantinho, como se não quisesse ser vista por ele.

Mal sabia ela que ele a reconheceria em qualquer circunstância, de qualquer distância. Fosse no claro ou no escuro.

Com vigor renovado por ver sua musa inspiradora, Luka anunciou empolgado através do microfone:

— Prepare-se Paris, porque estamos pegando fogo está noite!

Suas palavras foram seguidas pelo som da guitarra ecoando pelo ambiente. Ele inicia um solo frenético, seus dedos movendo-se habilmente pelas cordas de sua guitarra elétrica.

Alix tinha em seus olhos um brilho de excitação, apaixonados, determinados e fixados no cantor agora tão cobiçado.

Ele era bom.

Muito bom.

A multidão gritava o nome dele o mais alto possível. Luka nunca havia se sentido tão vivo quanto se sentia naquele momento, com todas aquelas pessoas cantando sua música, com toda aquela energia que trocavam.

Era um momento mágico.

Um baixo logo se juntou ao som da guitarra, fazendo a plateia entrar em delírio total.

Os olhos de Alix deixaram Luka para focar no outro músico.

Os cabelos negros de Juleka brilhavam sob os holofotes lhe dando um destaque único. Seus olhos estavam focados no publico e ela tinha um sorriso singelo no rosto.

Alix logo viu Rose aparecer como mágica ao lado de Juleka. Hoje a loira, com certeza, seria backing vocal.

E, por fim, uma bateria se juntou ao coro musical.

Apesar de ser corpulento, Ivan parece perdido atrás de sua bateria. Nos lábios havia um enorme sorriso igual ao de uma criança maravilhada com algo fantástico.

Quando ele finalmente levantou suas baquetas no ar antes de deixá-las cair no corpo principal de seu instrumento, o mundo pareceu parar.

A música parou por um efêmero momento antes de começar os acordes suaves do baixo e Luka começa a cantar. Sua voz rouca preencheu todo o ambiente, fazendo Alix sentir um longo arrepio percorrer seu corpo.

Não era a primeira vez que ela o ouvia cantar, mas vê-lo no palco assim. E, especialmente ouvi-lo depois de tudo, lhe deu a impressão de ter descoberto uma pessoa totalmente diferente.

Seus olhos se cruzaram e Alix se derreteu por dentro.

Parecia que tudo aquilo era um sonho.

Infelizmente, eles quebraram o contato visual quando se ouviu um estrondo.

Um segundo depois veio o alerta de akuma, ecoando por toda a cidade.

Esse foi o único alerta antes de um Akuma surgir gritando e mergulhando sua gigantesca mão em direção a Alix.

— Você não vai tira-lo de mim! Ele é meu!

Alix hábilmente se esquivou quando o monstro tentou agarra-la. Mesmo errando o seu alvo, a Akuma agarrou outra garota e a jogou longe.

Ela voou como um cometa pelo ar.

Mas, por sorte, ela foi pega por Ladybug antes que se estracalhasse contra a parede.

De repente, o que era para ser um show mágico, virou um tumulto e correria. As pessoas se desesperaram e começaram a se empurrar e correr, tentando sair do local.

Alix por ser a menor do grupo acabou por ficar para trás e foi derrubada devido aos empurrões. Caindo contra a parede, ela sentiu quando seu tornozelo se torceu.

Indefesa, ela ergue o olhos quando a akumatizada tentou pegá-la novamente. Mas a ruiva conseguiu se livrar, jogando o corpo para o lado e rolando.

Irritada, o Akuma arrancou um pedaço da armação de ferro do palco e jogou na direção.

Não havia mais para onde Alix fugir enquanto sentia a morte iminente vindo em sua direção.

Por reflexo, ela levantou a mão e fechou os olhos.

De onde Luka estava, ele assistiu a tudo como se fosse em câmera lenta.

Mesmo sabendo que não conseguiria fazer nada, ele pula do palco e sai correndo na direção de Alix.

Ele xinga todas as maldições que conhece enquanto vê o pedaço de ferro cruzar o ar em um arco perfeito indo na direção da ruiva.

Se ele estivesse com Sass ele poderia alcança-la.

Ou usar a segunda chance.

Mas não estava e não podia fazer nada.

A sensação de impotência durou por uma batida de coração antes dele ver Carapace pulando na frente do detrito e protegendo Alix.

O alívio tomou Luka de uma forma tão esmagadora que ele quase se sentiu tonto.

Vendo-o abaixo da plataforma, Carapace pega Alix no colo e pula até onde Luka está, entregando a garota a ele.

Gritando um agradecimento ao herói da tartaruga, o roqueiro corre com Alix aninhada em seus braços.

Ele precisa achar um lugar seguro.

Ele não precisa do seu traje para protege-la.

Ele só precisa da sua determinação.

A akumatizada solta um urro de raiva, voltando a destruir tudo ao redor.

Luka consegue encontrar um local seguro e deposita a ruiva no chão. Ela encolhe a perna e ele percebe que ela está machucada. Tateando seu tornozelo, ele percebe que está muito feio, inchado e roxo ao redor.

Voltando o olhar para o local da batalha, o garoto fica indeciso entre ficar cuidando dela e ir ajudar a equipe quando Alix coloca a mão em seu ombro chamando sua atenção:

— Você precisa ajuda-los! Eu vou ficar bem!

— Não! Vou ficar com você!

— Não Luka, eles precisam muito mais de Viperion do que eu de você. Vou ficar bem!

Ele ficou de boca aberta, a olhando incrédulo.

Como ela sabia?

Ela desvia o olhar culpada.

— Desculpe, eu descobri sem querer no Loli-Bum’Pop.

— Como?

— Não importa agora. Você precisa ir ajuda-los, eu vou ficar bem. Juro. Eles precisam de você.

Como que para confirmar o que ela disse, o estrondo da luta lá fora ficou pior.

Ele a olhou com indecisão no olhar, mas ela segurou seu braço e falou num tom firme:

— Você precisa ir agora!

Ele solta um suspiro em desalento:

— Ok, mas não saía daqui.

Ela ri alto:

— Como se eu pudesse...

Ele a olha novamente, era evidente seu impasse entre fazer o que deveria e o que queria. Ela o empurra, mesmo que não consiga move-lo realmente do lugar.

— Anda, vai logo. Ou eu vou te dar um murro.

Se a situação fosse outra, ele riria.

Mas, ao invés disso, ele olha em volta e vê Juleka vindo na direção deles.

Os gêmeos trocam uma conversa significativa só com o olhar antes dele assentir e sair correndo na direção à luta.

A luta foi complicada, a garota era forte e estava decidida a ter Luka só para ela. Ela queria “conquista-lo” a qualquer preço.

Quando finalmente acabou, Ladybug liberou as joaninhas mágicas que colocou tudo no lugar novamente.

Quase tudo.

Despido do seu traje, Luka voltou para dentro da casa de shows, mas Alix já não estava mais onde ele havia a deixado.

Meio desesperado, ele tentou encontra-la.

Sem resultado.

Ela havia fugido dele novamente.