C A P Í T U L O 1 6

— Porque vocês demoraram tanto? — Avery indagou assim que viu o grupo de Phoenix se aproximar. Phoenix com um sorriso no rosto e o celular em mãos.

— Achamos uma pista — anunciou, mostrando o celular para a Líder.

— Vocês acharam? — Maxford perguntou, entusiasmado, levantando da beirada do rio e andando até Avery. Ethan e Sarazal também se aproximaram, vendo uma foto de um buraco na terra ao lado de uma flauta. — Isso é uma pista? — o garoto perguntou, cético, e Phoenix revirou os olhos.

— Alguém escondeu uma caixa ali — Kaled se pronunciou, sentindo-se num filme de mistérios e crimes. — E escondeu bem escondido, mas temos que admitir que foi desleixado ao tirar a caixa dali e deixar aquele buraco perfeito e o monte e as folhas.

— Ou, a pessoa queria que nós achássemos que o esconderijo foi ali, quando não foi — Phoenix sussurrou com um sorriso... Diferente.

— Não, é bem improvável — Avery respondeu, dando de ombros. — Somente nós sabemos que iríamos atrás de procurar o assassino — a morena cruzou os braços, e então virou o rosto, fitando Maxford, que estava sério e parecia estar pensando em algo muito importante (ou ele estava apenas pensando no seu trabalho de Cupido). — A não ser que algum de nós seja o assassino — a garota falou, de forma bem provocante, ainda fitando Maxford, que não demorou muito para virar o rosto para Avery.

— Porque você está olhando para mim? — o moreno indagou com a testa franzida, e Avery apenas deu de ombros. — O que? Você acha que eu matei o Norwood? — perguntou apontando para si mesmo. — Isso é preconceito, Avery, só porque eu vim da Ilha dos Perdidos? — gritou, e Avery deu de ombros, virando o rosto.

— Ué, mas eu vim da Ilha dos Perdidos e ela não virou pra mim — Sarazal falou da forma mais inocente que podia, e Maxford forçou um sorriso pra morena.

— Aham, claro, absoluto — Maxford fechou a boca e então se virou pra Kaled, pegou na mão do garoto. — Vamos procurar pistas que a gente ganha mais — falou o arrastando para perto do riacho.

— Maxford! — Avery falou mais alto, virando-se para o rapaz.

— Eu sei, eu sei, eu não vou beijá-lo! — devolveu erguendo a mão livre e fazendo um sinal positivo com o dedão.

— Espera, o quê? — Kaled indagou um tanto quanto confuso, e Maxford parou de andar, aproximando-se do rapaz.

— Não hoje, eu quis dizer, mas eu ainda vou te beijar outro dia — concluiu piscando para o garoto e voltando a andar até o riacho.

— Por mais que me doa dizer isso — Avery começou, olhando para os outros. — Nós deveríamos seguir o exemplo do Max e ir procurar pistas — falou, e todos começaram a se dispersar indo até o riacho.

— Oh, e Rosemary — Maxford chamou a atenção da garota, que o fitou com interesse. — Aqui não tem formas de vida que possam se comunicar com você através do que quer que você faça, então é melhor você ficar um pouco longe da água para não... Você sabe — o garoto estalou a língua e virou a cabeça. — Não mostrar os peitos — sussurrou alto o bastante para todos escutarem e a menina revirar os olhos.

— Ele está certo — Avery complementou, pulando o riacho e indo do outro lado, junto de Ethan e Aaron. — Você com uma cauda é a última coisa que queremos.

— Por isso eu me preveni — a filha de Ariel respondeu, chamando a atenção para o par de botas de plástico e a capa de chuva gigante que a cobria. — Eu ainda posso ajudar.

— Claro que você vai ajudar — Maxford respondeu pela menina. — Você veio aqui para isso — complementou, e logo recebeu um olhar bravo de Kaled, como se o mandasse calar a boca. Maxford deu de ombros. — Eu só estou dizendo a verdade, porque ninguém gosta da verdade? — indagou retoricamente, agachando perto do riacho.

— Só tente procurar pistas longe do riacho — Phoenix falou, erguendo a faixa amarela que deixava o local interditado e passando por baixo indo em direção á agua. Rosemary bufou, olhando ao redor.

— Uma coisa que me intrigou muito foi o fato de que não há nenhum rastro do Norwood sendo arrastado até aqui — Sarazal falou, agachada perto do riacho, fitando a água correndo com leveza.

— Ele provavelmente deve ter sido morto aqui — Aaron respondeu, pulando o riacho e indo para perto das árvores. — Pela trilha que viemos é muito complicado levar um corpo morto, além de que provavelmente teria algum rastro, alguma coisa que indicasse que alguém realmente estava levando um corpo morto por ali — o moreno respondeu apontando para a trilha de onde eles vieram e acharam o buraco.

— E não vimos nada de anormal na nossa — Sarazal apontou, colocando-se de pé e fitando a trilha por onde veio.

— É provável que ele tenha vindo até aqui vivo? — Avery indagou num fio de voz, olhando fixamente para o resto de sangue que havia na beirada de uma parte do riacho.

— Talvez — Ethan respondeu, aproximando-se da parte do riacho onde ainda tinha o resto de sangue.

— Nós não vimos sangue lá na clareira do Clube — Kaled afirmou. — E também não vimos sangue no caminho todo. Ou o assassino conseguiu cobrir tudo muito bem, ou realmente o matou aqui.

— Talvez — Avery respondeu fitando o sangue e logo depois Ethan, que se abaixava na direção do sangue, como um detetive especializado.

— Nós deveríamos lhe dar um nome — Maxford comentou, e todos fitaram o rapaz, que estava com a mão dentro do riacho e a outra no chão, apoiando-se. — Para a pessoa que matou Norwood — explicou. — Nós não sabemos se é uma mulher ou homem, e ficar chamando de assassino é chato demais — explicou fitando Avery, que fazia cara de desgosto. — Um nome legal para nós falarmos sobre ele perto de outras pessoas sem dar muitas suspeitas — acrescentou com um sorriso divertido.

— Sério, Max? — Avery indagou com o olhar incrédulo para o moreno. — Nós não estamos em um filme criminal, ou brincando de procurar o assassino do Wood — a morena prosseguiu, um pouco irritada.

— É uma forma de descontrair — Maxford ergueu os braços para cima, numa forma de dizer ‘foi mal’. — Afinal, ainda somos jovens que estão passando por problemas de jovens, e não viemos da Ilha só pra poder viver dramas que não estão na realidade de um jovem — o garoto completou, voltando a olhar pro riacho parecendo levemente chateado.

Phoenix suspirou, por mais que concordasse com Avery de primeira, ouvindo Maxford o loiro teve de discordar da morena. Por mais que eles estavam ali, atrás de alguém que matou o seu melhor amigo, eles ainda eram jovens, e ele não queria perder essa essência que ainda tinha.

Assim como Aaron não queria perdê-la, por isso logo começou a trabalhar em um nome para criar um clima leve naquele ambiente que estava deixando todo mundo tenso.

— Águia? — Aaron opinou, e Maxford sorriu para o rapaz, vendo o seu não-tão-colega ser o primeiro a opinar.

— Não — Phoenix logo rejeitou, fitando a terra ao redor do riacho, tentando achar algo que lhe dissesse alguma coisa. — Isso é uma ofensa pro Norwood.

— É mesmo, desculpe — Aaron pediu rapidamente, voltando a se aproximar do riacho, chamando junto de si, Nélida, que mantinha certa distância, fitando o terreno ali junto de Rosemary. — Que tal... Verde?

— Do ta jogando verde, Aaron? — Maxford mandou, fazendo cara de tacho, e depois revirando os olhos. — Que terrível apelido para um assassino.

— Olha, minha criatividade não é uma das melhores, ok? — o filho de Tiana resmungou, e Maxford deu um sorriso gozador. — Dê um melhor então, Senhor Criativo — exigiu, cruzando os braços.

— Com certeza — Maxford respondeu com um sorriso, logo colocando a mão no queixo, e lambendo os lábios. — Talvez... Hum não, esse é bosta. Que tal... Não, esse seria horrível também. Mas o... Nossa, nem pensar.

— Tô esperando Senhor Criatividade — Aaron provocou com um sorriso voltando a agachar.

— Olha, é a primeira vez que eu estou fazendo isso, dá um desconto, Aaron — Maxford respondeu, bufando logo em seguida. Quem diria que dar um apelido a um assassino seria tão difícil. Como aqueles jornalistas conseguiam? — Caçador! — gritou entusiasmado, assustando Kaled, que rapidamente colocou a mão no coração, equilibrando-se para não cair no riacho.

— Esse nome é terrível — Sarazal se pronunciou, fitando Maxford que estava numa distância considerável para ouvir e lhe mostrar a língua logo em seguida.

— Jugurta — Nélida falou, e Phoenix rapidamente olhou para menina, talvez por ser o único a entender o que ela falou. Todos fitaram a menina, que se sentiu um tanto constrangida por estar recebendo olhares de oito pessoas de uma única vez. Como um relance, a menina rapidamente fitou Phoenix.

— Que diabos de nome é esse? — Maxford indagou franzindo a testa.

— Jugurta foi o maior inimigo de Mário, um político na República Romana — Phoenix explicou fitando Nélida com interesse em seus olhos. — Ele também ficou conhecido como “o terceiro fundador de Roma” — continuou.

— Tá, mas e daí? — Maxford indagou, e Phoenix desviou os olhos de Nélida, que conseguiu soltar o ar que respirava. O loiro fitou Maxford.

— Foi Mário quem decretou que a águia fosse o símbolo do Senado e do Povo de Roma — Phoenix explicou ainda fitando Maxford com os olhos brilhando de excitação, o que não passou despercebido pelo filho de Facilier. — E seu maior inimigo foi o Jugurta — concluiu com um pequeno sorriso.

Maxford abriu a boca em surpresa, logo fitando Nélida.

— Menina, se eu tivesse do seu lado eu te beijava agora — o moreno comentou com um sorriso enorme, e fitou Phoenix, que sorria divertido, voltando a olhar o chão. — Hei, Nix, aproveita que tu ta perto da Nélida e dá um beijo nela por mim — pediu com um sorriso divertido.

— O que? — Phoenix indagou surpreso, junto de Nélida, que fitou Maxford com a respiração até ofegante.

— Maxford — Kaled sussurrou com um olhar não muito agradável na direção do moreno.

Maxford deu de ombros.

— Só estou tentando fazer meu trabalho aqui, pessoal — o Facilier respondeu.

— E eu só gostaria de ter um pouco da inteligência que você tem pra achar esse nome, Nélida — Sarazal comentou, fitando a menina, que deu um sorriso tímido. — Eu adorei Jugurta.

— Então está aprovado? — Maxford perguntou com um sorriso. E antes que alguém pudesse responder, Maxford continuou. — Ótimo, podemos chamar nosso assassino de Jugurta agora, pessoal — finalizou logo se abaixando, e Avery apenas sorriu para o colega.

— Gente, acho que o Norwood foi morto aqui — Ethan falou, quebrando o clima leve que havia se formado na área. Avery rapidamente se aproximou do garoto, mas foi Sarazal quem ousou perguntar.

— Porque você acha isso?

— Tem muito sangue aqui — Ethan respondeu fitando a morena, para logo fitar o resto do sangue que ainda estava por ali. — Tem muito sangue para dias após a morte dele — concluiu olhando para cima, vendo Avery analisar a cena com cuidado. — Ele provavelmente teve ter levado um golpe na cabeça, ou perto da cabeça que o fez sangrar desse jeito — Ethan continuou fitando a cena, e logo se levantando dando dois passos para trás. — Não posso dizer muito, mas... Quem quer que o tenha matado-

— Jugurta — Maxford interrompeu o garoto, que assentiu sem vontade.

— Jugurta deve tê-lo matado aqui — concluiu. — Ele provavelmente estava ali — apontou para o outro lado do riacho. — E deve ter mobilizado Norwood de alguma forma para ele cair aqui — apontou para onde estava o sangue. — Com a cabeça aqui e o resto do corpo no riacho — concluiu, analisando a cena. — Se Norwood não foi morto antes, Jugurta provavelmente terminou o trabalho aqui — olhou para Avery, que olhava a cena quieta, provavelmente absorvendo tudo o que tinha acabado de ouvir e desejando não ter ouvido.

— Como você sabe disso? — Maxford indagou, erguendo uma sobrancelha para o White, que apenas deu de ombros fitando o colega.

— Eu sou fã de séries criminais — explicou. — Mas tudo isso é uma suposição, eu não sei se foi realmente isso que aconteceu-

— Faz sentindo sua teoria, Ethan — Phoenix cortou o loiro, que o fitou com surpresa. — Ao menos estamos mais perto de obtermos pistas.

— Ou de sermos pegos — Avery concluiu e todos olharam para a garota assustados. — Estamos sendo vigiados — a morena explicou olhando para os lados.

Não é preciso dizer o quão nervosos e assustados aqueles noves jovens ficaram. Maxford se ergueu de onde estava, e se aproximou de Kaled, que rapidamente pegava sua flauta na mão para assoprá-la a qualquer momento. Sarazal se aproximou de Aaron, que foi junto de Phoenix, que estava próximo a Nélida e Rosemary. Ethan olhou assustado para Avery e desejou imensamente ter trago algum tipo de arma.

— Como você sabe-

Mas antes que Maxford continuasse a frase, Avery saiu correndo. Simples assim. Habilidosa, a menina rapidamente entrou na trilha encoberta, rápida como uma puma.

— AVERY! — Aaron gritou antes de sair perseguindo a menina e levando consigo todos dali. Porque mesmo ela sendo a Líder, eles estavam ali juntos, e se fossem ter que sair correndo atrás de alguma coisa, ou de alguém, eles sairiam.

Só não esperavam chegar na clareira que dava pro Clube Turvo e encontrar naquela noite aquele que talvez tivesse matado Norwood.