Amálgama — Interativa

Felicitações aos Dragons.




Capítulo 9. Felicitações aos Dragons

Lose Your Mind

"O talento vence jogos, mas só o trabalho em equipe ganha campeonatos."

Michael Jordan.

Avalon Morgouse Kathleen Le Fay Pendragon, como uma boa líder de torcida, permanecia com os poms poms em mãos chacoalhando-os e gritando coisas como: “vai Fighting Knights”. A filha do Rei Arthur e de Morgana não estava 100% confortável ali — provavelmente, ninguém estava —, mas como Audrey havia obrigado todas as meninas irem ao jogo para dar apoio ao primeiro jogo oficial de Phoenix, Avalon estava lá.

De vez em outra, a menina dava um pequeno olhar para a arquibancada, fitando Avery, que estava sentada ao lado de Aaron, com os olhos fixos no jogo. Ela estava séria, e mesmo de longe, Avalon conseguia sentir que ela estava tensa e triste. Ela conhecia muito bem sua melhor amiga. Às vezes ela também ficava olhando somente Phoenix, e tentando mandar boas energias a ele.

Ele não era bom. Era razoável, e isso estava preocupando a todos os jogadores de Auradon Prep. Pois aquele era um jogo muito importante, e se eles perdessem... Uma grande maioria culparia um rapaz morto, e Avalon não estava interessada em ficar ouvindo isso.

Outras vezes, ela acabava-se perdendo nos movimentos de Ethan, um dos jogadores estrelas do time, e vez ou outra, ele olhava para a menina com um sorriso “razoável”, como de quem sabe que já vai perder, mas não está realmente preocupado com isso.

Avalon deu uma olhada nas meninas que estavam com as saias pequenas e as blusas sobre o corpo. Observou Nélida sentada no banco de reserva dos meninos do time, com um casaco sobre o corpo — e se perguntou como ela conseguia, em pleno verão — e esboçou um sorriso genuíno ao ver a menina realmente ansiosa e torcendo de forma pacifica e quieta por Phoenix. Era tão óbvio, para uma observadora, de que Nélida gostava do menino. Avalon realmente gostaria que Phoenix percebesse isso, seria até melhor.

— É até meio estranho vê-la aqui — Sarazal comentou ao lado de Avalon, despertando a menina de seus devaneios, fazendo a loira rapidamente olhar para a morena. — Nélida — a filha de Gothel continuou ao perceber que a menina não havia entendido ao que ela se referia. — Ela nunca veio a um jogo de verdade.

— Não mesmo — Avalon concordou, fitando Nélida rapidamente antes de se virar para Sarazal. — O que será que a motivou?

— Bom, além de Phoenix, eu tenho certeza de que Zorah deve tê-la enfeitiçado — Sarazal comentou com aquele tom irônico usual, e Avalon deu um sorriso. — Sério, aquela menina tem super poderes — acrescentou, voltando seus olhos para o jogo e cruzando os braços logo em seguida.

— Provavelmente — Avalon concordou, também voltando seus olhos para o jogo. — O que você acha? — indagou, e não precisou explicar, já que as duas já estavam num nível de fácil compreensão entre ambas.

— Nós provavelmente vamos perder — Sarazal comentou. — Dá pra ver só pelo placar.

— Realmente, já perdi minhas esperanças — Avalon concordou. — Se não fosse pela defesa do Joe estaríamos levando gols de horrores — a loira continuou, e Sarazal ao seu lado assentiu.

Vai, Nix! — Rosemary, próxima as garotas, gritou, alto o suficiente para fazer o menino a fitar e dar um pequeno sorriso a ela.

Sarazal revirou os olhos, e Avalon não conseguiu evitar o sorriso que se formou em seu rosto.

— Eles ainda vão acabar juntos — a morena filha de Gothel comentou firme, e Avalon assentiu lentamente. Rosemary sempre conseguia os homens que queria.

[...]

Luka Maluco não sabia muito bem o porquê de estar ali naquele jogo. Dentre todas as coisas que poderia fazer numa sexta feira a noite, ele estava sentado em uma arquibancada — bem dura, diga-se de passagem — com um saquinho de batatas na mão, um copo de Coca-Cola na outra, e os olhos presos naqueles jogadores correndo de um lado para o outro, que muitas vezes não faziam sentido nenhum para ele.

Ele realmente não sabia o porquê estava ali.

Talvez porque o pessoal do terceiro ano (sua sala) tinha organizado uma festa logo em seguida com doces e bebidas, ou porque ele simplesmente estava cansado da rotina que seguia, ou porque o último jogo ocorrido em Auradon Prep. foi há alguns anos atrás. Milhões de explicações passavam em sua mente, mas ele não conseguia decidir qual poderia escolher para explicar o motivo de estar sentado ali.

O filho do Chapeleiro Maluco havia simplesmente saído da Sala de Lazer, com seus desenhos de chapéus no braço, para ir ao quarto, e depois seguir rumo ao campo. E agora ele não sabia se estava arrependido ou orgulhoso por ter feito o que fez. E fixo em seus pensamentos, o rapaz levou um susto ao ver a arquibancada da frente gritar e levantarem, comemorando um — provavelmente — gol do time adversário. Dragons seria o nome deles.

Dragons, Dragons, Dragons, Dragon.

Luka rapidamente deixou a pipoca de lado e tentou se concentrar no jogo. Mas era muito difícil fazer isso quando outros pensamentos parecendo mais legais passavam por sua mente. Como o fato de que todos de Auradon Prep. pareciam estar decepcionados.

Eles vão perder, óbvio.

Luo começou a estralar os dedos. Como um bom hiperativo, o menino não conseguia sequer ficar parado por alguns segundos. Não sabia como estava aguentando ficar sentado naquela arquibancada dura. Até mesmo as cadeiras das salas de aulas eram menos duras que aquela arquibancada.

Mas ali ele estava. E ele ainda não havia encontrado um bom motivo para estar ali.

Nós, nós, nós.

Okay, talvez ele só estivesse ali por culpa das vozes, mas o que Luka Maluco poderia fazer? Era natural ele seguir as vozes, ouvir as vozes mais que o necessário. Obrigado por me trazerem aqui.

De nada.

Luka balançou a cabeça, tentando voltar sua atenção no jogo, mas falhando miseravelmente ao ver um grupo de amigos brincando logo a sua frente. Ele sabia que eram do terceiro ano, porque Luka estudava com eles de segunda a sábado. Mas vê-los brincando não o incomodava muito. Eles também não estavam muitos atentos ao jogo, mas quem estava? (Além da torcida adversária que estava ganhando, e por isso eles tinham um ótimo motivo para estarem prestando atenção). O que chamou atenção de Luka foi o fato de que ele estava ali, sozinho.

Ele não era um menino depressivo, mas já fazia um ano que tinha entrado no Clube Turvo, e até então não havia levado suas amizades para fora do Clube. Não que ele fosse super popular como Norwood, ou Phoenix, mas ele tinha seus amigos. Pégasus, Corça, Furão, Serval, e de vez em quando ele até conseguia conversar pacificamente com Corvo. Mas eles eram apenas o que os seus nomes diziam, não eram alunos de Auradon Prep., ou filhos de pessoas importantes da História.

E sim, isso irritava Luka, mas não tinha muito que ele poderia fazer. Ele sabia das consequências ao entrar no Clube, só imaginava que elas poderiam ser um poucochinho menos rígido e mais maleável.

— Ficar olhando só vai fazer eles te estranharem.

Alyssa Stayne de Crims falou, próxima ao ouvido do filho do Chapeleiro Maluco, fazendo Luka levar um baita susto. O moreno rapidamente virou o rosto, conseguindo ver a filha de Iracebeth de Crims (Rainha de Copas) e Ilosovic Stayne (Valete de Copas) logo atrás com um rosto sério, e logo deixando de encarar Luka e voltar a fitar o jogo.

Luka até pensou em continuar com uma conversa com a garota ruiva, mas ele a conhecia. Conviveram durante três anos juntos, ele sabia muito bem que Alyssa não era a pessoa mais social e amigável da face da terra (ao menos não numa arquibancada dura assistindo a um jogo terrível e sem compreensão). O que ela está fazendo aqui?

Mas Alyssa conseguiria responder Luka.

Ela só estava ali sentada naquela arquibancada unicamente por conta da Fada Madrinha.

Não que a Fada Madrinha a tivesse convencido de que ela precisava socializar, nem nada, mas Alyssa não era burra, muito pelo contrário. Ela tinha essas sessões (que deveriam ser com o psicólogo, mas por algum motivo não muito especifico da parte dele — Alyssa ainda acha que é pelo fato de que ela um dia deu uma patada muito forte e adoravelmente certa nele, o que o deixou sem palavras — falou que não iria mais atendê-la, o que fez Alyssa comemorar, já que só ia ao psicólogo a mando da Fada Madrinha, e comemorou até o momento em que a Fada Madrinha falou que iria assumir) com a Fada Madrinha para aprender a socializar, a ser uma boa pessoa, a ser alguém legal, e blá, blá, blá. Nada demais, só incomodava Alyssa.

E como a filha da Rainha de Copas continuar agindo como ela mesma só faria com que a Fada Madrinha continuasse insistindo naquelas sessões horríveis que basicamente ocupavam toda a tarde da menina, ela resolveu que tentaria colaborar (unicamente porque ela não suportava mais a Fada Madrinha e também porque a própria Fada Madrinha havia falado que se seu comportamento melhorasse, ela estaria livre).

E o primeiro passo para mostrar que estava tentando colaborar (ou mostrar isso para a Fada Madrinha, porque Alyssa não mudaria seu jeito de ser) era ir ao bendito jogo que teria na sexta a noite.

E, bem, mesmo sendo privada de fumar, ela estava se adorando com aquela latinha de Coca Cola misturada ao rum. E mesmo não entendendo muito do jogo, ela não estava totalmente entediada. Era até engraçado ver a reação de Auradon Prep. toda a vez que o time adversário marcava ponto.

Talvez por isso ela ainda estivesse ali.

— Você não quer se sentar aqui?

Alyssa abaixou o olhar, fitando Luka parecendo receoso, mas ao mesmo tempo com os olhos esverdeados brilhando, apontando para um espaço vazio ao lado do rapaz. A ruiva quase resistiu aos olhos do moreno para se sentar ao lado dele. Mas isso poderia abaixar e muito sua guarda. Conversava com o Pavão, mas não com o Luka.

— Não, estou muito bem aqui — respondeu, tomando mais um gole da sua latinha, e se perguntando até quando o jogo duraria. Queria muito ver como o time reagiria ao perder, porque estava na cara que eles perderiam.

— Ok — Luka apenas assentiu, voltando seu olhar para frente, parecendo perdido em seus pensamentos.

Alyssa apenas ignorou, e continuou a olhar para o campo, onde os jogadores se enfrentavam e jogavam firme o jogo. Mas mesmo assim, parecia que nada faria o time de Auradon Prep. ganhar, que Alyssa sempre esquecia o nome do time.

Seus olhos encontraram rapidamente Avery algumas torcidas abaixo, ao lado de Aaron, e algo dentro de si se remexeu. Alyssa não saberia dizer quem havia sofrido mais com a morte de Norwood. Olivia? Avery? Faye? Avalon? Ela adorava Norwood, era um dos únicos que conseguia chegar e conversar com a menina, não ser um completo patético, ser... Norwood. E ela estava verdadeiramente triste pela morte do rapaz. Por isso até chegou a pensar — no meio da noite, em seu quarto, sozinha, já que ela não dividia o quarto com ninguém — que ela se aproximaria de Avery (ou o contrário). Olivia e Avery se odiavam. Avalon era amiga e não amiga de todos. Faye era boazinha demais. Mas Avery... Avery e ela sempre se deram bem quando estavam juntas. Mesmo Avery renegando inúmeros comportamentos de Norwood e Alyssa, ela sempre se deu bem com a ruiva. E após Norwood morrer, ela nem sequer se aproximou novamente.

Não que Alyssa estivesse zangada, com ciúmes, ou qualquer outro sentimento. Ela só estava... Esperançosa demais talvez fosse a palavra. Mas vendo ela ali na arquibancada, ao lado de Aaron, ela soube que não podia acreditar nas pessoas tão facilmente. Não poderia depositar a confiança que queria depositar.

E isso era simplesmente a coisa mais fácil para Alyssa.

Afinal, ela era a filha da Rainha de Copas.