— Você não vai dizer nada Heriberto? vai mesmo ficar quieto? - ele se levanta e anda pela sala. Acreditava no amor de Victoria mas aquilo que Juan Pablo disse para ele no hospital não saia de sua cabeça e ele tinha que contar tudo o que aconteceu porque não poderia acusá-la sem que ela tivesse ciência da "conversa" dos dois no quarto da filha.

— É claro que eu não estou duvidando que esse filho seja meu, nosso, meu amor. Victoria presta atenção, eu preciso muito te contar umas coisas para que então você entenda o porquê desse meu "questionamento". - Heriberto se sentou de novo no sofá e colocou Victoria em seu colo, deu um beijinho na testa e fez carinho nas costas.

— Hum - beijou a boca dele - então me conta de uma vez! não gosto nenhum pouco dessa sua mania de jogar as coisas no ventilador sem me explicar os motivos. Você sabe muito bem que eu te amo e que não te trocaria, nem mesmo se passasse toda a vida trancado naquele hospital trabalhando dia e noite, porque eu iria atrás de você para fazer amor.

— Ah é? - ele fez uma cara maliciosa e a encheu de beijos pelo pescoço, lábios e ombros.

— Sim. Agora anda, me conta logo o que tanto tem para me dizer! nem tente desviar de assunto! - se afastou e saiu de seu colo sentando-se ao lado.

— Aquele cara que esteve com você aquele dia em frente ao prédio, o mesmo que me trouxe até aqui...

— O que tem ele?

— Estevan me contou que foi ele quem levou a nossa menina para o hospital, o que quer dizer que foi ele também que a levou da escola.

— Não pode ser, não pode ser Heriberto! - Victoria ficou de pé e sentiu uma forte tontura mas por sorte ele a amparou. Se lembrava da imagem de Bernarda lhe dizendo que foi ela quem pegou Amy, então, como poderia ser ele?

— Victoria, Vicky... calma, o que sente? - sentou ela de novo.

— Nada amor, está tudo bem foi só uma tontura. É normal. Vai me diz, o que mais sabe?

— Bom, ele esteve no hospital. Eu o surpreendi ao lado da cama da nossa filha hoje e ligando aos fatos que o Estevan me contou quando o reconheceu, nós discutimos e por mim teria o matado se o Estevan não tivesse chegado antes para impedir. Ele disse coisas horríveis meu amor, e agora sinceramente eu tenho ainda mais medo do que ele possa fazer a Amy e a você! Eu te disse que esse cara não prestava, eu avisei! Não gosto que nenhum homem se aproxime de você ou da nossa filha... agora você me entende?

— Meu Deus, Heriberto! mas você está bem? ele te machucou? - Victoria começou a olhar cada pedacinho de Heriberto com atenção para se certificar que ele não estava ferido de nenhuma forma.

— Eu estou bem, mas não posso dizer o mesmo sobre ele.

— Heriberto... - ela se lembrou do dia em que conversou com Juan na frente do seu prédio - agora tudo se encaixa - seus olhos marejaram e ele a abraçou forte - esse homem estava me vigiando o tempo todo para descobrir onde moro, a minha rotina, meu amor! - chorou agarrada a Heriberto.

— Ele não vai fazer nada, eu não vou deixar!

— O que mais ele disse? amor eu tenho medo por nós e pela nossa pequena... quando é que vamos ter paz?

— Aí vem o que mais me preocupa agora. Ele disse que quer pegar Amy, eu não entendi direito porque estava nervoso... mas ele disse que quer fazer com ela o mesmo que fez com você!

Victoria enxugou suas lágrimas e ficou intrigada sem entender exatamente o que aquilo significava.

— Como assim, o que fez comigo?

— Esse canalha me disse que enquanto eu estava fora você e ele... eu tenho horror em ter que repetir o que ele disse porque eu sei que não é verdade, só fez isso para me atingir!

— Heriberto...

— Disse que você foi para a cama com ele e que sentiu prazer!

Ela arregalou os olhos e o sangue de seu corpo todo começou a ferver. O que era aquilo? mais uma jogada suja de Bernarda e de seu cúmplice para separar os dois outra vez? e o que Amy tinha a ver com aquilo?

Há muita coisa mal resolvida.

— De onde esse homem tirou isso? É claro que isso é mentira, Heriberto! Nem se eu estivesse louca, jamais iria para a cama com esse marginal ou com quem quer que seja! - Victoria disse com o coração dolorido, aquilo tudo era um absurdo sem tamanho e ela teve certeza que aquilo estava acontecendo em sua vida por causa de Bernarda.

— Eu sei meu amor, admito que na hora fiquei confuso mas não podia acreditar porque sei do seu amor por mim e do meu amor por você! Victoria não é de hoje que eu te conheço e eu sei muito bem das coisas que você pensa e faz... não se preocupe hum? Esse pesadelo mais cedo ou mais tarde vai acabar, ainda não sei como, mas tenho certeza de que um dia vamos ter paz.

— Heriberto, por que tanta coisa ruim tem que acontecer nas nossas vidas? - ela se ajeitou nos braços dele que a segurou firme para levá-la ao quarto.

— Eu não sei. - suspirou - eu juro e que Deus me perdoe por dizer isso, amor, mas com a morte da minha mãe achei que finalmente poderíamos viver a nossa vida em paz e criar a nossa Amy com tranquilidade... - colocou ela deitada na cama.

Os olhos de Victoria marejaram e ali ela deixou cair todas as lágrimas que estavam presas. Heriberto acreditava que ela chorava diante de tudo aquilo e devido à tantos problemas que enfrentavam, também havia uma parcela de "culpa" da gravidez mas o que ele nem imaginava era que na cabeça dela se passava muito mais que apenas medo. Bernarda de Iturbide estava viva e muito ciente de seus próximos passos para concretizar aquela vingança, uma mãe normal não faria tanto mal ao filho e à sua própria família, porém isso não era o caso dela - ser normal - Bernarda é muito mais que uma pessoa friamente desumana.

— Calma meu amor, tudo vai se ajeitar eu te prometo... - Heriberto transmitia em sua voz e em seus atos muitas vezes uma calma que nem ele mesmo sabia da onde vinha, se sentou na cama recostado na cabeceira e trouxe o seu amor para perto de seu corpo abraçando e dando a ela todo o amor e carinho que necessitava naquele momento, ele sempre foi um homem e um namorado carinhoso com ela, gostava de cuida-la e a encher de beijos e mimos, sempre fez tudo para que Victoria fosse feliz apesar das inúmeras maldades de sua mãe e dessa vez não seria nada diferente.

— Victoria... - ela o olhou um pouco mais calma e sentiu Heriberto acariciar a sua barriga que ainda nem tinha volume. - não quero que se esqueça que acima de qualquer coisa eu te amo e amo a nossa filha, vocês são tudo que eu tenho no mundo e são o meu maior tesouro! - a beijou na boca com amor.

— Eu também te amo e não sei viver sem você e Amy. E agora tem nosso bebê! - ela sorriu fraco mas ao olhar o carinho que ele já demonstrava com o filho, o seu coração já se enchia de vida novamente.

— Meu garotão! Esse vai ser jogador de futebol ou médico igual ao papai! - Heriberto se moveu na cama encostando Victoria nas almofadas e se aninhou ali deitado com a cabeça sobre a barriga dela, começou a encher o filho de beijinhos.

— Como você sabe que será um menino? E se for mais uma princesa? - ela sorriu apaixonada.

— Se for mais uma princesa, vai ser linda e estilista como a mamãe, mas tenho certeza que será um príncipe! - Victoria acariciou os cabelos dele e Heriberto chegou mais perto para beijá-la.

— Já tem alguma ideia de nome para o nosso menino então?

— Que tal Maximiliano? Eu gosto desse nome e podemos chamá-lo de Max! Mas se não gostar, pode ser outro! - abraçou Victoria que o acolheu em seus braços.

— É lindo! Dessa vez você escolhe... se for menino então será Max! - ele sorriu e a beijou mais.

— Obrigado meu amor por mais esse presente! Eu te amo!

Eles se beijaram e ficaram ali juntinhos por mais algum tempo.

Três diasdepois...

Chegou a hora da pequena Amy ter alta e ir para casa, Victoria acordou com Heriberto ao telefone avisando que a filha estava bem para ir embora. Ela levantou cedo, tomou seu café da manhã e ligou para Nina - a babá - vir para a sua casa pois logo a menina estaria ali. Durante esse período Victoria não foi para a casa de modas trabalhar mas deixou tudo sob controle nas mãos dos funcionários que tinha absoluta confiança, o desfile estava sendo preparado com êxito e ela se manteve a par de tudo por telefone e por reuniões em vídeo, Victoria precisou desse tempo para se manter bem e cuidar da filha sempre indo ao hospital para vê-la e no dia anterior até levou consigo a amiga Antonieta e o pequeno João que morria de saudades de brincar com a amiguinha e os dois eram um amor e cuidado muito grande um com o outro - coisa de criança - uma verdadeira amizade.

— Julieta, estou indo buscar Amy! - Victoria disse à empregada que a abraçou contente depois que ela deixou a xícara sobre a pia.

— Graças à Deus, dona Victoria! Não sabe o quanto eu pedi a minha santinha Guadalupe que cuidasse da nossa menina! - sorriu

— Sim, finalmente ela está bem e volta para casa! - pegou sobre a mesa as chaves do carro e a bolsa mas antes de sair, foi olhada de cima a baixo pela empregada.

— E o bebê, dona Victoria? Está tudo bem? Vou fazer uma sopinha bem forte para a senhora e a menina, precisam ficar fortes!

Victoria riu com o jeito dela e se lembrou de sua mãe.

— Ele está bem - passou a mão na barriga e deu um largo sorriso - ultimamente você está me fazendo comer demais e assim vou acabar pesando cem quilos! - as duas riram e depois de mais um abraço, Victoria saiu rumo ao hospital.

Heriberto estava de folga e foi ao hospital dessa vez como pai e não como médico. É claro que ele quis ter certeza e praticamente fez o amigo e às enfermeiras jurarem que Amy estava mesmo bem.

Ele sentou ao lado da filha na cama e com um pratinho de sopa nas mãos foi dando de comer a ela com o maior amor e carinho do mundo, a menina estava desperta há uns dois dias falando com todo mundo do seu jeitinho mais doce, chorou querendo a mãe mas o pai a acalmou e agora estava cuidando dela como ele queria.

— Não quelo mais, papai. - ela fez biquinho quando Heriberto trazia a última colher de comida. Ele sorriu se lembrando de Victoria, as duas eram iguaizinhas!

— Não, não minha filha. Vamos, olha é a última colherinha! Se comer tudo o papai vai ficar feliz e você vai ficar forte! - com esforço ela comeu.

— Mamãe... - seus olhinhos lacrimejaram ela sentia muita falta da mãe quando não estava perto.

— Ela já está vindo, florzinha de papai! - Heriberto a pegou no colo com amor e falava com ela enquanto conversava.

— E o João? - Amy deitou a cabeça no ombro do pai e chupou o dedinho.

— O João está com a tia Antonieta, mas se quiser mais tarde levo você para visitar ele. Quer? - ele beijou os cabelos dela e sentiu o cheirinho da filha, amava muito esses momentos com ela.

— Quelo, papai!

Ela estava ali na porta por um tempo, olhou aquele momento de Heriberto com a filha e se emocionou, seu coração se encheu de amor e alegria, os seus dois maiores amores estavam ali e Victoria sorriu ao olhar para o ventre que carregava mais um pacotinho de amor, se sentiu completa e logo seriam uma família de verdade!

Victoria passou mais alguns minutos ali rente a porta no cantinho só observando Heriberto conversar com a filha, ele tinha tão pouco tempo com a menina que ela resolveu por um momento não intervir, se sentiu orgulhosa de seu amor e viu que o que sempre teve certeza desde que o conheceu era de fato mesmo verdade, ele tinha um talento sem igual para ser pai e apesar de não ter visto Amy nascer e dar os primeiros passinhos amava muito e queria estar presente a partir de agora para cuidar delas e também do novo filho que está a caminho.

— Então assim que a mamãe chegar nós vamos para casa tomar um banho e mais tarde você liga para a tia Antonieta para saber se ela está em casa, aí sim vamos ver o João. Tudo bem minha filha?

— Hummm... - Amy resmungou - eu quelo i vê o João agola!

Heriberto está de costas para a porta então não viu quando Victoria se aproximou deles sorrindo e dando um beijinho nas costas dele ao mesmo tempo que as suas mãos o abraçavam.

— Mamãe! - Amy deu um gritinho assim que a viu e Heriberto virou-se para olhá-la.

— Oi meu amor! - ela dá um beijinho na filha depois de beijar Heriberto.

Amy olha Victoria e depois o pai, levantou os bracinhos mas não sabia se ia ou ficava, fez bico e a mãe a pegou nos braços.

— Vamos minhas meninas! - Heriberto caminhou abrindo a porta para ela sair e assim foram ao estacionamento depois de passar na sala do médico para as últimas recomendações.

O caminho de casa foi tranquilo e Victoria quis ir no banco traseiro do carro com a filha enquanto Heriberto dirigia. Ela estava com saudades da pequena e nesse percurso levou Amy no colo e a encheu de beijinhos, examinou cada parte do corpinho dela para ter certeza de que estava mesmo bem, seu coração de mãe dizia que mais do que nunca a menina deveria ser cuidada e protegida, precisava de muito carinho e atenção ainda mais quando o irmãozinho chegasse.

Amy era uma criança ciumenta e às vezes geniosa como a mãe mas também era extremamente amável e a chegada do bebê em quase nada a afetaria emocionalmente, então Victoria sabia que logo ela se acostumaria com essa ideia.

Naquele aconchego de mãe filha, Victoria cantava a música favorita de Amy:

"Brilha, brilha, estrelinha
Lá no céu pequenininha
Solitária se conduz
Pelo céu com tua luz

Brilha, brilha, estrelinha
Lá no céu pequenininha
Brilha, brilha, estrelinha
Lá no céu pequenininha..."

Umtempodepois...

— Chegamos! - Heriberto disse eufórico quando entraram no apartamento em que Victoria morava, todos foram recebidos com alegria por Julieta e Nina.

— Juju! - gritou Amy pedindo colo à empregada, Nina a pegou logo em seguida enchendo de beijos e cócegas.

Victoria e Heriberto deixaram a filha ali com elas e foram para o quarto, chegando lá ele encosta a porta e abraça Victoria pelas costas.

— Meu amor, agora tudo vai ficar bem. Você vai ver...

— Ai eu não sei, Heriberto - suspirou - espero que sim. Me ajuda a tirar essa roupa. - ela disse seria mas ele sorriu - o que foi?

— Nada, Victoria! Só acho que me pedir para tirar a sua roupa agora não é um bom momento, nossa filha está lá embaixo e não podemos demorar - a beijou na boca

— Eu não pensei por esse lado! - deu um tapinha nele e riu - só quero que ajude a tirar esse zíper que eu não alcanço! - Heriberto tirou

— Pronto modelita!

— Nossa há quanto tempo não me chama assim...

— Victoria, eu te amo! - tinha os olhos apaixonados e seu coração gritava por ela.

— Eu também te amo meu amor!

Heriberto aproximou o rosto e seus lábios se tocaram com paixão é uma sincronia perfeita, o clima começou a esquentar e ele foi baixando a roupa dela até chegar no chão, ali nua Victoria estava entregue e por um instante se deixou levar por aqueles beijos e carícias que ela tanto ama e ele a pegou no colo para levar a cama mas foram interrompidos por batidas na porta e alguns gritinhos.

— Libeto!! Vitolia!! - Heriberto colocou Victoria no chão e abraçados ainda, caíram na gargalhada.

— É a Amy! - Victoria riu enquanto pegava um vestido mais soltinho - ela está irritada porque estamos demorando.

— Ela é igualzinha a você! - foi abrir a porta enquanto ela terminou de se vestir

— O que foi florzinha? - olhou para baixo e Nina segurava a mão de Amy que não tinha um rostinho nada feliz.

— Eu quelo i na casa do João e quelo mamá. - Heriberto a pegou no colo - Victoria, Amy está com fome! - gritou

— Pede para a Julieta fazer a mamadeira, já vou!

— Por que você não pediu para a Julieta, filha? - cheirou os cabelos dela e a aninhou em seus braços.

— A Ju foi bola. - ela fez uma carinha triste.

Victoria estava no banheiro acabando de se arrumar e Heriberto chamou de novo.

— Amor, a Julieta foi embora!

— Eu já vou Heriberto, leva ela para a cozinha e esquenta o leite!

— Eu não tenho a menor ideia de como fazer isso, você sabe minha filha? - ele fez uma cara confusa e perguntou a Amy como se ela fosse explicar como se prepara uma mamadeira.

Eles foram para a cozinha e a babá se despediu já que Heriberto havia dito que estava de folga e passaria a noite ali com elas. Ele até tentou pedir à Nina um tutorial de mamadeira mas ela saiu dizendo estar atrasada para um compromisso.

— Para que serve a sua babá hein? - Amy estava no colo dele com os braços em volta do seu pescoço brincando com os cabelos do pai, deixando tudo bagunçado.

— Tá lindo papai! - a pequena ria porque o penteado ficou um pouco engraçado.

Ele riu e a beijou com carinho. Pegou na geladeira o leite e no armário a mamadeira, colocou para esquentar e quando Victoria chegou na cozinha, os dois estavam brincando de pique-esconde enquanto o leite queimava na panelinha, literalmente.

— Heriberto!! Que cheiro é esse? - ela correu até o fogão - queimou o leite, Heri!

— Meu Deus! - ele se assustou e Victoria começou a rir.

— Como conseguiu deixar o leite da sua filha queimar?

— Victoria, eu não sei fazer essas coisas!

— Mas vai ter que aprender meu bem! Esqueceu do bebê?

Amy olhou os pais e seus olhinhos ficaram confusos.

— Eu queci mamãe, não tem mais nenê! - fez bico. - eu sou gande!

Teriam que explicar...